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A Lei 9.394/96

No documento Dissertação Versão Final 1 (páginas 106-125)

3 RETROSPECTIVA DA EDUCACÃO BRASILEIRA

3.2 HISTÓRICO SOBRE AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES

3.2.5 A Lei 9.394/96

Após verificarmos a atmosfera constitucional, no tópico anterior, vê-se que o ambiente político e educacional volta-se para a nova Constituinte Federal. Aí, já se registra um presságio democrático sobre a questão da educação pública com a mobilização dos movimentos sociais, sociedade civil organizada de cunho reivindicatório, pondo em pauta o debate sobre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; movimento este antecedente (1987) a promulgação da Constituição, com seu objetivo último de inserir nesta o projeto da Lei de Diretrizes e Bases Nacional.

“[...] esta nova Constituinte representou um momento importante na história da educação brasileira contemporânea. Para ela convergiram as atenções de indivíduos e organizações que lutam por assegurar a expressão de seus interesses no texto constitucional.” (VIERA Apud BRZEZINSKI, 1998, p.72).

Registra-se antes desse período constitucional diversos movimentos da comunidade educacional que se destacou nacionalmente, pois empunharam a bandeira da Educação organizando-se e mobilizando-se em congressos, conferências e outros no intuito de subsidiar a Constituinte Nacional. Dessa forma, destaca-se a IV Conferência Brasileira da Educação (CBE) em Goiânia em 1986, aprovando a Carta de Goiânia, contendo as propostas dos educadores para o capítulo referente à educação na

Constituição, onde determina como competência da União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional, posteriormente, em 1988, no V CBE.

Sobre a conferência, Brzezinski (1998, p.13) comenta que:

[...] elege como eixo para a LDB a universalização do ensino fundamental e a organização de um sistema nacional que, de um lado, assegurasse a articulação orgânica dos diversos níveis e modalidades de ensino na esfera federal, estadual e municipal e, de outro, propiciasse a continuada melhora de sua qualidade e a perene democratização, seja de sua gestão, seja em sua inserção social.

No final de 1988; promulgada a Constituinte Federal, o deputado Octávio Elísio apresentou na Câmara dos Deputados o primeiro projeto de lei que fixava as diretrizes e bases da educação nacional.

A partir de março de 1989 “teve início o que talvez tenha sido o mais democrático e aberto método de elaboração de uma lei no Congresso Nacional” (SAVIANI, 1999, p.57) que foi a discussão sobre a LDB na comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Neste âmbito do poder Legislativo define-se como palco das grandes questões políticas educacionais e através de um projeto gestado no interior do movimento social educativo através do Fórum em Defesa da Escola Pública na Constituinte para construção da lei maior da educação a LDB; reunindo em torno de 30 entidades nacionais em defesa da escola pública de qualidade.

Assim, com o Fórum constituído no Congresso mobilizou educadores em todo o território brasileiro; “foram ouvidos em audiências públicas cerca de 40 entidades e instituições” (SAVIANI, 1999, p.58); produziram-se neste período diversos debates específicos, emendas e justificativas, boletins informativos, discussões acadêmicas por profissionais capacitados da área de educação. Ao projeto original foram anexados 7 projetos completos, i. é, propostas alternativas ao projeto de Octávio Elísio para a fixação das diretrizes e bases da educação nacional, e mais 17 projetos específicos correlacionados a LDB, além de 978 emendas.

Finalmente, em junho de 1990, após um longo processo de negociação e votação na Comissão de Educação do Congresso o texto do primeiro projeto da LDB, com seu tom progressista, foi aprovado e ordenado com 172 artigos e 20 capítulos sendo conhecido pelo nome do seu relator, o então, deputado Jorge Hage. Ressalta-se que o projeto original apresentado em 1988 pelo deputado Octávio Elísio era composto, apenas, de 92 artigos em 5 capítulos e nove títulos.

[...] Nos anos 90, como conseqüência do rápido desenvolvimento tecnológico e da nova globalização, ocorre, com grande velocidade, a evolução das idéias relativas à educação, polarizando-se em torno do seu valor econômico. A educação passa a ser central, porque constitutiva, para o novo modelo de desenvolvimento auto-sustentado e para a posição dos países no processo de reinserção e realinhamento no cenário mundial". (BRZEZINSKI, 1998, p.26).

Aprovado na Comissão de Educação, o substitutivo de Jorge Hage faltará percorrer algumas etapas na Câmara dos Deputados indo ao plenário em 1991, retornando às comissões e tramitando até 1993 quando teve sua aprovação. Neste ínterim as relações de forças políticas se alteraram. Já no período do Governo Collor, o Senador Darcy Ribeiro com pretexto de enxugar o projeto aprovado no Congresso, em 1990, apresenta seu projeto substitutivo em 1992 causando perplexidade em vários sentidos devido a “forma pouco democrática, mediante uma 'conciliação oculta' com o Executivo” (BRZEZINSKI, 1998, p.14), juntamente, com a participação da assessoria do primeiro escalão do MEC e de técnicos ligados ao governo; além de ser um projeto com características contraditória deixando à margem de qualquer discussão e, sobretudo, se tratando, de um intelectual de um passado político progressista.

Esta chamada de Lei de Diretrizes e Bases Darcy Ribeiro que "cumpre o papel de ancorar as políticas apresentada pelo Executivo, segundo a urgência da matéria, mediante medidas provisórias ou projetos de lei, decretos presidenciais, portarias e resoluções”. (IVANY PINO Apud BRZEZINSKI, 1998, p.32). Este projeto ficou sem ser apreciado nesta ocasião na câmara; da qual apresentava na sua concepção e conteúdo uma forma inteiramente diversos do projeto em tramitação na Câmara. Nesse universo discursivo, o projeto do Senador Darcy Ribeiro é aprovado pela Comissão de Educação do Senado em fevereiro de 1993, para surpresa de todos os que participavam desse debate.

SAVIANI (1999, p.197), aponta dentre as várias omissões do projeto substitutivo apresentado pelo Senhor Senador Darcy Ribeiro, têm-se destaque a referência sobre o Sistema Nacional de Educação e, por conseguinte, ao Conselho Nacional de Educação, tão combatidos pelos asseclas conservadores do governo Collor. Pontua, ainda, Saviani as incoerências que se expressam na coexistência entre propostas avançadas, e medidas que constituem um real retrocesso no campo do ensino fundamental com a sua redução. Dessa forma, o que se vislumbra neste primeiro projeto

de Darcy Ribeiro é sua “concepção sincrética” como afirma. (FERNANDES Apud SAVIANI, 1999, p.199).

Em decorrência das eleições de 1994 inaugura-se uma nova fase no Congresso Nacional e no Poder Executivo a partir de 1995 com a renovação do cenário político. Este espaço fica agora, recortado por ideologias e novas concepções da educação, configurando um cenário distinto, de novas articulações e relações sociais. Estabelecem- se aí as posições dos atores políticos e sociais do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). É neste novo contexto político que haverá uma aceleração na tramitação do projeto de Darcy Ribeiro culminando na aprovação do texto da LDB no plenário da Câmara dos Deputados. Já sobre a batuta do atual governo FHC, o então, Ministro da Educação Paulo Renato evidencia sua posição contrária ao projeto aprovado na Câmara dos Deputados como, também ao substitutivo em tramitação no Senado. Com uma manobra regimental Darcy Ribeiro consegue êxito no senado.

Em suma, testemunha-se que:

[...] a discussão, votação e promulgação da atual LDB se deu num momento específico da história político-econômica e social do Brasil, marcado por uma tendência apresentada como inovadora e capaz de trazer a modernidade ao país.” (SEVERINO apud BRZEZINSKI, 1998, p.61).

Desta forma; passados, exatamente, trinta e cinco anos de promulgada da primeira Lei de Diretrizes e Bases de n°.4.024/61 é que foi aprovada em 1996 pelo Parlamento brasileiro a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº. 9.394/96) entrando em vigência em 1997. Esta nova LDB 9.394/96 teve seu projeto originado no ano de 1987, estando em tramitação desde 1988, vem substituir a antiga lei de Diretrizes e Bases de 1961, que foi modificada em 1971 pela lei 5.692 que vigorou por mais de 25 anos.

Deve-se ressaltar que a nova LDB 9.394/96 projeto do senador Darcy Ribeiro, aprovado na mesma estrutura original, com praticamente os mesmos artigos e conteúdos, que estavam em conformidade com as diretrizes55 do Banco Mundial, sem vetos - fato raro na história da nossa política educacional; isto marca categoricamente a verdadeira face desta Lei sintonizada com a orientação política do Estado e, adequadamente ajustada aos interesses neoliberais do governo FHC, em seu estado

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VIANNA, Aurélio Júnior (org.). “ A estratégia dos Bancos Multilaterais para o Brasil: Análise critica e Documentos Inéditos” Brasília: Rede Brasil, 1998.

morbífico, satisfazendo plenamente a iniciativa privada, i.é., à mercantilização da educação, tendo como co-autor desde projeto o Ministério da Educação e Cultura.

A nova LDB mostra uma característica minimalista quando silencia sobre a participação da sociedade, representado pelo conjunto de entidades do Fórum Nacional em Defesa da Escola, desaparece da LDB este Fórum que mantinha a relação com o Estado. Agora, a participação dos movimentos sociais nas políticas educacionais é circunscrita ao Conselho Nacional de Educação - CNE, que não está figurado no texto da LDB.

Buscando apoio em (IVANY PINO Apud BRZEZINSKI, 1999, p.32) observa- se que o projeto de Darcy.

Como âncora tomou uma forma genérica, excluindo matérias que passa a ser objeto de leis específicas, portarias e resoluções do Poder Executivo, ou seja, do Presidente como, por exemplo, a formação do Conselho Nacional da Educação, a escolha dos dirigentes universitários etc.

Nessa situação a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, consolida e amplia o poder público para com a educação universal. Nesse prisma, a política educacional desenvolvida a partir da nova LDB fica submetida às vicissitudes norteadoras de cada gestão administrativa, acarretando uma descontinuidade permanente da política educacional nacional.

Ora, vê-se no capítulo II Art. 22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornece-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”, este fato na praticidade escolar e na realidade cotidiana não transcorre como está teorizado pelo Art. 22; o que se constata é que, ainda, há uma grande massa de cidadãos brasileiros freqüentadores de um determinado estabelecimento de ensino escolar que ultrapassa as séries estipuladas pelo ciclo escolar, sem que haja alcançado o mínimo de conhecimento básico que lhes darão, essa tal condição, ou mesmo condições, de progressão aos estudos posteriores ou mesmo no campo de trabalho.

A nova Lei incorporou algumas inovações pedagógicas, entre as quais pontuamos, como: a obrigatoriedade da educação artística no ensino básico (pré-escolar 1º e 2º grau); busca o pleno desenvolvimento da pessoa humana; as suas inovações caraterizam um novo projeto para educação.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional introduz mudanças significativas na educação básica de nosso país. Importantes avanços, resultantes da participação da sociedade civil, na etapa inicial de construção da lei, foram consagrados, apesar de longo e conflituoso processo de sua tramitação no Congresso Nacional e das inúmeras tentativas de eliminar as conquistas obtidas. (BRZEZINSKI, 1998, p.87).

A partir da premissa desta lei, no qual se busca o desenvolvimento da pessoa humana como cidadão consciente da sua condição sócio-cultural e política como indivíduo cosmopolita. Assim, a nova LDB deveria transmitir a este cidadãos subsídios necessários para que desenvolva o seu intelecto e, consequentemente, venha contribuir para o quadro social do país.

Mas, observa-se que a lei 9.394/96 no seu escopo visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho. O ensino deve ser ministrado levando em conta a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, a liberdade de aprender, o pluralismo de idéias, nesse sentido a obrigatoriedade de disciplina como: educação artística se configura de fundamental importância para o desenvolvimento dos jovens estudantes. Por outro lado, a lei extrai do currículo escolar a obrigatoriedade das disciplinas Sociologia e Filosofia, disciplinas estas que, certamente despertaria ao cidadão aluno este tão cobrado desenvolvimento pessoal e humano com um poder de discernir através de suas próprias concepções. Pois, estas disciplinas dão subsídios ao trabalho de conscientização do "Eu" como pessoa.

O texto da LDB estabelece critério, conservador, de 75% de freqüência obrigatória às atividades programadas, como também confirma a prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos na verificação dos rendimentos escolares dos alunos. Aumenta a carga horária de 720 horas para, no mínimo 800 horas de efetivo trabalho pedagógico, e de 180 dias letivos anteriores para, ao menos 200 dias o números de dias letivos. Ora, aqui enxergamos nitidamente a contradição desta lei, quando cita que a prioridade não é o aspecto quantitativo e sim o qualitativo, mas em contrapartida, preocupou-se em elevar os números de dias letivos, isto é uma atitude puramente quantitativa. Pergunta-se: E o qualitativo? Há programas substancialmente preparados para este fins.

A reflexão de SAVIANI (1999, p.226) traduz bem esse momento:

Isto porque a lei, ainda que pareça paradoxal, é mais indicativa do que prescritiva. Trata-se, como se observou, de uma "lei minimalista", que deixa muita coisa em aberto, aparentemente para viabilizar as ações do MEC cujo papel é reforçado em face das atribuições que a lei confere à União (...), concentrando aí as tarefas de coordenação da política educacional e articulação dos diferentes níveis e de competências e diretrizes para nortear os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio; e a avaliação do rendimento das escolas de todos os níveis de ensino.

Portanto, em face a uma nova lei que vigorou a partir de 1996, vê-se que dos 92 capítulos do projeto original da LDB, destaca o V capítulo relativo à educação especial; é sóbrio e contém o essencial. O resto é adaptação, às vezes malfeita, da Constituição cidadã, da antiga LDB e de outras leis da reforma de 1968; muitos artigos cabem em regulamentos escolares e outros são nocivos à educação. A lei deixou muitas coisas em aberto, os seus limites, expressos dominantemente no forma de omissão, possa se converter na abertura de novas perspectivas brasileira.

O texto final da LDB é o resultado histórico possível frente ao jogo de forças e de interesses em conflitos no contexto da atual conjuntura política da sociedade brasileira. Apesar de não ser o projeto desejado pelos educadores, pois este lamentavelmente não vingou. Conforme Brzezinski (1998, p.14), "este educadores reconhecem alguns avanços no texto final da lei, mas denunciam o seu anacronismo para a sociedade do conhecimento e da revolução tecnológica que se consolida neste início de milênio".

4 CONTEXTO HISTÓRICO DA POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA A PARTIR DE 1996

Nesse tema, iremos realizar uma breve leitura sobre a construção e o percurso da Política Educacional brasileira a partir da determinação da nova Lei de Diretrizes e Base n°. 9.394/96. Nesse sentido, nos reportaremos ao contexto pré 1996 para melhor compreensão do período estudado.

Na sociedade brasileira dos anos 80, a economia estava cada vez mais internacionalizada e dependente do capital financeiro externo para manter a estrutura produtiva do país, gerando perda das reservas. As décadas que antecedem a LDB/96

foram marcadas pelo aprofundamento da crise da educação pública. Confirmada em diagnósticos elaborados nos meados da década de 1980 e nos primeiros anos da década de 1990 (ARROYO; BEISIEGEL, 1996).

Diante desta conjuntura, o Brasil, nos anos 90, caracterizaram-se pela política neoliberal que tem como metas a desregulamentação, a privatização e o Estado mínimo. Sua implantação representa uma ameaça às conquistas sociais, da igualdade social, das liberdades políticas, do nível educacional, cultural e tecnológico. Será, ainda, será permeado por inúmeras estratégias denominadas de “modernizantes” no campo político, econômico e administrativo. A partir do governo do Presidente Fernando Collor de Mello, sintonizará a política governamental em seu aspecto clientelista no padrão de gestão do financiamento com a política neoliberal e pela Declaração Mundial de Educação para Todos.

Tendo como metas da economia nacional a privatização e minimização do Estado, anunciou o Plano Collor I (plano econômico de confisco das cadernetas de poupança e congelamento dos depósitos bancários, além dos salários e dos preços por 45 dias). Lançou o Plano Collor II (tentativa de equilibrar a inflação) essa postura levou o país ao fracasso, provocando um aumento da dívida pública e a queda do PIB, o que representou, no futuro próximo, a ameaça às conquistas e igualdade sociais, as liberdades políticas e, acima de tudo, uma ameaça no nível educacional brasileiro. Com isso a política educacional vivenciou problemas, na ordem, de redução nos recursos, em função da recessiva economia.

Com tal política econômica adotada o governo Collor seguirá as diretrizes neoliberais realizando a abertura do mercado nacional aos produtos internacionais; gerando com essa atitude, graves consequências as indústrias. Do ponto de vista econômico, a crise ocorreu devido à má qualificação e capacidade operacional do setor público; atingindo altos níveis de pobreza devido o despreparo educacional da mão-de- obra brasileira, gerando uma estagnação econômica.

No período Collor, assisti-se há uma inversão da inflexão da política educacional “Tudo pelo Social”, do então, governo José Sarney – as Políticas Universalistas –, que procura resgatar a dívida social brasileira. O “Projeto de Reconstrução Nacional – 1991/1995” do governo Collor foi uma política de caráter assistencialista que procurava delegar à educação um elemento de competitividade e uma via de possibilidade de ingresso à modernidade globalizada.

Assim, o governo centraliza sua política educacional para o setor do ensino fundamental visando melhorar através do atendimento de adoção de novos padrões pedagógicos e reestruturação curricular56 articuladas através do modelo de gestão57 entre União Nacional dos Secretários Municipais de Educação (UNDIME) e do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais (CONSED). Seguindo sua diretriz educacional, o governo encerra a programa EDUCAR, que tinha substituído o fracassado MOBRAL, que era responsável pela erradicação do analfabetismo do país, pelo Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC/1990) que objetivava a erradicação do analfabetismo e a universalização do ensino fundamental de 1ª a 8ª séries.

O PNAC é composto por seis partes: Princípios Norteadores das Políticas e das Estratégias do Programa; O Compromisso do Poder Público e a Colaboração da Sociedade; Educação Básica: Aspectos Essenciais para a Formulação do Programa; Metodologia para a Formulação do Programa; Duração/Metas; e Financiamento.

VIEIRA (2000, p. 95), comenta as definições oriundas do PNAC e do papel de cada Poder Público traduzem um espírito de descentralização que permeia a Constituição de 1988. Cabe, agora, a União o papel de equalizador para redução das extremas desigualdades regionais encontradas no país; os Estados federativos caberiam a função mediadora entre a União e os municípios, com objetivo de, por um lado, evitar centralização excessiva e, por outro, impedir concepções excessivamente localistas da política educacional e, os municípios caberiam estabelecer as bases do planejamento e da operacionalização do programa.

Como se observa, a questão da repartição ou a descentralização das responsabilidades entre as diferentes instâncias governamentais começa a aparecer com maior ênfase, embora ainda não se traduza em medidas concretas. A proposta é fazer “a educação aparecer como uma das estratégias para a reestruturação competitiva do país ao lado da indústria, da agricultura, da infra-estrutura econômica, da ciência e tecnologia, do capital estrangeiro”. (VIEIRA, 2000, p.102).

O primeiro documento oficial do governo Collor sobre a educação foi do Programa Setorial de Ação na Área de Educação (1991) com ênfase na equidade e eficiência e competitividade, visando elevar a qualidade do ensino público com padrões mínimos de oportunidade e satisfação. Cria-se, também, o Projeto Minha Gente (1991)

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O governo Collor na produziu nenhum documento sobre a Conferencia de Educação para Todos. 57

com o objetivo de desenvolver ações integradas de educação, saúde, assistência e promoção social, relativa à criança e ao adolescente através dos Centros de Integração de Atendimentos á Criança (CIAC’s).

A partir desse breve resumo observa-se que no período do governo Collor não se vê uma ação que determine qual seria a diretriz que especificasse a política desenvolvida para a educação. O governo de Fernando Collor de Melo encerra-se pelo processo do impeachment em 1992 assumindo a presidência da república o vice Itamar Franco.

Com o inicio do governo de Itamar Franco, que mescla neoliberalismo com tradicionalismo em sua política governamental, a história se repete. Propõe uma reforma administrativa58 com a Modernização do Estado para recuperar a capacidade de investimento redefinindo o papel do Estado buscando o enxugamento da economia.

Sobre isso, VIEIRA (2000, p.116) comenta.

Para a educação, o governo Itamar significaria, sobretudo, um período cujos principais momentos se configuram em torno de processos de mobilização. O primeiro inicia-se com os debates visando a elaboração do Plano Decenal de

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