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Financiamento do Banco Mundial para a educação no Estado da Bahia

No documento Dissertação Versão Final 1 (páginas 161-165)

3 RETROSPECTIVA DA EDUCACÃO BRASILEIRA

4.4 FINANCIAMENTO DO BANCO MUNDIAL PARA A EDUCAÇÃO

4.4.1 Financiamento do Banco Mundial para a educação no Estado da Bahia

No Estado da Bahia, ocorreu o mesmo que em boa parte do Brasil, no que diz respeito aos financiamentos de organismos internacionais. Ficando explicito que este organismo a exemplo de Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI), vem sendo uma das principais fontes de financiamento da educação na Bahia. Ou seja, a sintonia existente entre os princípios ditados pelo organismo monetário internacional e os resultados divulgados oficialmente não é obra do acaso.

Destaca-se que com relação à influência do BM nas políticas educacionais, é interessante perceber que esse Banco vem formulando uma política de empréstimos que exige, em troca, uma elaboração de supostas políticas sociais que são seguidas à risca pelos países recebedores de tais empréstimos.

Segundo TORRES (1995, p. 109): “O BM age como uma agência de regulação, e tal qual qualquer Banco não oferece doações, mas sim empréstimos que, além de serem pagos com juros (de mercado), são avalizados pelos Estados”.

Ainda segundo TORRES (1995, p. 124-125):

[...] entre as premissas de funcionamento, encontramos condicionalidades econômicas às quais tanto o FMI quanto o BM e a maioria dos organismos

financeiros identificados como parte do consenso de Washington seguem ao pé da letra. Dois elementos condicionam radicalmente a formulação da política pública: a privatização e a redução do gasto público, políticas claramente compatíveis, das quais a primeira pode-se considerar se não exclusivamente, ao menos como parte estratégica da segunda.

Assim, percebe-se que quando o BM começa a ditar a política social e educacional para o Brasil e, por conseguinte, para a Bahia, ele coloca como ponto de discussão a privatização de parte das escolas públicas.

Esta é a lógica mercadológica ditada pela política neoliberal divulgada pelo Banco. Desta forma, a educação passa a seguir duas máximas do neoliberalismo: privatização das escolas públicas, com a ocupação dos vazios deixados pela esfera pública e a educação voltada para o mercado com intuito de atender a demanda das empresas.

Como as políticas do BM exigem que o ensino apresente “eficiência” e produtividade, as escolas procuraram artifícios que apresentassem números satisfatórios, o que se vem conseguindo com o alto índice de aproveitamento escolar fornecido pela “progressão continuada”. Diante disso Torres (1995, p. 128) afirma:

“O BM tem priorizado diferentes políticas educacionais desde sua criação, incluindo, em ordem relativamente cronológica, a construção de escolas, o apoio ao desenvolvimento da escola secundária, a educação vocacional e técnica, a educação informal e, mais recentemente a educação básica, e a qualidade educacional, definida em termos de aproveitamento e desempenho escolar.”

Ainda de acordo com TORRES (1995, p. 128-129):

“Alguns dos indicadores que os experts e cientistas do Banco Mundial projetaram para medir a qualidade da educação incluem o gasto por aluno, os materiais de instrução (livros didáticos), a duração do ano e da jornada escolar e a classe social do professor.’

Nota-se, então, que as políticas educacionais que seguem os princípios ditados pelo BM devem apresentar números, mesmo que maquiados, para garantir empréstimos que seguem caminhos paradoxalmente opostos, podendo ser favoráveis e/ou desfavoráveis.

Favoráveis quando se investem altos numerários na educação, atendendo a uma antiga demanda da sociedade, mas também desfavoráveis, pois além de não reverter tais recursos em melhorias da qualidade da educação, por vezes, pode até mesmo piorá-la.

Portanto, os investimentos dos órgãos financeiros internacionais querem que a educação apresente resultados independentes da questão qualitativa. Sendo assim, cabem vários questionamentos acerca de tais políticas, dentre os quais avaliar o significado de se investir numa educação que apresenta como prioridade a qualificação de alunos no ensino fundamental, sendo que a maioria dos empréstimos do Banco é aplicada nesse nível de ensino.

O programa de educação em ciclos com progressão continuada permaneceu no governo de Itamar Franco, com algumas mudanças. Os ciclos que se dividiam foram aumentados para três no ensino fundamental, sendo que os três primeiros anos foram destinados ao ciclo básico; do quarto ao sexto ano de escolarização são voltados para o ciclo intermediário e os dois últimos anos do ensino fundamental são voltados ao ciclo avançado. A partir daí o aluno seguirá para o ensino médio.

Percebe-se então que o ensino no regime de ciclos continua e que a progressão continuada permanece sem alterações, pois o aluno continua não aparecendo como reprovado.

Entre os vários projetos e programas financiados pelo BM, no Estado da Bahia, tem-se o Programa Educar para Vencer, que será apresentado no Capítulo V, deste trabalho de pesquisa.

O Programa Educar para Vencer era financiado pelo Projeto Bahia de Educação, que era por sua vez financiado pelo BM. Este Projeto visava promover a melhoria da qualidade do ensino através do fortalecimento das escolas e instituições responsáveis por ela. Inicialmente idealizado para ser concebido em duas fases, conhecidos como Projeto I sendo implementado entre 2001 e 2003 e o Projeto II entre 2003 e 2006.

Segundo dados da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC - 2007) entre o Projeto I e o II, foram assinado 2 acordos de financiamento totalizando cerca de U$$ 216 milhões de dólares.

O Programa Educar para Vencer, era tido como um Programa Estratégico, assumido pelo Governo do Estado, agregando projetos prioritários que visavam o fortalecimento da escola, tendo como foco principal a qualidade do Ensino Fundamental e Médio da rede pública. Era dividido em 5 Projetos prioritários, sendo eles:

- Avaliação Externa; - Gestão Educacional; - Certificação Ocupacional;

- Regularização do Fluxo;

- Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI).

Para o seu pleno e eficaz desenvolvimento, a SEC estabeleceu estratégias de gestão, com a participação de algumas instituições, sendo elas a Fundação Luis Eduardo Magalhães (FLEM), a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Prefeituras Municipais e, as equipes gestoras.

CAPITULO V

5 PROGRAMA EDUCAR PARA VENCER: O FORTALECIMENTO DA GESTÃO E AUTONOMIA EDUCACIONAL

Neste capítulo, faz-se um breve percurso da política educacional brasileira e baiana analisando-se alguns aspectos dessa trajetória. A reflexão contempla questões relativas ás mudanças no sistema educacional implantado na Bahia, levantando questões sobre o papel da gestão da educacional e sua autonomia quanto ao desenvolvimento do Projeto Fortalecimento da Gestão do Programa Educar para Vencer. Assim, os tópico do capítulo da dissertação contemplaram a construção histórica sobre o surgimento do Programa Educar para Vencer, detalhando o objeto central da pesquisa - o Fortalecimento da Gestão e Autonomia educacional.

No documento Dissertação Versão Final 1 (páginas 161-165)