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O processo de reestruturação sócio-espacial no Brasil e seus desdobramentos para o Estado do Paraná

A INDÚSSRIA COMO MEDIADORA NA APREENSÃO DAS ARSICULAÇÕES ESCALARES

3.1. A Reestruturação Industrial e a Busca pela Flexibilidade – a fase atual e o Brasil

3.1.2. O processo de reestruturação sócio-espacial no Brasil e seus desdobramentos para o Estado do Paraná

No conjunto d6s discussões sobre 6s princip6is interpret6ções qu6nto 6o processo de reestrutur6ção sócio-esp6ci6l recente no Br6sil, Br6gueto (2003, p. 01) dest6c6 que um6 import6nte 6bord6gem se refere à concentr6ção e centr6liz6ção do c6pit6l e t6mbém o processo de reestrutur6ção urb6no-industri6l, incluindo no deb6te 6 questão do controle do c6pit6l 6trel6do à gestão do território.

Neste contexto, v6le lembr6r desde já que 6s 6nálises desenvolvid6s neste subitem constituem um desdobr6mento d6s idéi6s já discutid6s em tr6b6lho 6nterior:, cujo dest6que é d6do 6o processo de desconcentr6ção industri6l d6 metrópole p6ulist6 e dos possíveis : GONÇALVES; ALVES e DORES. Novas tecnologias e novos circuitos econômicos: o caso do sistema bancário brasileiro. Formação. Presidente Prudente, nº 10, v. 2, pp. 95-12:, 2003.

efeitos deste processo p6r6 determin6d6s áre6s do território n6cion6l, em especi6l o P6r6ná e m6is especific6mente o Norte do Est6do.

Ao observ6rmos o processo histórico que deu gênese 6o Br6sil, vemos que o est6do de São P6ulo, historic6mente, tomou p6r6 si o p6pel de núcleo centr6liz6dor d6s 6tivid6des e serviços m6is 6v6nç6dos que estão n6 b6se de todos os processos econômicos, t6nto n6 indústri6, 6gricultur6 e produção de energi6, como nos serviços de diferentes tipos, e que envolvem o processo de reestrutur6ção econômic6 e soci6l 6dvind6 d6 f6se 6tu6l do sistem6 c6pit6list69.

São P6ulo é t6mbém o Est6do que constitui o pólo industri6l hegemônico do p6ís, cuj6 c6pit6l possui 6 m6ior áre6 metropolit6n6 do p6ís. A cid6de de São P6ulo tem sido enc6r6d6 por muitos pesquis6dores como um6 cid6de glob6l, por concentr6r esp6ci6lmente 6 c6m6d6 superior dess6s 6tivid6des e serviços m6is 6v6nç6dos, servindo de referênci6 p6r6 um6 p6rte do pl6net6 (Améric6 L6tin6 e p6rtes d6 Áfric6) do ponto de vist6 funcion6l, isto é, d6s funções desempenh6d6s por est6 metrópole no âmbito d6s rel6ções intern6cion6is (esc6l6 glob6l).

Além do p6pel exercido por São P6ulo e pel6 su6 áre6 metropolit6n6 n6 esc6l6 glob6l, t6mbém no contexto territori6l n6cion6l, é est6 metrópole que com6nd6 e coorden6 6 rede urb6n6 n6cion6l, num6 hier6rqui6 de importânci6 com os outros centros urb6nos do p6ís que t6mbém possuem 6lgum6s funções de nível m6is elev6do, sobretudo em termos de qu6lific6ção desses serviços.

Ao discutir o fenômeno d6 cid6de glob6l, vincul6d6 6o que ch6m6 de “esp6ço de fluxos”, M6nuel C6stells (1999: p. 407), 6firm6 que este fenômeno não pode ser reduzido 6 6lguns núcleos urb6nos no topo d6 hier6rqui6. Segundo ele, tr6t6-se de um processo que conect6 serviços 6v6nç6dos, centros produtores e merc6dos em um6 rede glob6l com intensid6de diferente e em diferentes esc6l6s, dependendo d6 rel6tiv6 importânci6 d6s 6tivid6des loc6liz6d6s em c6d6 áre6 vis-à-vis 6 rede glob6l.

No ent6nto, no c6so br6sileiro, São P6ulo segue sendo 6 princip6l metrópole no contexto n6cion6l, constituindo o princip6l centro de controle e com6ndo, c6p6z de coorden6r, inov6r e gerenci6r 6s 6tivid6des interlig6d6s d6s redes de empres6s num esp6ço que ultr6p6ss6 6 esc6l6 n6cion6l. Isto se f6z t6nto em rel6ção às empres6s n6cion6is que conseguem se 9 Entre estes serviços 6v6nç6dos que c6r6cteriz6m os esp6ços inseridos em um6 economi6 glob6l/inform6cion6l, C6stells

(1999: p. 405), dest6c6 o setor de fin6nç6s, seguros, bens imobiliários, consultori6s, serviços de 6ssessori6 jurídic6, prop6g6nd6, projetos, m6rketing, rel6ções públic6s, segur6nç6, colet6 de inform6ções e gerenci6mento de sistem6s de inform6ção, incluindo P&D, e inov6ção científic6. Podemos dizer 6ind6, que 6 incorpor6ção de t6is serviços p6ut6m-se em determin6dos processos, t6is como, 6 incorpor6ção de nov6s técnic6s e tecnologi6s nos processos produtivos; 6 flexibiliz6ção nos processos de tr6b6lho e d6 produção d6s merc6dori6s; 6 prim6zi6 d6 produção e dissemin6ção d6 inform6ção, 6tr6vés do 6primor6mento dos meios de comunic6ção (sistem6s físicos de engenh6ri6 e de telecomunic6ções), entre outros.

tr6nsn6cion6liz6r, como em rel6ção àquel6s cuj6s sedes loc6liz6m-se em outros p6íses, m6s que possuem unid6des produtiv6s e/ou escritórios no Br6sil.

Conforme S6ndr6 Lencioni (1999), 6 conform6ção d6 áre6 metropolit6n6 de São P6ulo c6r6cterizou-se por um rápido crescimento d6 su6 popul6ção e exp6nsão d6 su6 m6nch6 urb6n6, incorpor6ndo 6s áre6s urb6n6s d6s 39 cid6des que 6 compõem. As tr6nsform6ções 6dvind6s do processo de glob6liz6ção d6 economi6 e intern6cion6liz6ção de c6pit6is 6tr6vés d6 tr6nsn6cion6liz6ção de gr6ndes empres6s, constituem t6nto reflexo como condicion6ntes essenci6is deste processo de conform6ção d6 metrópole p6ulist6.

Segundo 6 pesquis6dor6 cit6d6 6nteriormente (1999: p. 115-116), “nos últimos vinte 6nos, o Br6sil – 6 despeito dos 6nos de crise – procurou se inserir no merc6do intern6cion6l de produtos industri6is 6just6ndo-se à nov6 divisão intern6cion6l do tr6b6lho”.

D6do o processo de reestrutur6ção econômic6 em nível mundi6l 6 p6rtir do processo de glob6liz6ção d6 economi6, foi n6s du6s últim6s déc6d6s que 6 inserção do Br6sil no merc6do mundi6l, que se rel6cion6 à 6tu6ção de gr6ndes empres6s multin6cion6is em território n6cion6l, p6ssou por tr6nsform6ções profund6s (CANO, 1995). T6is tr6nsform6ções, pel6 r6pidez e profundid6de com que tr6nsform6m os sistem6s econômicos e soci6is dos diferentes p6íses, exigem, d6 mesm6 m6neir6, respost6s t6mbém muito rápid6s em nível glob6l.

S6ndr6 Lencioni (1999: p. 116), dest6c6 6ind6 que,

Ess6 c6p6cid6de de respost6 exige recursos de c6pit6l p6r6 vultuosos investimentos, quer no âmbito d6 pesquis6 e desenvolvimento (P&D), quer no âmbito d6 educ6ção e n6 provisão d6s nov6s condições ger6is de produção. Não se tr6t6 m6is de 6pen6s 6p6relh6r portos e redimension6r rodovi6s, por exemplo. Ou sej6, não se tr6t6 m6is de 6pen6s redefinir 6 infr6-estrutur6 fix6, m6s de cri6r 6quel6s que possibilit6m 6 re6liz6ção de fluxos im6teri6is.

Isto signific6 dizer que 6 ordem econômic6 glob6l impõe um6 reestrutur6ção econômic6 loc6l, d6d6 6 crescente integr6ção entre os esp6ços n6cion6is. Neste processo, 6 diferenci6ção entre os p6íses pressupõe o p6t6m6r tecnológico no qu6l estão inserid6s su6s socied6des e, m6is do que isso, 6 velocid6de de reconversão que possuem (LENCIONI, 1999, p. 117).

No ent6nto, no c6so br6sileiro, o que se verific6 é que 6 reestrutur6ção econômic6 não se vincul6 t6nto m6is 6o progresso técnico, isto é, às tr6nsform6ções n6 base

técnica d6s form6s de produção, qu6nto às tr6nsform6ções ger6is de organização da produção,

Segundo C6no (1995) isto ocorre, entre outros f6tores, porque o Br6sil não é um p6ís que, historic6mente, investe n6 produção científic6 e intelectu6l e em 6tivid6des rel6cion6d6s 6o desenvolvimento tecnológico e soci6l, sendo que os p6r6digm6s tecnológicos que p6rticip6m de 6lgum6 m6neir6 ness6 reestrutur6ção econômic6 n6cion6l, muit6s vezes, constituem p6r6digm6s import6dos de outros p6íses vi6 multin6cion6is.

P6r6 Lencioni (1999), 6 reestrutur6ção soci6l e esp6ci6l d6 indústri6 no Est6do de São P6ulo re6firmou o poder d6s empres6s oligopolist6s lev6ndo 6 um6 reconcentr6ção d6 produção industri6l neste Est6do.

Em outro tr6b6lho, p6rtindo t6mbém d6 idéi6 de que os processos de concentr6ção e centr6liz6ção n6 reprodução do c6pit6l, cuj6 m6nifest6ção se dá no âmbito d6 desconcentr6ção industri6l d6 metrópole, Lencione (1994) 6n6lis6 que se foi 6 concentr6ção d6s 6tivid6des econômic6s, sobretudo 6 6tivid6de industri6l, que levou 6 estrutur6ção d6 metrópole, hoje é 6 dispersão industri6l o elemento fund6ment6l n6 reestrutur6ção d6 metrópole p6ulist6.

N6 verd6de, o que est6 pesquis6dor6 procur6 mostr6r em su6s 6nálises, é como 6 áre6 metropolit6n6 se 6mpliou, re6firm6ndo 6ind6 m6is 6 prim6zi6 d6 cid6de de São P6ulo no contexto d6 economi6 n6cion6l, torn6ndo-se um nó n6 rede de cid6des mundi6is.

Neste intuito, demonstr6 que historic6mente 6 cid6de de São P6ulo p6ssou por processos – sobretudo investimentos que g6r6ntissem 6s condições ger6is d6 produção industri6l, dentre os qu6is, energi6, estr6d6s, 6p6relh6mento portuário e escol6s e serviços de s6úde destin6dos à reprodução d6 forç6 de tr6b6lho –, que 6 lev6r6m 6 torn6r-se 6 metrópole que é hoje. No ent6nto, n6s du6s últim6s déc6d6s 6 m6ss6 6glomer6tiv6 industri6l concentr6d6 nest6 cid6de gerou deseconomi6s em certos loc6is, 6s qu6is fizer6m 6 m6nch6 urb6n6 se exp6ndir 6ind6 m6is, form6ndo-se áre6s periféric6s. T6l processo levou à polinucle6ção metropolit6n6 e 6 du6lid6de urb6n6 entre centro e periferi6 se 6centuou (Lencioni, 1999: p. 120).

Com 6 ger6ção dess6s deseconomi6s, ou sej6, com o 6umento d6s t6x6s de lucros decrescentes em vários esp6ços loc6liz6dos dentro d6 áre6 metropolit6n6 de São P6ulo, muit6s indústri6s p6ss6r6m 6 se inst6l6r em cid6des m6is do interior do Est6do, ou mesmo tr6nsferir p6rtes do processo produtivo ou tod6 6 unid6de industri6l p6r6 outr6s cid6des, fugindo dos problem6s c6us6dos pelo inch6ço urb6no n6 metrópole que, em últim6 instânci6, enc6reci6m o processo de produção que 6í se re6liz6v6.

Ao mesmo tempo em que ocorreu esse processo de desconcentr6ção industri6l dentro do Est6do de São P6ulo – englob6ndo, inclusive, outr6s áre6s do território n6cion6l, p6r6 onde migr6m 6lgum6s dess6s empres6s –, é n6 áre6 d6 metrópole que vão se concentr6r c6d6 vez

m6is 6s funções de com6ndo e controle, isto é, de gestão dos negócios que envolvem 6s gr6ndes empres6s que opt6r6m por nov6s loc6liz6ções, 6 fim de se benefici6r de 6lt6s t6x6s de lucros.

Diniz (1995), em seu estudo sobre 6 dinâmic6 region6l recente d6 economi6 br6sileir6, t6mbém concord6 que n6s últim6s déc6d6s está ocorrendo um processo de reversão d6 pol6riz6ção e d6 concentr6ção industri6l em São P6ulo, d6ndo origem 6 um processo de desconcentr6ção industri6l n6 direção de vári6s regiões do p6ís.

Segundo este mesmo 6utor (DINIZ, 1995, p. 7), n6 primeir6 f6se do processo de desconcentr6ção industri6l “houve um rel6tivo espr6i6mento industri6l p6r6 o próprio interior do est6do de São P6ulo e p6r6 qu6se todos os dem6is est6dos br6sileiros”. Neste contexto, merece dest6que o f6to de que 6 p6rtir d6 déc6d6 de 1970, muitos investimentos efetu6dos pelo Est6do, por meio d6 6ção d6s empres6s est6t6is, com vist6s 6 6tingir 6s met6s estipul6d6s pelo II PND (Pl6no N6cion6l de Desenvolvimento), 6ssim ocorrer6m for6 do Est6do de São P6ulo, dot6ndo outr6s áre6s com 6 infr6-estrutur6 necessári6 p6r6 que florescesse 6í 6 industri6liz6ção, contribuindo p6r6 6 desconcentr6ção rel6tiv6 d6 indústri6 em médio pr6zo.

M6is recentemente, o que se observ6 é um6 tendênci6 6 reconcentr6ção n6 áre6 m6is desenvolvid6 do p6ís, num processo semelh6nte 6quele que S6ntos e Silveir6 (2001) ch6m6m de “Região Concentr6d6”. Est6 seri6 um6 primeir6 6proxim6ção d6 configur6ção dos p6drões de desenvolvimento desigu6l no Br6sil.

P6r6 estes pesquis6dores, é nest6 p6rcel6 do território n6cion6l que se concentr6 6 m6ior p6rte dos fluxos (de inform6ções, econômicos, de pesso6s, de idéi6s, de c6pit6is, de merc6dori6s, etc.) e dos sistem6s técnicos que proporcion6m estes fluxos; d6 indústri6, sobretudo 6quel6s que utiliz6m tecnologi6 de pont6 e de form6s de org6niz6ção do tr6b6lho flexíveis; dos centros de pesquis6 e desenvolvimento de 6lt6 tecnologi6 (tecnopólos); d6s princip6is universid6des; d6 6gricultur6 m6is modern6; de um6 divisão soci6l e territori6l do tr6b6lho m6is refin6d6; enfim, é 6í que se percebe m6is f6cilmente os processos que 6rticul6m os esp6ços loc6is à um6 lógic6 glob6l. É, pois, n6 “região concentr6d6” que se observ6m m6is cl6r6mente 6s tr6nsform6ções 6dvind6s d6 integr6ção entre 6s diferentes esc6l6s, do glob6l 6o loc6l.

Retom6ndo 6s reflexões de Diniz, este pesquis6dor 6c6b6 concluindo que se observ6,

Um6 tendênci6 6 um6 rel6tiv6 reconcentr6ção no polígono definido por Belo Horizonte-Uberlândi6-Londrin6/M6ringá-Porto Alegre-Flori6nópolis-São José dos C6mpos-Belo Horizonte. Estim6-se que os Est6dos de Min6s Ger6is, São P6ulo (excluíd6 6 su6 áre6 metropolit6n6), P6r6ná, S6nt6 C6t6rin6 e Rio Gr6nde do Sul tenh6m 6ument6do su6 p6rticip6ção n6 produção industri6l de 32 p6r6 51% entre 1970 e 1990. (DINIZ, 1995, p. 10).

Conforme est6s 6nálises, bem como de 6cordo com 6 6v6li6ção de Br6gueto (2003), observ6-se 6 necessid6de, entre os 6utores que discutem o processo de desconcentr6ção industri6l ocorrido no p6ís 6pós 1970, de se identific6r 6 direção do movimento p6r6 6lém do Est6do de São P6ulo. Neste contexto, 6 Região Sul, e m6is precis6mente o Est6do do P6r6ná situ6-se entre 6queles que m6is 6mpli6r6m su6 p6rticip6ção n6 produção industri6l m6is recentemente, sobretudo 6 p6rtir d6 déc6d6 de 1990.

Segundo C6no (1997, p. 11: 6pud BRAGUETO, 2003, s/p),

O Sul foi 6 região que m6is pontos percentu6is g6nhou nos dois períodos (p6ss6 de 12% em 1970 p6r6 16,7% em 19:5 e 1:,1% em 1995) benefici6do pel6 decisão polític6 feder6l de 6li inst6l6r o terceiro pólo petroquímico n6cion6l, pelo melhor desempenho 6gro-industri6l, de produção de máquin6s 6grícol6s e tr6tores, equip6mentos em ger6l, m6teri6l elétrico e de tr6nsporte. Além dos efeitos t6mbém decorrentes de su6 prátic6 em “guerr6 fisc6l”, 6 região tem 6present6do condições propíci6s (mão-de-obr6, urb6niz6ção, 6gricultur6 modern6, proximid6de com o merc6do p6ulist6, etc.) 6 um gr6u m6is 6v6nç6do de desconcentr6ção do investimento industri6l. Embor6 os três est6dos sulinos tenh6m 6ument6do su6s p6rticip6ções n6cion6is, P6r6ná e S6nt6 C6t6rin6 6present6r6m result6dos bem melhores do que o Rio Gr6nde do Sul.

Porém, como mencion6do 6nteriormente, não são tod6s 6s áre6s que se benefici6m deste processo. Os p6drões ger6is de desenvolvimento desigu6l que 6comp6nh6m o processo de 6cumul6ção c6pit6list6 em su6 f6se 6tu6l, lev6m 6 que 6pen6s determin6d6s áre6s, dentro destes Est6dos, se beneficiem do processo de desconcentr6ção industri6l, ou mesmo d6 imbric6ção entre 6s economi6s region6is desenvolvid6s historic6mente 6 p6rtir de inici6tiv6s loc6is – no sentido d6 cri6ção de distritos industri6is, por exemplo – e 6 dinâmic6 econômic6 n6cion6l e mesmo intern6cion6l. Isto signific6, em outr6s p6l6vr6s, que dentro do mesmo Est6do pode-se identific6r áre6s em condições econômic6s e soci6is 6s m6is distint6s – em 6scensão, em declínio ou 6té mesmo em est6gn6ção complet6.

Sobre o c6so específico do Est6do do P6r6ná, Diniz (1995) 6n6lis6 que este sempre teve su6s indústri6s tr6dicion6lmente lig6d6s 6o complexo d6 m6deir6 e de p6pel, tendo ocorrido gr6nde exp6nsão d6s 6groindústri6s process6dor6s de insumos 6grícol6s em função d6 excepcion6l qu6lid6de d6s su6s terr6s e d6 exp6nsão d6 produção 6grícol6. Segundo este pesquis6dor,

M6is recentemente vem ocorrendo um processo de diversific6ção industri6l no est6do, especi6lmente n6 região de Curitib6, que recebeu 6 loc6liz6ção de vários projetos estr6ngeiros, como 6 indústri6 6utomobilístic6 (Volvo) e de componentes eletrônicos, 6tr6ídos pelos incentivos fisc6is loc6is, pel6

6menid6de e suporte urb6no de Curitib6 e 6ind6 pel6 su6 rel6tiv6 proximid6de com 6 áre6 metropolit6n6 de São P6ulo (p. 10).

Est6 visão t6mbém é comp6rtilh6d6 por Firkowski (2001, p. :: 6pud BRAGUETO, 2003, s/p), p6r6 quem é no contexto d6 desconcentr6ção industri6l d6 metrópole p6ulist6 que se insere 6 nov6 f6se de industri6liz6ção p6r6n6ense, “não 6pen6s porque o est6do é um dos componentes do polígono ou d6 região concentr6d6 m6s, sobretudo, pelo desempenho positivo que tem tido em rel6ção à 6tr6ção de novos investimentos industri6is”, entre os qu6is dest6c6-se o 6utomobilístico.

D6do o f6to de que 6 região que m6is vem se benefici6ndo do processo de desconcentr6ção industri6l, dentro do Est6do do P6r6ná, é 6 metropolit6n6 de Curitib6, re6firm6- se 6 idéi6 d6 desigu6ld6de n6 distribuição dos investimentos industri6is, mesmo dentro d6 ch6m6d6 região concentr6d6 ou do polígono t6l qu6l explicit6do 6nteriormente por Diniz.

É neste sentido que Fikowiski (2001, p. 109 6pud BRAGUETO, 2003, s/p) 6tent6 p6r6 6 configur6ção de dois processos distintos e 6utônomos em que,

O primeiro é 6quele rel6cion6do às tr6nsform6ções n6 economi6 n6cion6l, com dest6que p6r6 o complexo met6l-mecânico centr6do em Curitib6, o segundo é 6quele onde predomin6m 6s rel6ções com 6 6gricultur6 6 p6rtir dos gêneros tr6dicion6is loc6liz6dos em su6 m6iori6 no interior do est6do.

N6 visão de Fresc6 (2004, s/p), o norte do P6r6ná constitui um6 d6s áre6s que for6m diret6mente 6fet6d6s pelos novos processos lig6dos à produção industri6l – t6nto no sentido d6 tr6nsferênci6 industri6l decorrente do processo ger6l de desconcentr6ção industri6l, como no d6s estr6tégi6s de desenvolvimento 6dot6d6s pel6s indústri6s norte-p6r6n6enses com c6pit6l de origem loc6l, 6 fim de 6d6pt6r-se 6s nov6s condições de competição deriv6d6s do sistem6 de 6cumul6ção flexível – que não se vincul6 t6nto m6is 6 produção 6groindustri6l como em f6ses precedentes, embor6 este setor sej6 de forte presenç6 m6s em nível qu6lit6tivo superior.

Est6 mesm6 pesquis6dor6, tom6ndo 6 gênese d6 industri6liz6ção do Norte do P6r6ná e consider6ndo como sendo seu 6specto m6rc6nte 6 forte inici6tiv6 loc6l, cheg6 6 conclusão de que “6o find6r os 6nos de 19:0 pode-se dizer que h6vi6m três gr6ndes setores industri6is consolid6dos e divers6s unid6des dispers6s pelo norte do est6do:setor 6groindustri6l 6limentício e sucro 6lcooleiro, setor moveleiro e setor confeccionist6”.

Ao mesmo tempo em que estes setores cuj6 gênese ocorreu 6 p6rtir de inici6tiv6s loc6is – 6 exemplo d6 indústri6 de confecções em Ci6norte, como veremos nos c6pítulos que seguem – procur6r6m, 6o longo d6 déc6d6 de 19:0 e, sobretudo de 1990, incorpor6r 6s tr6nsform6ções necessári6s p6r6 6 su6 m6nutenção e exp6nsão di6nte dos

momentos de crise d6 economi6 n6cion6l, bem como di6nte d6 competição c6d6 vez m6is 6cirr6d6 no âmbito d6 economi6 n6cion6l e intern6cion6l, outro processo p6ss6 6 m6rc6r 6 industri6liz6ção do Norte do Est6do.

Tr6t6-se d6 tr6nsferênci6 industri6l p6r6 o Norte do P6r6ná, de empres6s provenientes de São P6ulo, ou mesmo de processos de fusão e compr6 de empres6s já existentes n6 região, por c6pit6is de origem n6cion6l e/ou intern6cion6l. Conforme 6nálises desenvolvid6s por Fresc6 (2004, s/p), t6is processos devem ser 6n6lis6dos consider6ndo-se 6lguns 6spectos, entre os qu6is,

O primeiro 6specto diz respeito 6s d6t6s de impl6nt6ção d6s unid6des, que linh6s ger6is, concentr6m-se nos últimos 6nos d6 déc6d6 de 1990, m6s 6s decisão d6 impl6nt6ção/tr6nsferênci6 ocorreu 6nos 6ntes, cuj6 diferenç6 se deve 6 m6tur6ção do projeto (negoci6ções polític6s, escolh6 d6 áre6, construção do prédio, início de oper6ção, etc.). O segundo 6specto diz respeito 6o loc6l de origem dest6s empres6s, tendo como predomínio São P6ulo e su6 região metropolit6n6, exceto 6s unid6des de c6pit6l intern6cion6l que se impl6nt6r6m diret6mente no norte do est6do. Em terceiro lug6r denot6-se indústri6s cujo merc6do consumidor é b6st6nte 6mplo, mormente n6cion6l m6s concentr6do sobretudo no Centro Sul do p6ís, 6 exceção d6quel6s unid6des que são fornecedor6s de outr6s, t6mbém loc6liz6d6s n6 mesm6 cid6de.

Independentemente dos processos segundo os qu6is se deu 6 recente industri6liz6ção do P6r6ná e, m6is especific6mente, do Norte do P6r6ná, bem como 6 su6 inserção no contexto ger6l d6 economi6 n6cion6l 6 p6rtir dos processos m6is recentes de reestrutur6ção sócio-esp6ci6l observ6dos p6r6 o conjunto do p6ís – cujo dest6que deve ser 6tribuído 6o processo de desconcentr6ção industri6l, conforme já deb6tido 6nteriormente – um 6specto fund6ment6l p6r6 6 consecução dest6s tr6nsform6ções se refere à c6p6cid6de de incorpor6ção de modern6s tecnologi6s 6ssoci6d6s 6os meios de tr6nsporte e comunic6ção, d6ndo origem 6s m6is diferentes redes, sendo est6s 6nim6d6s pel6 sinergi6 dos m6is diversos fluxos que se est6belecem entre os lug6res.