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Abordagem Sistêmica Ciclo de Causalidade

REALIDADE IMPLÍCITA REALIDADE EXPLÍCITA

CONTINGÊNCIA

Fonte: Pires (2001)

Esta distinção é particularmente útil para o caso da presente pesquisa, pois se trata de uma pesquisa-ação, onde o pesquisador, apesar de conhecer os princípios teóricos fundamentais e participar da aplicação prática, observa a transformação destes princípios nos mais diversos elementos metodológicos, de acordo com o contexto onde o mesmo está inserido. Como poderá ser observado na descrição prática no capítulo seguinte, o resultado das aplicações metodológicas são influenciadas por quatro elementos:

O modelo teórico, que guarda a ótica a partir da qual se percebe o ambiente e se tomam as decisões; Diagnóstico Priorização Plano Envolvimento Fases Atividades Elementos de Pesquisa Instrumentos e Ferramentas Social Econômica Cultural Tecnológica Modelo Teórico Princípios Fundamentais Metodologia Métodos e Ferramentas

O contexto, que em constante mudança, influencia o padrão de decisões e ações tomadas (ética);

O pesquisador, que apesar de fazer parte do contexto de aplicação, interage com o ambiente e com o modelo teórico, a partir de sua ótica pessoal, influenciando o curso das ações empreendidas;

Os resultados da aplicação metodológica em si, que modificam o ambiente e a maneira como o pesquisador percebe o modelo teórico e a realidade.

No próximo capítulo, estes elementos serão apresentados em maiores detalhes, com aplicações práticas do método em questão e alterações que estas produziram no ambiente.

4.2 O Modelo Competitivo de Desenvolvimento

Os princípios fundamentais que fazem parte do modelo teórico Competitivo de Desenvolvimento proposto por Pires (2001), são em número de três que ele considera importantes quando se pretende utilizar o método, a saber:

Princípio 1 – A competitividade é sistêmica, isto é, complexa, apresentando círculos de causalidade entre elementos distantes no espaço e no tempo (Senge, 1990). No entanto, para sua compreensão, necessita-se de mecanismos avançados de apresentação da mesma aos atores regionais. Desta forma, a metodologia a ser elaborada deve prever elementos que levem os atores regionais a ampliarem a sua percepção a cerca da sua realidade competitiva, percebendo-a de forma sistêmica. Este princípio possui especial influencia sobre as redes de PMEs, particularmente importantes no atual contexto competitivo, sendo uma das expressões mais claras da integração de ações e decisões entre organizações. Esta integração é fruto de uma maior visão sistêmica.

Princípio 2 – O processo sustentável de desenvolvimento regional é endógeno, ou seja, deve ser fruto do acúmulo de capital social que garante maior governância, sobre o território e seus elementos, por parte dos atores regionais ampliam a sua visão sistêmica sobre a situação competitiva, ganhando maior capacidade de atuar sobre o seu contexto e fortalecendo a

identidade regional, a confiança nos recursos próprios e a capacidade de trabalhar de forma integrada. Desta forma, a metodologia a ser elaborada deve conter elementos que levem os atores regionais à discussão e à elaboração de soluções próprias para os problemas da sua região e das suas empresas. Este princípio possui especial influencia sobre o processo de regionalização, resposta das regiões com mais acúmulo de capital social e governância ao processo de globalização.

Princípio 3 – A vantagem competitiva, sustentável, de uma região, está baseada na criação de diferenciais e aspectos distintos de sua posição. Em todos os casos, onde se encontram regiões com elevados resultados competitivos, sustentados ao longo do tempo, o caráter eminente é bastante claro. Estas regiões são diferenciadas em áreas específicas de atuação, únicas, com formas de organizações produtiva e social diferentes, fruto do processo endógeno de aprendizagem, que leva a região e seus atores a encontrarem as soluções sistêmicas para seus problemas e seus desafios em particular. O caráter distintivo é o que dará a vantagem competitiva sustentável à região (Porter, 1997). Contudo, para ser distintiva a região deve ter uma estratégia diferenciada de atuação e contar com formas únicas de organização das suas atividades e de integração das mesmas com a sua estratégia, o que é fruto da governância. Neste terceiro princípio é onde fica mais claro o papel da liderança regional, capaz de colocar um desafio, uma visão de futuro distintiva, que passa a ser compartilhada e perseguida pelos atores regionais (Senge, 1990). Dessa forma, a metodologia deve conter elementos que levem a região a fortalecer sua identidade regional, valorizando suas peculiaridades, suas vantagens comparativas e sua capacidade de diferenciação em forma de vantagens competitivas sustentáveis.

Segundo Pires (2001), estes três princípios diferem do modelo clássico de desenvolvimento regional, baseado em ações exógenas, pontuais (normalmente em nível macro ou micro competitivo) e pouco distintivas. No modelo clássico, as ações de auxilio (exógenas) às pequenas e micro empresas, com as estruturais e as, macro e micro competitivas, ficavam por conta do governo. Contudo, outras regiões, apesar de

não possuírem estas características, também se mostraram extremamente competitivas, como é o caso da Itália, onde as redes de PMEs e a Regionalização são traços fortes da sua forma de competir. Neste caso, os princípios: sistêmicos, endógenos e distintivos passaram a fazer parte do próprio contexto regional. Este é o modelo utilizado neste trabalho, pelo fato de estar mais próximo ao contexto regional brasileiro, com enfoque ao desenvolvimento do turismo de base local.

4.2.1 Fases e níveis do método

No decorrer do capítulo, será visto que o método desenvolvido é decorrência da aplicação do modelo teórico apresentado anteriormente ao contexto regional em questão. De acordo com os princípios do modelo teórico caracterizado na Figura 10, da página seguinte, o método desenvolvido deve induzir, através de ações, o fortalecimento da ótica desenvolvimentista na região.

Figura 10 – Fases e Níveis do Método FASE I – CONHECER