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Abordagem Sistêmica Ciclo de Causalidade

Fonte: Edwards et al (1998)

Os termos planejamento e política estão intimamente ligados. Segundo Cullingsworth (1997, p. 5 apud Hall, 2001), “... planejamento é o processo intencional em que se definem metas e se elaboram políticas para implementa-las”. A elaboração de políticas públicas é, antes de tudo, uma atividade política e essas são influenciadas por características econômicas, sociais e culturais da sociedade, assim como pelas estruturas formais dos governos e outros aspectos do sistema político. A política deve, portanto, ser encarada como uma conseqüência do ambiente político, dos valores e das ideologias, da distribuição do poder, das estruturas institucionais e dos processos de tomada de decisão (Simeon, 1976; Hall e Jenkins, 1995; Elliot, 1997 apud Hall, 2001).

O turismo tornou-se parte integrante da máquina de muitos governos. A política pública para o turismo é tudo o que os governos decidem fazer ou não com relação ao setor (Jenkins, 1993; Hall, 1994; Hall e Jenkins, 1995 apud Hall, 2001). Há, entretanto, um crescente ceticismo quanto à eficiência do governo, especialmente o governo central, e as pretendidas conseqüências e impactos de grande parte da política governamental, inclusive com respeito ao turismo (Jenkins, 1997; Jenkins et al., 1998 apud Hall, 2001). Como observou Richter (1989, 21 apud Hall, 2001), “ ... os critérios das políticas atuais de turismo estão se conscientizando e estão bastante descrentes quanto aos excessos e “erros” ocasionados por programas de desenvolvimento do turismo nacional”. Todavia, Haughton e Hunter (1994, 263 apud Hall, 2001) afirmam que mesmo considerando-se as exigências de “menor interferência do governo” em grande parte do mundo ocidental, as falhas do mercado ainda oferecem vários fundamentos lógicos para a intervenção econômica do Estado, incluindo:

Melhorar a competitividade econômica; Retificar direitos de propriedade;

Possibilitar que tomadores de decisão do Estado considerem externalidades; Oferecer benefícios públicos amplamente disponíveis;

Reduzir riscos e incertezas;

Apoiar projetos com elevados custos de capital e envolver novas tecnologias; Educar e oferecer informações.

No Brasil as recentes políticas de incentivo em implementação pelo Ministério do Esporte e Turismo e outros setores de Governo, somadas a investimentos realizados e planejados pela iniciativa privada, indicam que o turismo no país vai continuar a crescer.

Na Tabela 2, temos os principais investimentos, por área de atuação no país, comprovando este crescimento.

Tabela 2: Investimentos Atuais Diretos e Indiretos que Promovem o Turismo (em US$)

PRODETUR / EMBRATUR Ministério do Esporte e Turismo

• 1,3 bilhões em infra-estrutura básica e capacitação na região Nordeste – Prodetur Nordeste I e II / BID – Governo Federal • 456 milhôes em infra-estrutura básica no Sul

– Prodetur Sul / BID – Governo Federal (início em 2001)

• 287 milhões em infra-estrutura básica no estado de Goiás (Proposta – Prodetur Centro-Oeste) BID – Governo Federal PROECOTUR / MMA • 213 milhões em projetos de ecoturismo nos 9

estados da Amazônia Legal (2001-2003) Programa BID / Pantanal • 450 milhões em saneamento básico e infra-

estrutura no Pantanal (início em 2001) Programa “Brasil em Ação” e outros programas

nacionais e estaduais • 10 bilhões (em todo o Brasil) Indústria Privada • 6 bilhões (em todo o Brasil)

Fonte: O Popular (2000); EMBRATUR (2001)

As políticas de desenvolvimento do turismo nacional, elaboradas pela EMBRATUR refletem a prioridade do Governo por algumas áreas específicas. Cinco dos principais programas do Instituto são:

PNMT, já mencionado anteriormente, voltado para a descentralização do turismo;

Clube da Melhor Idade, incremento da oferta de produtos turísticos para a população acima de 50 anos;

Projeto de Conscientização e Iniciação Escolar para o Turismo;

Programa de Capacitação Profissional para o Turismo, fomento da competitividade do produto brasileiro por meio da capacitação profissional (EMBRATUR, 1999);

Plano Nacional de Estímulo ao Turismo de Aventura, destinado a organizar e incrementar o turismo de aventura.

Outros cinco programas são listados na Tabela 3 e merecem destaque por se relacionarem mais diretamente ao ecoturismo e ao seu uso de recursos naturais e culturais.

Tabela 3 - Políticas de Desenvolvimento do Turismo da EMBRATUR

PRODETUR • Incrementar o turismo regional através da implantação de infra-estrutura básica em áreas com potencial turístico para atrair investimento do setor privado.

TURISMO RURAL • Desenvolver o turismo rural tendo o “homem e o meio ambiente” como o atrativo principal. TURISMO DE PESCA • Promover a pesca amadora como instrumento de desenvolvimento social e econômico e de conservação ambiental beneficiando

diretamente as populações ribeirinhas e costeiras.

TURISMO NÁULTICO • Incentivar o uso dos 7.480 Km de costa brasileira e 32.550 Km de águas navegáveis e reservatórios de hidrelétricas.

ECOTURISMO

• Associar o ecoturismo e a conservação de áreas naturais, fortalecer a cooperação interinstitucional e motivar a participação de todos os segmentos, estimular a capacitação, promover a melhoria e a ampliação de infra-estrutura ecoturística e promover o ecoturismo como instrumento de educação ambiental. O projeto Pólos de Ecoturismo é o pilar desta iniciativa.

3.3.7 Casos de ecoturismo

Existem diversos exemplos em que a população local tomou a iniciativa de garantir, tanto individualmente quanto de modo comunitário, o benefício advindo do ecoturismo. O ecoturismo não é apenas o ramo da indústria turística que cresce mais rapidamente, ele também é considerado tanto um novo e promissor instrumento para preservar áreas naturais frágeis e ameaçadas quanto um meio de propiciar oportunidades para o desenvolvimento das comunidades dos países subdesenvolvidos. A seguir apresenta-se uma série de casos que ilustram o potencial do ecoturismo como estratégia alternativa de desenvolvimento, desenvolvimento este, conduzido e controlado pela comunidade local, em parceria com setores governamentais e ONGs internacionais.

Embora o Brasil conte com uma combinação única de atrativos naturais, como a vasta extensão litorânea, aliada aos ecossistemas da Amazônia, do Pantanal, do Cerrado e da Mata Atlântica, além das ilhas de Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade, o país ainda não é um dos fortes destinos ecoturísticos do mundo.

Diversos países da América Central são destinos ecoturísticos mais importantes que o Brasil. Tais países têm ampliado sua base de produtos turísticos ao apresentar seus atrativos naturais e arqueológicos, como é o caso de Costa Rica, Belize, Jamaica e México. O ecoturismo tornou-se um elemento-chave da crescente indústria de turismo costarriquenho, especialmente por seu potencial como meio alternativo de retorno econômico, mas também por seu estímulo à conservação dos recursos naturais. Em 1992, o turismo tornou-se a maior indústria da Costa Rica, com mais de 500.000 visitantes internacionais (Bowermater, 1994, p. 136 apud Wearing & Neil, 2001). No ano de 1999, o turismo na Costa Rica era a terceira maior fonte de receita externa, passando de US$ 89,9 milhões no fim da década de 1980 para US$ 193,3 milhões no início de 1990 (Banco Central da Costa Rica apud Wearing & Neil, 2001), e a receita era estimada em US$ 331 milhões (CIDA, 1995, p. 15), apresentando uma taxa média anual de crescimento de 25%. A política de desenvolvimento turístico de Belize está centrada no ecoturismo, embora o país seja bastante conhecido por suas barreiras de corais, que oferecem oportunidades únicas de mergulho, o uso dos bens naturais e culturais como atração para os ecoturistas é relativamente recente. Esta nova combinação de aspectos naturais e culturais tornou-se um destino de viagem muito

popular, que no período compreendido entre 1980 e 1990 o fluxo de turista aumentou cerca de 55% (Boo, 1990). Belize tem desenvolvido projetos de modernização para conquistar o potencial da indústria turística, todos os projetos integrados com o desenvolvimento da economia local. Até mesmo a Espanha, país que constitui um dos principais destinos turísticos do mundo, redireciona recursos para a manutenção de seu patrimônio natural e histórico, fortalecendo-se como destino de turismo rural e ecoturismo, ao mesmo tempo em que mantém sua tradicional característica de possuir alguns dos mais visitados balneários de toda a Europa.

Entre alguns fatores que dificultam o Brasil a tornar-se um grande destino ecoturístico encontra-se a falta de vôos diretos entre os principais pólos emissores de ecoturistas (Europa e Estados Unidos) e os destinos ecoturísticos brasileiros. Alem disso, muitos operadores de turismo no exterior entendem que ainda falta ao ecoturismo brasileiro melhor oferta de produtos, maior gama de informações e mais profissionalismo.

Os ecoturistas estrangeiros dirigem-se, em grande parte, para a Amazônia, enquanto os ecoturistas brasileiros são a maioria nos destinos ecoturísticos localizados em outras regiões do país. Entre os destinos ecoturísticos de maior crescimento nos anos 90, destacam-se o arquipélago de Fernando de Noronha (PE) e a cidade de Bonito (MS). Na página seguinte, apresenta-se os principais pólos ecoturísticos do território brasileiro.

Quadro 7 - Principais Pólos Ecoturísticos do Brasil

ESTADOS PÓLOS