• Nenhum resultado encontrado

FONTE: FLOWER AND HAYES (1981); CARVALHO (1999:56) ILUSTRAÇÃO 2 A COGNITIVE PROCESS THEORY OF WRITING

36

Este modelo é organizado de acordo com quatro pontos fundamentais:

 O processo de escrita que é entendido como os processos cognitivos organizados pelo escritor enquanto decorre a escrita;

 O processo não é linear e irreversível, ou seja, pode ser repensado e alterado se assim for entendido;

 O escritor determina os objetivos e todas as reflexões sobre o processo de escrita, tendo em vista os objetivos propostos;

 Os objetivos são determinados de duas formas:

 Traçam objetivos gerais e consequentemente específicos, com uma direção e propósito, determinados inicialmente;

 Alteração dos objetivos gerais durante o processo, por via de aprendizagens feitas durante o mesmo. (Flower e Hayes, 1981)

Este modelo de Flower e Hayes (1981) visualiza três domínios:

 Memória de longo prazo, em que o escritor tem memorizado um vasto leque de conhecimentos e informações relativas ao objetivo da tarefa escrita, como por exemplo informações acerca do tema a tratar, conhecimento da plateia, ou seja, tendo definido o público-alvo da produção, a escrita será adequada ao mesmo;

 Contexto da tarefa em que o escritor, baseado em objetivos, elabora o texto tendo em conta o tema, o destinatário e os objetivos;

 Processo de escrita, que está subdividido em: planificação, através da memória de longo prazo, onde o escrevente seleciona a informação que se adequa ao destinatário e ao texto que se pretende escrever; a textualização, onde se coloca as ideias mentais em texto e a revisão onde faz a verificação do que foi redigido. Todo este processo é controlado por um mecanismo, chamado monitor, que determina a passagem de um subprocesso para o outro.

Dada a sua interatividade, estes subprocessos não podem ser consideradas fases pois não são lineares e podem ocorrer em diferentes momentos.

Este modelo foi inspirador para vários autores e proporcionou novas análises relativas aos processos de escrita, apesar de vir a ser atualizado.

37

Para Cassany (1999), esta atualização baseou-se na separação do contexto dos aspetos individuais e nas novas tecnologias, que provocaram uma mutação nos processos de escrita.

Modelos Contextuais ou Ecológicos

Segundo Martin e Gallego (2002), estes modelos cognitivos consistem num processo comunicativo e social que adquire pleno significado no contexto físico, social e cultural em que ocorre, numa perspetiva de resolução de problemas.

A respeito deste modelo, várias investigações foram feitas e que visavam estudar e avaliar a importância da produção escrita nos diferentes contextos ambientais e humanos, para determinar os graus de importância e suas influências na produção de textos.

É neste contexto que Castelló (2002) vem referir que é improvável a existência de um processo perfeito de escrita, acreditando que a produção de textos deverá ser um processo dinâmico, flexível e diverso.

Em suma, a produção escrita é desenvolvida cognitivamente, socialmente e culturalmente.

38

2.3. E

NSINAR A ESCREVER

Se a linguagem oral se adquire por um processo natural, a linguagem escrita pressupõem um processo metódico e persistente. Para Carvalho (1999), no processo de ensino da linguagem escrita é essencial criar sintonia entre a linguagem e o pensamento e a atividade de escrita é transversal ao currículo. Esta atividade, quando aprendida na escola, terá de estimular os alunos de modo a que eles saibam sempre porque o fazem, para quem o fazem e o que escrevem. Torna-se essencial que este ensinamento seja processado com clareza e coesão, pois ele desenvolve a organização do pensamento, da aprendizagem e o desenvolvimento linguístico.

Assim, de modo a potenciarmos um escrevente autónomo e capaz, devemos dar- lhe ferramentas para isso. Ele deve ter um papel primordial nas escolhas acerca do tema a escrever, ou não fosse a escrita uma linguagem pessoal e intrínseca ao individuo. Para escrever um texto, o escrevente deve selecionar e organizar pensamentos e ideias através de processos cognitivos, elaborar esquemas de modo a planificar a atividade em função dos objetivos. Os primeiros escritos, os rascunhos, serão revistos ao longo do seu processo de modo a obter um texto final, que apresente clareza e concordância, a fim de proporcionar ao leitor sentir aquilo que o escritor sentiu (Carvalho 1999).

Para alguns investigadores, Barbeiro (1999) aprende-se a escrever, escrevendo, refletindo sobre os processos de escrita, a partir da planificação, da textualização e da revisão. A produção escrita é, assim, um processo complexo que se vai aperfeiçoando à medida que o escrevente encontra em si o que vai escrever e a maneira como o vai escrever.

Outro fator que influencia a capacidade de escrever é a leitura. Segundo McCarthey e Raphael (1992) citado por Carvalho (1999:62) “o nível de escrita mais desenvolvido por parte dos bons leitores decorre da interiorização e reprodução das estruturas próprias da escrita que encontram nos livros que leem”, ou seja, a leitura, é um veículo de ajuda, que desenvolve no escrevente, uma cultura de escrita que pode ir desde a ortografia, à sintaxe até aos diferentes tipos de texto.

39

2.4. P

ROCESSO DE ESCRITA

O processo de escrita pode ser visto como sistema cognitivo que termina com a produção de um texto escrito, onde se utilizam estratagemas para obter um texto. Estratagemas esses que vão desde como se define o objetivo do texto, até à ultima verificação, correção do mesmo e sua edição final.

Segundo Barbeiro (1999), para elaborar um texto escrito, o escritor necessita de trabalhar cognitivamente uma série de saberes, como por exemplo ter a noção de qual a tarefa proposta, saber distinguir e, consequentemente, escolher o tipo de texto que se adeque à produção e ter compreensão linguística.

O processo de escrita está dependente de condições pessoais (referentes ao próprio) e sociais (referentes à situação e meio envolvente). Relativamente ao primeiro, ele tem a função de criar a construção textual para a tarefa, o “esqueleto” do texto, adequado aos objetivos e destinatários. Assim, a execução desta atividade de escrita não se limita ao próprio escritor, não está somente dependente da sua memória de longo prazo, ela está interligada com fatores externos como por exemplo o tempo, o acesso a informação pertinente, a instrumentos de escrita, entre outros (Barbeiro 1999).

Esta atividade, que pode ser entendida como a criatividade, partindo do sujeito escrevente, desenvolve-se, a partir do seu conhecimento prévio, de motivações pessoais ou do destinatário da escrita. Esta atividade mental será o mote para o desenrolar da ação seguindo as fases de Flower & Hayes (1981): Planificação, Textualização ou redação e Revisão.

Estas três fases são consensuais relativamente à criação de uma composição escrita, ou seja, a planificação, textualização e revisão. Descritas por Flower e Hayes (1981), surgem como um marco importante no processo de escrita. Alguns autores, como Cassany (1995), ainda incluem mais uma fase, a de edição. Para estes, após a revisão da composição escrita, o texto deve voltar a ser reescrito, e só ai está finalizado o processo de escrita.

O processo de escrita de Flower e Hayes (1981) foca que a elaboração de uma composição escrita é um processo com diversas fases. Fases, que podem ser entendidas

40

como processos, que podem ocorrer simultaneamente, sem uma sequência rígida e invertível. Assim, podemos representar o modelo de Flower e Hayes (1981), “A

congnitive process theory of writing”, de acordo com a ilustração 3: