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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 Procedimentos de análise

2.4.1 Fase de diagnóstico

Após a gravação das entrevistas em português e em inglês, as mesmas foram transcritas na íntegra, com o auxílio de P, o que se revelou uma estratégia de

grande valor por proporcionar à P a oportunidade de entender melhor o contexto em que estava atuando, já que muitas variáveis lingüísticas e afetivas dos participantes foram salientadas pelas entrevistas. As entrevistas foram realizadas no mesmo dia e horário das aulas, mas em outra sala, uma vez que esse era o horário mais conveniente para os alunos. Nos dias das entrevistas, portanto, as aulas não puderam ser gravadas e não foram consideradas na análise.

A fim de se analisarem as transcrições das entrevistas em português, utilizou-se a técnica de categorização das respostas proposta por Gillham (2000a). O levantamento das categorias orientou o trabalho por salientar os aspectos contrastantes, bem como aqueles que havia em comum entre as entrevistas com os participantes, fornecendo dados para a resposta da primeira pergunta de pesquisa, a saber: Como os participantes vivenciam o erro e a correção neste contexto de ensino?

Quanto às entrevistas em inglês, a partir das transcrições, destacaram-se todos os enunciados considerados imprecisos. Em seguida, as mesmas transcrições foram submetidas à observação de P segundo seus critérios do que deveria ser considerado como erro. Foram descartados da análise os casos em que P e Pe não conseguiram chegar a um acordo quanto à precisão dos enunciados.

A partir de então, os erros foram classificados de acordo com suas categorias lingüísticas, seguindo-se a taxonomia proposta por Dulay (1982), discutida no primeiro capítulo deste trabalho. Em seguida, os erros foram quantificados em cada categoria, demonstrando, de uma maneira geral, quais eram

os erros mais recorrentes na IL destes participantes, do ponto de vista da professora e da pesquisadora.

Essa contagem resultou no que Norrish (1990) chama de freqüência absoluta dos erros e é definida como o número de vezes em que o erro ocorre. Para entendermos melhor o que esses números representam dentro deste contexto, fizeram-se os cálculos das freqüências relativas dos erros mais recorrentes. Segundo Norrish (op. cit.), freqüência relativa é a relação entre o número de vezes em que o erro ocorre e o número total de palavras encontradas no texto. O autor, no entanto, se referiu, em seu trabalho, a todos os erros encontrados na produção escrita, enquanto que, na presente investigação, serão considerados apenas os erros mais recorrentes na IL desses alunos em sua produção oral.

Dessa maneira, a freqüência relativa, nesta pesquisa, foi calculada não em relação ao total de palavras do texto, mas em relação ao número de vezes que aquele item lingüístico foi utilizado – de forma precisa, ou não – durante as entrevistas ou aulas típicas. Tomemos como exemplo, uma entrevista em que se observaram quinze enunciados em que um determinado aprendiz utilizou (ou deveria ter utilizado) a preposição in. Nota-se que, em cinco dessas quinze oportunidades, tal preposição não foi empregada de acordo com a forma padrão.

A partir desses dados, calculou-se a freqüência relativa dos erros desse item lingüístico, multiplicando-se cinco (número de erros) por cem e dividindo o resultado por quinze (número total de ocorrências em que o mesmo item lingüístico foi ou deveria ter sido utilizado). Dessa forma, obteve-se a seguinte

fórmula: 5x100=500÷15=33. Esse número representa a porcentagem de ocorrência do erro dentre um total de vezes em que o uso daquele item lingüístico fez-se necessário na produção daquele aluno, ou seja, o aluno não usou a preposição in corretamente em 33% das vezes em que tentou empregar tal item lingüístico em sua produção oral. Esse procedimento foi realizado para se calcular a freqüência relativa de cada item lingüístico a ser tratado, resultando nas tabelas apresentadas nas páginas 106 e 107.

As aulas começaram a ser gravadas em vídeo no dia 23/05/03 e, enquanto observava as aulas, Pe tomava notas de campo que eram, posteriormente, transformadas em diários reflexivos. Na confecção dos diários, as observações feitas por P ao final das aulas eram incorporadas e os momentos da aula considerados mais relevantes eram transcritos, a fim de facilitar o trabalho de análise desse material.

Ao final do período de diagnóstico, as duas aulas típicas foram escolhidas por serem as aulas em que a maioria dos alunos estava presente, visto que não houve nenhuma aula marcada pela presença de todos os alunos. A partir dessa decisão, essas aulas foram assistidas várias vezes para que se selecionassem os trechos que evidenciavam a maneira como P gerenciava os erros, bem como as reações dos alunos.

Esses trechos foram, então, transcritos e analisados quanto aos tipos de movimentos corretivos privilegiados por P, segundo a taxonomia proposta por

Lyster & Ranta (1997). Esses dados foram incorporados à resposta da primeira pergunta (Como os participantes vivenciam o erro e a correção neste contexto de ensino?), juntamente com os dados coletados pelas entrevistas em português, enquanto os enunciados observados nessas aulas que não estavam de acordo com a forma considerada padrão por Pe e P foram incorporados à resposta da segunda pergunta de pesquisa (Quais os erros mais recorrentes e as características gerais da interlíngua dos alunos participantes?). Dessa forma, as aulas típicas nos forneceram dados para a análise, tanto da vivência do erro e da correção neste contexto, quanto dos tipos de erros mais recorrentes na IL dos participantes.

O quadro a seguir apresenta o cronograma das atividades desenvolvidas nesse período de diagnóstico:

Data Atividades Presenças

11/04 Aula 01: não houve gravação em vídeo AM, DE, JC, JN, MA

23/04 Entrevista com P ---

25/04 Aula 02: gravação em áudio das entrevistas em português Todos os alunos estavam

presentes 02/05 Aula 03: não houve gravação em vídeo (pesquisadora ausente:

Inpla)

---

09/05 Aula 04: gravação em vídeo das entrevistas em inglês AM, JN, ME

16/05 Aula 05: gravação em vídeo das entrevistas em inglês DE, JC, MA

23/05 Aula 06: filmagem da aula AM, JC, JN, MA, ME

30/05 Aula 07: filmagem da aula AM, MA

06/06 Aula 08: filmagem da aula AM, DE, JC, JN, MA

13/06 Aula 09: filmagem da aula DE, JC, JN, MA

20/06 Aula 10: filmagem da aula JC, MA, ME

27/06 Aula 11: viagem de P; Pe substitui – não há gravação em vídeo AM, DE, JC, JN, MA

04/07 Aula 12: filmagem da aula DE, ME