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1. FUNDAMENTOS

6.3 GRUTA DO LIMOEIRO

A Gruta do Limoeiro (Figura 21) é um patrimônio histórico e cultural e fica situada a 15 quilômetros do centro de Castelo, às margens da Rodovia ES 166.

Figura 21: Entrada da Gruta do Limoeiro

Fonte: arquivo da autora, 2013.

Em 1984, foi tombada como Patrimônio Histórico do Espírito Santo, pelo Conselho Estadual de Cultura, através da Resolução 01/84. Considerada um sítio arqueológico, foi alvo de vários estudos. Uma das equipes, formada por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e coordenada pelo antropólogo Celso Perota, encontrou 11 esqueletos de homens que viveram há, aproximadamente, 4.500 anos (GRUTA, 2013). Descobriu-se que desde o ano de 1.200, a Gruta do Limoeiro foi habitada por índios. No período colonial, teria sido habitada por tribos de índios Puris.

A Gruta possui vários salões internos e é considerada a mais importante do Estado por causa de suas formações rochosas. Em seu interior, é possível encontrar diversas formações originadas pela dissolução da rocha carbonática ocasionada pela água, ao longo de milhares de anos. As mais comuns são: cortinas, estalactites e estalagmites.

A Gruta do Limoeiro é administrada pela Associação Turística do Limoeiro, em parceria com o poder público municipal. Possui visitas monitoradas por agentes capacitados, por meio de agendamento ou atendimento espontâneo entre 9:00 horas e 16:00 horas, tendo como referência o empreendimento “Paiol da Gruta”. O Paiol da Gruta abriga a central de agendamento das visitas à gruta, além dos condutores turísticos devidamente identificados. Lá também são encontrados

produtos agrícolas, agroindústria e artesanato. O local também dispõe de sanitários, calçamento do acesso, iluminação, paisagismo e sinalização turística.

A visita técnica à Gruta do Limoeiro ocorreu no dia 15 de setembro de 2013, no município de Castelo, ES. A visita técnica foi organizada pelo professor que leciona a disciplina “Geologia Geral”. O professor organizou a turma do segundo período do curso Técnico em Mineração para discutir sobre a formação das rochas carbonáticas, processos intempéricos e processos deformacionais (fraturas, dobras e juntas).

Os vinte alunos que participaram foram divididos em dois grupos, por questões de segurança e para facilitar a locomoção dentro da gruta. A visita teve início às 10:30 horas e término às 12:45 horas. No início da visita, todos os alunos receberam capacetes e lanternas, além de receberem informações gerais sobre a gruta passadas pela guia que acompanhou o grupo durante toda a visita. A avaliação desta atividade pelo professor se deu através da participação dos alunos e interesse na visita.

Inicialmente, o professor explana sobre as características geológicas da região, como a formação da gruta está relacionada à presença de rochas carbonáticas associadas às rochas metamórficas de alto grau, principalmente gnaisses e anfibolitos, formados durante a colisão Pan-Africano durante o Brasiliano (850 - 500 m.a.) (Figura 22).

Figura 22: Alunos recebendo informações no salão principal

A ação da água sobre as rochas carbonáticas ocasiona a dissolução dos minerais calcita, dolomita e aragonita, dando origem a estruturas tais como salões, estalactites, estalagmites, cortinas etc. (Figura 23).

Figura 23: Alunos visualizando estruturas presentes na gruta

Fonte: Arquivo da autora, 2013.

Além das estruturas apresentadas dentro e fora da gruta, os alunos puderam receber melhores informações sobre este patrimônio cultural do estado, cujo tombamento foi realizado no ano de 1984 (Figura 24).

Figura 24: Placa de patrimônio cultural

Com esta visita, os alunos puderam observar e entender os eventos geológicos que deram origem à paisagem de nossa região, além de conhecerem um pouco mais sobre a preservação do patrimônio cultural.

O Quadro 11 mostra o desempenho dos alunos durante a realização da visita técnica à Gruta do Limoeiro.

Quadro 11 - Grelha de observação na visita técnica da Gruta do Limoeiro

Aspectos essenciais

Grau de envolvimento Aluno

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Trabalhar de forma colaborativa no

grupo 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3

Argumentar as ideias de forma

fundamentada 3 3 3 3 3 3 2 3 2 3

Estabelecer organização e método

de trabalho 3 3 3 3 3 3 2 3 3 3

Gerenciar o tempo 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Buscar autonomia na execução

das tarefas propostas 3 3 3 3 3 3 2 3 3 2

Realizar a atividade exigida pelo

professor 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Buscar informações específicas acerca das questões ambientais e sociais

3 3 3 3 3 3 3 3 2 3

Buscar informações específicas acerca dos aspectos técnicos e científicos

3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Fonte: Elaborado pela autora, 2014. Legenda:

1 - Nada ou muito pouco envolvido 2 - Parcialmente envolvido

Uma vez mais, o grupo de alunos participantes da visita técnica mostrou alto grau de envolvimento em todos os aspectos essenciais sob análise, sendo verificado um mínimo de 80% de “muito envolvido”. Aos aspectos que envolvem as questões técnicas, científicas, ambientais e sociais, os resultados foram extremamente positivos. Fica evidente que há facilidade em compreender todas essas questões conjuntamente em um mesmo espaço de educação. É de se esperar que essa consciência seja automaticamente verificada na atuação profissional futura de cada um desses alunos.

Quando os 20 alunos que participaram da visita foram questionados se a atividade contribuiu para o melhor entendimento da aplicação prática dos conhecimentos adquiridos no curso Técnico em Mineração, todos os alunos afirmaram que sim. Os pontos que mais chamaram a atenção dos alunos foram:

“Formação das rochas, história das rochas, do local e composição” “Estruturas das rochas”

“Os minerais, as fraturas, dobras, minerais presentes em geral e formação de estalactites”

“As formas das rochas, estalactites e galerias” “História da Gruta”

“Formação das rochas e história da gruta”

Todos os alunos acham relevante a existência desta gruta em Castelo para a comunidade local e apontaram como pontos positivos:

“Favorece o turismo, história do local e cultura”

“Para os moradores conhecerem melhor a geologia da sua região e com isso fazer o turismo crescer”

“Aumento do turismo local e desenvolvimento cultural” “Crescimento econômico”

“Cultura regional e patrimônio histórico” “Dar aprendizado para os visitantes”

Em relação à pergunta “Qual (is) o (s) conteúdo (s) técnico-científico (s) já abordado (s) em sala de aula pode (m) ser relacionado (s) com a visita?” os alunos citaram: “Rochas Metamórficas, intemperismo, bandamento, rocha carbonática”, “Calcário bioquímico”, “Minerais e rochas metamórficas”, “Estruturas das rochas, mineralogia e sedimentologia”.

Questionados se durante a visita houve abordagem interdisciplinar, 95% dos alunos citaram que houve e listaram as seguintes disciplinas: “Mineralogia”, “Geologia Geral”, “Prospecção e Pesquisa Mineral”, “Estabilidade e Desmonte de Rochas” e “Geologia Estrutural”.

Durante a análise dos dados, 85% dos alunos responderam que durante a visita houve abordagem em relação às questões ambientais (Gráfico 12).

Gráfico 12 - Respostas em percentual, obtidas dos alunos se durante a visita houve abordagem em relação às questões ambientais

Fonte: Elaborado pela autora, 2013.

Os discentes descreveram que esta abordagem se deu desde a recepção dos alunos, antes da entrada na gruta, através da guia local, onde se enfatizou a

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Alunos sim não

preservação ambiental, até o término da visita, falando sobre a degradação do meio ambiente.

Em relação às condições de trabalho na gruta, todos os alunos responderam que havia uma organização nos locais de trabalho, as áreas de circulação eram bem definidas, os funcionários utilizavam uniformes e equipamentos de proteção individual e os materiais estavam armazenados em locais adequados

Uma vez mais, a visita ao espaço de educação não formal proporcionou aos estudantes a visualização de diversos conhecimentos, de forma interdisciplinar. Visitar um local tão rico em informações minerais e geológicas facilitou, sem dúvida, o entendimento de questões, antes, aparentemente distantes da realidade prática. Em razão da questão histórica, esta vista trouxe, em particular, conhecimentos além das questões técnicas, o que é de extremo valor à formação cidadã e compreensão do desenvolvimento regional. A possibilidade turística que a gruta traz à localidade é, sem dúvida, ponto relevante à estreita ligação entre conhecimentos técnicos, relativos à Mineralogia e Geologia, e interferência social e ambiental.