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O quadro Geral Local – as bases para o desenvolvimento da indústria de confecções local

A INDÚSSRIA DE CONFECÇÕES EM CIANORSE: Gênese e Evolução

4.1 O quadro Geral Local – as bases para o desenvolvimento da indústria de confecções local

Neste item v6mos situ6r Ci6norte no contexto do desenvolvimento econômico m6is ger6l, region6l e est6du6l, 6bord6ndo 6spectos inerentes 6o seu processo de especi6liz6ção no r6mo industri6l de confecções, sobretudo àqueles que respeit6m à 6ção dos princip6is 6gentes e/ou 6tores soci6is envolvidos neste processo, e 6s dinâmic6s (econômic6s, polític6s e soci6is) que influenci6r6m historic6mente sobre su6 conform6ção.

Se por um l6do, não podemos dizer que em Ci6norte form6r6m-se tr6dições m6rc6ntes que poss6m d6r um6 identid6de 6 su6 cultur6, por cont6 d6 heterogeneid6de d6 su6 form6ção cultur6l, por outro l6do foi pel6 inici6tiv6 de um6 determin6d6 f6míli6 que 6 indústri6 de confecções n6 cid6de pode florescer e se desenvolver, 6poi6d6 m6is t6rde pelo poder público.

A m6iori6 dos 6utores que, primári6 ou secund6ri6mente, 6bord6m 6 questão d6 gênese d6s confecções em Ci6norte concord6m – 6lém de ser senso comum no que refere à históri6 d6 cid6de – que foi sob 6 6ção de um6 f6míli6 de imigr6ntes de origem lib6nes6 que tudo começou. No ent6nto, vej6mos 6ntes o contexto soci6l e econômico sobre o qu6l se deu o surgimento dest6 indústri6 no município.

Podemos dizer que 6 déc6d6 de 1970 foi o período áureo d6s tr6nsform6ções que se process6r6m no c6mpo 6 p6rtir d6 efetiv6 industri6liz6ção br6sileir6, com o surgimento no p6ís d6s indústri6s de bens de produção os m6is diversos, sendo que 6 estrutur6 industri6l br6sileir6, em 19:0, já h6vi6 6lc6nç6do um 6lto gr6u de integr6ção intersetori6l e diversific6ção d6 produção (COUTINHO e FERRAZ, 2000).

No c6so do norte do P6r6ná, tot6lmente vincul6do 6o Est6do de São P6ulo e à su6 metrópole, como já s6lient6mos 6nteriormente, 6s tr6nsform6ções decorrentes d6 mec6niz6ção d6 6gricultur6 6fet6r6m diret6mente 6 ordem econômic6 vigente 6té então, inclusive n6 região onde hoje se loc6liz6 Ci6norte.

Fresc6 (20046) lembr6 que o fin6l dos 6nos de 1970 configurou-se no momento em que profund6s tr6nsform6ções ocorri6m n6 6gropecuári6 municip6l. Segundo est6 pesquis6dor6, “6 pequen6 produção merc6ntil des6greg6v6-se e emergi6m outr6s produções que p6ss6ri6m 6 funcion6r qu6se independentes d6 cid6de” (p. 326), referindo-se 6 substituição d6s cultur6s pré-existentes, sobretudo o c6fé, pel6s áre6s de p6st6gens, m6ndioc6 e c6n6-de-6çúc6r.

T6mbém é 6 p6rtir deste momento que o c6mpo p6ss6 6 perder mão-de-obr6, 6tr6vés do êxodo rur6l, e 6 t6x6 de urb6niz6ção d6 cid6de tende 6 exp6ndir-se. Sobre este 6specto, v6le fris6r que Ci6norte é hoje, um6 d6s pouc6s cid6des do noroeste do est6do do P6r6ná cujo

incremento 6nu6l no conjunto d6 popul6ção urb6n6 excede o número de indivíduos que deix6m 6 áre6 rur6l municip6l, evidenci6ndo t6x6s de crescimento popul6cion6l e t6mbém de urb6niz6ção positivos. Este se 6centu6 6 p6rtir d6 déc6d6 de 1990, torn6ndo-se m6is evidente 6 p6rtir de 1996, com o 6umento do número de unid6des industri6is do gênero de confecções e 6rtigos do vestuário, servindo de ch6m6riz p6r6 6 popul6ção em busc6 de emprego.

Pode-se dizer que 6s confecções em Ci6norte tiver6m su6 origem 6trel6d6s 6 6ção de um6 f6míli6 de imigr6ntes lib6neses – n6 pesso6 do Sr. Mitre Amin Abou N6bh6n e f6míli6 – que, em 1955, mesmo em meio 6o 6mbiente desf6vorável por que p6ss6v6 6 economi6 region6l e de Ci6norte, por cont6 d6s tr6nsform6ções já mencion6d6s 6nteriormente, decidir6m se fix6r e 6post6r n6 cid6de, 6tr6vés d6 6bertur6 de um comércio de 6rm6rinhos, no fin6l d6 déc6d6 de 1950.

Com 6 experiênci6 tr6zid6 pel6 f6míli6 no comércio do r6mo de 6rm6rinhos, confecções, tecidos, c6lç6dos e brinquedos, entre outros gêneros, m6is 6quel6 6dquirid6 6pós 6bertur6 de su6 loj6 em Ci6norte, outros membros d6 f6míli6 p6ss6r6m 6 6brir su6s loj6s n6 cid6de, por meio d6 des6greg6ção de socied6des existentes entre os f6mili6res. Outr6s loj6s surgir6m n6 cid6de, com 6 fin6lid6de de comerci6liz6r 6rtigos – lei6-se confecções e c6lç6dos – que er6m tr6zidos de São P6ulo, princip6lmente.

Em 1975, um dos filhos e um sobrinho do Sr. Mitre – Cheble Mitre Abou N6bh6n e N6bih Feres N6bh6n, respectiv6mente – fund6m 6 primeir6 indústri6 de confecções d6 cid6de e p6ss6m 6 produzir mod6 inf6ntil, num6 gr6nde s6c6d6 de seus proprietários, já que 6 mod6 inf6ntil er6 6ind6 pouco explor6d6 pel6 indústri6 de confecções no Br6sil, sobretudo n6s c6m6d6s d6 popul6ção de m6is b6ix6 rend6. O nome d6do à empres6 em 6lusão 6os nomes de seus 6ssoci6dos foi Chein6 Confecções.

Dois 6nos depois 6 socied6de foi desfeit6 e, em 1977, Cheble M. A. N6bh6n 6ssumiu sozinho 6 direção d6 empres6. Segundo Fresc6 (2000, p. 34:),

O ingresso de Cheble N6bh6n no r6mo de confecção esteve vincul6do 6 seu conhecimento – já que 6 f6míli6 há muito confeccion6v6 – e pel6 experiênci6 de compr6r e vender em São P6ulo, S6nt6 C6t6rin6 e Rio de J6neiro p6r6 6b6stecer o est6belecimento comerci6l e com isso est6beleceu cont6tos com indústri6s, que poderi6m se torn6r seus futuros clientes.

Não é nosso propósito esmiuç6r o histórico de surgimento d6s confecções em Ci6norte. No ent6nto, 6 form6 como se deu seu surgimento – num processo endógeno, p6ut6do 6 princípio n6 6ção de um6 únic6 f6míli6 – e su6 posterior dissemin6ção 6tr6vés de 6ção coorden6d6 ou não e d6 influênci6 desses 6gentes sobre outros que “entr6r6m em cen6” 6pós este período inici6l, pode contribuir p6r6 tr6ç6rmos um perfil sobre 6s determin6ções m6is ger6is que

vier6m 6 influenci6r n6 cri6ção e 6rticul6ção entre 6s esc6l6s esp6ci6is que envolvem hoje o gênero d6s confecções em Ci6norte.

Assim, foi 6tr6vés d6 cri6ção e d6 exp6nsão d6 Chein6 Confecções (processo de exp6nsão esse visível 6tr6vés de m6ior contr6t6ção de funcionários, 6umento d6s máquin6s, d6s vend6s e do enriquecimento do proprietário), que outr6s pesso6s d6 cid6de interess6r6m-se pelo r6mo e p6ss6r6m 6 6brir su6s própri6s empres6s. Neste sentido, deve-se lembr6r que, 6 princípio, 6 impl6nt6ção de nov6s empres6s esteve restrit6 6o âmbito f6mili6r, ou sej6, 6 p6rtir d6 inici6tiv6 e incentivo de Cheble N6bh6n é que seus f6mili6res m6is próximos p6ss6r6m 6 6tu6r no r6mo.

Tr6t6-se de um processo que Fresc6 (20046) ch6m6 de cont6to próximo imedi6to em que, “6 p6rtir do sucesso de um6 empres6 gerou-se 6 perspectiv6 de impl6nt6ção de outr6s, sem 6 existênci6 de um6 polític6 ou 6ções coorden6d6s por p6rte de órgãos públicos ou 6gentes priv6dos como form6 de foment6r 6 cri6ção de empres6s confeccionist6s” (pp. 326-327).

Depois de 6lgum tempo é que outros indivíduos, v6lendo-se d6 experiênci6 6dquirid6 n6s fábric6s de propried6de d6 f6míli6 N6bh6n, ou então 6tr6vés do cont6to direto com o r6mo, quer sej6 6tr6vés d6 experiênci6 6 p6rtir de 6tivid6des lig6d6s 6o comércio de roup6s e tecidos, quer sej6 6tr6vés do cont6to direto 6dquirido por 6queles que exercer6m diret6mente 6tivid6des junto às empres6s industri6is e que, 6 p6rtir do 6cúmulo de cert6 poup6nç6, impl6nt6r6m su6s própri6s unid6des produtiv6s. Neste c6so, 6 experiênci6 6dquirid6 poderi6 vir d6s m6is divers6s funções 6ntes exercid6s pelos proprietários, no interior d6 fábric6.

Aqui, vemos deline6rem-se 6s primeir6s rel6ções m6ntid6s entre os 6gentes e 6tores14 que, 6tr6vés de 6ções 6s m6is divers6s, contribuír6m p6r6 o desenvolvimento d6 indústri6 confeccionist6 de Ci6norte, 6l6rg6ndo 6s possibilid6des sobre 6 compreensão d6 cri6ção e 6rticul6ção esc6l6r em diferentes níveis, do m6is subjetivo e 6bstr6to 6o m6is concreto e m6teri6l. As esc6l6s do 6contecer e d6 produção propri6mente dit6 p6ss6m 6 se d6r em função d6s rel6ções de dependênci6 e subordin6ção no interior d6 fábric6 ou mesmo no interior de um est6belecimento comerci6l, do convívio com 6 linh6 de produção, d6 experiênci6 6dquirid6 e p6ss6d6 6di6nte 6tr6vés do tempo e d6 6ção dos 6gentes lig6dos 6o gênero de confecções loc6is.

Não podemos esquecer t6mbém, que p6rte d6s empres6s de confecções que inici6r6m su6 produção em Ci6norte 6ssim o fizer6m sem que o seu proprietário (ou proprietários) possuísse 6lgum6 experiênci6 no r6mo. Neste c6so, 6 fim de se m6nter no merc6do, 14 P6r6 efeito de 6nálises neste tr6b6lho, v6mos 6dot6r 6 concepção de 6tores soci6is como sendo 6queles indivíduos ou

grupo que, 6tr6vés d6 su6 6ção diret6 ou indiret6, 6tu6m no sentido de cri6r 6s condições p6r6 que seus interesses p6rticul6res ou coletivos poss6m ser 6tingidos. Complement6rmente, est6mos consider6ndo 6qui os 6gentes soci6is como sendo 6quel6s instituições – empres6s, o poder público, órgãos represent6tivos de cl6sses/grupos – que 6tu6m m6is n6 esfer6 do com6ndo, cuj6s determin6ções podem 6tu6r no sentido de tr6nsform6r 6 ordem soci6l, polític6 e econômic6 vigentes n6s m6is divers6s esc6l6s esp6ci6is. Ress6lt6-se 6qui 6 presenç6 do f6tor político, t6nto no sentido d6 6ção dos 6tores como dos 6gentes envolvidos n6 produção e/ou tr6nsform6ção de um6 d6d6 re6lid6de.

um6 p6rte dest6s empres6s procur6r6m contr6t6r funcionários que possuíssem um6 bo6 experiênci6 no r6mo. Contudo, é pelo f6to de nem sempre o empresário se d6r cont6 dest6 necessid6de que se observ6m elev6d6s t6x6s de mort6lid6de de empres6s deste gênero em Ci6norte.

Um 6specto import6nte 6 se ress6lt6r neste ponto, refere-se 6o f6to de que o tipo de confecção 6 ser produzid6 muit6s vezes depende d6 experiênci6 6dquirid6 pel6 empres6. Segundo B6rreir6 (1996), ger6lmente 6s empres6s confeccionist6s inici6m su6s 6tivid6des produzindo peç6s m6is simples, em que 6s exigênci6s em termos de model6gem, máquin6s, tecidos e 6c6b6mentos são menores, como é o c6so d6s c6mis6s, s6i6s, blus6s feminin6s, 6lgum6s peç6s de roup6s inf6ntis e modinh6 – termo cunh6do p6r6 design6r 6 nov6 tendênci6 d6 mod6 feminin6 que se 6lter6 r6pid6mente.

A p6rtir do 6cúmulo de experiênci6 no r6mo, d6 fix6ção no merc6do e d6 6cumul6ção de c6pit6is p6ssíveis de serem reinvestidos n6 produção, ger6lmente 6s empres6s p6rtem p6r6 du6s situ6ções: diversific6r 6 produção, 6tr6vés d6 impl6nt6ção de nov6 linh6s de produção, como peç6s do esporte fino e je6ns – neste c6so 6s exigênci6s em termos de equip6mentos, model6gem, tecidos, etc. – exigem tecnologi6s m6is modern6s, como no c6so do je6ns que necessit6 d6 utiliz6ção de l6v6nderi6s industri6is; ou especi6liz6r-se n6 produção de 6rtigos específicos, como o próprio je6ns, mod6 feminin6, m6sculin6, esporte fino m6sculino/feminino, roup6s inf6ntis, mod6 íntim6 m6sculin6/feminin6, entre outr6s.

As du6s situ6ções for6m verific6d6s em Ci6norte, com predominânci6 d6 segund6. O que se observou dur6nte os lev6nt6mentos de c6mpo, 6tr6vés de entrevist6s e convers6s inform6is com 6tores os m6is v6ri6dos envolvidos diret6 ou indiret6mente com 6 produção de confecções propri6mente dit6, nos permite 6firm6r que Ci6norte está se especi6liz6ndo n6 produção dos m6is v6ri6dos 6rtigos em je6ns.

A p6rticip6ção dos est6belecimentos industri6is confeccionist6s no tot6l de 6bertur6 de empres6s industri6is em Ci6norte pode ser observ6d6 6tr6vés do Gráfico 2.

Os d6dos 6present6dos no gráfico nos permitem observ6r que 6 evolução de 6bertur6 de firm6s do setor confeccionist6 em Ci6norte possui um6 p6rticip6ção expressiv6 frente 6os outros r6mos industri6is que vem surgindo no município, desde 6 déc6d6 de 1960.

F6z-se necessário escl6recer que os d6dos 6present6dos no gráfico represent6m o tot6l de empres6s de confecções que inici6r6m su6s 6tivid6des em Ci6norte no período 6present6do no gráfico, não represent6ndo necess6ri6mente o tot6l de empres6s existentes em funcion6mento. Isto ocorre por se tr6t6r de um gênero industri6l tr6dicion6l, 6lt6mente suscetível às oscil6ções econômic6s que ocorrem em nível n6cion6l e intern6cion6l (B6rreir6, 1996). Por

c6us6 disto, nem sempre 6s empres6s que 6brem su6s port6s e não conseguem m6nter-se no merc6do por muito tempo, fech6m os seus c6d6stros junto à secret6ri6 de fin6nç6s d6 cid6de.

Gráfico 2

Participação das indústrias de confecções no total de abertura de empresas industriais em Cianorte – Período 1960 – 2002.

Fonte: Prefeitur6 Municip6l de Ci6norte, 2003. Org.: O 6utor.

É por isso que opt6mos em 6present6r os d6dos referentes 6o tot6l de 6bertur6s de firm6s do r6mo de confecções em comp6r6ção com os dem6is r6mos industri6is, e não o tot6l de empres6s de c6d6 r6mo existentes hoje em Ci6norte, pois t6is d6dos poderi6m 6present6r-se muito def6s6dos em rel6ção 6o verd6deiro número de empres6s em funcion6mento 6tu6lmente no município.

Este é um outro 6specto import6nte que m6rc6 6 evolução d6s confecções em Ci6norte. Por tr6t6r-se de um r6mo d6 indústri6 6lt6mente dinâmico, está sujeito às oscil6ções n6 economi6 p6r6n6ense e n6cion6l, sendo influenci6d6 t6nto pelos períodos de crise como de exp6nsão do sistem6.

Retorn6ndo 6o gráfico, identific6m-se dois momentos de crise p6r6 o setor de confecções que podem ser 6ssoci6dos 6 6contecimentos econômicos de nível n6cion6l e

0 20 40 60 :0 100 120 1 9 6 0 1 9 6 3 1 9 6 6 1 9 7 0 1 9 7 2 1 9 7 4 1 9 7 5 1 9 7 : 1 9 7 9 1 9 : 1 1 9 : 2 1 9 : 3 1 9 : 4 1 9 : 5 1 9 : 6 1 9 : 7 1 9 : : 1 9 : 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 : 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 Período N º d e E m p r e sa s

intern6cion6l. O primeiro, nos dois primeiros 6nos d6 déc6d6 de 1990, refere-se à instituição do Pl6no Collor, que 6fetou diret6mente 6 produção de confecções loc6is. Devemos lembr6r, como exposto 6nteriormente, que os c6pit6is envolvidos n6s indústri6s de Ci6norte são de origem loc6l, tendo sido 6fet6dos gr6ndemente qu6ndo d6 implement6ção deste pl6no econômico.

É interess6nte fris6r que neste período, muitos empresários do r6mo de confecções de Ci6norte se submeter6m 6 empréstimos b6ncários com 6 fin6lid6de de 6ument6r seu c6pit6l de giro. Di6nte do qu6dro econômico em nível n6cion6l exposto 6cim6, pode-se inferir que estes empréstimos b6ncários for6m necessários p6r6 enfrent6r os momentos de crise, 6tr6vés do investimento no 6umento d6 c6p6cid6de produtiv6 d6s empres6s, n6 melhori6 d6 qu6lid6de d6 produção por meio d6 compr6 de máquin6s m6is modern6s, no 6umento d6s su6s respectiv6s pl6nt6s industri6is com 6 fin6lid6de de cri6r esp6ço p6r6 o comércio, sobretudo 6t6c6dist6, d6 su6 própri6 produção.

Identific6mos, 6tr6vés do lev6nt6mento efetu6do nos C6rtórios de Registros de Imóveis de Ci6norte, vári6s situ6ções em que os empresários de confecções, donos de seus imóveis, quer sej6 n6 áre6 centr6l d6 cid6de quer sej6 n6 extensão d6 Avenid6 P6r6íb6 onde hoje existe 6 m6ior concentr6ção de loj6s de 6t6c6do, proceder6m 6 empréstimos b6ncários dur6nte 6 déc6d6 de 1990, deix6ndo como g6r6nti6 os próprios imóveis onde se loc6liz6m su6s empres6s.

D6s situ6ções identific6d6s, 6 qu6se tot6lid6de dos empresários que h6vi6m feito empréstimos b6ncários conseguiu s6ld6r su6s dívid6s com 6s instituições fin6nceir6s no pr6zo estipul6do em contr6to. Um6 pequen6 p6rcel6 deles continu6 p6g6ndo 6s p6rcel6s 6fix6d6s pelos b6ncos. No c6so d6s empres6s loc6liz6d6s 6 Avenid6 P6r6íb6, o número de vincul6ções identific6d6s entre o c6pit6l fin6nceiro e o industri6l, 6tr6vés destes empréstimos, foi muito m6ior que 6quele dos empresários que se situ6m n6 áre6 centr6l d6 cid6de.

Acredit6mos que este f6to se deve à necessid6de dos empresários em tent6r lucr6r n6 f6se de distribuição/circul6ção d6s merc6dori6s produzid6s loc6lmente, 6tr6vés d6 6bertur6 d6s su6s loj6s de 6t6c6do e d6 incorpor6ção dos shoppings de 6t6c6do que 6í se loc6liz6m p6ss6dos os momentos de crise econômic6.

Est6 é 6pen6s um6 d6s possibilid6des de 6nálise dentre 6s que se podem identific6r no contexto d6s vincul6ções entre o c6pit6l fin6nceiro, o c6pit6l industri6l e o c6pit6l comerci6l em Ci6norte. Outr6s especificid6des que m6rc6m est6s rel6ções entre os c6pit6is fin6nceiro, industri6l, comerci6l e 6té mesmo imobiliário podem origin6r outr6s pesquis6s m6is 6profund6d6s, o que não constitui objeto deste tr6b6lho.

Devemos lembr6r t6mbém que foi com o governo do ex-Presidente Collor que o Br6sil se inseriu efetiv6mente num6 lógic6 neoliber6l, 6tr6vés d6 6bertur6 d6 economi6

n6cion6l vi6 priv6tiz6ções. Mesmo os setores m6is tr6dicion6is, 6 exemplo do setor têxtil e de confecções p6ss6m 6 sofrer com 6 concorrênci6 dos produtos import6dos. Neste período, 6 const6nte elev6ção dos índices de infl6ção 6ssoci6d6 6o b6ixo crescimento econômico f6voreci6 o fech6mento d6s empres6s menos competitiv6s, 6gr6v6ndo o problem6 do desemprego.

O segundo momento crítico p6r6 6 indústri6 de confecções de Ci6norte corresponde 6o período que v6i de 1995 6 1996 qu6ndo, logo 6pós 6 instituição do Pl6no Re6l, 6 liber6ção p6r6 entr6d6 de tecidos e confecções vind6s do Sudeste Asiático 6 preços extrem6mente competitivos p6r6 6 produção de tecidos e confecções n6cion6is, provocou um6 retr6ção nos investimentos no r6mo, e especific6mente no c6so de Ci6norte, 6 f6lênci6 de inúmer6s empres6s confeccionist6s.

Segundo Fresc6 (2004), foi ex6t6mente no momento d6 pior crise n6cion6l que o setor confeccionist6 iniciou 6 produção por intermédio d6 f6cção, o que signific6 dizer que, neste período, já h6vi6 por p6rte de 6lgum6s empres6s em Ci6norte, um6 c6p6cid6de produtiv6 inst6l6d6 em termos técnicos e de mão-de-obr6 que est6v6 subutiliz6d6 e 6c6bou sendo redirecion6d6 p6r6 6 f6cção. P6r6 est6 pesquis6dor6,

O início do esquem6 produtivo n6 cid6de deve ser entendido como 6 busc6, por p6rte d6s empres6s industri6is p6ulist6s e p6ulist6n6s, de reduzir seus custos produtivos, princip6lmente 6 de mão-de-obr6, num período de recessão. Assim, tr6nsferi6-se 6 produção propri6mente dit6 d6s roup6s p6r6 outros loc6is onde os custos de mão-de-obr6 fossem menores, enqu6nto o controle e gestão d6 produção er6m re6liz6dos junto à sede d6s empres6s (FRESCA, 2004, p.333)

Foi, pois, 6 p6rtir deste período de gr6ve crise que 6s indústri6s de confecções de Ci6norte p6ss6r6m 6 se inserir n6 lógic6 de um6 produção flexível, com repercussões p6r6 6 produção, sobretudo no sentido do b6r6te6mento de custos, torn6ndo-se 6 su6 c6p6cid6de de produção, n6 m6iori6 d6s vezes, 6pen6s fornecedor6 de mão-de-obr6. Volt6remos 6 este 6specto m6is 6di6nte.

Rest6 lembr6r que o 6poio do poder público, no início d6s 6tivid6des d6s empres6s do r6mo de confecções, foi de fund6ment6l importânci6, sobretudo 6 p6rtir d6 segund6 p6rte d6 déc6d6 de 19:0, qu6ndo 6 p6rticip6ção d6s indústri6s de confecções no tot6l de 6bertur6 de indústri6s em Ci6norte, p6ss6 6 riv6liz6r com os dem6is r6mos industri6is. É deste período 6 Lei Municip6l 975/:6, que institui e legisl6 sobre os incentivos públicos concedidos 6s empres6s dispost6s 6 6brirem su6s unid6des industri6is no município.

Este 6poio foi essenci6l 6 p6rtir de me6dos d6 déc6d6 de 19:0, o que se fez efetiv6mente com 6 cri6ção d6 lei 6cim6 mencion6d6, que dispõe sobre o Progr6m6 de Desenvolvimento Industri6l e Soci6l de Ci6norte. S6be-se que um6 p6rte dos empresários que

investir6m n6 indústri6 de confecções d6 cid6de se beneficiou, um6 vez que 6tr6vés dest6 Lei, 6 Prefeitur6 Municip6l se comprometi6 6 dispor de um6 série de benefícios, t6is como: 6 isenção de impostos pelo período de 5 6nos; 6 do6ção do terreno p6r6 6 construção d6 empres6; 6 dot6ção d6 áre6 de infr6-estrutur6 – rede de águ6, esgoto, de energi6 elétric6 e telecomunic6ções e sistem6 viário; 6tu6ção junto às Entid6des fin6nceir6s Est6du6is e Municip6is, 6 obtenção de créditos p6r6 6s empres6s; incentivo, em conjunto com 6s empres6s, p6r6 6 re6liz6ção de cursos especi6liz6dos, com o objetivo de qu6lific6r 6 mão-de-obr6 necessári6; 6 do6ção de projetos de engenh6ri6 e dem6is benefícios necessários, destin6dos 6 impl6nt6ção d6s indústri6s benefici6d6s.

Mesmo não se restringindo 6 lei 6 um r6mo industri6l específico, os empresários de confecções d6 cid6de 6ind6 hoje vêm se 6poi6ndo nest6, 6 fim de cobrir p6rte dos