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Materiais utilizados na confecção de palmilhas 75

3.10 Palmilhas ortopédicas e terapêuticas 73

3.10.4 Materiais utilizados na confecção de palmilhas 75

Existe uma ampla variedade de materiais utilizados na confecção das palmilhas. Eles são selecionados de acordo com alguns critérios, como propriedades físicas desejadas ou patologia do paciente. Seger (2017) afirma que o material deve apresentar algumas características relacionadas à temperatura, elasticidade, dureza, densidade, durabilidade, flexibilidade, resiliência, compressibilidade e confortabilidade.

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Couro: O couro é um material que apresenta boa resistência mecânica. É poroso, não tóxico e

fácil de manipular. Segundo Ashby e Johnson (2010), o couro é um material de origem natural. Possui alta resistência à tração, dureza, resiliência, flexibilidade e resistência à deterioração, devido ao processo de curtimento desse material. Tipos diferentes de palmilhas que utilizam couro na sua composição são mostrados na Figura 3.82.

Figura 3.82 - Tipos de palmilhas confeccionadas em couro.

Fonte: Disponível em:

<http://pt.soleinsole.com/chinagenuine_anti_bacterial_adult_orthotics_full_pads_cowshin_leather_shoe_insole_f

or_man_woman-p39093.html.>. Acesso em: 18 de maio 2018.

Cortiça: A cortiça é um material leve, de baixo custo, possui baixa densidade, baixa

condutividade térmica, baixa absorção de líquidos e baixa resistência à deformação. Por outro lado, ela possui alta capacidade para absorção de impactos e alta capacidade para dissipação de energia quando exposta às vibrações. Esse material também possui alto coeficiente de atrito devido à presença da substância "suberina cerina", sendo resistente ao fogo, a desgastes e ao ataque de insetos. Além de ser um produto reciclável, a palmilha confeccionada em cortiça apresenta características que lhe conferem uma boa isolação térmica, boa absorção de umidade, boa ação antibactericida, boa retenção de odores, podendo ainda ser lavável em temperaturas de até 40°C. Alguns modelos de palmilhas confeccionadas em couro são mostrados na Figura 3.83 (COSTA, 2011).

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Figura 3.83 - Tipos de palmilhas confeccionadas em cortiça.

Fonte: Disponível em: http://www.innocork.com/images/products/products/11/13/big/IMG_6017.jpg. Acesso

em 10 de maio 2018.

Polímeros: Conforme reportado por AGNELLI e TOYODA (2003), os polímeros são

materiais leves, flexíveis, possuem boa resistência à corrosão, não são tóxicos, são impermeáveis, fáceis de manipular e limpar, além de possuírem alto grau de modelagem necessitando pouco tempo para secagem. Os polímeros podem ser divididos em "termofíxos" e "termoplásticos". Estes últimos classificados como termoplásticos de alta temperatura e termoplásticos de baixa temperatura. Os termoplásticos de alta temperatura são moldados em temperaturas altas, de forma a se manterem fortes, rígidos e resistentes ao serem resfriados. Por sua vez, os termoplásticos de baixa temperatura apresentam características, como conformabilidade, resistência ao estiramento, memória, bom acabamento, rigidez e autoaderência. No entanto, essas características podem variar de acordo com o termoplástico. Dentre os termoplásticos de baixa temperatura mais conhecidos atualmente se destacam o Polyform, o Exeform, o Easyform, o Aquaplast, o Encore, e o Ômega, entre outros.

Agnelli e Toyoda (2003) constataram em suas pesquisas que grande parte das órteses é fabricada com termoplásticos de baixa temperatura. É menos indicado pelos profissionais o uso de órteses pré-fabricadas, geralmente utilizando termoplásticos de alta temperatura. Segundo Carvalho (2003), outro tipo de polímero utilizado nas órteses é o visco elástico, que tem como finalidade proteger regiões submetidas a grandes pressões, devido à sua ótima capacidade de reabsorver choques. Dentre os materiais poliméricos utilizados nas palmilhas, destacam-se o poliuretano (PU), a poliamida (PA), também conhecida como náilon, o polietileno (PE), o silicone, e os elastômeros de etileno acetato de vinila (EVA).

- 78 - O Poliuretano (PU) é constituído por diferentes combinações de termoplásticos, elastoméricos e termofíxos. Possui facilidade de espumar por reação com agente químico. Esse material é flexível, duro, durável e possui alto potencial de reciclagem (ASHBY, JOHNSON, 2010). As espumas de PU são baratas, fáceis de conformar e apresentam um bom desempenho estrutural. Entretanto, as chapas ou formas maciças de PU necessitam ser reforçadas com outros materiais e fibras. Uma palmilha produzida com poliuretano é mostrada na Figura 3.84 (a).

A Poliamida (PA) – Náilon – é constituída por fibras finas sendo muito utilizada no segmento têxtil. Esse material é duro, forte, durável e apresenta baixo coeficiente de atrito. Mas, possui baixa resistência a ácidos fortes, agentes oxidantes e solventes e potencial mediano de reciclagem (ASHBY, JOHNSON, 2010). Lima (2006) enfatiza que esse material possui alta resistência à tração, à abrasão, ao calor e ao impacto e possui boas propriedades elétricas e higroscópicas.

O Polietileno (PE) pode ser produzido nas formas de película, placa, haste, espuma e fibra. É um material durável, barato, fácil de modelar e fabricar. O material apresenta toque agradável, boa aceitação a cores, podendo ser texturizado ou revestido com outro material. Porém, tem pouca aceitação à impressão. Ele é resistente à água doce, à água salgada, a alimentos, a soluções à base de água e possui alto potencial de reciclagem (ASHBY, JOHNSON, 2010). Segundo Lima (2006), os polietilenos podem ser classificados como: de baixa densidade, de alta densidade ou de baixa densidade linear.

O Silicone é um material de alto desempenho e alto custo, suporta grandes variações de temperatura, é durável, possui coeficiente de atrito baixo e baixo potencial de reciclagem. As resinas de silicone são caras e de difícil processamento, apresentando características similares àquelas da borracha natural. Elas são muitas vezes reforçadas por fibras de vidro e outros enchimentos (ASHBY, JOHNSON, 2010). Lima (2006) descreve esse material como um polímero semiorgânico, inodoro, inerte e resiliente, não higroscópico, resistente à oxidação. Possui elevada resistência elétrica, resistência a raios ultravioleta e ao ozônio, além de ter um ótimo desempenho ao contato com agentes químicos. Uma palmilha produzida em silicone é mostrada na Figura 3.84(b).

Os Elastômeros de Etileno-Acetato de Vinila (EVA) são macios, flexíveis e duros. Esse material apresenta boa claridade e brilho, boas características de vedação, pouco odor e

- 79 - resistência à radiação UV (ASHBY, JOHNSON, 2010). Lima (2006) afirma que, além de flexível, o EVA possui baixo ponto de fusão, é resistente a impactos e insolúvel em todos os solventes na temperatura ambiente. Uma palmilha produzida com EVA recomendada para pacientes com diabetes é apresentada na Figura 3.84(c).

(a) Poliuretano (b) Silicone (c) Elastômero

Figura 3.84 - Palmilhas de diferentes materiais poliméricos.

(a) Fonte: Disponível em: < https://schiareli.com/wp-content/uploads/2016/06/Palmilha-Anat%C3%B4mica-

Gel-Em-Pu-Para-Botas-Adventure-1.jpeg>. Acesso em: 28 de maio 2018.

(b) Fonte: Disponível em: <https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/21F49IEEPnL.jpg. >. Acesso

em: 28 de maio 2018.

(c) Fonte: Disponível em: <https://ae01.alicdn.com/kf/HTB1SO3TKpXXXXaAXFXXq6xXFXXXf/Hiking-

Insole-For-Shoes-Foot-Care-Pads-Foot-Pain-Relieve-Height-Increase-Comfortable-Shoes-Insoles-For.jpg. >. Acesso em: 28 de maio 2018.

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