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De acordo com Kofman (2002), a meditação é a arte do alto controle mental. Neste conceito se enquadra toda e qualquer atividade que mantenha uma atenção prazerosamente, ancorada no momento presente. Estas atividades estão relacionadas ao dia-a-dia onde os indivíduos entram e saem do estado da absorção do presente a todo o momento, a exemplo: de um lutador de caratê, quando em seu treinamento ou mesmo em uma luta, a exemplo de uma mãe ao amamentar o seu bebê e assim outras várias atividades. Exclui-se destas apenas as rotinas automáticas que são executadas no nível do subconsciente.

O autor apresenta o estado meditativo, como um estado livre das “listas de exigências para ser feliz” e a “lista de coisas horríveis que poderiam arruinar a vida”, “simplesmente ser aquilo que se é e fazer aquilo que você esta fazendo, completa e totalmente no momento presente” (KOFMAN, 2002, pg. 347). Este estado meditativo produz uma resposta de relaxamento, um estado de paz e felicidade pelo qual os seres humanos buscam.

Segundo Kofman (2002), meditar é praticar, não é filosofia, não é ideia, não é religião. Ancorar a mente no momento presente, pode ser comparado a um bom estado físico, onde se faz necessário a pratica de exercícios regulares, aeróbicos, musculares, hábitos de higiene, uma dieta adequada e períodos regulares de

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descanso. Praticar a meditação pode trazer vários benefícios à vida do ser humano, dentre elas o efeito de calma que é infinitamente útil para contrabalançar o dia-a-dia corrido e cheio de desafios que as empresas e a própria sociedade impõe muitas vezes as pessoas. O relaxamento induzido pela meditação reduz a pressão arterial e o ritmo cardíaco, ajudando as pessoas a apreciarem a vida e a beleza do quotidiano.

Kofman (2002) sugere o seguinte caminho para a meditação;

 Silenciar a mente (criar a paz e serenidade) – busca-se parar o incessante diálogo que a mente mantém consigo mesma.

 Observar a mente (criar uma consciência-testemunha) – busca-se gerar um ponto de vista externo à mente, a partir do qual se possa observá-la com desapego.

 Transcender a mente (superar os automatismos e as limitações do modelo mental) – busca-se sair da noção convencional sobre o indivíduo, a fim de gerar a possibilidade de explorar os alicerces da consciência.

2.2.37 REGENERAR – (PRESENCING)

De acordo com Scharmer (2002), presencing é a combinação do sentir e da presença, significa se conectar a fonte da mais alta possibilidade futura, trazendo-a para o agora. Ao se alcançar o estado de presencing a percepção das possibilidades passam a se realizar a partir do futuro, dependendo do indivíduo para vir a se tornar realidade.

Seguindo o pensamento do autor, presencing tem muitos dos aspectos do Redirecionar (sentir), ambos partem da organização interior para a exterior da organização física, como principal diferença se pode citar o lugar da percepção, onde no sentir o ponto inicial é a realidade atual, enquanto que no presencing o lugar da percepção é a fonte de um futuro que emerge, onde os limites entre os três tipos de presença desaparecem (a presença do passado que representa o campos atual, a presença do futuro que representa o campo que emerge do futuro e a presença do verdadeiro eu de cada indivíduo).

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2.2.38 CRISTALIZAR

De acordo com Scharmer (2010), Cristalizar significa esclarecer a visão e a intenção da mais alta possibilidade futura, a partir do lugar mais profundo conhecimento e do eu. No processo de descida do U ao se chegar ao estado de

presencing se estabelece uma conexão, entretanto o primeiro passo desta jornada é

esclarecer o que se deseja emergir, tendo como facilitador o processo de cristalização onde surge uma imaginação viva do todo no futuro.

Segundo o autor, são quatro os princípios que no momento da cristalização se apresentam. Estes princípios são: O poder da intenção, o deixar ir, uma grande vontade e locais de encontro para despertar. No Quadro 21 são descritos estes princípios de uma forma mais detalhada.

Quadro 21 - Princípio da Cristalização.

PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO

O poder da intenção Entrar no fluxo da intenção profunda e ir até o fim.

Deixar ir Para sintonizar em algo novo é o DEIXAR IR o velho, em prol de se conectar ao novo.

A grande vontade Ao se abrir ao novo se chega à vontade mais profunda do ser humano.

Locais para despertar Para o cristalizar acontecer se faz necessário certos ambientes e contextos diferenciados.

Fonte: Scharmer (2010) adaptado pelo Autor.

2.2.38.1 PROTOTIPAR

Segundo Scharmer (2010), após se estabelecer a conexão com a percepção do futuro que emerge (presencing) e esclarecer o que se deseja e qual a intenção (cristalizar), a próxima etapa diz respeito ao explorar o futuro mediante o fazer (prototipar). A prototipação é a representação do experimentar, ou seja, o princípio do “fracasse muitas vezes para ter sucesso mais cedo”, proporcionando aprendizagem e adaptação em ciclos rápidos.

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O autor sugere que para se prototipar de forma eficaz, se faz necessário integrar três tipo de inteligência: a inteligência da mente, a do coração e a das mãos. No quadro 22 são descritos os princípios da prototipagem.

Quadro 22 - Princípio da Prototipagem.

PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO

Conectar-se com a inspiração Ao se mover para a prototipagem se deve ficar conectado à centelha inspiradora do futuro. Em diálogo com o universo Escutar com ouvidos honestos, escutar as ideias e

sugestões e tentar fazer as suas próprias. Princípio 0,8: Fracasse cedo para

aprender rapidamente Preparar protótipo ajuda na aprendizagem, diminui o risco além de antecipar vário fatos que poderiam só serem vistos no final do processo.

Microssomos estratégicos: Pista de

aterrissagem para possibilidades futuras Todos os protótipos precisam ser protegidos, sustentados, nutridos e ajudados. Fonte: Scharmer (2010) adaptado pelo Autor.

2.2.38.2 ATUAR

De acordo com Scharmer (2010), realizar significa operar de um campo mais amplo que emerge de uma conexão mais profunda com a audiência e o lugar a nossa volta. Em uma metáfora com o tocar o violino numa catedral, não basta tocar o instrumento, mas interagir com o local e com a audiência, neste caso tocar o violino significa tocar a partir de outro lugar, da periferia, o que significa que se precisa ir além do tocar de si mesmo.

O autor coloca que ao mover-se da prototipagem para o campo da atuação, se inicia a formatação e desenvolvimento da ecologia institucional. Em se produzindo um protótipo vivo este é avaliado e questionado de como será seu desenvolvimento a partir de um ecossistema mais amplo, dando ênfase a qualidade do campo coletivo.

De acordo com Scharmer (2010), o princípio de atuação de dá ao longo da ecologia institucional e a partir de três campos separados: negócio, governo e sociedade civil, sendo que no centro destes campos encontra-se a área de

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intersecção que leva a ideia chave, de que as organizações não são unidade e sim multiplicidades. A ecologia institucional esta ilustrada na Figura 24.

Figura 24 – Ecologia Institucional.

NEGÓCIO GOVERNO SOCIEDADE CIVIL Cadeia de suprimento Interface com cliente Ecossistema De Inovação Contexto socioambiental Inovação e Aprendizagem Cadeia de demanda de suprimento

Fonte: Scharmer (2010, pg. 171)

A Figura 24 representa, segundo Scharmer (2010), a necessidade de se estabelecer uma rede de relações, uma vez que existem multiplicidades de tarefas a serem desenvolvidas organizacionalmente, além da infraestrutura que deve ser instalada de forma apropriada para fornecer os serviços de campo. A Figura 24 demonstra três eixos principais ou dimensões: o primeiro marca a integração ao longo da dimensão horizontal integrando o fluxo continuo de criação a percepção dos clientes ou pacientes (gestão de demandas da cadeia de suprimentos); o segundo eixo marca a integração ao longo do eixo vertical: a esfera paralela de aprendizagem, inovação e mudança; e por fim a terceiro eixo que lida com a relação dos sistemas de desempenho com o contexto social e ecológico.

Segundo Scharmer (2010), avaliar as histórias das instituições à luz da ecologia institucional demonstra três grandes forças de atuação:

 Integração Sistêmica – Manifesta-se no imperativo da integração sistêmica dentro do processo central de criação de valor. Representado como uma integração ao longo do eixo horizontal.

 Ecossistema de Inovação – Representa a crescente pressão para o inovar. Criar mais, com menos recursos; representada pelo eixo vertical.

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 Deslocamento de campo do ecossistema envolvente – Representa a frágil e sutil relação entre o sistema e o eu de cada um.

2.3 DOMÍNIOS DE ATUAÇÃO

Segundo Hidalgo (2009), os domínios de atuação representam as áreas onde se faz necessário atuar para se fazer uma gestão efetiva. O desenvolvimento destes domínios precisa ser complementar, ou seja, não adianta ser competente em apenas um dos domínios. Neste caso, as competências se complementam, conforme apresentado na Figura 25.

Figura 25 – Domínios de Atuação - Gestão Ontológica.

Fonte: Hidalgo (2009)

Os domínios de atuação são cinco: Realidade; Possibilidade; Ação e Resultados; Relacionamento e Aprendizagem, conforme demonstrados no Quadro 23.

Gestão

Ontológica

REALIDADE POSSIBILIDADE AÇÃO E RESULTADOS RELACIONAMENTO APRENDIZAGEM

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Quadro 23 – Domínio do Modelo de Maturidade.

Domínios Descrição Ferramentas Habilidades

Domínio da

Realidade Aborda os aspectos que buscam esclarecer que a realidade depende do tipo de observador que a observa.

Afirmações Fazer afirmações verdadeiras

Domínio das

Possibilidades Aborda a questão do criar os espaços de possibilidades dentro das organizações.

Declarações Fazer declarações válidas, juízos bem

fundamentados e atuar de acordo com eles.

Domínio Ação e Resultados

Aborda os aspectos de como ser efetivo nas organizações, coordenando ações que gerem resultados.

Pedidos, Ofertas e Promessas

Fazer e cumprir as promessas. Fazer com que os outros cumpram as suas.

Domínio do

Relacionamento Aborda os aspectos relacionados às interações entre os seres humanos. Nas

organizações a essência é criar relacionamentos fortes

baseados na confiança, sinceridade, solidariedade e respeito mútuo.

Quiebres16 e as

Conversas. Reconhecer os Quiebres que gera.

Domínio da

Aprendizagem Aborda os aspectos voltados a aprendizagem. Juízos Receber e Fazer juízos com Amor e Respeito. Fonte: Hidalgo (2009) adaptado pelo Autor.

Na proposta preliminar do potencial Modelo de Maturidade Conversacional, os domínios de atuação serão a base para que sejam agrupados os aspectos comuns, possibilitando que as ações para o desenvolvimento da maturidade conversacional possam ser direcionadas para os domínios em que o indivíduo ou organização tenha maior necessidade.

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2.4 ESCALA DE APRENDIZAGEM

Segundo Flores (1996), a escala de aprendizagem representa o desenvolvimento do aprendizado prático em duas dimensões horizontal e vertical. Na dimensão horizontal são contempladas as predisposições, praticas de coordenação e interesses futuros que os indivíduos ou organizações podem desenvolver no decorrer do processo de construção das competências; já na dimensão vertical são apresentados os processos de aprendizagem do indivíduo, através de seis níveis de competências partindo do principiante até ao nível de mestre, conforme apresentado na Figura 26 e detalhado no Quadro 24.

Figura 26 – Escala de Aprendizagem.

PRINCIPIANTE PRINCIPIANTE AVANÇADO COMPETENTE PERITO VIRTUOSO MESTRE

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ESCALA DE APRENDIZAGEM

Tradições históricas do passado.

Envolvimento Presente Desafios e Oportunidades

Futuras

Experiência Envolvimento Expectativa

MESTRE Discussões históricas sobre a evolução da prática e do seu lugar na cultura em geral. Observação ou participação nas mudanças históricas da prática. Capacidade de reinventar a prática de mudanças no contexto mundial.

Observa situações não usuais e oportunidades de renovação.

Especula sobre como as mudanças emergentes na cultura podem afetar as suas práticas de reinvenção / ou modificações necessárias. VIRTUOSO Discussões históricas

sobre práticas inovadoras e sua relação com os diferentes estilos de vida cultural. Bom desempenho na prática no passado em uma variedade de contextos. Move-se no mundo da prática, produzir excelência em outros. Antecipa o contexto do mundo e começar imediatamente a ação rquerida.

Desenvolve estratégias para levar, na prática, de acordo com as novas tendências e evolução provável dos atores dirigindo.

PERITO Padrões de excelência existentes na comunidade e fala sobre as crises e oportunidades, na situação actual. Ações do passado em uma série de situações e experiências de suas conseqüências. Executa com excelência e começa a ver a prática em seu contexto no mundo.

Começar a ver as formas de alocar recursos para alcançar um desempenho satisfatório.

Procurando maneiras de melhorar o desempenho e fazer uso mais eficiente dos recursos.

COMPETENTE Práticas comuns da comunidade para criar e avaliar o desempenho bem sucedido. Reações anteriores aos sintomas, e experiência prática no domínio inicial. Práticas podem completar a satisfação do cliente e da comunidade. Pode determinar prioridades e para antecipar os recursos necessários para produzir satisfação. Antecipar as preocupações do cliente ou da comunidade e os problemas que podem impedir fechamento satisfatorio. PRINCIPIANTE

AVANÇADO

Utiliza as regras de senso comum para lidar com as situações identificadas pela presença de vários sintomas.

Utilização no passado de regras que

relacionam as características do ambiente, com ações corretas.

Começa a reconhecer os aspectos da situação prática como sintomas de posibilidade futuro. Começar a ver problemas futuros e as oportunidades identificadas pelos sintomas.

Antecipa os problemas fora de sua competência e da

especulação sobre o que deve agora aprender.

PRINCIPIANTE Distinções básicas e instruções são passadas na prática. Praticas aprendidas anteriormente no domínio relacionado. Seguir as instruções e normas-padrão de práticas aprendidas previamente.

Só pode antecipar o que o estado de regras que vai acontecer.

Voltado para atender o instrutor aplicar correctamente as regras.

Fonte: Flores (1996)

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Kofman (2002) traz uma forma diferente de estruturar o fenômeno da aprendizagem, onde apresenta o fenômeno através de um quadrante com quatro dimensões: Cego, Ignorante, Principiante e Expert, conforme Figura 27.

Figura 27– Do cego ao Expert.

Fonte: Kofman (2002)

De acordo com o autor, o quadrante 1, representa o estado em que o principiante “nem sabe que não sabe”, ou seja, está cego e incompetente, não sendo capaz de se dar conta que não conhece determinados assuntos que possam ser importantes no dia-a-dia. No quadrante 2, o estado é de Ignorância, ou seja, o principiante “sabe que não sabe”. Neste estágio, o principiante toma consciência de que não sabe e pode optar por se tornar um aprendiz a partir do processo de aprendizagem. No quadrante 3, o principiante se engajou no processo de aprendizagem consciente e inicia a caminhada para se tornar um expert; no quadrante 4, o principiante se torna expert e competente no que faz.

1- Cego

4-Expert

2-Ignorante

3-Principiante

INCONSCIÊNCIA COMPETÊNCIA CONSCIÊNCIA INCOMPETÊNCIA

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Uma terceira representação é apresentada por Hidalgo (2009), onde a escala de aprendizagem acontece numa escala de sete níveis, sendo uma adaptação de Flores (1996), conforme demonstrado na Figura 28 e detalhado no Quadro 25.

Figura 28 – Escala de aprendizagem Flores (1996) adaptado Hidalgo (2009).

Fonte: Hidalgo (2009)

Quadro 25 – Escala de aprendizagem Flores (1996) adaptado Hidalgo (2009).

NÍVEL CARACTERÍSTICAS

ELEFANTE NO CRISTAL – INICIAl Não distingue os domínios de atuação É estranho.

Gera quiebres. Inocente.

Não sabe que Não sabe.

PRETENCIOSO Distingue os domínios de atuação

Acredita que sabe, mas não sabe e atua neste domínio.

Gera quiebres, mas não se dá conta. Gera emoções de ressentimento nos outros.

APRENDIZ Distingue os domínios de atuação

Sabe que não sabe, mas não atua neste domínio.

Declara que vai aprender. Constitui um mestre. Começa a aprender.

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NÍVEL CARACTERÍSTICAS

APRENDIZ AVANÇADO Começa a saber.

Atua sob supervisão.

É consciente dos quiebres que gera. Distingue os próprios limites.

Pede ajuda.

COMPETENTE Sabe.

Gera bons resultados de maneira consciente. Se da conta dos quiebres que gera.

Atende aos padrões das práticas. Não necessita de supervisão.

VIRTUOSO Gera resultados excelentes.

Supera os padrões das práticas estabelecidos. Eleva as práticas a novos níveis.

Estabelece-se como referência para as práticas.

MESTRE Eleva os resultados a outros níveis.

Representa o padrão das práticas.

É único na forma de como executa as práticas. Fonte: Hidalgo (2009)

A Escala de Aprendizagem se caracteriza como um dos pilares do potencial Modelo de Maturidade Conversacional, uma vez que se propõe a dar sustentabilidade aos níveis de maturidade.

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