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O PERCURSO DA MODERNIZAÇÃO EM VILLAVIEJA

FAMÍLIAS BENEFICIADAS

ANO Bateas 915,6 12 1974 San Isidro 105,2 12 s. i. Porvenir 3.311 62 1967 Bateítas 180 6 1967 Piedragorda 1.338,4 8 1972 Lajas 70,5 5 1973 El Labrador 105,4 6 1976 El Moira 144,5 10 s. i. Doche 3.757 52 1987 Las Mercedes 339 19 1989

Los Mangos (Ilha) 60 14 1974

Las Tórtolas/El Balso (ilhas) 80 42 1974

El Playón (ilha) 40 52 1956

El Moira Terras novas*

Coruntal Terras novas*

Los Guaraguaos Terras novas*

TOTAL 10.446,4 300 -

Fonte: PEÑAFIEL (1989, p. 163).

*Terras Novas: Não se define sua extensão

49 A “extinção de domínio” corresponde a um tipo de desapropriação feita pelo Estado sobre terras que não

podem ser tituladas legalmente (como as “terras devolutas”) ou cuja apropriação é produto de crime (como no caso das terras dos narcotraficantes).

Os dados da tabela mostram que as extensões de terra oscilaram entre algumas, muito pequenas (entre 40 e 80 ha. aproximadamente), localizadas nas ilhas Los Mangos, Las Tórtolas e El Playón, todas elas interiores do Rio Magdalena; outro assentamento muito pequeno (“Las Lajas”) esteve localizado na beira do Riacho “Las Lajas”, entre os municípios de Villavieja e Tello. Quatro dos assentamentos tiveram entre 100 e 200 ha (San Isidro, Bateítas, El Labrador e El Moira). Outros dois assentamentos (Las Mercedes e Bateas) tiveram entre 200 e 1.000 ha e houve, ainda, três assentamentos (Piedragorda, El Porvenir e Doche), que superaram 1.000 ha. Estes dados revelam que não houve uniformidade na quantidade de terra oferecida aos camponeses; em alguns casos foram oferecidas áreas extensas de fazendas cuja produção estava em crise (El Porvenir e Doche), em outros casos foram entregues apenas áreas relativamente pequenas de grandes fazendas como Bateas ou, San Isidro.

Os dados ainda permitem mostrar que, dos onze assentamentos dos que se tem informação, um deles (Ilha El Playón) foi outorgado ainda na década de 1950; dois (El Porvenir e Bateítas), na década de 1960; seis (Bateas, Piedragorda, Lajas, El Labrador, El Moira, Ilha Los Mangos e Ilha Las Tórtolas ou El Balso) e mais dois (Doche e Las Mercedes), em finais da década de 1980. Quer dizer que, a grande maioria dos assentamentos foi criada entre 1961 e 1974, época das principais leis de “Reforma Agrária”, já os casos dos assentamentos mais recentes corresponderam à ação política do partido de esquerda “Unión Patriótica”, que teve expressiva força na segunda metade da década de 1980.

O Mapa 4, entretanto, mostra um número maior de assentamentos, incluindo junto com os anteriores, as chamadas “Zonas de crédito” do INCORA, áreas susceptíveis de conseguirem crédito fornecido pela “Caja Agrária” e assistência técnica, fornecida pelo ICA (Instituto Colombiano Agropecuario). Destaca-se o fato de que quase todos os assentamentos e “Zonas de crédito” estão no Município de Villavieja e só três (El Triunfo, la Brigada e San Cayetano) estão no Município de Aipe.

De novo lembramos que as tentativas de reforma agrária que aconteceram no Departamento do Huila, em particular, e na Colômbia, em geral, fracassaram pela ação dos grandes proprietários fundiários e dos capitalistas interessados em se apropriar da renda da terra e que o desenvolvimento da legislação agrária significou que o Estado acabasse comprando terras de baixa qualidade a estes a preços muito elevados para entregá-las aos camponeses, com a condição de que estes desenvolvessem uma agricultura comercial sob regime empresarial, obrigando a estes, portanto, a entrar na economia de mercado para

poderem se sustentar na terra. O desenvolvimento da agricultura comercial, na verdade, procurava a sujeição da renda da terra ao capital (comercial, industrial e financeiro) por meio do fornecimento de crédito para a compra de insumos para o desenvolvimento de tal tipo de agricultura e que este processo está ligado à crise do próprio capital.

Os resultados da imposição deste tipo de modelo de desenvolvimento, como foi mencionado, implicaram a passagem da dominação pessoal própria da época das fazendas, para a dominação social, expressa na necessidade de produzir valores de troca para a reprodução da vida. Além da perda da autonomia dos trabalhadores agrícolas (camponeses e proletários) sobre seu tempo e espaço. O impulso à agricultura de monocultivo para o mercado interno e a agroindústria implicou, também, o despovoamento relativo das áreas rurais, a intensificação dos problemas ambientais e a intensificação dos conflitos pela terra, entendida como base da reprodução social dos moradores de Villavieja e seus distritos. No final da década de 2000 podemos ver como a crise da sociedade do trabalho, expressão fenomênica da crise do capital, implica a própria crise da reprodução social baseada na produção agropecuária em Villavieja. A partir das entrevistas a diferentes produtores agropecuários (e ex-produtores) pudemos apresentar vários exemplos como o de Julio Cesar Tovar (presidente da associação de usuários do distrito de irrigação “El Porvenir” no início de 2010) para quem os rendimentos da produção de arroz eram exíguos, apenas restando para os usuários do distrito entre $300.000 e $400.000 /ha50 de um investimento inicial de entre $5.000.000 e $6.000.000 alem de que, entre a safra de 2009 e 2010 houve uma queda do rendimento de mais de 50% por hectare por colheita (de uma safra de 120 sacas/ha, passou-se, na safra seguinte a 30 ou 40 sacas/ha) pelo efeito dos problemas climáticos e as pragas51.

A história relatada, do processo de modernização no Norte do Huila, em geral e em Villavieja, em particular, corresponde ao entendimento do processo em seu nível mais amplo (aquele da ordem distante). No último capítulo, passaremos a definir as implicações da modernização e de seu fracasso num nível inferior de sociabilidade e na escala do povoado.

50

Equivalentes a 50 e 75% do salário mínimo da época.

51 Entrevista a Julio Cesar Tovar, realizada em 9 de fevereiro de 2010, por Camilo Bustos Ávila e Rosalba

CAPÍTULO 3

O(S) CAMPESINATO(S) DE VILLAVIEJA COMO