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1 INTRODUÇÃO

2.4 A FISCALIZAÇÃO DO TCU E OS VALORES GASTOS NO PROJETO

Segundo o TCU (2013a), o gerenciamento do Projeto Novo Siafi é desempenhado pela Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, sendo operacionalizado pela STN, que dividiu a implementação do projeto em duas etapas:

Primeira etapa: englobou a fase de planejamento e modelagem do novo sistema, gerando como resultados a definição de escopo, validação tecnológica e definição das estratégias referentes a contratação, construção e implantação;

Segunda etapa: dividida em seis fases, envolve a construção do novo sistema e sua implantação de forma gradual.

De acordo com Suzart (2010), a STN é a entidade responsável pelas decisões de investimento relativas ao Siafi. Desse modo, conforme aponta o Relatório de Gestão do Exercício de 2010 desta instituição (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2011c), o Projeto Novo Siafi teve sua execução orçamentária e financeira realizada por meio da Ação Orçamentária 3599, denominada Implantação do Novo Siafi. A partir de 2013, com alteração da legislação (BRASIL, 2012a), passou a ser executado por meio do Plano Orçamentário (PO) 0003, pertencente à Ação Orçamentária 20Z7 (SECRETARIA

DO TESOURO NACIONAL, 2014b). O citado Plano Orçamentário, em 2013 denominava-se Implantação do Novo Siafi, denominação esta que foi alterada para

Manutenção do Novo Siafi, no exercício de 2014.

Com base nessas informações, foram extraídos relatórios no sistema Siafi Gerencial Web3, a fim de obter o montante gasto com a implantação e manutenção do novo sistema. Os resultados são apresentados na tabela 1, sendo considerados apenas os valores efetivamente pagos.

Tabela 1 – Gastos com a implantação e manutenção do Projeto Novo Siafi

Ano UG Executora Favorecido Valor Pago (em R$) %

2009 170007 - CODIN/STN Serpro - Reg. Brasília 130.869 0,09% 2010 170007 - CODIN/STN Serpro - Reg. Brasília 1.598.204 1,16% 2011 170007 - CODIN/STN Serpro - Reg. Brasília 3.503.207 2,54% 2012 170007 - CODIN/STN Serpro - Reg. Brasília 29.480.812 21,38% 2013 170007 - CODIN/STN Serpro - Reg. Brasília 52.126.742 37,80% 2014 170007 - CODIN/STN Serpro - Reg. Brasília 51.071.256 37,03%

Total 137.911.091 100%

Fonte: Siafi Gerencial Web.

Como se pode depreender da tabela 1, os pagamentos referentes à implantação e manutenção do Projeto Novo Siafi, foram efetuados pela Coordenação-Geral de Desenvolvimento Institucional da STN (CODIN/STN), uma das unidades gestoras (UG) da STN, à unidade regional do Serpro de Brasília – Distrito Federal (DF). Quanto ao montante pago, isto é, o valor que corresponde ao terceiro estágio da execução da despesa pública4, considerando o orçamento do exercício e os restos a pagar5, já ultrapassou R$ 137 milhões.

Em 2012 foi concluída a primeira fase da implantação do Novo Siafi, com a entrada em produção da primeira versão e o desenvolvimento da versão 2, com a migração do módulo Contas a Pagar e Receber (CPR) e da Programação Financeira (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2013b). Em 2013, foram

3 Parâmetros utilizados no Siafi Gerencial Web para extração dos dados: Aba Contexto: Grupo de

itens: EXEC NE SUBITEM, para consultas com orçamento do exercício e RAP PROC N PROC NE, para restos a pagar; Tipo de Valor: Saldo atual; Filtros: Mês de Referência: 14; Projeto/Atividade: 3599 (anos de 2009 a 2012), 20Z7 combinado com PO 0003 (anos 2013 e 2014); Aba

Apresentação: Cabeçalho: mês de referência; Tipo de valor; Projeto/Atividade; UG Executora;

Plano Orçamentário (este último apenas para 2013 e 2014); Detalhe: Linha: Empenho; UG Credora; Coluna: Item de Informação. Nível de Acesso do usuário: 9, que, segundo a STN (2015) acessa dados de qualquer UG ou órgão.

4 Segundo o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, 6ª edição, (SECRETARIA DO

TESOURO NACIONAL, 2014c p. 95), “a execução da despesa orçamentária se dá em três estágios, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964: empenho, liquidação e pagamento”.

5 No fim do exercício financeiro, as despesas orçamentárias empenhadas e não pagas são inscritas

em restos a pagar, que podem ser classificados em dois tipos: processados e não processados (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2014c).

migradas as rotinas relativas à Folha de Pagamentos e ao Suprimento de Fundos (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2014b), o que ajuda a explicar o aumento significativo do valor pago no ano de 2013 em relação a 2012. Somados, os pagamentos de 2009 a 2011, anos anteriores à implantação do sistema, representaram apenas 3,79% do total gasto.

O TCU, por meio da Sefti/TCU, na qualidade de responsável pela fiscalização relativa à área na Administração Pública Federal, vem realizando, periodicamente, fiscalizações desde a primeira fase de formulação do Novo Siafi, publicando os resultados em seus Acórdãos. Até 2013, o volume de recursos fiscalizados pelo Tribunal foi de R$ 76,5 milhões, que se relaciona à disponibilização e manutenção relativas às funcionalidades implantadas (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2013a). Essas fiscalizações periódicas, segundo o TCU, surgiram da necessidade de um controle mais próximo da implementação do projeto realizada pela STN, devido aos problemas verificados na tentativa de adoção do Projeto Siafi XXI.

As fiscalizações deram origem aos Acórdãos do TCU 2348/2009, 321/2010 e 1970/2013. Os acórdãos geraram à STN diversas determinações e recomendações, prevendo, inclusive, multas no caso de atrasos na entrega (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2010).

Dentre as constatações e determinações do Tribunal destacam-se a ausência de processo de desenvolvimento de software e de ambientes separados de homologação e produção (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2009), o estabelecimento de cronograma detalhado para desenvolvimento e implantação de cada etapa, aderência ao cumprimento dos prazos e pagamentos contratuais (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2010), elaboração de plano para descontinuar as funcionalidades no Siafi Operacional e verificação de ações para mitigação dos riscos (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2013b).

Percebe-se, desse modo, que as fiscalizações do TCU se restringiram a aspectos relativos ao cumprimento de contratos, requisitos do sistema, cumprimento de prazos, e custos. As únicas menções aos usuários do sistema são feitas no Acórdão 2348/2009 (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2009). Porém, a preocupação confirmada nesse documento refere-se ao risco de o projeto não ser entregue a tempo aos usuários, o que não revela a preocupação com o usuário em si, mas, sim, com o cumprimento do prazo de entrega do projeto.

documentos oficiais ou na literatura, quaisquer informações acerca da existência de algum envolvimento dos usuários no desenvolvimento do Novo Siafi.