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3.11 Produtos Hospitalares 80

3.11.1 Vestuário hospitalar 80

A roupa hospitalar consiste de produtos têxteis empregados num hospital para execução de atividade e procedimentos diversos. Brasil (2009) reporta uma classificação da ANVISA para as roupas hospitalares, agrupando-as da seguinte forma:

• Lisas: lençóis, fronhas, colchas, roupas de cama em geral. • Tecidos felpudos: roupas de banho, como toalhas e roupões.

• Roupas cirúrgicas: vestes utilizadas nos campos operatórios e aventais. • Uniformes e paramentos: camisas, camisolas, calças, pijamas.

• Roupas especiais: cobertores.

• Absorventes: compressas cirúrgicas e fraldas.

• Peças pequenas: peças diversas de pequenas dimensões.

O enxoval de roupas hospitalares deve ser padronizado, evitando-se o máximo possível a variação das cores, dos tamanhos e dos modelos, buscando reduzir gastos com lavanderia, armazenamento e adequação dos produtos utilizados pelos diversos tipos de usuários. É o vestuário ideal aquele que atenda de forma genérica à diversidade dos usuários. As normas

- 81 - nacionais ABNT (1996) e ABNT (1997) estabelecem definições e características das roupas utilizadas no setor médico hospitalar.

• NBR 13546/1996: define os termos genéricos que caracterizam cada produto que se enquadra no grupo de roupa hospitalar, sendo eles: avental de circulante, calça para ortopedia e fisioterapia, campo duplo, campo fenestrado, campo simples, capa para berço, cortinas para boxe, envelopes para luvas, gorros, toucas e turbantes, forro móvel, luva para banho, máscara, impermeável, opa, pano de biombo, saco para coleta de roupas e sapatilha.

• NBR 14027/1997: define as características e condições imprescindíveis à confecção de campo simples, termo determinado na NBR 13546, como peças de tecido utilizadas para cobrir e proteger o paciente durante procedimentos médicos, seja de caráter técnico ou cirúrgico.

Segundo Camargo (2010), as vestes hospitalares podem variar de acordo com a área de aplicação. Portanto, as roupas destinadas ao bloco cirúrgico diferem daquelas destinadas ao atendimento clínico. Também as roupas dos uniformes dos profissionais de enfermagem diferem conforme as necessidades e funções de cada um. O capote e o avental utilizados nos blocos cirúrgicos são, em geral, descartáveis, assim como as máscaras e protetores para os pés.

Camargo (2010) afirma ainda que as atividades desenvolvidas em cada setor de um hospital correspondem a diferentes formas de contato e manuseio com agentes contaminantes diversos. Logo, as roupas hospitalares usadas tanto pelos usuários como pelas pessoas que entram em contato com contaminantes devem atender às demandas de proteção e assepsia, visando interromper a cadeia de transmissão de micro-organismos, mantendo a segurança de atendentes, funcionários e pacientes.

O vestuário tem por função, além de prover proteção para os usuários, apresentar características que atendam ao conforto térmico, à mobilidade, ao dinamismo, à higiene e à praticidade. Esses atributos são indispensáveis para qualquer tipo de vestuário, independentemente do tipo de usuário. Essas características também devem contemplar aspectos ergonômicos não só nas roupas como produtos, mas no desenvolvimento de uma vestimenta projetada para uma determinada atividade para ser desenvolvida em um

- 82 - determinado ambiente, considerando todos os fatores de influência e especificidades dele. Como produto que interage diretamente com os diversos usuários e com o ambiente, a ergonomia do vestuário em relação ao conforto tátil, térmico, visual e de modelagem é essencial e possibilita uma vestimenta mais adequada, confortável e funcional (CAMARGO, 2010).

Para Medeiros (2007), o vestuário é essencial aos seres humanos e deve oferecer benefícios, como conforto, mobilidade, bom caimento e segurança, uma vez que interagem constantemente com o corpo. Rosa e Moraes (2008) afirmam que os conceitos ergonômicos estão intrinsecamente relacionados com saúde, segurança e bem-estar das pessoas e devem proporcionar harmonia na relação entre usuário, objeto e ambiente, atendendo e abrangendo o maior número de pessoas. Logo, devem atender a critérios ergonômicos quanto à função e facilidade de uso (i.e., adequação de materiais, adequação antropométrica e adequação funcional), segurança, conforto, durabilidade, estética e acessibilidade, critérios pouco difundidos no desenvolvimento de projetos de vestuário.

A escolha dos materiais da roupa nesse contexto se faz essencial, uma vez que está diretamente relacionada às sensações de bem-estar ou incômodo. Maciel (2007) acredita que um produto pode ser definido a partir da escolha do material e deve considerar os riscos do ambiente e situação de uso, principalmente quando se refere ao vestuário profissional.

Segundo o mesmo autor, no setor de saúde, os materiais naturais mais utilizados nas roupas hospitalares são o algodão e a viscose. Já entre os materiais artificiais, destaca-se o poliéster. Apesar de existirem diferentes fibras disponíveis no mercado, é difícil encontrar uma fibra que abranja todas as características de conforto, facilidade de obtenção, propriedade antimicrobiana, cor, custo e responsabilidade ambiental.

Menegucci e Filho (2010) asseguram que, na busca por soluções para atender setores específicos, como o hospitalar, têm sido utilizados, com grande frequência, os tecidos tratados que possuem propriedades específicas, como os tecidos antimicrobianos. Para os autores, apesar de não atender a todas as demandas apresentadas, a tecnologia empregada no acabamento e beneficiamento têxtil tem viabilizado essa realidade. Contudo, as características sustentáveis desses produtos e dos seus processos de produção devem ser avaliadas.

- 83 - Carrieri (2010) assevera que, para atender com eficiência o setor médico-hospitalar, os materiais têxteis devem possuir algumas características, como capacidade de absorção, tenacidade, maciez e flexibilidade. Segundo o mesmo autor, a bioestabilidade ou a biodegradabilidade são, em alguns casos, as características mais importantes de um material têxtil para a aplicação na área médica.

Os materiais têxteis para aplicação na área médica não devem ser tóxicos e não podem provocar alergias. Eles devem possuir também capacidade para serem esterilizados por meio de radiações, gases ou calor, pois esse processo é fundamental para impedir a contaminação dos materiais. Propriedades mecânicas, como resistência, elasticidade e durabilidade são características importantes para os tecidos para aplicação hospitalar (CARRIERI, 2010).