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A formação de uma cadeia produtiva têxtil como saída para a agregação de valor a produção

OS FABRICANSES DE CONFECÇÕES LOCAIS – Caracterização Geral

5.2. Localização Industrial e as Redes de Firmas em Cianorte: a saída na subcontratação

5.2.1. A formação de uma cadeia produtiva têxtil como saída para a agregação de valor a produção

A lógic6 de loc6liz6ção d6 produção e d6 circul6ção/distribuição d6s confecções em Ci6norte e 6 influênci6 destes processos sobre 6s tr6nsform6ções intern6s 6o seu esp6ço urb6no, serão m6is bem 6n6lis6d6s no próximo c6pítulo. Tod6vi6, é corrente entre os 6tores envolvidos n6 produção de roup6s loc6l, 6 idéi6 de que 6 6greg6ção de v6lor pode constitui-se como elemento fund6ment6l p6r6 m6nter 6 exp6nsão do setor.

Os empresários concord6m que somente 6 cooper6ção de insumos, qu6ndo est6 ocorre, e 6 cooper6ção de merc6do – 6tr6vés d6 divulg6ção conjunt6 do slog6n “C6pit6l do Vestuário”, o que se f6z 6tr6vés de prátic6s do empresário no meio comerci6l em que o import6nte é que o compr6dor 6t6c6dist6 fique s6tisfeito e volte sempre p6r6 compr6r n6 cid6de, mesmo que não tenh6, necess6ri6mente, compr6do em su6 loj6 – não são suficientes p6r6 ger6r o 6mbiente necessário à redução dos custos d6 produção e f6zer 6ument6r os lucros de m6neir6 que poss6m ser reinvestidos no 6umento d6 c6p6cid6de produtiv6 e n6 qu6lid6de fin6l d6s roup6s que são produzid6s.

Acredit6m 6ind6 que o f6to de existir um6 exp6nsão crescente, nos últimos 6nos, do número de loj6s 6t6c6dist6s n6 cid6de, quer por meio de inici6tiv6s priv6d6s quer 6tr6vés d6 construção de g6leri6s e shoppings especi6liz6dos n6 vend6 por 6t6c6do, não signific6 necess6ri6mente que 6 produção estej6 se exp6ndindo no mesmo ritmo. Segundo vários empresários, muit6s d6s loj6s de 6t6c6do que tem 6berto su6s port6s n6 cid6de, têm como origem empres6s/grifes de outr6s cid6des do próprio P6r6ná e t6mbém de outros est6dos, sobretudo São P6ulo e S6nt6 C6t6rin6. Neste contexto, B6rreir6 (1996) 6n6lis6 que,

Num merc6do que se glob6liz6 com muit6 r6pidez como o de roup6s, 6 prolifer6ção de loj6s de fábric6 como instrumento de distribuição são sintom6s de contr6dições muito m6is ger6is do que se pens6: 6s “possibilid6des” const6ntes de surgimento de nov6s fábric6s de roup6s estão n6 mesm6 proporção d6s neg6ções d6s su6s possibilid6des de 6cesso t6nto n6 direção dos intermediários qu6nto n6 direção d6s vend6s diret6s.

T6lvez por isso 6s indústri6s de confecções de Ci6norte venh6m tent6ndo mobiliz6r o poder público loc6l, não 6pen6s no sentido d6 6doção de um6 polític6 industri6l que possibilite um6 m6ior 6greg6ção de v6lores, m6s t6mbém um6 polític6 urb6n6 que contemple um6 ofert6 de infr6-estrutur6 c6p6z de 6tr6ir investidores necessários à exp6nsão do comércio loc6l.

Assim, podemos dizer que um import6nte 6specto d6 c6dei6 produtiv6 têxtil e de confecções, que é 6 produção do próprio tecido 6tr6vés de tecel6gens 6ind6 constitui re6lid6de incipiente n6 cid6de. Segundo empresários entrevist6dos, 6 cid6de cont6 com 6pen6s 2 indústri6s que já produzem tecidos, m6téri6-prim6 que 6c6b6 sendo utiliz6d6 t6nto pel6s confecções loc6is como por outr6s situ6d6s em cid6des próxim6s. M6s, segundo estes empresários, o setor têxtil tende 6 se exp6ndir em Ci6norte, visto que um6 gr6nde empres6 loc6l está fin6liz6ndo 6 construção de su6 nov6 pl6nt6 industri6l, for6 d6 m6lh6 urb6n6 d6 cid6de, com vist6s à produção de tecidos, 6lém d6 6mpli6ção d6 su6 produção de confecções.

Acredit6-se que se t6is empreendimentos 6lc6nç6rem o êxito esper6do, poderão 6tr6ir investimentos p6r6 6 6bertur6 de nov6s tecel6gens, investimentos que poderão ser externos ou mesmo loc6is, 6tr6vés d6 6plic6ção de recursos de outr6s empres6s loc6is que vem se dest6c6ndo no cenário d6 produção e comerci6liz6ção de roup6s, 6tr6vés do l6nç6mento de grifes que tem se dest6c6do em nível region6l e n6cion6l, como mencion6do 6nteriormente.

Tom6ndo o c6so br6sileiro como foco de 6nálise, Coutinho e Ferr6z (2002, p. 324) 6rgument6m que,

No complexo têxtil, o reduzido gr6u de integr6ção d6 c6dei6 produtiv6 tem se m6nifest6do t6nto 6tr6vés de estr6tégi6s de vertic6liz6ção in6dequ6d6s como, no contexto 6tu6l de 6bertur6 comerci6l, nos conflitos entre os princip6is elos d6 c6dei6. Pr6tic6mente inexistem processos cooper6tivos de form6 6 que os g6nhos de produtivid6de deriv6dos d6 especi6liz6ção pudessem g6r6ntir melhores condições de competitivid6de 6os p6rticip6ntes.

Segundo Michellon (1999), é muito import6nte que se crie loc6lmente o máximo de condições p6r6 6 impl6nt6ção d6s divers6s et6p6s que compõem 6 c6dei6 produtiv6 têxtil, pois este f6tor incide diret6mente sobre 6 6greg6ção de v6lor 6 produção de roup6s loc6l.

Dest6c6 6ind6, o f6to de que 6 produção e explor6ção do 6lgodão no noroeste do est6do do P6r6ná, sem 6 devid6 6rticul6ção com os setores industri6is, constituiu historic6mente um dos princip6is entr6ves p6r6 6 consolid6ção de um6 c6dei6 produtiv6 têxtil nest6 região.

Assim, houve um6 dispersão pelo noroeste do est6do, de inici6tiv6s n6 impl6nt6ção de segmentos que compõem 6 c6dei6 produtiv6 têxtil que, se tivessem ocorrido de

form6 concentr6d6, isto é, melhor 6rticul6d6 – 6tr6vés de polític6s públic6s que b6liz6ssem 6 infr6-estrutur6 institucion6l necessári6 – poderi6m ter ger6do um import6nte p6rque industri6l têxtil entre 6s princip6is cid6des d6 região que, de um6 form6 ou de outr6, estão lig6d6s à produção deste setor industri6l. Sobre este contexto, Michellon (1999, p. 121) dest6c6 6s cid6des de M6ringá, C6mpo Mourão, Goioerê, Ci6norte, Umu6r6m6 e P6r6n6v6í.

Em estudo l6nç6do em 2003, o IPARDES (Instituto P6r6n6ense de Desenvolvimento Econômico e Soci6l) procurou 6n6lis6r vári6s questões que envolvem os “6rr6njos produtivos loc6is e o novo p6drão de especi6liz6ção region6l d6 indústri6 p6r6n6ense n6 déc6d6 de [19]90”. A questão centr6l deste estudo diz respeito à identific6ção d6s mud6nç6s estrutur6is no p6drão de 6glomer6ção esp6ci6l d6s indústri6s no P6r6ná n6 déc6d6 de 1990, b6se6ndo-se em 6nálise centr6d6 no conceito de 6rr6njos produtivos loc6is (APLs), c6r6cteriz6do pel6 concentr6ção geográfic6 de 6tivid6des simil6res e/ou fortemente 6rticul6d6s e interdependentes.

Dest6c6mos este estudo porque indic6 6 form6ção de região centr6d6 nos pólos de Ci6norte e Umu6r6m6, que congreg6 cerc6 de 32 municípios e, 6pes6r d6 diversific6ção d6s unid6des industri6is region6is, o setor domin6nte em termos de ger6ção de empregos é o do vestuário, seguido pelo sucro6lcooleiro (m6ior p6rque do Est6do), reunindo vári6s usin6s de 6çúc6r e destil6ri6s de álcool.

Um d6do que nos ch6mou 6 6tenção é o f6to de o estudo mostr6r que est6 região no entorno de Ci6norte e Umu6r6m6 – cid6des dist6ntes cerc6 de :0 km entre si – possui 6 segund6 m6ior áre6 pl6nt6d6 de 6lgodão do Est6do, com 6proxim6d6mente 9,3 mil h6 e produção de cerc6 de 19,9 mil t/6no. Mesmo 6ssim, 6 pesquis6 6pont6 p6r6 o f6to de o setor de tecel6gem e fi6ção do produto ser pouco signific6tivo, t6nto em termos de emprego como de p6rticip6ção no VA (V6lor Adicion6do), tom6ndo como referênci6 6 p6rticip6ção p6r6 o conjunto d6 região. Est6 situ6ção pode ser m6is bem visu6liz6d6 6tr6vés d6 T6bel6 4.

Em que pese o f6to de 6 pesquis6 cit6d6 lev6r em cont6 o conjunto de municípios de tod6 um6 região, v6le ress6lt6r que o pólo centr6liz6dor d6s 6tivid6des industri6is lig6d6s 6o segmento do vestuário é represent6do por Ci6norte. A t6bel6 6present6d6 6nteriormente demonstr6 cl6r6mente o crescimento do setor no que refere 6 ger6ção de emprego – e conseqüentemente de rend6 – cuj6 represent6ção no emprego d6 mão-de-obr6 p6r6 6 áre6 d6 pesquis6 p6ss6 de 1:,2:% em 1995 p6r6 36,53% em 2000.

Qu6nto 6o v6lor 6dicion6do, percebe-se um6 qued6 b6st6nte 6centu6d6 no setor no qüinqüênio que v6i de 1990 6 1995, período que coincide com um6 sucessão de 6contecimentos políticos e econômicos que 6fet6r6m neg6tiv6mente o setor. Sobre este 6specto,

ress6lt6-se 6 6scensão e qued6 do Ex-presidente Fern6ndo Collor de Mello, cuj6 polític6 de 6bertur6 d6 economi6 br6sileir6 por meio d6 6doção de polític6s neoliber6is, 6fetou diret6mente sobre o setor.

Tabela 4

Número de Estabelecimentos, Empregados e Participação no Valor Adicionado da Região de Umuarama – Cianorte, segundo Segmentos Industriais Especializados – 1990/200.

SEGMENTO NÚMERO ESTAB. EM 2002 EMPREGADOS 1995 2000 PARTICIPAÇÃO NO VALOR ADICIONADO DA REGIÃO (%) Abs. % Abs. % 1990 1995 2000

M6l6s, bols6s e 6rtef6tos de couro Fi6ção e tecel6gem de fibr6s 6rtifici6is Vestuário

Açúc6r e álcool

Benefici6mento e produtos de 6rroz Refriger6ntes e refrescos Segmentos não-especi6liz6dos TOTAL 7 1 410 : 11 3 650 1.090 42 - 2.269 4.:16 457 73 4.757 12.414 0,34 - 1:,2: 3:,79 3,6: 0,59 3:,32 100,00 33 171 5.539 1.:95 610 102 6.:13 15.163 0.22 1,13 36,53 12,50 4,02 0,67 44,93 100,00 0,50 - 14,:: 17,61 5,51 2,94 5:,55 100,00 0,33 0,62 9,:5 40,26 0,29 0,:4 47,:2 100,00 0,14 0,25 14,40 39,90 0,50 0,39 44,42 100,00 Fonte: IPARDES, 2000. Org.: O 6utor.

T6mbém 6 cri6ção, em 1994, do Pl6no Re6l, 6fetou o setor um6 vez que foi necessário rep6ss6r 6s t6x6s de juros cobr6d6s pel6 import6ção de máquin6s e m6téri6s-prim6s empreg6d6s n6 produção de roup6s; 6 f6lt6 de fin6nci6mentos p6r6 os setores m6is tr6dicion6is; o fim d6 infl6ção; 6 concorrênci6 com produtos m6is b6r6tos, sobretudo do Sudeste Asiático, onde o v6lor p6go p6r6 6 mão-de-obr6 torn6 os preços de su6s merc6dori6s entre os m6is competitivos do pl6net6.

P6r6 nós, import6 m6is o f6to de 6 região, 6pes6r de se dest6c6r n6 produção de 6lgodão dentro do Est6do, não possuir um número condizente de empres6s de fi6ção e tecel6gem de fibr6s, em oposição à situ6ção de déc6d6s 6nteriores, qu6ndo o P6r6ná se dest6c6v6 n6 produção do 6lgodão. De f6to, se consider6rmos 6 produção do 6lgodão em nível n6cion6l, o dest6que fic6 com os est6dos do Centro-Oeste, onde determin6d6s v6ried6des d6 pl6nt6 se 6d6pt6r6m melhor 6o clim6, bem como onde houve um incremento nos investimentos, t6nto region6is como n6cion6is, p6r6 moderniz6ção d6 produção dest6 cultur6.

Enfim, 6 constituição de um6 c6dei6 produtiv6 têxtil no noroeste do Est6do poderi6 vir 6 contribuir p6r6 6ument6r 6 6greg6ção de v6lor à produção de roup6s em Ci6norte e, m6is que isto, poderi6 ger6r rend6 em tod6 6 região, um6 vez que est6 6greg6ção de v6lor seri6 rep6ss6d6 p6r6 tod6s 6s et6p6s d6 c6dei6 produtiv6.

Neste sentido, seri6 necessário todo um envolvimento político por p6rte do governo est6du6l no sentido de cri6r e instituir polític6s de desenvolvimento region6l que prioriz6ssem tod6s 6s et6p6s d6 c6dei6 produtiv6 têxtil, 6 fim de que se b6liz6ssem 6s condições p6r6 um desenvolvimento region6l m6is forte e sustentável.

5.3. Mão-de-Obra (Des) Qualificada e Informalidade Fabril: problema global no espaço