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O Fórum Macau, vem fortalecer os laços entre os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa-CPLP, reforçando sinergias muito, para além dos laços bilaterais entre os países membros e a China; ―Com (...) Macau a servir de plataforma, a China organizou uma série de iniciativas que (...) aproximam entre si os países [Lusófonos] (...) Mas também os aproximam da China”217, servindo de ponto de partida, para futuras plataformas de entendimento.

É a análise de quem conhece o espaço da Lusofonia, os seus constrangimentos, e os efeitos que uma super potência pode repercutir, em territórios de tenra idade, como Timor ou Macau, referindo-se ao “Acordo de Comércio e Cooperação assinado em 2003 entre a China e a CPLP "218.

Em 2003, ―Pequim e os países da CPLP criaram o Fórum Macau”219, ficando a organização, a cargo da Região Administrativa Especial de Macau.

A diplomacia Chinesa, transparece vitalidade e energia; ―Os (...) Chineses são perspicazes (...). Ao contrário de outros (...) que mantêm relações próximas com países específicos da CPLP (...) a China não limita o seu relacionamento aos países da CPLP numa base bilateral, mas [actua] como um grupo”220.

Os autores do artigo, retratam a necessidade de Energia da RPC - República Popular da China, e a tentativa de não ficar refém dos habituais fornecedores do Médio Oriente e da instabilidade latente na zona; ‖Motivo, pelo qual as grandes potências procuram desviar a zona de abastecimento energético, para o Golfo da Guiné?‖221.

Os mais atentos a estas questões, terão reparado - em nota de rodapé - que ―a República Democrática de São Tomé e Príncipe, não constava da lista dos Países da CPLP”222

.

217

Cf., Loro Horta e Ian Storey; Académicos de uma das mais prestigiadas universidades norte-americanas

―consideram que o Fórum China – Países Lusófonos reforça os laços entre os países que integram a

CPLP”. Ian Storey é investigador e professor no Centro para os Estudos de Segurança da Ásia-Pacífico,

em Honolulu, Havai, enquanto Loro Horta, investigador do Instituto de Defesa e Estudos Estratégicos da Universidade de Nanyang, em Singapura, é filho de José Ramos-Horta, Presidente de Timor-Leste.

218 Informação disponível em: http://www.pontofinalmacau.com a 7/06/2007.

219 Ib. ibidem., Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua

Portuguesa.

220 Idem.

221 ―A busca de fontes alternativas de petróleo para garantir a segurança do abastecimento de petróleo essencial para o rápido crescimento económico da China é o objectivo principal, da relação de Pequim com a comunidade de 230 milhões de pessoas espalhadas por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste‖. Idem.

Alguns analistas, ―dizem ainda que os outros motores da cooperação entre a China e a CPLP são o interesse de Pequim na exploração “dos abundantes recursos naturais dos países da CPLP para alimentar o vertiginosos crescimento económico chinês,”e o reconhecimento chinês de que “230 milhões de pessoas é um enorme mercado para as manufacturas chinesas‖223.

Resta esperar - para ver - se o ouro negro, não será outro café, cacau, ou açúcar, e que traga a dependência Sul-Norte, das monoculturas intensivas que secaram solos, vidas e sonhos pela África Subsaariana.

Que saibam arrecadar em proveito próprio, os recursos que lhes vão explorar. E quando as outras energias – alternativas - começaram a proliferar, o que será da CPLP? Em boa verdade, se existem plataformas de relacionamento, estas, derivam da perspicácia da UE e da RPC, que articulam entre si os destinos da economia mundial, relegando para segundo plano, os EUA e o Japão.

‖Com a definição do quadro jurídico do relacionamento entre a União e Macau, em 1993, e a entrada em vigor do Acordo de Comércio e de Cooperação (...) E em 1998, a elegibilidade para o programa Asia Invest, co-financiador de projectos de parceria entre empresas europeias e asiáticas, reuniram-se as condições necessárias ao reforço das relações comerciais (...) Investimentos [e] cooperação económica de interesse mútuo”224. Mas, Portugal, não soube aproveitar a oportunidade, e o comércio bilateral, tal como os investimentos em Macau, são insignificantes e ―terá perdido a possibilidade de se afirmar como um grande parceiro no sul da China”, na maior zona de crescimento económico do globo.

Teria sido primordial, que os vários executivos de São Bento, tivessem tido a coragem e a perspicácia de desenvolver – novas – sinergias com o novo centro de poder, que se tem deslocalizado para terras do Oriente.

A estratégia nacional, não terá tido a visão a longo prazo, de identificar o potencial da região envolvente do Delta das Pérolas, apesar dos indícios mostrados pelos EUA, ou do Reino Unido, com as políticas de abertura ao Ocidente, em torno da China e do Japão. A realidade, é que ―a diplomacia portuguesa, foi sempre reactiva e nunca pró- activa, [o tecido empresarial], nunca soube tirar partido das potencialidades de Macau

diplomáticas, uma vez que S. Tomé mantém relações diplomáticas com Taiwan, ilha que Pequim considera uma província separatista, a unir a todo o custo com a República Popular da China”. Idem. 223 Só com conhecimento da História do século XIX, se pode fazer a analogia com a Conferência de Berlim

e a corrida a novos Produtos, e a novos Mercados, como aconteceu em África, em 1884/85.

224

Cf., Teresa Moreira, «Um olhar sobre as relações económicas entre Portugal e Macau desde 1999 e perspectivas futuras. in», XXIII Conferência Internacional de Lisboa - 5 e 6 de Dezembro de 2005.

como porta de entrada para a China”225

.

Para além dos interesses habituas, ‖banca, energia e telecomunicações, os empresários portugueses, não souberam aproveitar as compensações e os incentivos fiscais, que a RPC dispôs aos produtos oriundos de Macau”226 .

Triste Fado, com Timor ali ao lado e não houve a sensibilidade necessária para definir um eixo Lisboa - Dili - Macau, que pudesse relançar outra Epopeia Comercial; talvez neste momento, o futuro de Portugal não se vislumbrasse frio e tão sombrio.

A imagem de inércia e letargia das elites nacionais, está bem patente e só ―a (...) Recente criação do Fórum [Macau], para a Cooperação Económica e Comercial (...) de iniciativa Chinesa [terá colocado] como alvo os Países de Língua Portuguesa”227 no centro das intenções ―criado em 2003”228

.

De realçar, que ―O Plano de Acção (...) integra uma vertente empresarial (...) Intergovernamental, e abrange muitas actividades económicas, do comércio e investimento à agricultura, pescas e os recursos naturais, prevendo (...) a cooperação nas áreas da engenharia (...) Infra-estruturas [e] (...) Recursos humanos”229.

Mas, Portugal, ainda vai a tempo de recuperar o fôlego perdido, e tornar-se na plataforma de ligação entre os PALOP, o Brasil, Timor-Leste e a República Popular da China através de Macau e da Lusofonia.

Macau, com o seu nível de crescimento económico e com as práticas de Boa- Vizinhança, pode desenvolver grandes “sinergias com o Japão, Singapura, Hong Kong e o Taipé Chinês (...) O que oferece novas oportunidades de acesso privilegiado a economias dinâmicas (...) Esta oportunidade, exigirá de Portugal [atitude estratégica de prioridades de actuação, mas] De forma continuada, integrando e incentivando as associações empresariais [nacionais], na concretização de negócios com a China”230. Surge mais uma vez, a possibilidade de Portugal desencadear um novo processo de globalização, nesta fase de requalificação das prioridades estratégicas da nova ordem mundial no início do século XXI, em que as questões energéticas, ambientais e a qualidade de vida das populações, serão os vectores do equilíbrio entre a humanidade e a natureza, reaproximando a Europa de outros espaços, através das questões culturais e da língua.

225

Cf., Rui Pereira, «A actual realidade das relações económicas entre Portugal e a Região Administrativa Especial de Macau. in», XXIII Conferência Internacional de Lisboa - 5 e 6 de Dezembro

de 2005.

226 Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre Macau e RPC; passou a isentar -

desde 2006 - totalmente de direitos aduaneiros, as mercadorias com origem em Macau. Ib., ibidem.

227 Cf., Teresa Moreira, op. cit.

228 Cf., Rui Pereira, op. cit. ―Em 2004, o comércio da China com os Países de Língua Portuguesa, elevou-se a cerca de 18.000 Milhões de Dólares, registando um crescimento de 63% em relação a 2003‖.

229

Ib. ibidem. 230 Idem.