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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 Procedimentos de análise

2.4.2 Fase de intervenção

A fase de intervenção constituiu-se no período em que se planejaram e se implementaram ações para que os erros diagnosticados como mais recorrentes na IL dos alunos fossem tratados de acordo com o embasamento teórico discutido no primeiro capítulo. Nessa seção, portanto, descrevem-se os procedimentos de análise utilizados durante esse período que incluiu as férias escolares e as aulas do segundo semestre de 2003. O período de férias dos alunos foi muito importante por fornecer uma excelente oportunidade para as discussões entre a pesquisadora e a professora, não apenas sobre os pressupostos teóricos que embasaram a implementação das intervenções, mas também, sobre os procedimentos práticos que permitiram que a tomada de decisões fosse feita de comum acordo.

Para nortear o andamento da investigação utilizou-se uma análise preliminar dos dados coletados para responder as duas primeiras perguntas de pesquisa, bem como um levantamento da opinião de P sobre os erros que ela considerava mais salientes na IL dos aprendizes. Dessa maneira, essas primeiras reuniões de discussão serviram a dois propósitos:

• para que P entrasse em contato com a teoria que subjaz a investigação, ainda

que superficialmente;

• para que se discutissem outras possibilidades de gerenciamento do erro na

sala de aula, uma vez que a análise dos dados da primeira pergunta mostrou que os movimentos corretivos utilizados por P pareciam não privilegiar

aqueles que poderiam promover momentos de negociação da forma e de foco simultâneo na forma e no significado, o que, de acordo com Lyster & Ranta, (1997) e Williams (2001) poderia ajudar os aprendizes a perceber lacunas em suas ILs e reestruturarem suas produções.

Ao selecionar o material que subsidiaria tais discussões, houve, por parte de Pe, uma preocupação em escolher textos que pudessem introduzir o aparato teórico que embasou o desenvolvimento da pesquisa, sem, no entanto, desmotivar P, uma vez que ela afirmou não se interessar por questões e leituras acadêmicas. Desse modo, as leituras indicadas foram: Almeida Filho (1993), Seedhouse (1997), Nunan (1998) e os encaminhamentos feitos por Cardoso (2002). Esperava-se, com isso, despertar a atenção de P para alguns princípios norteadores da abordagem comunicativa, no que diz respeito às questões do foco das atividades e do desenvolvimento da autonomia dos aprendizes. Além disso, pretendia-se discutir outras maneiras de se corrigirem os erros além daquelas privilegiadas pela prática de P.

Por considerar, ingenuamente, que tais discussões não consistiam parte importante do processo interventivo, visto que o foco da pesquisa é a IL dos alunos, não houve nenhum tipo de registro formal dessas reuniões promovidas durante o período de férias dos alunos. O único registro que se tem são anotações feitas por Pe sobre as questões consideradas relevantes. Somente a partir de agosto é que esses encontros passaram a ser gravados em áudio para serem posteriormente transcritos.

É importante ressaltar o espírito de cooperação da professora, que teve um papel fundamental a partir dessa fase da pesquisa. Obviamente, o fato de ela ter aceitado participar da pesquisa é, por si, uma prova de abertura mas, muito mais do que isso, ela se dispôs a discutir uma série de ações a serem implementadas durante suas aulas, as quais não tinham relevância imediata para si própria. A princípio, cumpre esclarecer, as discussões eram promovidas apenas com o intuito de ajudar a pesquisadora a desenvolver seu trabalho. Com o passar do tempo, no entanto, a professora passou a se interessar pelas questões abordadas nas discussões e seus efeitos em sua prática.

De qualquer maneira, o foco das discussões nunca foi o de fazer críticas à prática de P, ou seja, não se partiu do princípio de que a prática deveria ser melhorada, mas sim, de que uma nova abordagem seria experimentada. Com o retorno das aulas, em agosto, observou-se, conforme será discutido no próximo capítulo, que a maneira como P gerenciava os erros sofreu uma grande mudança, ajustando-se, aos objetivos estabelecidos.

Esse fato levou Pe a aproveitar as reuniões com P, a partir de então, para discutir os efeitos dessa nova prática na produção dos alunos e a melhor maneira de implementar essas ações, de acordo com as percepções de P. Pode-se verificar, na seção 3.3 desta dissertação, que o foco dessas discussões passou a ser o tipo de atividades que seriam implementadas para que os alunos tivessem um melhor aproveitamento possível com relação aos aspectos lingüísticos a serem tratados.

As impressões de P quanto a sua participação neste trabalho podem, ainda, ser verificadas através de seu depoimento na seção de anexos.

Quanto à participação dos alunos no segundo semestre, houve alguns percalços em virtude de uma desistência (DE) a partir do final de agosto, o que nos deixou com um grupo de cinco alunos ao invés de seis. Além disso, MA viajou para fora do Brasil e esteve ausente das aulas durante todo o mês de setembro e ME iniciou um curso de pós-graduação que a obrigou a se ausentar das aulas a cada quinze dias.

Além disso, os alunos tiveram muitas ausências, em virtude das provas escolares na universidade, o que acabou, de certa forma, atrasando o processo interventivo e finalmente, inviabilizando-o a partir da segunda quinzena de novembro quando os alunos praticamente pararam de comparecer às aulas, devido às provas finais e de recuperação. Assim, por se tratar de um processo interventivo baseado na experimentação e observação como subsídio para tomada de decisões, compreendemos que as alunas que se caracterizam como informantes dessa investigação são, na verdade, AM, JC e JN por serem aquelas que estiveram mais presentes durante esse período.

Apesar disso, os procedimentos de visionamento das entrevistas em inglês (durante o mês de agosto) e os questionários (respondidos em outubro) foram realizados pelos cinco alunos participantes. Dessa maneira, todos tiveram a oportunidade de avaliar seu desempenho oral e observar quais os aspectos da oralidade os incomodavam durante o visionamento, além de oferecerem uma

avaliação do curso e das atividades implementadas durante a fase interventiva, por meio dos questionários.

Portanto, conforme observa-se na tabela abaixo, os instrumentos de pesquisa utilizados nessa fase foram gravações em vídeo de todas as aulas do período, diários reflexivos confeccionados por Pe, reuniões de discussão entre P e Pe para que as decisões pudessem ser tomadas levando-se em consideração ambas as perspectivas, os dados coletados pelas sessões de visionamento e um questionário com perguntas abertas para que se constatasse a perspectiva dos alunos durante o período de intervenções.

Datas Atividades Presenças

01/08 Aula 01: filmagem da aula AM, JN, MA

08/08 Aula 02: filmagem da aula

Sessões de visionamento: AM, MA

AM, JC, MA

14/08 Sessão de visionamento: ME

15/08 Aula 03: filmagem da aula

Sessões de visionamento: DE, JC, JN

DE, JC, JN, MA

22/08 Aula 04: simulado do exame (FCE)

29/08 Aula 05: alunos não compareceram ---

05/09 Aula 06: filmagem da aula AM, JC, JN, ME

10/09 Reunião entre P e Pe

12/09 Aula 07: filmagem da aula AM

19/09 Aula 08: filmagem da aula JC, JN

26/09 Aula 09: filmagem da aula AM, JC, JN

03/10 Aula 10: filmagem da aula JC, ME

09/10 Reunião entre P e Pe

10/10 Aula 17: filmagem da aula JC, JN

16/10 Reunião entre P e Pe

17/10 Aula 18: filmagem da aula AM, JC, MA

24/10 Aula 19: filmagem da aula AM, MA

31/10 Aula 20: filmagem da aula; questionário para alunos AM, JC, JN, MA

06/11 Reunião entre P e Pe

07/11 Aula 21: filmagem da aula JN, ME

14/11 Aula 22: filmagem da aula JC

21/11 Aula 23: filmagem da aula AM

05/12 Entrevistas em inglês: gravação em vídeo JN, MA, ME

12/12 Entrevistas em inglês AM, JC

Após a descrição da natureza da pesquisa, do contexto e dos participantes, bem como dos instrumentos de coleta de dados e procedimentos de análise, espera-se ter preparado adequadamente o terreno para a apresentação da análise dos dados no próximo capítulo.

CAPÍTULO III