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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Análise do Questionário

6.1.4 Formação acadêmica inicial: fonte dos conhecimentos mobilizados por professores

Numa tentativa de prover elementos para reflexão e possivelmente pontos de vista cabíveis de novas pesquisas sobre a fonte dos conhecimentos dos professores a respeito do uso de jogos matemáticos no Ciclo de Alfabetização,elaboramos a questão 13 (treze): ―Em sua formação você foi preparada (teve aula) para utilização de jogos em sala de aula? Caso positivo, você considera a quantidade de aulas destinadas a esse assunto suficiente?‖. Todavia, esclarecemos que, de certa forma, a análise não buscanas categorias de conhecimento de Lee S. Shulman (1986, 1987, 2005, 2007) respostas para essa pergunta. Contudo, entendemos que esse dado de nosso estudo é relevante para que possamos compreender o conhecimento que, de forma geral, é evidenciado no discurso escrito de professores sobre suas ações e opiniões sobre atividade envolvendo jogos matemáticos em sala de aula do Ciclo de Alfabetização.

Em nossa análise sobre o respectivo assunto, verificamos que apenas 7 (sete) dos 80 (oitenta) sujeitos questionados, o correspondente a 8,75% (oito inteiros e setenta e cinco centésimos por cento) afirmam que receberam formação suficiente para a utilização de jogos matemáticos em sala de aula. Enquanto isso, 38 (trinta e oito) sujeitos afirmam que nunca

tiveram aulas que os qualificassem para esse uso. Aspecto que, segundo discursos escritos dos sujeitos, configuramos como uma fragilidade na formação inicial dos professores. Ainda mais, quando adicionamos a esse dado, a quantidade de sujeitos que inteiram que tiveram aula para a utilização de jogos matemáticos, porém de forma insuficiente. Nesse caso, a representatividade da insuficiência da formação inicial passa a ser representada por 66 (sessenta e seis) dos 80 (oitenta) sujeitos questionados, o equivalente a 82,5% (oitenta e dois inteiros e meio por cento).

De acordo com esse contexto, certificamos que a maior parte dos conhecimentos mobilizados e declarados por professores alfabetizadores, até o momento, são especialmente, de natureza pedagógica do conteúdo. Ou seja, aqueles que são provenientes da prática do professor e que são aprendidos e desenvolvidos com a atividade rotina do docente, não têm origem na formação acadêmica inicial.

Tomando como inteiro nossa amostra: 80 (oitenta) sujeitos, o gráfico 8 (oito) é apresentado, com o objetivo de ampliar as impressões sobre a fragilidade da formação inicial, quando se trata de uso de jogo (alertamos que as porcentagens estão arredondadas21).

Gráfico 08 Inclusão do conteúdo ―Utilização de jogos‖ na formação inicial do professor

Fonte: Produção da autora

O jogo, como recurso didático, também está sinalizados nos PCN22 ―jogos, livros, vídeos, calculadoras computadores e outros materiais têm um papel importante no processo

21

Os dados exatos encontram-se no apêndice L.

22 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (coleção de livros com dez volumes elaborados por equipes do

Ministério de Educação e Cultura - MEC) constituem um referencial de qualidade para a Educação no Ensino Fundamental em todo o país. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e

Sim 44% Não 47% Não respondeu 9% 0%

ensino aprendizagem‖ e por não ser, de acordo com nossos dados, tratado com a devida importância na formação inicial dos professores, fragilizam o artigo 61 da LDB (BRASIL, 1996) ―A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivosdos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço‖.

Apesar da diferença: 3% (três por cento) entre as quantidades de professores que declaram ter recebido, em sua formação inicial, aulas destinadas ao uso de jogos e não ter recebido essas aulas, parecer pequena, um foto nos chama atenção: a discrepância entre o número de sujeitos que considera a quantidade das respectivas aulas suficiente e insuficiente. Nesse contexto elencamos como inteiro os 35 (trinta e cinco) sujeitos que responderam ―sim‖. Desses, apenas 7 (sete) consideram a quantidade de aulas suficiente e 28 (vinte e oito) insuficiente, o que está representado no gráfico seguinte.

Gráfico 09Suficiência da quantidade de aulas destinadas ao uso de jogos matemáticos na formação inicial do professor na visão dos sujeitos

Fonte: Produção da autora

Em nosso contexto e com base nas análises realizadas,é evidente a existència de indícios de quanto a ―insuficiência‖ da abordagem do uso de jogos na formação inicial do professor converge para a ocorrência desses professores demonstrarem dificuldade em expor em seus discursos escritos,elementos que expressem o Conhecimento Específico do Conteúdo e do Currículo. De forma geral, o que parece existir nas respostas dadas para o questionário é a mobilização de ações que visam transformar o conhecimento que tem sobre suas disciplinas num conhecimento próprio para o ensino,

professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual.

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf (acesso em 22/08/2014 às 22:15h). Suficiente 20% Insuficiente 80% 0% 0%

assim demonstram com maior facilidade,o Conhecimento Pedagógico do Conteúdo. Acreditamos que, devidamente, por esse não estar baseado em processos de formalização da formação inicial do professor. Em sala de aula, o como fazer só se aprende fazendo.

Porém, Grossman; Wilson; Shulman (2005) advertem:

La falta de conocimiento del contenido de los profesores puede también afectar el estilo de instrucción. En la enseñanza de material con el que se encuentran inseguros, los profesores pueden elegir hablar más que solicitar cuestiones de los estudiantes [...]

[...]Así, el conocimiento, o la falta de conocimiento, del contenido puede afectar a cómo los profesores critican los libros de texto, a cómo seleccionan el material para enseñar, a cómo estructuran sus cursos y a cómo conducen la instrucción. [...] (GROSSMAN; WILSON; SHULMAN, 2005, p. 13) A falta de conhecimento do conteúdo dos professores também pode afetar o estilo de instrução. No material que não estão seguros para o ensino, os professores podem optar por falar em vez de fazer perguntas aos estudantes [...]

[...] Então, conhecimento ou falta de conhecimento do conteúdo pode afetar a forma como os professores criticar livros didáticos, como selecionam o material para ensinar, como estruturam seus cursos e como conduzem a instrução. [...] (tradução nossa)

A partir da consciênciasobre a necessidade de aprofundar nossos conhecimentos a respeito da utilização de jogos no Ciclo de Alfabetização e como esses conhecimentos (ou desconhecimentos) podem favorecer a atuação docente ou representar um fator determinante nas escolhas profissionais do professor, desenvolveu-se a seção a seguir.