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1. FUNDAMENTOS

6.1 FEIRA INTERNACIONAL DO MÁRMORE E GRANITO

Um dos eventos de grande destaque no setor de rochas ornamentais no Brasil ocorre no Espírito Santo. A Feira Internacional do Mármore e Granito acontece, anualmente, em duas edições: Cachoeiro Stone Fair, em Cachoeiro de Itapemirim, e Vitória Stone Fair, em Vitória.

O evento exerce um papel fundamental para o desenvolvimento organizacional e tecnológico desse segmento, pois é nele que as empresas apresentam suas novidades. A Cachoeiro Stone Fair, na sua 36ª edição no ano de 2013, destaca:

Empresários e profissionais de mais de 600 cidades, de todos os estados brasileiros, estiveram na feira para conferir de perto as novidades apresentadas pelos 220 expositores de rochas ornamentais, máquinas, equipamentos e insumos. O público estrangeiro, de 17 países, também marcou presença, com participação expressiva da Itália, Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Espanha, Peru, Portugal, China e Índia (CACHOEIRO, 2013).

A estrutura geológica do Espírito Santo apresenta áreas potenciais para a produção de rochas ornamentais, gerando grandes possibilidades de negócios. A exploração de rochas ornamentais é o terceiro maior gerador de receita para o estado e responde por 7% do produto interno bruto (PIB) capixaba. Das 26 maiores empresas brasileiras exportadoras de rochas ornamentais, com faturamento superior a US$ 10 milhões em 2007, 21 encontram-se instaladas no Espírito Santo (ESTADO, 2013).

A cidade de Cachoeiro de Itapemirim destaca-se pelo seu importante parque industrial de beneficiamento de rochas ornamentais e integra, junto com outros 14 municípios da região sul do Espírito Santo, o mais importante Arranjo Produtivo Local (APL) de rochas ornamentais do Brasil. O APL se destaca pela extração de mármore e a indústria de beneficiamento de rochas.

A cidade de Cachoeiro de Itapemirim é considerada a “capital brasileira do mármore” e o maior polo de beneficiamento de rochas das Américas. A Cachoeiro Stone Fair

foi o ponto de encontro desse mercado, proporcionando significativo destaque aos expositores e uma excelente oportunidade para os seus visitantes, uma vez que reuniu, em um único espaço, empresas do Espírito Santo, outros estados do Brasil e diversos países.

Segundo dados da Feira Internacional do Mármore e Granito em Cachoeiro de Itapemirim, Cachoeiro (2013), esta cidade é conhecida nacionalmente pelo seu parque industrial de beneficiamento de rochas ornamentais, o maior do Estado, e pioneiro nesse mercado em todo o país. Com cerca de 1.000 empresas atuando no setor, o segmento gera cerca de 10.000 postos de trabalho em todo o município.

Para se ter uma idéia da importância do pólo processador de Cachoeiro, dos 25 milhões de metros quadrados de rochas ornamentais que o Espírito Santo processa por ano, 70% é beneficiado em empresas cachoeirenses (CACHOEIRO, 2013).

Conforme dados de Cachoeiro (2013), mais de 90% dos investimentos do parque industrial brasileiro do setor de rochas ornamentais são realizados no Espírito Santo. O Estado se tornou referência mundial em mármore e granito e líder absoluto na produção nacional de rochas, apresentando um potencial geológico imensurável, cada vez mais aproveitado em virtude de investimentos em pesquisas geológicas, tecnologias de extração e beneficiamento.

A atividade movimenta recursos significativos, fomenta parcerias duradouras, estimula a pesquisa de tecnologias, cria novas oportunidades e atrai bons negócios não apenas para o segmento de rochas, repercutindo positivamente em outros setores da economia, atraindo o turismo de negócios e potencializando amplos mercados vinculados à produção e beneficiamento de rochas, numa extensa cadeia produtiva que atrai grande volume de investimentos, gera emprego, renda e oportunidades de grande impacto na economia social (CACHOEIRO, 2013).

Podemos destacar neste cenário, que o Estado é responsável por: ■ 50% da produção de todo o mercado nacional;

■ 65% das exportações brasileiras;

■ maior produtor, processador e exportador do Brasil; ■ 1,5 milhão de toneladas de blocos e chapas exportadas;

■ maior reserva de mármore do país; ■ 130 mil empregos diretos e indiretos;

■ 800 mil metros cúbicos de rochas extraídas anualmente.

Esse setor tem aumentado, a cada ano, sua importância na economia, não apenas local, mas também nacional. O desenvolvimento tecnológico ocorrido, sobretudo na década de 90, alçou-o ao posto de setor produtivo mais importante do estado, fortalecendo a economia capixaba, com geração de milhares de empregos e abertura de divisas. Movimenta milhões de dólares em comercialização nos mercados interno e externo e transações com máquinas, equipamentos, insumos, materiais de consumo e serviços.

A visita técnica à Cachoeiro Stone Fair ocorreu no dia 20 de agosto de 2013, em Cachoeiro de Itapemirim, ES. O professor que leciona as disciplinas “Tópicos Especiais” e “Gestão da Produção”, organizou a turma do último período do curso Técnico em Mineração para realizar um trabalho sobre os equipamentos e insumos utilizados no beneficiamento de rochas ornamentais. As orientações sobre a atividade foram dadas na aula anterior à visita. Os nove alunos que participaram foram divididos em três grupos. Foram sorteados os seguintes temas: “Desdobramento de Rochas e seus Insumos”, “Polimento de Rochas e seus Insumos” e “Acabamento de Rochas e seus Insumos”.

A visita teve início às 13:30 horas e término às 16:30 horas. Na realização da atividade, o professor deu total autonomia aos alunos, não determinando o número de estandes mínimos a serem visitados. A avaliação desta atividade foi entregue após dez dias da realização da visita, com a confecção de um relatório contendo: introdução, objetivo, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.

O professor deixou os alunos à vontade para percorrerem os estandes e efetuarem a pesquisa. Nesta ocasião, tivemos a oportunidade de acompanhar o grupo responsável pelo tema de “Polimento de Rochas Ornamentais e seus Insumos”

(Figura 10). A escolha deste grupo foi aleatória, pois a intenção era acompanhar um grupo de alunos independentemente de quais fossem suas características.

Figura 10 - Alunos coletando informações sobre a politriz automática

Fonte: Arquivo da autora, 2013.

Ao todo, os alunos responsáveis pelo tema de polimento visitaram 15 estandes entre máquinas, equipamentos e insumos de rochas ornamentais. Tiveram ainda a oportunidade de visitar um estande chinês de insumos de polimento de rochas (Figura 11).

Figura 11 - Alunos no estande da China

Fonte: Arquivo da autora, 2013.

Os alunos aproveitaram a oportunidade para visitar, também, outros estandes da feira, apreciando os vários tipos de materiais rochosos (Figura 12) que se encontravam em exposição.

A participação em um evento desse porte, onde vários materiais e tecnologias distintas são apresentados e, em uma visitação de poucas horas, permite conhecer diferentes abordagens a questões relativas ao beneficiamento de rochas ornamentais, estimula o interesse do aluno. O fato de ter liberdade, dentro de uma programação prévia, para escolher quais estandes seriam visitados, proporciona aos alunos uma experiência de dinamismo à aula, o que agrada e, consequentemente, estimula a compreensão de um assunto uma vez que o aluno auto direciona ao que lhe interessa. Dá ao aluno a oportunidade de, por si, buscar informações e, com isso, construir conhecimento.

Figura 12 - Tipos de rochas

Fonte: Arquivo da autora, 2013.

O quadro a seguir mostra o desempenho dos alunos durante a realização da visita técnica à Feira Internacional do Mármore e Granito (Quadro 9).

Quadro 9 - Grelha de observação na visita técnica da Feira Internacional

Aspectos essenciais

Grau de envolvimento

Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3

Trabalhar de forma colaborativa no grupo 3 3 1

Argumentaras ideias de forma fundamentada 3 2 1

Estabelecer organização e método de trabalho 3 3 1

Gerenciar o tempo 3 3 1

Buscar autonomia na execução das tarefas

propostas 3 3 1

Realizar a atividade exigida pelo professor 3 3 1

Buscar informações específicas acerca das

questões ambientais e sociais 2 2 1

Buscar informações específicas acerca dos

aspectos técnicos e científicos 3 3 1

Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

Legenda:

1 - Nada ou muito pouco envolvido 2 - Parcialmente envolvido

3 - Muito envolvido

Podemos observar que os alunos 1 e 2 mostraram alto grau de envolvimento durante a visita e realizaram, de maneira bastante satisfatória, a atividade exigida pelo professor. O aluno 3 chegou no final da visita e mostrou-se pouco interessado pelas atividades que foram desenvolvidas. Detalhando um pouco mais a análise, são importantes algumas observações. Embora os alunos 1 e 2 tenham apresentado desempenho muito satisfatório nos aspectos essenciais, chama a atenção o “envolvimento parcial” no que diz respeito às questões sociais e ambientais.

Eventos dessa natureza tendem a enfatizar a tecnologia. Assim, embora jamais possa ser dissociado de quaisquer evoluções tecnológicas e científicas, o aspecto

socioambiental se mostra menos perceptível aos olhos dos alunos. Nesse caso, talvez uma intervenção do professor fosse pertinente. Um auxílio aos alunos para que não seja relegada a segundo plano parte tão fundamental do que esperamos dos técnicos que, em breve, estarão desenvolvendo suas atividades profissionais: atenção igual tanto às questões científico-tecnológicas quanto às socioambientais.

Com o objetivo de analisar as percepções dos alunos durante a visita, os mesmos alunos que participaram da visita técnica responderam um questionário (Apêndice V). A análise deste questionário foi realizada com os 3 alunos que participaram do grupo de trabalho sobre “Polimento de Rochas”.

Quando os alunos foram questionados se a visita contribuiu para o melhor entendimento da aplicação prática dos conhecimentos adquiridos no curso Técnico em Mineração, todos afirmaram que sim. Os pontos que mais chamaram a atenção dos alunos foram:

“Conhecimento prático do conteúdo abordado em sala de aula” “Processo de polimento e os insumos”

“Vendo os equipamentos in loco”

Todos os alunos julgaram relevante a existência dessa feira em Cachoeiro de Itapemirim para a comunidade local e apontaram como pontos positivos:

“A geração de emprego”

“Pelo fato de Cachoeiro ser um grande polo de rochas ornamentais”

“Há um aquecimento na economia local, traz conhecimento para a região e gera empregos temporários”.

Em relação a pergunta “Qual (is) o (s) conteúdo (s) técnico-científico (s) já abordado (s) em sala de aula pode (m) ser relacionado (s) com a visita?” os alunos citaram: “Tópicos Especiais”, “Maquinário, rochas ornamentais, insumos, dentre outros” e “Politriz, tear, abrasivo, maquinário, chapas etc.”.

Questionados se durante a visita houve abordagem interdisciplinar, 67% dos alunos citaram que houve e listaram as seguintes disciplinas que estiveram envolvidas na pesquisa: Equipamentos e Serviços de Mineração; Desmonte de Rochas; Métodos de Lavra; Caracterização e Aplicação de Bens Minerais e Energéticos; Gestão da Produção e Tópicos Especiais.

Durante a análise dos dados, 67% dos alunos responderam que durante a visita houve abordagem em relação às questões ambientais (Gráfico 10).

Gráfico 10 - Respostas em percentual, obtidas dos alunos se durante a visita houve abordagem em relação às questões ambientais

Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

Os discentes descreveram que esta abordagem se deu através de:

“Reaproveitamento dos insumos e da lama abrasiva, EPI’s, entre outros” “Resíduos gerados durante o processo”

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Alunos sim não

Em relação às condições de trabalho na feira, todos os alunos responderam que: havia uma organização nos locais de trabalho, as áreas de circulação eram bem definidas, os materiais estavam armazenados em locais adequados, havia uma área apropriada para as refeições.

Em face das informações fornecidas pelos alunos, podemos concluir que a visita técnica foi muito importante para aproximar os estudantes das situações práticas referentes a questões ou abordagens feitas em sala de aula ao longo de diversas disciplinas. Assim, fica notório que o aluno conseguiu enxergar aplicações aos conhecimentos teóricos de forma interdisciplinar. Entretanto, também ficou evidente que as questões socioambientais poderiam ter sido mais bem exploradas na visita, visto que não houve direcionamento de atividades para essas questões.

6.2 INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS: