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Fatores Críticos de Sucesso do ponto de vista das Partes Interessadas

IDENTIFICAÇAO CLASSIFICAÇAO

5.2 Fatores Críticos de Sucesso do ponto de vista das Partes Interessadas

5.2.1 Dificuldades / Pontos Fracos

As Partes Interessadas apresentam como dificuldades ou pontos fracos do projeto:

• Falta de liderança / gestão dos LP

É recorrente, na visão da maioria dos entrevistados a respeito dos LP, a dependência de liderança, baixa iniciativa e falta de capacidade de organização, atribuídos em parte à cultura local, como evidenciam os depoimentos abaixo:

- Verdade, quando o povo não quer não adianta você ficar tentando fazer o acompanhamento 1, 2, 3, 4, 5 anos.

- Ele (LP) ficou dependente, achava que nós tínhamos que sustentar até alguma coisa acontecer.

- Não é falando mal do povo, mas é a morosidade do povo em si. Não tem essa iniciativa, eles não fazem acontecer.

- Falta de iniciativa própria, de garra.

- As famílias não estão muito organizadas. Não sei se foi a questão da ONG querer colocar o projeto ou se saiu da cabeça das próprias famílias. Tudo me parece muito frágil.

- As pessoas de lá têm a cabeça muito fraca. Que consiga fazer as coisas por si só também, que escute, mas consiga decidir o que fazer.

- Eles não têm noção que têm de partir deles o gerenciamento. O papel hoje é conscientizá-los do papel deles.

- Quer que leve gente lá. Que a gente é responsável. Mas eu digo que ele tem que fazer a parte dele.

• O acesso precário

A maior parte dos entrevistados identifica o acesso precário como um ponto fraco do projeto: “Acesso. É terrível”; “Acessibilidade, isso é muito sério porque é um lugar de difícil acesso”.

• Prestação de serviços turísticos

A falta ou a baixa qualidade de prestação de serviço no local é relatada como um fator de limitação do desenvolvimento do empreendimento. A função do equipamento de serviço e lazer é, fundamentalmente, prestar serviços ao turista / visitante, tais como: informações, alimentação, facilidades físicas etc. É um componente importante da infra-estrutura turística e do produto turístico. Os entrevistados chamam a atenção para a falta de preparo técnico da mão-de-obra e de conhecimento dos LP sobre a necessidade de prestação de serviço turístico no local. "A maior dificuldade é o serviço, o receptivo"; “[...] as pessoas locais, que teriam que se organizar para prestar serviço ao turista".

• Retorno financeiro imediato esperado pelos LP

Parte dos entrevistados relata, como ponto fraco do projeto, a atitude e a pressão dos LP, cobrando retorno financeiro imediato e/ou movimento de turistas, como se segue:

- As pessoas locais que teriam que se organizar para prestar serviço ao turista. Não senti muita motivação nos moradores para isso. Pensam em dinheiro a curto prazo. Difícil às pessoas se prepararem sem ter a certeza que vai ter turistas mesmo.

- Um deles só quer grana. Quer que leve gente lá. Que a gente é responsável, mas eu digo que ele tem que fazer a parte dele.

-... a ponto dele subir até a minha sala e dizer: Preciso de R$ 50,00!

• Projeto / Elaboração e execução

Há várias opiniões diferenciadas e mesmo contraditórias entre as PI sobre a forma adequada de elaboração e execução do projeto. Destacam-se as questões de falta de participação na elaboração do projeto; emprego dos recursos financeiros; forma de envolvimento; e tipo de capacitação dos Líderes do Projeto.

A falta de participação de interessados do meio turístico local no processo de elaboração e construção do projeto é vista como ponto fraco, conforme se observa a seguir: “Houve falta de um consórcio de pessoas para formatar o produto e evitar possíveis erros no projeto”.

Na execução e emprego dos recursos financeiros do projeto: “O projeto tinha que ser direcionado de forma diferente. Ainda está por terminar, acho que houve uma ingerência, um erro de contabilidade”.

Na forma de envolvimento para uma conscientização do projeto e no tipo de capacitação do LP:

- Falta de capacitação dos LP antes do projeto.

- Para não repetir o erro de outros projetos, a gente tentou envolver os parceiros.

- As famílias não estão muito organizadas. Não sei se foi a questão da ONG querer colocar o projeto ou se saiu da cabeça das próprias famílias. Tudo me parece muito frágil.

Há outros fatores identificados como pontos fracos / dificuldades, que foram mencionados somente uma vez pelos entrevistados. São eles:

A definição do grau de dificuldade e os conhecimentos técnicos necessários para formação adequada da trilha é comentada. Isso evitaria, por exemplo, impactos como erosão. A trilha compõe a infra-estrutura turística e o atrativo local.

o acesso a cachoeira, a trilha, tem a trilha que foi formatada e tudo, que tem seus problemas, ...de erosão que surgiu e vai surgir mais com o uso da trilha, uma série de fatores que com essas pessoas poderia ter sido amenizados, e até o próprio acesso a cachoeira poderia ser melhorado, pois o acesso é um ponto fraco, não é qualquer pessoa que vai nela.

• A falta de energia elétrica

Falta energia elétrica, necessária para a oferta de serviços turísticos: “Falta de energia para poder oferecer alguma coisa legal aos turistas”.

• Instalações precárias

Falta qualidade nas instalações, na estrutura de receptivo no local. Necessidade de infra-estrutura turística: “Pouca infra-estrutura do local, do acampamento, conforto”.

• Políticas Públicas / Representantes Públicos

A falta de apoio público é relatada como: “Falta de visão dos gestores públicos com a importância e conhecimento sobre o turismo para o município”.

• Conflito de interesses e relacionamento

Conflito de interesse dos LP: "O conflito entre X e Y. Não se bicam”.

• A falta de divulgação do local: “O que está faltando ainda é a divulgação em São João D’Aliança; após isso vai dar um bom respaldo”.

Quanto às facilidades ou pontos fortes da atividade turísticas do local, os PI apontam:

• A beleza do atrativo turístico

A beleza do atrativo turístico é vista pela maioria das PI como o ponto forte do projeto.

- O próprio atrativo é bem relevante.

- O atrativo que já é conhecido, diferente de tudo que tem na região. - A beleza cênica da cachoeira e do próprio caminho.

• Objetivo do projeto

O próprio objetivo justifica o ponto forte do projeto, segundo parte dos entrevistados:

- Inserir no mercado de ecoturismo; renda agregada até vir a ser a principal; outra visão, outro horizonte.

- O próprio projeto em si é bom, a proposta. Inserir o mercado, preservar o cerrado, conter a expansão da soja.

- ...as pequenas propriedade estão sendo engolidas pelas grandes, e não pára, a gente não consegue frear isso.

Outros fatores identificados como pontos fortes / facilidades, que foram mencionados uma única vez, são:

• Expectativa de realização do projeto / motivação

Motivação dos LP para a realização do projeto: “A vontade da comunidade de acontecer alguma coisa ali”.

5.2.3 Expectativas

• Projeto piloto

A maioria dos entrevistados tem a expectativa de que o projeto do atrativo Cachoeira do Label funcione como um projeto piloto, servindo de exemplo para a região e incentivando negócios similares, conforme se segue:

- Se tornar referência e com isso a gente consiga alavancar demanda (turística). Aumentar o número de atrativos turísticos em São João D’Aliança para aumentar o turismo.

- Mesmo sendo um projeto humilde... a gente queria que fosse piloto. Para dizer ‘Isso deu certo, gente!’ Podemos fazer com os outros.

- Para o povo de São João D’Aliança ter outro ponto de vista diferente de outros atrativos turísticos daqui. A partir do momento que abriu a sua propriedade e vai gerar dinheiro você tem que respeitar o turista, você tem que!

Os próprios objetivos do projeto - fonte ou alternativa de renda com o desenvolvimento do turismo, combate à expansão do agronegócio, preservação do cerrado e melhoria da qualidade de vida da comunidade - também são apontados de forma recorrente:

- Que aconteça o fortalecimento das comunidades criando uma alternativa de renda com o desenvolvimento do turismo, um projeto piloto para região; combater o agronegócio…

- Enquanto estou matando fazendo isso, eu posso preservar esse local e ganhar um dinheiro fácil, porque é dinheiro fácil. A grande verdade é essa, explorar a natureza ganhando dinheiro fácil, é só mantê-la intacta.

- Desenvolver outras possibilidades de renda – como extrativismo do cerrado, além do ecoturismo para as famílias da região.

- Que a gente consiga divulgar o local de tal forma que a gente conseguiria levar gente lá, para a D. Maria vender sua comida e o Uélio cobrar sua entrada. Eles se situar economicamente. Situar ambientalmente…

Além desses objetivos, apresentam-se outros, como o de o projeto vir a ser mais abrangente e de combate ao êxodo rural:

- Sustentabilidade para as famílias das redondezas e não somente os proprietários da Cachoeira do Label (LP).

- Se desse certo e desse resultado, todos que vivem na cidade voltaria para agregar.

• Liderança / gestão

A questão de liderança e gestão aparece, novamente, com a expectativa, que alguns PI têm, de que os LP consigam se organizar e conduzir o negócio:

- O papel hoje é conscientizá-los do papel deles.

- Um controle entre os dois (Líderes do Projeto) se tiver união entre eles, senão, não vai dar em nada.

- Uma liderança muito forte para organizar, para capacitar para ele acontecer.

Outro fator identificado como expectativa, por uma única menção do entrevistado, são os benefícios esperados do sucesso do negócio: "No movimento dos turistas para vender galinhas, leite. Valorizar a propriedade.”

5.2.4 Resultado do Projeto

Quando perguntados sobre os resultados atingidos pelo projeto, todos os PI concordam em que não há resultados contundentes em relação ao objetivo, mas apresentam outros aspectos a respeito desse assunto, tais como:

• Expectativa de realização / motivação

Mantêm expectativas de realização dos objetivos do projeto:

- Eu não sei, ah vai acontecer, porque a hora que descobrirem esse troço, neguinho vai pirar.

- Porque não houve tempo, também com 8 mil reais, e o projeto é muito pequeno. Isso na verdade seria um começo,..

• Mudança de atitude dos LP

Parte dos PI consideram o fato de um dos LP ter se motivado a participar de uma capacitação em turismo como um fator de realização do projeto:

- O fato de Y ter aceitado sair de lá para fazer uma capacitação.

Outros fatores identificados como resultado do projeto e que foram mencionados uma única vez pelo entrevistado, são:

• Experiência adquirida: "Não adianta introduzir numa comunidade, no conjunto de pessoas que for, se elas não querem. Elas têm que vir atrás, não tem como você simplesmente chegar e falar que está ali.”

• Capacitação para os LP

A expectativa de um PI de poder capacitá-los para o atendimento e o desafio do receptivo de turistas ou visitantes: “Por isso eu queria capacitar o Fulano, inclusive o Seu Sicrano”.

• Aceitação dos LP da influência externa: “A aceitação da comunidade da opinião de fora”.

5.2.5 Fatores Críticos de Sucesso para as Partes Interessadas

A partir da análise dos relatos das Partes Interessadas (PI), em relação aos pontos fortes e fracos, expectativas e resultados do projeto, identificam-se os principais fatores críticos de sucesso como sendo:

• a necessidade de liderança, da gestão, da mudança do papel e atitude dos LP na condução do negócio;

• a melhoria do acesso e da prestação de serviço do equipamento de serviço e lazer;

• a falta de divulgação do local;

• a atitude de cobrança e a expectativa de retorno financeiro e de movimento de turistas imediato dos LP;

• as questões que tratam da elaboração, do objetivo (fonte e/ou alternativa de renda com desenvolvimento do turismo, combate a expansão do agronegócio, preservação do cerrado e melhoria de qualidade de vida da comunidade) e

execução (a participação e a abrangência de interessados, a conscientização e a capacitação dos LP) do projeto;

• a beleza do atrativo turístico natural;

• os benefícios que podem ser obtidos com o sucesso do projeto, • a expectativa de criar um modelo de negócio turístico na região, e; • a motivação e expectativa de realização do projeto.