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2.4.1. PLANIFICAÇÃO

Planificar é descrito, segundo alguns autores, como um processo presente em variadíssimas atividades, realizadas no dia-a-dia, que pressupõem um objetivo. Segundo Alamargot e Chanquot (2001), é uma competência mental, trabalhada em coluio com a memória, não só por importar de lá informação e esquemas a utilizar, mas também porque os seus estratagemas são gerados pelos objetivos da composição a realizar.

O processo de planificação de Flower e Hayes (1989) indica-nos três tipos de planificações: “knowledgedriven”, virada para o conhecimento; “schemadriven”, o esquema condutor, pelo qual o escritor se baseia. Este esquema advém da memória de longo prazo e o escritor fará, na nova composição, uma repetição de texto já elaborado no passado; e, por ultimo, “constructive”, construtivo, onde o escritor adapta o seu conhecimento aos objetivos específicos daquela atividade.

Hayes e Nash (1996), seguindo o modelo de Flower e Hayes (1981), reelaboram os antigos tipos de planificação, mas numa versão “evoluída”. Assim, a planificação pode ser entendida como um processo, relacionado com aspetos pessoais do autor, como as técnicas de escrita, de trabalho; a planificação de texto, que, como o nome indica, é o esquema do texto, o modo como o escritor organiza as ideias e a própria organização do texto. Dentro da planificação de texto surgem ainda dois tipos de planificação: a conceptual, que trata do conteúdo, e a configuração da composição escrita e a planificação de linguagem, que se aproxima da textualização.

Estes modelos são preciosos para se compreender que o processo de escrita usa uma vasta área psicológica, ou seja, um longo e complexo caminho que se percorre desde o pensamento ou discurso oral para o discurso escrito. Este caminho tem de ser regulado em três vertentes: o passar do oral para o escrito, do som para a grafia; o descontextualizar temporalmente para comunicação espácio-temporal; e, por fim, o abandonar uma interlocução para passar à produção solitária. Sendo que quanto melhor for a planificação do texto, menos esforço terá o escrevente em regular a mesma Hayes e Nash (1996).

Para Gallego e Martín (2002), é fundamental o entendimento do que é a planificação e sua importância antes de elaborar uma composição escrita. A planificação deve, obrigatoriamente, ser efetuada antes do texto escrito. Elaborar uma composição

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escrita sem uma planificação traçada tem, desde logo, tendência a resultar num texto desorganizado, em desconformidade com o texto escolhido e desajustado dos objetivos traçados.

Certos investigadores consideram que um aluno, que tenha uma composição escrita fraca ou pouco desenvolvida, pode ser o resultado de uma carência de planificação prévia, em que ele escreve o que lhe surge, através da memória de longo prazo, mas sem ter em conta os objetivos da atividade, como por exemplo o tipo de texto, tal como diz Barbeiro (2007) “a capacidade de planificação constitui um dos aspetos que diferencia o domínio da escrita por parte dos alunos, ao longo do seu percurso escolar.”. A maioria do aluno, que elabora uma planificação fá-lo principalmente a nível abstrato, isto é, mentalmente, ou seja, não assenta as ideias e isso será um fator de dificuldade na hora de escrever, podendo esquecer-se de algumas ou não as estruturando corretamente.

Investigadores, como Flower e Hayes (1981), ou Gallego e Martín (2002), associam a planificação a um esquema mental da composição escrita, onde se encontram os tópicos a utilizar na produção escrita: como o conteúdo, a estrutura, os objetivos e a busca de conhecimento ou informação.

Cassany (1999), através do modelo de escrita de Flower e Hayes (1981), sugere três etapas de planificação: a formulação de objetivos, em que o escritor visualiza o que pretende escrever através dos objetivos escolhidos e em conformidade com o pretendido, o desenvolvimento de ideias, onde através da memória de longo prazo ou de informação recolhida, o escritor determina o que pretende escrever e a organização de ideias, que vai arrumar as memórias e informações em função dos seus conhecimentos e interesses.

Na planificação de um texto escrito entram uma série de atividades que nos permitem esquematizar o texto. Este trabalho é essencialmente mental, podendo também ser traduzido por esquemas ou planos. Em nenhum destes momentos há um trabalho gramatical ou lexical. Para Gallego e Martín (2002), a planificação é, assim, um processo mental, onde só o treino e uma maturidade psicológica permitem, ao aluno, concluir esta fase corretamente.

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Para fazer a composição de um texto é, deste modo, necessário mais do que a criação de ideias, é essencial realizar procedimentos que vão desde a recolha e organização de informações e ideias, de modo a serem escolhidas mediante os objetivos pedidos. Segundo Barbeiro (2007:18), “é necessário começar a trabalhar as competências ligadas à planificação logo desde cedo” e também “consagrar tempo à própria aprendizagem da planificação”.

A partir de investigadores, como, Flower e Hayes (1981), Cassany (1999) ou Gallego e Martín (2002), elaborou-se um esquema da planificação (ilustração 4) do processo de escrita.

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FONTE: FLOWER & HAYES (1981) E CASSANY (1999) ILUSTRAÇÃO 4 -PLANIFICAÇÃO DE UM TEXTO ESCRITO

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2.4.2. TEXTUALIZAÇÃO

Textualização consiste num processo fundamental da escrita, pois “ela” é o transportar da mente para o papel, é aqui que surge o rascunho do que virá a ser a produção escrita. Segundo Barbeiro (2007:18), “a textualização é dedicada (…) ao aparecimento de expressões linguísticas que, organizadas em frases, parágrafos e eventualmente secções, hão de formar o texto”. Este processo, à medida que vai sendo construído e relido, poderá ser modificado pelo escritor. Mais ainda, com a finalidade de se passar uma mensagem concisa e equilibrada, de acordo com a planificação feita, é necessário, com frequência, rever a composição escrita.

Alguns investigadores, Fower & Hayes (1981), referem que a textualização é um processo vastíssimo, onde o escritor terá de passar as ideias mentais para palavras escritas, tendo em atenção o campo lexical, o ortográfico, o morfológico e o semântico, mas também, a pontuação, a organização e o vocabulário, que terá de ser adequado à audiência e público-alvo.

Para Hayes (1996), a textualização permite sequencializar a planificação, tendo em atenção os aspetos linguísticos e gramaticais do texto armazenados em memória. Esta sequencialização é feita de forma clara e concisa, pois é “ela” que forma as conexões entre os diferentes elementos e permite a evolução da composição escrita.

Alguns investigadores, como Cassany (1993) e Barbeiro (2007), apresentam um esquema (ilustração 5) acerca dos requisitos que o aluno tem de saber.