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PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NA BAHIA

No documento Dissertação Versão Final 1 (páginas 132-153)

3 RETROSPECTIVA DA EDUCACÃO BRASILEIRA

4.2 PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NA BAHIA

A história da educação na Bahia tem inicio, em 1549, com a chegada do primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza. Nessa ocasião aportou em Salvador o primeiro grupo de seis jesuítas liderados pelo Padre Manoel de Nóbrega para edificarem a primeira escola elementar do Brasil. Os jesuítas, além disso, ajudaram a construir a cidade de Salvador, foram os únicos responsáveis pelo ensino brasileiro, durante mais de dois séculos, convertendo índios e negros a obedecerem ao Deus católico.

O objetivo da missão jesuíta no Brasil era o de catequizar a população indígena70; Eles desejavam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus. Para

70 Cf.

CASIMIRO, Ana Palmira B.S. Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos: uma proposta pedagógica jesuítica no Brasil colonial. Salvador: Faculdade de Educação/UFBA, 2002 (Tese de doutoramento). No início do século XVI, particularmente com a cisão da humanidade cristã em protestantes e católicos, a fundação da Companhia de Jesus, em 1540, e as disposições do Concílio de Trento (1545-1563), aqueles conteúdos teológico-morais, doutrinários e catequéticos foram, mais uma vez, re-significados. Era a Segunda Escolástica, também chamada Escolástica Espanhola, herdeira da filosofia escolástica clássica. Esta nova vertente se constituiu adaptada ao enfrentamento dos novos desafios da modernidade e voltada para responder aos problemas advindos da colonização moderna e da evangelização de novos povos.

isso, dedicou-se a pregação da fé católica e ao trabalho agrícola que garantia uma de suas fontes de renda - criaram escolas de ler e escrever para que os nativos pudessem entender e absorver a cultura e a religião portuguesas – para evitar a expansão da Reforma Protestante luterana que ocorria na Europa. No entanto, não era apenas os Índios o foco central da educação dos jesuítas. Mas, também, pela educação dos negros escravos, colonos e filhos dos senhores de engenhos; usando em cada caso, artifícios particulares para atrair e manter as pessoas em catequese constante, mascarados nas lições escolares. Para melhor exemplificar esta relevância (CASIMIRO, 2002, p. 6) apresenta um comentário sobre o tema:

“[...] podemos afirmar que na sociedade colonial era ministrada uma ‘educação que preparava para a vida’, completando, contudo, que ‘preparava para a vida que cada classe haveria de viver,’ naquela formação hierárquica e de mobilidade rígida. E reafirmar que havia concepções de educação diferenciadas e subordinadas às condições e ao lugar social de cada grupo. Logo, o processo educacional colonial transcorreu de forma homóloga às outras instâncias da vida social, isto é, com modelos de educação diferentes, caso se tratasse dos portugueses e seus descendentes ou caso se tratasse dos índios, negros, mestiços e cristãos novos. Para os primeiros, os brancos, todos os direitos educacionais, inclusive o de ingressar no sacerdócio ou nas fileiras das ordens religiosas ou, ainda, de complementar estudos em Portugal. Assim mesmo, era para poucos. Para os outros, havia apenas tipos de aprendizagem que permitiam a prática dos serviços subalternos e a catequese, com o objetivo de cristianização. Também era para muito poucos”.

A primeira escola foi construída em quinze dias e tendo como primeiro professor o Pa. Irmão Vicente Rodrigues que já abrira uma escola de ler e escrever para os filhos dos colonos; os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras onde se estudava: Gramática Latina (nível intermediário, equivalente talvez hoje à 5ª a 8ª séries do ensino fundamental), Humanidades e Retórica; além do curso elementar eles mantinham os cursos de Filosofia onde se estudava Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. Concluídos esse estudos, aqueles que desejassem continuar os estudos teria que fazê-lo na Europa, o que poucos podiam realizar.

Segundo VILHENA (1969), na Bahia, não só em Salvador, mas em todas as vilas da Capitania e seus distritos ministravam-se sete classes de instrução. Na primeira classe estudava-se gramática portuguesa, na segunda língua latina, sintaxe e sílaba na terceira, na quarta retórica, na quinta matemática, filosofia, na sexta e na sétima teologia

moral. Além disso, filosofia era ensinada nos conventos como o do Carmo e o São Francisco.

Os jesuítas permaneceram à frente da educação brasileira durante 210 anos, até a sua expulsão entre 1757 a 1777 por determinação de D. José II, déspota esclarecido que tinha, até então, como primeiro Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo. Nessa ocasião os jesuítas sustentavam 17 colégios e seminários, incluindo escolas para menores de primeiras letras. Com a expulsão dos padres jesuítas71 em função das diferenças de objetivos entre a Coroa portuguesa e a Igreja Católica, a educação no Brasil vivenciou uma decadência pela quebra no processo educacional que havia sido implantado e organizado pelos clérigos. A atuação dos religiosos na Bahia não diferenciou do restante do país, e sua saída das terras brasileiras acarretou para educação no Estado o mesmo atraso que para o Brasil.

Enquanto o ensino era direcionado para o proselitismo e uma nocividade da educação perante as relações sociais vividas no Império, Marquês de Pombal procurava restaurar da decadência econômica que Portugal apresentava diante das outras potências monárquicas européias. Nesse sentido, o modelo vigente não interessava comercialmente as novas idéias emanadas por Portugal, ou seja, a escola tinha que atender aos interesses do Estado português.

No entanto, pouco ou nada se consegue efetivamente, devido ao desmantelamento da organização jesuíta, criticável, mas eficiente, sem a imediata substituição por outra “[...] para dar para dar continuidade a um trabalho de educação. Esta situação somente sofreu uma mudança com a chegada da família real para o Brasil”. (ARRUDA, 1989, p.81).

Nesse contexto de Reforma pombalina saíram da Bahia 124 jesuítas, restando, apenas, pouca coisa referente à prática educativa como a Escola de Artes e Edificações Militares. O ensino primário ficava a cargo das províncias, isso quando existia. A partir do século XIX com a vinda da família real para o Brasil, a educação promovida pela coroa portuguesa dará ênfase ao ensino superior, relegando os outros níveis.

As intervenções do poder público da província baiana sobre educação datam do século XIX, muito tempo depois da expulsão dos jesuítas, significou um período longo de desorganização e lacunas na educação dos baianos. Assim na Bahia, em 1808, é criada a primeira Escola de Medicina do Brasil, com o curso de Cirurgia convertida

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mais tarde na Faculdade (1832) e uma cadeira de Ciência Econômica; em 1812 é criado curso de Agricultura; 1817 o curso de Química; 1836 são criadas uma Escola Normal para formar professores do ensino fundamental, que só começou a funcionar em 1842 numa casa da antiga Rua do Colégio e o Liceu Provincial de Arte da Bahia no antigo Convento da Palma com o intuito de substituir as aulas régias. (LIMA, 2001).

A Escola Normal da Bahia tinha duas cadeiras: A Cadeira de Ensino Mútuo e a Cadeira de Leitura, Caligrafia e Gramática Filosófica da Língua Portuguesa e as aulas eram ministradas em dois turnos, um para homens e outro para mulheres. O currículo da escola de meninos compreendia instrução moral e religiosa, as artes de ler, escrever e contar bem como os elementos de pesos e medidas nacionais. O currículo das meninas acrescentava-se costura, bordado e outros conhecimentos que auxiliasse a economia doméstica.

É somente com o Ato Adicional de 1834 (emenda à Constituição de 1824) que as Assembléias Legislativas Provinciais começam a legislar sobre as questões do ensino elementar e médio. Já em 1842 foi criado na Bahia o Conselho de Instrução Pública que tinha as mais diversas atribuições em relação à educação em todo o Estado. No Conselho foi criado o cargo de Diretor-geral dos Estudos, cargo que se tornou importante sendo ocupado por representantes responsáveis por grandes transformações para melhoria do sistema de ensino nascente na Bahia. Um exemplo foi Casemiro de Sena Madureira, em 1851, reivindicava a formação de escolas industriais, a profissionalização do Magistério e a inclusão da Pedagogia no currículo normal. Em 1854, Casemiro Sena Madureira idealizou o Jardim da Infância como uma cadeira para meninos de 4 a 8 anos, regida sempre por uma professora que, para o diretor-geral, tinha ao contrário dos homens, candura e amor suficiente para o trabalho pedagógico.

A Reforma Paranaguá de 1881 criou duas escolas normais em Salvador, em regime de externato: a Escola Normal de Homens e a Escola Normal de Senhoras. Nelas a Pedagogia já era disciplina e compreendida a História da Pedagogia, Organização Escolar, Educação Moral, Física e Intelectual e Legislação do Ensino. A reforma criou um currículo do ensino elementar no qual entrava, pela primeira vez, elementos que qualquer cidadão brasileiro ou estrangeiro poderia abrir escola ou outro estabelecimento de ensino primário e secundário, e exercer o magistério. Por fim, a reforma criou o Conselho Superior.

Segundo TELLES (1989), com a Proclamação da República em 1889, as instituições oficiais de ensino sofreram alterações e as leis que regiam o ensino na

antiga Província72 foram reformadas pelo Governo Provisório73 no Estado. Em 1890 foi apresentado um Regulamento a primeira lei da Instrução Pública da Bahia após a Proclamação da República elaborada pelo baiano Satyro Dias. A lei organizou o Conselho Superior de Ensino idealizado, ainda na Monarquia, e extinguiu as escolas normais, criando em seu lugar o Instituto Normal da Bahia para servir de modelo às instituições semelhantes a serem criadas nos outros municípios do Estado. Sua finalidade era a formação de professoras em turmas mistas, em regime de internato, num curso de quatro anos de duração. No instituto, a Pedagogia compunha-se de História da Pedagogia, Metodologia de Ensino de Ensino e Prática de Ensino. No começo do século XIX duas escolas normais de mesma linha organizacional com métodos e conteúdos modernos foram instaladas no interior do Estado, nas cidades de Barra e Caeteté, mas foram extintas em 1903. As escolas normais vão efetivamente serem instaladas, em 1906, quando o governo federal aprovou uma lei para o ensino primário, reorganizando as escolas.

Algumas importantes instituições de ensino foram inauguradas ainda no século XIX como a Faculdade de Direito, em 1891, O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, em 1894, a Escola Politécnica e o Conservatório de Música, em 1897.

A partir de 1911, o governo republicano74 de orientação positivista lança uma proposta para valorizar o curso secundário, tornando o ensino uma via de liberdade e de formação cidadã e não como simples promotor a um nível seguinte. Essa reforma chamada de Rivadávia Correa prega o fim da diplomação do curso em troca por um certificado/título de Professor Primário. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para a educação brasileira. Em 1918, o ensino público foi dividido em Ensino Primário ministrado em escolas isoladas ou em grupos escolares, e Ensino Secundário ministrado no Ginásio da Bahia. Cabia ao Governador a direção superior do ensino, auxiliado por

72 Governos da Província da Bahia antes da Proclamação da República: Manuel de Nascimento Machado Portela (1888/1889); Antônio Luis Afonso de Carvalho ( 09/03 a 13/06 de 1889); José Luis de Almeida Couto (14/06 a 14/11 de 1889).

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Virgílio Clímaco Damásio, (de 18 a 23.11.1889-15 dias); Manuel Vitorino Pereira (de 23.11.1889 a 26.4.1890); General Hermes Hernesto da Fonseca (26.4.1890 a 14.09.1890); José Gonçalves (de 16.11.1890 a 24.11.1891); General Tude Neiva (de 24.11.1891 a 12.12.1891-l18 dias); Almirante Francisco Leal Ferreira Jr. (de 12.12.1891 a 28.05.1892); Joaquim Manuel Rodrigues Lima (de 28.05.1892 a 27.05.1896); Conselheiro Manuel Rodrigues Lima (de 28.05.1892 a 27.05.1896); Conselheiro Luiz Viana (de 28.05.1896 a 29.05.1900); Severino dos Santos Vieira (de 28.05.1900 a 28.05.1904); José Marcelino de Souza (de 28.05.1904 a 28.05.1908); João Ferreira de Araújo Pinho (de 26.05.1908 a 22.12.1911).

secretários, conselheiros, diretores entre outros, mas manteve-se o Conselho Superior de Ensino.

A reforma de 1925 é, também, chamada de Reforma Góes Calmon, por ser Ele o Governador do Estado da Bahia quando as idéias de Anísio Teixeira orientaram as mudanças na organização da educação estadual. Segundo TELLES (1989), nenhuma Lei anterior sobre o ensino superior a n°. 1.846 de 14/08/1925, que dispõe com detalhes sobre os princípios da gratuidade e obrigatoriedade do ensino. A lei deixa claro que o ensino no Estado da Bahia “tem por objetivo a educação física, intelectual e moral do individuo de modo a formar homens aptos para a vida em sociedade e cidadãos úteis à comunhão nacional”.

No curso normal houve grande mudança no currículo, que destinava 3 anos de preparo cientifico e 1 ano de preparo profissional para o magistério. Para tanto, escolas de aplicação foram criadas junto aos estabelecimentos permitindo conhecimento prático ao futuro professor. Essa organização tornou o curso de formação do professor completa, já que se preocupava tanto com a formação profissional como intelectual do individuo, ou seja, proporcionava a educação integral dos alunos.

A Reforma de Anísio Teixeira inovou também a administração e a fiscalização das instituições criando a Diretoria Geral da Instituição e reformando o Conselho Superior de Ensino. Em relação à fiscalização criou cargos e formas de acompanhamento das instituições e dos profissionais de ensino que melhoraram em muito a qualidade dos seus serviços. Até então, na maioria dos casos, a qualidade dos serviços profissionais era considerada ruim pela própria sociedade baiana que contava muitas vezes, com profissionais nada qualificados para o magistério. Na verdade esse quadro se repetiu em todo o país após a expulsão dos jesuítas, que deixaram vazias as vagas de professor.

Ainda, segundo TELLES (1989), sobre a administração especifica das unidades escolares a Lei dispunha sobre ano letivo e regime de aulas, matrículas e exame, diploma, prêmios e deveres do aluno do curso normal. Dispunha, também, sobre a administração das escolas de aplicação, a escola normal superior, cursos de férias, escolas normais das cidades do interior, ensino de mecânica e eletrônica, artes gráficas, artes decorativas, atividades domésticas, atividades rurais, atividades comerciais e outras.

Anísio Teixeira foi um dos estudiosos sobre a educação preocupado com a dimensão ideológica com que, não apenas a Bahia, como também em outros estados

brasileiros, lidavam com a presença e a importância da educação. Assim, apresentar as características desse expoente da educação é quase que imprescindível quando se trata de educação baiana.

Conforme ABREU (1960, p. 37), Anísio Teixeira era considerado como:

“Homem que sempre marchou na vanguarda do seu tempo, era natural que entre o molde cultural baiano, predominantemente conservador, estático, e a configuração mental dinâmica de Anísio, uma arritmia essencial se estabelecesse”.

Nesse sentido, a criação dos cursos de artes e ofícios demonstrou a preocupação de Anísio Teixeira coma formação profissional do jovem, com a qual as leis anteriores não se ocuparam. Para os idealizadores de reforma a educação integral, física e moral do individuo era tão importante quanto à formação profissional. Antes da reforma e como resíduo da educação jesuíta, a educação preocupava-se com a formação intelectual do individuo, apoiado no conhecimento europeu.

Depois da reforma difundida por Anísio Teixeira na educação, a Bahia passa a ter características próprias, com uma educação baseada nas necessidades da sociedade baiana e formadora de indivíduos engajados às exigências de um Estado em crescimento comercial e industrial. A lei 1.846/25 instituiu, também, uma Escola de Belas Artes oficial e cursos para crianças ditas anormais, mostrando a inédita preocupação do Estado com a educação de todos os grupos da sociedade baiana, embora fosse genuinamente voltada para a habilitação profissional do jovem. As idéias de Anísio Teixeira, concretizadas no Reforma de 1925, marcaram profundamente a história da educação baiana e modelaram o sistema de ensino e suas instituições.

Em 1930, com a revolução que levou Getúlio Vargas (Estado Novo 1937-1945), ao poder, surge uma nova fase na educação, Francisco de Campos criou o Estatuto da Universidade e organizou o ensino secundário dividido em ginasial e colegial (clássico e cientifico) com a criação do Ministério de Educação e Saúde, em 1931, e as leis orgânicas de ensino do período, e a criação do sistema S: SENAI, SESI, SESC, SENAC, para um ensino mais profissionalizante ministrado pela empresas e indústrias.

Através do Decreto de 6.283, de 25 de janeiro de 1934, depois de tantos debates, de projetos malogrados, de iniciativas que não passaram de intenções, finalmente concretizava-se a criação da Universidade no Brasil, reunindo numa única instituição

faculdades e institutos isolados de ensino, pesquisa e extensão que, até então, eram os responsáveis pelo ensino superior no Brasil e pela formação de profissionais liberais.

Nesse sentido, a universidade é uma instituição na qual o presente é analisado à luz dos conhecimentos construídos no passado, sempre com a liberdade de pensamento e do exercício da crítica, produzindo conhecimento, mas também formando os intelectuais, pesquisadores e professores. Para TEIXEIRA (1998, p. 87):

“A função da universidade é uma função única e exclusiva. Não se trata, somente, de conservar a experiência humana. [...] Não se trata, somente, de preparar práticos ou profissionais de ofícios ou artes. [...] Trata-se de manter uma atmosfera de saber [...] o saber é uma atitude de espírito que se forma lentamente ao contato dos que sabem. A universidade é, em essência, a reunião entre os que sabem e os que desejam aprender. Há toda uma iniciação a se fazer. E essa iniciação, como todas as iniciações, se faz em um atmosfera que cultive, sobretudo, a imaginação ... Cultivar a imaginação é cultivar a capacidade de dar sentido e significado às coisas.”

Ao cumprir a sua função, a universidade terá, em todas as suas ações, de encontrar o equilíbrio entre a flexibilidade e a estabilidade, entre o instituído e o instituinte, sem perder de vista que para alcançar seus objetivos deve assegurar as condições para que sua comunidade se desenvolva de maneira qualificada e produtiva, de modo que a sociedade possa obter um retorno do emprenho empreendido em fronteiras acadêmicas.

Realmente, ao que esse projeto universitário propõe, não deixa nada a desejar para a educação superior no país. Suas colocações, bem como a intenção inicial de Teixeira, com seus primeiros ideais e apontamentos sobre a tomada de providência acerca dos problemas da universidade e da formação de profissionais são muito consistentes e convincentes também. Assim, vale de primeiro momento, relatar a parte que cabe à Universidade Nova, contida no livro de Teixeira, Educação e Universidade:

“Cabe aqui, antes de prosseguir, examinar a designação de ensino básico que se vem introduzindo em nossa terminologia da reforma. [...] Nesse caso, o básico seria um ensino geral, introdutório ou propedêutico ao estudo superior no nível acadêmico ou no nível profissional, ou destinado a uma ampliação da cultura secundária, para os que não desejassem fazer carreira acadêmica ou profissional. [...] O curso de cultura geral é diferente de um curso propedêutico e este curso propedêutico se diversifica pelo ramo de que ele deseja ser propedêutico. O de cultura geral é uma iniciação, uma introdução a um ramo do saber, com o objetivo central de alargar a mente do educando, de

lhe dar novas vistas da realidade e de aparelhá-lo com certas idéias necessárias para compreender o mundo do saber, a sua diversidade, e ajudá-lo a pensar com maior riqueza de imaginação. Já o curso propedêutico pode alcançar alguns desses efeitos, mas não pode ser tão desinteressado e tem de levar em conta a aplicação do conhecimento examinado no campo para que deseja ser propedêutico. O curso geral em certos casos pode ser propedêutico ao curso de especialização acadêmica, mas somente como elemento para a escolha do campo a que se vai dedicar.” (TEIXEIRA, 1998, p. 154-155).

Aqui, TEXEIRA (1998) conceitua o que ele via como diferenças entre os tipos de cursos universitários, e também como eles deviam funcionar para que o andamento da formação acadêmica e profissional do estudante desse certo. Com isso, pode-se notar que suas colocações são de impacto direto para a pedagogia exercida na universidade, o que representa também uma preocupação para com as futuras gerações e o que se esperava da utilização de novos recursos por elas. Por essa razão, vale a pena assinalar a importância da utilização, atualmente, de novos recursos tecnológicos, para, assim, se adentrar na proposta do que seria a Reforma Universitária de uma ‘Universidade Nova’. Nessa perspectiva, o avanço tecnológico de alguma forma reacendeu o desejo de acesso irrestrito ao conhecimento produzido mundialmente. Entretanto, no centro do processo de informatização dos meios de comunicação, o problema do crescimento da

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