• Nenhum resultado encontrado

O Processo de Reestruturação do Espaço Urbano e os Fatores de Articulação Escalar do Shopping Center

O PAPEL EXERCIDO PELA EXPOVESS E PELOS SHOPPING CENSERS DE ASACADO

7.2. O Processo de Reestruturação do Espaço Urbano e os Fatores de Articulação Escalar do Shopping Center

P6r6 discutir 6lguns dos f6tores determin6ntes do processo de reestrutur6ção do esp6ço urb6no, est6mos consider6ndo o conceito de estrutur6 urb6n6 como o 6rr6njo dos diferentes usos do solo que coexistem no interior d6s cid6des. T6l 6rr6njo result6 “do processo de 6loc6ção/re6loc6ção d6s 6tivid6des econômic6s e d6s funções residenci6l, de l6zer e de circul6ção n6s cid6des” (SPOSITO, 1996, p. 111).

Est6s consider6ções são necessári6s 6o nos propormos estud6r o p6pel do shopping center como um dos elementos que contribuem p6r6 o processo de reestrutur6ção urb6n6, e de cri6ção e 6rticul6ção entre diferentes esc6l6s geográfic6s. Isto é 6ssim, d6do o enorme poder estrutur6dor intr6-urb6no de cert6s áre6s comerci6is e de serviços, como ocorre no c6so de 6lguns shoppings em cert6s cid6des, e que podem influenci6r t6mbém n6s rel6ções que ocorrem 6o nível do region6l.

Nest6 perspectiv6, Montessoro (1999) 6n6lis6 que o velho cede lug6r 6o novo, 6tr6vés d6 inst6l6ção dos shopping centers, do que decorre um redirecion6mento d6s 6tivid6des existentes em determin6d6s áre6s, inclusive no âmbito d6 renov6ção d6 p6is6gem urb6n6, 6 medid6 em que 6 reestrutur6ção d6 cid6de pode ser 6n6lis6d6 p6rtindo-se d6 compreensão d6s

tr6nsform6ções territori6is. Neste c6so, os esp6ços produzidos revel6m o movimento dest6 p6is6gem medi6nte 6 construção e destruição d6 mesm6.

P6r6 Pint6udi (1992, p. 15),

Shopping Center signific6 um empreendimento imobiliário de inici6tiv6 priv6d6 que reúne, em um ou m6is edifícios contíguos, loj6s 6lug6d6s p6r6 comércio v6rejist6 ou serviços. Distinguem-se um6s d6s outr6s não somente pelo tipo de merc6dori6 que vendem (o ‘ten6nt mix’ pl6nej6do pel6 empres6 prevê 6 presenç6 de vári6s loj6s do mesmo r6mo p6r6 permitir 6 compr6 por comp6r6ção), como t6mbém por su6 n6turez6 distint6 (loj6s-âncor6 e loj6s de comércio especi6liz6do e serviços – que podem ou não pertencer 6 redes).

M6is 6di6nte veremos que nem sempre tod6s est6s c6r6cterístic6s estão presentes nos shopping centers. Por or6, nos interess6 o f6to de que no Br6sil, os shoppings enqu6nto empres6s de gr6nde c6pit6l surgem no momento em que 6s condições de desenvolvimento do c6pit6lismo necessit6v6m do monopólio do esp6ço, com vist6s à reprodução contínu6 e 6mpli6d6 do c6pit6l. D6í 6 6ssoci6ção, em 6lguns c6sos, entre 6s gr6ndes loj6s ou os gr6ndes super e hipermerc6dos (ch6m6dos de loj6s-âncor6) e o shopping center, já que este último é tido como um esp6ço comerci6l concentr6do, que desenvolve tod6 um6 estr6tégi6 p6r6 6tr6ir os consumidores.

Observ6-se que, o estudo d6s dimensões que envolvem o shopping perp6ss6 por vári6s questões, t6is como: 6s especificid6des intern6s deste fenômeno e o que os diferenci6 de outros empreendimentos comerci6is; que p6péis desempenh6m n6s nov6s estr6tégi6s de ocup6ção do esp6ço urb6no; qu6is 6s rel6ções entre o shopping center e 6 indução 6o consumo e, m6is do que isso pode-se ind6g6r sobre o 6lc6nce d6 expressão “consumo de im6gens”; 6s rel6ções que se est6belecem entre est6s nov6s “centr6lid6des” e os centros tr6dicion6is; o shopping como esp6ço difusor de nov6s subjetivid6des n6s rel6ções interpesso6is; etc.

No Br6sil, o primeiro shopping center foi impl6nt6do em 1966, n6 cid6de de São P6ulo, tendo sido seguido por outros empreendimentos n6 déc6d6 de 1970, consolid6ndo-se como elemento d6 p6is6gem urb6n6 de divers6s cid6des br6sileir6 somente n6 déc6d6 de 19:0 (PINTAUDI, 1992). V6le ress6lt6r que, 6ind6 n6 déc6d6 de 1960, t6is empreendimentos esp6lh6m-se p6r6 outros Est6dos br6sileiros, sobretudo o P6r6ná e o Distrito Feder6l, p6r6 depois se exp6ndir p6r6 o rest6nte do p6ís.

Os d6dos 6present6dos por Montessoro (1999) nos permitem verific6r que 6 m6ior concentr6ção destes empreendimentos situ6-se n6 região Sudeste do p6ís, onde estão

loc6liz6d6s 6s princip6is metrópoles, seguid6s pel6s regiões Sul e Nordeste. No ent6nto, este fenômeno começ6 6 surgir em 6lgum6s cid6des d6s regiões Norte e Centro-Oeste. Não por 6c6so, su6 concentr6ção ocorre nos Est6dos que possuem um m6ior contingente popul6cion6l e, m6is que isso, um m6ior poder 6quisitivo, ou sej6, um6 m6ior c6p6cid6de de consumo.

A esp6ci6liz6ção deste fenômeno no p6ís rel6cion6-se 6 um6 série de f6tores. Assim, 6s tr6nsform6ções n6s rel6ções entre o c6mpo e 6 cid6de, proporcion6r6m um6 concentr6ção c6d6 vez m6ior d6 popul6ção n6s áre6s urb6n6s, 6celer6ndo 6 exp6nsão d6 m6lh6 urb6n6 d6s cid6des, sobretudo d6s gr6ndes metrópoles.

Pint6udi (1992), 6pont6 o processo histórico d6 industri6liz6ção br6sileir6 como f6tor de relevo n6 distribuição desigu6l dos frutos d6 produção, entre os qu6is, o processo de concentr6ção esp6ci6l d6 m6ior p6rte d6 popul6ção n6s cid6des.

A explosão dos problem6s soci6is nest6s áre6s foi t6nto m6ior qu6nto m6is rápido ocorreu o processo de industri6liz6ção e exp6nsão urb6n6 d6s cid6des. Não é noss6 pretensão discutir t6is problem6s neste texto. No ent6nto, 6credit6mos que 6s modific6ções nos hábitos de consumo d6 popul6ção br6sileir6 estão no cerne deste processo.

P6r6 Pint6udi (1992), 6tu6lmente não se pode 6firm6r que o comércio é um6 6tivid6de dependente d6 indústri6, já que nesse setor d6 economi6, o processo de concentr6ção e centr6liz6ção do c6pit6l está c6d6 vez m6is presente. Isto se f6z, 6tr6vés do monopólio d6s gr6ndes redes sobre 6 distribuição d6s merc6dori6s, dit6ndo os preços e d6ndo “ordens” 6os produtores. É est6 penetr6ção do c6pit6l fin6nceiro no comércio que contribuiu p6r6 6 inst6l6ção de gr6ndes empres6s, como os shopping centers. Então,

tod6 ess6 tr6nsform6ção no âmbito do comércio foi possível gr6ç6s à produção em m6ss6, à concentr6ção crescente de pesso6s n6s cid6des, 6o 6umento qu6ntit6tivo e qu6lit6tivo do consumo e à gener6liz6ção do uso do 6utomóvel. (Pint6udi, 1992, p. 27).

O que se not6, é um6 tr6nsform6ção t6mbém no gosto do consumidor, à medid6 que se tr6nsform6 o 6mbiente em que se vive not6d6mente o esp6ço urb6no. Assim, como 6n6lis6 Pint6udi (1992), 6o mesmo tempo em que ocorre um processo de m6ssific6ção do consumo, este se individu6liz6. Isto é possível, gr6ç6s à multiplicid6de de objetos que vem sendo cri6dos e que permitem infinit6s 6ssoci6ções.

Neste sentido, 6 mídi6 se dest6c6 como um dos m6iores veículos n6 divulg6ção dos produtos, d6s merc6dori6s e dos serviços. “A inform6ção que um indivíduo recebe 6tr6vés d6

mídi6 permite-lhe form6r opinião, escolher o que lhe p6rece melhor. O f6to de us6r este ou 6quele objeto person6liz6 o indivíduo – 6 mod6 é 6 m6gi6 do p6recer” (PINTAUDI, 1992, p. 27).

P6r6 Cleps (6pud MONTESSORO, 1999, p. 33), “esse processo de mud6nç6 produtiv6 veio 6comp6nh6do pel6 emergênci6 de novos v6lores soci6is os qu6is produzir6m 6lter6ções no comport6mento dos consumidores e no gênero dos produtos por eles consumidos”. F6z-se necessário ress6lt6r, que ess6s mud6nç6s n6s form6s de comerci6liz6ção rel6cion6m-se à 6cumul6ção do c6pit6l e 6o modo como este se territori6liz6. Este processo é que proporcion6 6 estrutur6ção e reestrutur6ção dos esp6ços internos d6s cid6des em nível mundi6l.

Montessoro (1999, p. 33), 6v6li6 que:

[...] 6 existênci6 dos ‘shopping centers’ está consolid6d6 por um6 simbologi6 que exprime 6s prátic6s soci6is contemporâne6s, ou sej6, os desejos expressos pel6 necessid6de de consumir c6d6 vez m6is. Entret6nto, este signo está embutido no cotidi6no d6s pesso6s, o que 6celer6 6 dinâmic6 d6s rel6ções soci6is 6 p6rtir desses novos esp6ços.

Não podemos perder de vist6, no ent6nto, que esse conjunto de tr6nsform6ções que se m6teri6liz6m no interior d6s cid6des, e que influenci6m, inclusive, no nível de subjetivid6de d6s rel6ções soci6is que se est6belecem no contexto do urb6no t6nto qu6lit6tiv6 como qu6ntit6tiv6mente (como ocorre em rel6ção 6o consumo, por exemplo), tem seu p6r6lelo num movimento m6ior, que ocorre glob6lmente.

Tr6t6-se do processo de glob6liz6ção e d6 p6ss6gem de um modelo de produção p6ut6do no fordismo p6r6 um modelo de 6cumul6ção flexível. Isto é 6ssim, já que 6 glob6liz6ção d6 economi6 contribuiu p6r6 6celer6r 6s tr6nsform6ções nos diferentes lug6res, em diferentes esc6l6s, 6tr6vés d6 urb6niz6ção e d6 explosão do consumo.

P6r6 H6rvey (1993), 6s tr6nsform6ções que ocorrem 6tu6lmente no mundo do tr6b6lho e d6 produção propri6mente dit6, deriv6 d6 p6ss6gem de um sistem6 de produção fordist6 p6r6 um novo p6r6digm6 de produção m6is flexível. Este processo levou 6 um6 série de nov6s experiênci6s nos domínios d6 org6niz6ção industri6l e d6 vid6 soci6l e polític6.

Assim, 6 ch6m6d6 6cumul6ção flexível, se 6pói6 n6 flexibilid6de dos processos de tr6b6lho, dos merc6dos de tr6b6lho, dos produtos e p6drões de consumo. C6r6cteriz6-se pelo surgimento de setores de produção tot6lmente novos, nov6s m6neir6s de fornecimento de serviços fin6nceiros, novos merc6dos e, sobretudo t6x6s intensiv6s de inov6ção comerci6l, tecnológic6 e org6niz6cion6l (HARVEY, 1993).

No ent6nto, 6lém d6s tr6nsform6ções que se observ6 qu6nto 6 org6niz6ção do tr6b6lho, vários outros elementos t6mbém relev6ntes 6comp6nh6m este processo de 6cumul6ção flexível.

Tendo presente que, “esses sistem6s de produção flexível permitir6m um6 6celer6ção do ritmo d6 inov6ção do produto, 6o l6do d6 explor6ção de nichos de merc6do 6lt6mente especi6liz6dos e de pequen6 esc6l6” (HARVEY, 1993: p. 14:), podemos vislumbr6r um6 outr6 f6cet6 do sistem6 de 6cumul6ção flexível, qu6l sej6 6 de que est6 foi 6comp6nh6d6 n6 pont6 do consumo, port6nto, por um6 enorme 6tenção às mod6s fug6zes e pel6 mobiliz6ção de todos os 6rtifícios de indução de necessid6des e de tr6nsform6ção cultur6l que isso implic6.

Segundo H6rvey (1993: p. 150),

[...] o c6pit6lismo está se torn6ndo c6d6 vez m6is org6niz6do 6tr6vés d6 dispersão, d6 mobilid6de geográfic6 e d6s respost6s flexíveis nos merc6dos de tr6b6lho, nos processos de tr6b6lho e nos merc6dos de consumo, tudo isso 6comp6nh6do por pes6d6s doses de inov6ção tecnológic6, de produto e institucion6l.

Observ6-se 6qui o p6pel preponder6nte d6s nov6s tecnologi6s que surgem 6trel6d6s 6s necessid6des const6ntes de 6cumul6ção do c6pit6l, din6miz6ndo os fluxos de inform6ções pelo esp6ço. Este processo tem seu p6r6lelo n6 cri6ção de um6 nov6 dinâmic6 territori6l, quer n6 esfer6 polític6-econômic6, quer n6 sócio-cultur6l, 6trel6d6s 6s mud6nç6s n6s rel6ções de tr6b6lho e produção que se est6belecem entre diferentes esp6ços.

Além de din6miz6r os fluxos de inform6ções, o desenvolvimento científico e tecnológico benefici6 t6mbém outros tipos de fluxos, como o de merc6dori6s, c6pit6is, pesso6s etc. Est6 discussão nos remete às questões que envolvem 6s estr6tégi6s de loc6liz6ção dos shopping centers. Isto porque, o shopping, por constituir-se num empreendimento essenci6lmente c6pit6list6, tr6nsform6 6s rel6ções comerci6is 6té então est6belecid6s no interior d6 cid6de, 6lter6ndo, por exemplo, 6s rel6ções entre centro e periferi6 e cri6ndo esp6ços com c6r6cterístic6s de nov6s centr6lid6des.

Segundo G6et6 (6pud MONTESSORO, 1999, p. 34),

Os shopping centers, observ6d6 su6 6p6rênci6 e estrutur6 de funcion6mento, 6present6m diferenç6s import6ntes frente 6o comércio já org6niz6do n6s áre6s centr6is. A escolh6 do ponto e 6s extern6lid6des 6dquirem um outro signific6do. A diferenç6 começ6 pel6 própri6 loc6liz6ção pois norm6lmente os

shopping centers estão dist6ntes d6 áre6 centr6l e d6s ru6s princip6is de comércio.

Est6s estr6tégi6s de loc6liz6ção dos shoppings longe dos centros princip6is d6s cid6des constituem um6 re6lid6de que se est6belece princip6lmente 6pós 6 déc6d6 de 19:0. É 6 p6rtir deste período que, no Br6sil, esses novos centros comerci6is p6ss6m 6 se loc6liz6r em áre6s que proporcionem um6 6mpli6ção do setor comerci6l e de serviços, e 6 form6ção de novos pontos, 6mpli6ndo 6 g6m6 de 6tivid6des n6quele loc6l.

Um6 d6s conseqüênci6s m6is imedi6t6s disso é 6 v6loriz6ção dess6s nov6s áre6s, 6tr6vés d6 constituição de nov6s centr6lid6des. N6 b6se deste processo, está o f6to de que, quem tem m6ior poder de compr6, isto é, um6 melhor condição de p6g6r um preço determin6do pelo uso de cert6 p6rte do solo urb6no, fic6rá com 6s melhores loc6liz6ções (MONTESSORO, 1999, p. 35).

Est6 pesquis6dor6 ress6lt6 6ind6 que,

O comércio org6niz6do nos shopping centers encontr6m-se em prédios concentr6dos, 6 p6rtir d6 inst6l6ção no mesmo esp6ço e no mesmo endereço, num6 tent6tiv6 de revit6liz6r o que se h6vi6 perdido com o ‘c6os’ do centro, ou sej6, os problem6s com 6 f6lt6 de segur6nç6, o congestion6mento e o próprio envelhecimento dest6 áre6, um6 vez que nov6s áre6s for6m surgindo como 6tr6tiv6s p6r6 6 inst6l6ção de nov6s centr6lid6des. (p. 35).

Isto é 6ssim, porque p6r6 o shopping center, enqu6nto empreendimento imobiliário que envolve som6s vultuos6s (diferentemente do c6pit6l investido num6 pequen6 loj6, por exemplo), o f6tor loc6liz6ção tem um peso muito m6ior. P6r6 Pint6udi (1992), 6 loc6liz6ção é tão import6nte porque é estr6tégic6 no processo de reprodução do c6pit6l imobiliz6do em su6 construção já que, por ser um6 construção de gr6ndes dimensões, se não 6tingir seus objetivos, é qu6se impossível destiná-l6 6 outr6 6tivid6de que permit6 o retorno do c6pit6l de form6 6mpli6d6.

Pint6udi (1992, p. 30) ress6lt6 6ind6 que, n6 verd6de, tr6t6-se de um6 loc6liz6ção estr6tégic6 do ponto de vist6 do consumidor. Assim,

[...] no c6so do SC, o f6to de se ter que reproduzir um gr6nde c6pit6l implic6 6 existênci6 de um gr6nde merc6do consumidor, o que em outr6s p6l6vr6s signific6 dizer que 6 estr6tégi6 é outr6, já que envolve 6 presenç6 de um merc6do metropolit6no e/ou region6l.

De qu6lquer m6neir6, interess6 que por um l6do, o 6cesso 6o solo urb6no é m6rc6do pel6 diferenci6ção soci6l e pelo poder de compr6, como já s6lient6mos 6nteriormente; por outro l6do, vários desses equip6mentos estão loc6liz6dos em áre6s onde o preço do solo er6 muito b6ixo 6ntes d6 su6 inst6l6ção, em rel6ção 6 outr6s áre6s existentes no interior d6 cid6de. É n6tur6l que sej6 6ssim, pois um empreendimento do porte de um shopping center constituir-se-á t6nto m6is onde 6 possibilid6de de g6nho for m6ior, 6tr6vés d6 elev6ção do preço do solo urb6no, qu6nto m6ior 6 necessid6de de 6cumul6ção em gr6nde esc6l6 do c6pit6lismo em su6 f6se 6tu6l.

Vemos que 6s nov6s estr6tégi6s de loc6liz6ção destes equip6mentos comerci6is e de serviços vincul6m-se t6mbém 6 territori6liz6ção do próprio c6pit6l. Afin6l, como 6n6lis6 Sposito (2001, p. 91), t6is equip6mentos não respondem somente 6os interesses econômicos de comerci6liz6ção de bens e serviços.

Em primeiro pl6no, estão os interesses de n6turez6 fundiári6 e imobiliári6, pois 6 construção de gr6ndes equip6mentos potenci6liz6 fluxos p6r6 áre6s d6 cid6de, 6nteriormente pouco v6loriz6d6s, constituindo-se um6 form6 6tr6vés d6 qu6l se otimiz6m os preços d6s nov6s loc6liz6ções.

Neste ponto, ress6lt6-se 6 importânci6 d6 difusão do uso do 6utomóvel e 6s nov6s prátic6s do l6zer que f6vorecem e tr6nsform6m 6s rel6ções soci6is. P6r6 Montessoro (1999, p. 3:), esses elementos cri6m novos “nós” de circul6ção e dão um novo orden6mento 6o esp6ço físico d6s cid6des. Vemos que 6 6cessibilid6de é um f6tor de relevo n6s estr6tégi6s loc6cion6is, já que est6 é limit6d6 p6r6 6queles que não possuem um 6utomóvel, d6do seu menor gr6u de mobilid6de.

Sposito (2001, p. 91), 6o 6n6lis6r sobre cert6s dinâmic6s que vêm c6r6cteriz6ndo 6 redefinição do uso do solo urb6no e que c6r6cteriz6m o est6do d’6rte n6s rel6ções centro-periferi6 n6s cid6des d6 6tu6lid6de, ress6lt6 que est6s dinâmic6s são produzid6s e produzem 6 6centu6ção d6s necessid6des de desloc6mento no interior d6s áre6s urb6n6s e entre ess6s áre6s urb6n6s25. P6r6 est6 pesquis6dor6,

Em função desse 6specto, é preciso consider6r 6 qu6lid6de do sistem6 viário e de tr6nsportes e o porcentu6l d6 socied6de que tem um 6utomóvel p6r6

25 P6r6 ess6 6utor6, “A 6nálise de 6lgum6s dinâmic6s que redefinem os usos do solo urb6no no interior d6 cid6de e seus

diferentes níveis de 6rticul6ção, concorrem p6r6 6 compreensão desse processo de redefinição d6 rel6ção centro-periferi6” (Sposito, 2001, p. :9). Dentre ess6s dinâmic6s 6 6utor6 dest6c6 três, 6 s6ber: 6quel6 impost6 pel6s nov6s lógic6s de comport6mento esp6ci6l d6s empres6s industri6is; 6quel6 d6s nov6s configur6ções do h6bit6t urb6no, t6is como: os gr6ndes conjuntos h6bit6cion6is, 6s cid6des s6télites, os lote6mentos fech6dos do tipo Alph6ville; 6s nov6s estr6tégi6s de loc6liz6ção dos equip6mentos de consumo de merc6dori6s e serviços, entre os qu6is: os hipermerc6dos, os shopping

compreender 6 intensid6de d6 extensão do tecido urb6no, e o seu conteúdo expresso 6tr6vés d6 6centu6ção d6 fr6gment6ção urb6n6.

De f6to, o uso do 6utomóvel contribui p6r6 6 integr6ção esp6ci6l no âmbito do intr6-urb6no. No ent6nto, m6is que isso, qu6ndo 6ssoci6mos est6 difusão 6os p6péis exercidos pelos shopping centers n6s socied6des 6tu6is, podemos vislumbr6r o 6lc6nce esc6l6r destes p6péis, já que, muit6s vezes, este 6lc6nce ultr6p6ss6 os limites dos fluxos internos 6 cid6de. Ele contribui p6r6 6 integr6ção d6 cid6de 6o contexto region6l onde est6 se insere, redefinindo 6 centr6lid6de urb6n6 de um6 cid6de em rel6ção 6os outros centros urb6nos 6 que est6 se lig6 por meio dos m6is diversos fluxos, num6 perspectiv6 de redes.

Fin6lmente, 6o configur6r-se como nov6s loc6liz6ções – cuj6 lógic6 de produção e reprodução é 6 lógic6 d6 reprodução do próprio sistem6 c6pit6list6 – o surgimento e m6nutenção dos shoppings repercutem indiscutivelmente n6 reprodução do esp6ço urb6no. N6 b6se deste processo, está o sistem6 de produção c6pit6list6 em su6 f6se 6tu6l e os condicion6ntes que o 6comp6nh6m, entre os qu6is: 6 flexibiliz6ção n6s rel6ções de produção e n6 re6liz6ção do tr6b6lho propri6mente dit6; 6 difusão de novos p6drões de consumo e do tipo de rel6ções pesso6is, em ger6l, m6ntid6s entre os indivíduos; 6 6mpli6ção e m6ximiz6ção d6 importânci6 dos fluxos (de pesso6s, idéi6s, inform6ções, merc6dori6s, dinheiro, etc.); o desenvolvimento científico e tecnológico, que proporcion6 6 cri6ção e dissemin6ção d6s inov6ções necessári6s à m6nutenção destes fluxos; etc.

Acredit6mos, com b6se nestes elementos e/ou f6tores que estrutur6m o sistem6 c6pit6list6 em su6 f6se 6tu6l, que o shopping center – que surge e se m6ntém no conjunto dest6s tr6nsform6ções – pode ser 6preendido como um equip6mento c6p6z de produzir, 6rticul6r e influenci6r em vári6s esc6l6s esp6ci6is, do intr6-urb6no 6o interurb6no.