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A. Testes de Caracterização 108

4.2.11 Extração de graxos 132

A lã proveniente dos caprinos contém um importante tipo de gordura denominado "lanolina" e sua preservação nos tecidos que compõem o vestuário hospitalar pode beneficiar seus usuários devido à sua ação terapêutica. O teste químico denominado "Extração de Graxos" tem como objetivo extrair material gorduroso existente em corpos de provas de lã por meio de um solvente químico.

No caso desta investigação, pretendeu-se determinar o efeito de diferentes tipos e número de lavagens na preservação da lanolina em corpos de provas de feltro de lã. O teste de extração de graxos seguiu as normas ASTM D1574-04:2013 / ASTM D461-93:1993 e os procedimentos da empresa Pralana.

Descrição do teste: Três lençóis de feltro de lã, descritos na seção 4.1.6, foram submetidos a

diferentes processos de lavagem. Um foi lavado na máquina a seco, um lavado na máquina de túnel e um lavado na máquina extratora. Posteriormente, de cada um foi cortado um corpo de prova quadrado de dimensões 170mm por 170mm. Também foi obtido de um lençol de feltro de lã um corpo de prova 170mm por 170mm que não tinha passado por qualquer processo de lavagem.

Cada corpo de prova foi submetido a um teste de extração de graxos visando identificar quais deles apresentavam maior extração de lanolina. O corpo de prova extraído do lençol lavado na

- 133 - máquina a seco e o corpo de prova obtido do lençol que não tinha sido lavado apresentaram os maiores valores de extração de lanolina.

Com base nessa informação, foram cortados de um lençol de feltro de lã cinco amostras de 500mm por 500mm. Essas amostras foram colocadas na máquina de lavar a seco e todas passaram por um primeiro ciclo de lavagem. Após o término desse primeiro ciclo de lavagem, uma das amostras foi retirada, e as outras quatro permaneceram na máquina, passando por um segundo ciclo de lavagem e assim sucessivamente até a 5ª amostra.

Posteriormente, dois corpos de prova de forma retangular de dimensões 260mm por 100mm foram obtidos de cada uma das cinco amostras, totalizando dez corpos de prova. Depois, dois corpos de prova de 260mm por 100mm foram obtidos de uma amostra que não tinha sido lavada. Portanto, foram confeccionados um total de12 corpos de prova.

Os equipamentos utilizados nesse teste foram um extrator "Soxhlet", uma balança de precisão e uma estufa elétrica. O extrator Soxhlet é constituído de um balão de ebulição localizado na parte inferior, um reservatório de vidro com tubo lateral (i.e., sifão) localizado na parte central e um condensador localizado na parte superior, conforme desenho mostrado na Figura 4.47.

Figura 4.47 - Esquema do extrator de graxos mostrando seus componentes.

- 134 - O extrator Soxhlet utilizado nos testes possui a seguinte especificação técnica (Figura 4.48): três condensadores, cada um constituído de quatro bolas, da marca Quimex, modelo Allieh; reservatório de vidro (i.e., extrator) de 350mm de comprimento marca Pyrex, modelo Nº

3740; balão de ebulição chato de gargalo curto com capacidade de 500ml, da marca Pyrex, modelo nº4100; manta aquecedora do tipo chapa com resistência elétrica da

marca FENEM, modelo 170-1, Nº19208.

Figura 4.48 - Foto do extrator de graxo utilizado no teste.

Fonte: Elaborada pela autora.

Os materiais utilizados foram um solvente do tipo hidrocarboneto alcano, "Hexano P.A", cuja fórmula química é CH3(CH₂)₄CH₃, com ponto de ebulição 68°C, e um papel filtro qualitativo circular de 330 mm de diâmetro, com gramatura de 80g/m2 e porosidade de 3 micrcômetros. A balança de precisão é do tipo digital, fabricante Shimadzu, modelo AY 220, capacidade de 0 a 220g, resolução 0,0001mg, tendo sido devidamente calibrada apresentando uma incerteza máxima de 0,0004g. A estufa elétrica possui uma saída para vapores, localizada no teto, termostato para ajuste da temperatura. Ela foi fabricada pela empresa FANEM, modelo 315SE.

Metodologia: Uma primeira bateria de testes de extração de graxos foi realizada, composta

- 135 - realizada com os outros seis corpos de prova, repetindo-se os ensaios. Portanto, doze amostras diferentes foram testadas. Para cada teste, primeiro, o corpo de prova foi pesado, envolvido no papel filtro e colocado dentro do reservatório de vidro do extrator Soxhlet. O solvente foi derramado no reservatório de vidro até que seu nível atingisse a bordado sifão.

Uma manta elétrica localizada debaixo do balão de vidro foi ligada, aquecendo o solvente de modo a promover sua ebulição. O vapor foi direcionado para o condensador do tipo refluxo, ou seja, vapor e líquido possuem sentidos opostos dentro do mesmo. O vapor entrou pelo lado inferior do condensador e, após ceder seu calor de condensação para a água, se transformou em gotículas de líquido junto à parede dele.

Pela ação da gravidade, essas partículas escorreram para o reservatório de vidro inundando-o fazendo transbordar o sifão. O solvente líquido, ao escoar em volta do papel filtro, absorveu as substâncias solúveis do corpo de prova, (i.e., a lanolina), reagindo com elas e formando uma solução.

Pelo efeito sifão, a solução retornou para o balão de ebulição estando completado o primeiro ciclo (Figura 4.49). Após duas horas, o processo de extração foi encerrado e o balão colocado dentro da estufa por um período de uma hora para evaporação do solvente remanescente. O balão contendo a lanolina foi retirado da estufa e deixado para se resfriar no ambiente do laboratório e, em seguida, ser pesado (Figura 4.50).

Figura 4.49 - Coleta de solução (solvente e

lanolina) durante um período de duas horas. Fonte: Pralana.

Figura 4.50 - Balão sendo resfriado para

obtenção da lanolina. Fonte: Pralana.

- 136 - O peso da lanolina foi obtido subtraindo o peso total do peso do balão vazio. O percentual de lanolina extraído foi obtido pela razão entre os pesos da lanolina extraída do corpo de prova e o peso do corpo de prova inicial seco (pesado previamente).