• Nenhum resultado encontrado

3 O ESPAÇO E O TEMPO DO COTIDIANO VIVIDO

3.3 A formação social do NEI: estrutura e funcionamento

3.3.1 Formação dos funcionários

Nº CARGO FORMAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO Carg/Hor.

01 Diretora

Magistério/Adicional Pré-Escolar Em Curso: Pedagogia Ed. Infantil e

Séries Iniciais

40 horas

02 Supervisora Educacional

Pedagogia Supervisão Escolar e Educação Especial D.M.

Especialização em Metodologia do Ensino e

Educação Física Infantil Em curso Mestrado em Educação 40 horas 03 Auxiliar de Ensino Magistério/Adicional Pré-Escolar Em Curso: Pedagogia Ed. Infantil e

Séries Iniciais 04 Professora efetiva de educ. fisica Educação Física Especialização Em curso, Mestrado em Educação 40 horas 05 Professora

Efetiva Pedagogia Pré-Escolar

Especialização em Educação Infantil e Séries

Iniciais

40 horas

06 Professora Efetiva

Magistério/Adicional Pré-Escolar Em Curso: Pedagogia Ed. Infantil e

Séries Iniciais

40 horas

07 Professora Efetiva

Em Curso: Pedagogia Ed. Infantil e

Séries Iniciais 40 Horas

08 Professora

Efetiva Pedagogia Pré-Escolar

Especialização em Educação Infantil e Séries

iniciais

40 horas

09 Professora substituta

Magistério/Adicional Pré-Escolar Em Curso: Pedagogia Ed. Infantil e

Séries Iniciais

10 Auxiliar de sala/efetiva

Ensino Médio

Em curso: magistérios séries iniciais e Educação Infantil

30 horas

11 Auxiliar de sala/efet.

Ensino Médio

Em curso: magistérios séries iniciais e Educação Infantil

12 Auxiliar de sala/efet.

Magistério

Em curso:Pedagogia Ed. Infantil e Séries Iniciais

30 horas

13 Auxiliar de sala/efet.

Ensino Médio

Em curso: magistérios séries iniciais e Educação Infantil

30 horas

14 Auxiliar de sala(subst.)

Em Curso: Pedagogia Educação

Infantil e Séries Iniciais 30 horas

15 Auxiliar de sala/subst

Em Curso: Pedagogia Educação

Infantil e Séries Iniciais 30 horas

16 Auxiliar de

sala (subst.) Pedagogia Pré-Escolar 30 horas

17 Auxiliar de sala(Subst.)

Pedagogia Educação Infantil e Ensino

Fundamental 30 horas

18 Vigia Ensino Médio 40 horas

19 Merendeira Ensino Fundamental Tercerizada 30 horas

20 Merendeira Ensino Médio Tercerizada 30 horas

21 Merendeira Ensino Fundamental inconpleto Tercerizada 30 horas

22

Aux. Serviços

gerais

Ensino Fundamental incompleto Tercerizada 30 horas

FIGURA 2 – QUADRO DO NÍVEL DE FORMAÇÃO DO CORPO DOCENTE E FUNCIONÁRIOS DO NEI CARIANOS

Fonte: Projeto Político Pedagógico, 2004

Como podemos perceber, o nível de formação do corpo docente era alto, sendo mais da metade composta por professoras e auxiliares de sala efetivas, com nível superior ou cursando. Tanto as professoras efetivas como as substitutas tinham um comprometimento integral, ou seja, tinham uma carga horária de 40 horas semanais46. Já as auxiliares de sala, efetivas ou substitutas, tinham uma carga horária de 30 horas semanais47. Das quatro auxiliares de sala efetivas, três estavam cursando o magistério e uma pedagogia48, assim como as quatro auxiliares substitutas. Vemos que a proporção é de quatro professoras efetivas para uma substituta, e de quatro auxiliares efetivas para quatro auxiliares substitutas.

Esses dados em particular vêm demonstrar um quadro diferente do encontrado por Cerizara (1996) no seu estudo de doutoramento49. Na amostra que essa pesquisadora analisou

46

O horário de entrada na instituição era às 8 horas e o de saída era às 12 horas.

47

O horário da professora auxiliar era diferente, a entrada era às 7 horas e a saída era às 13 horas.

48

O curso de pedagogia era oferecido pela Secretaria de Educação e funcionava à distancia .

49

Tese elaborada sobre a construção da identidade das profissionais de Educação Infantil, tendo como campo de pesquisa as instituições de Educação Infantil do município de Florianópolis.

na época, 56% das professoras que atuavam diretamente com crianças na Educação Infantil eram substitutas, demonstrando uma rotatividade mais freqüente dessas profissionais em relação às auxiliares de sala, que permaneciam muitos anos na mesma instituição. Os dados que encontrei são inversos, ou seja, a rotatividade maior se dá com a auxiliar de sala50. Será este um sinal de mudança em conseqüência da institucionalização de uma nova categoria profissional? A categoria auxiliar de sala, sem a obrigatoriedade de habilitação específica e pertencentes ao quadro civil será extinta? À medida que essas profissionais passarem a ter habilitação, passarão também para o quadro das professoras auxiliares, sem a necessidade de fazerem concurso? Essas profissionais continuarão a ser estigmatizadas na função , aquelas a quem cabe o “trabalho braçal”, enquanto às professoras cabe o trabalho intelectual que historicamente se constituiu? Terão essas profissionais lugar e vez num planejamento compartilhado com as professoras?

Na instituição estudada evidencia-se que as auxiliares de sala estão em busca de uma maior profissionalização via habilitação. Minhas hipóteses para as razões dessa ocorrência são:

a) A entrada de professores com habilitação para o exercício da função. b) O baixo prestígio social da função junto às crianças e professoras.

c) As novas concepções de criança, de cuidado e de educação, que vem fazendo parte das discussões da instituição.

d) A busca pela legitimação de sua participação nas decisões dentro da instituição. Percebeu-se nessa instituição uma preocupação com a participação de todas as educadoras e pais na elaboração do Projeto Político Pedagógico para a unidade. As discussão realizada entre as educadoras do NEI, como resultado das análises dos registros/avaliações do cotidiano de 2003, serviram como ponto de partida para a elaboração do PPP51 de 2004. Decidiram manter os conceitos e os princípios do Projeto de 2002, por acreditarem que eles continuavam a dar base ao trabalho desenvolvido com as crianças. Na construção do projeto a instituição buscou a parceria com as famílias através da APP52.

50 Esta instituição em seu PPP considera professora auxiliar todas as profissionais, mesmo as que ainda pertencem ao quadro civil, em que oficialmente a denominação de sua função aparece como auxiliar de sala. 51 Projeto Político Pedagógico

O grupo de educadoras do NEI concebem a instituição como um “espaço educativo de caráter coletivo, diferente da família, mas que complementa, amplia e respeita a realidade familiar de cada criança nos aspectos religiosos, morais, culturais e raciais”(PPP 2004).

Nesse sentido, o professor “é aquele que planeja a intervenção educacional, parceiro mais experiente, mediador e enriquecedor das interações estabelecidas no NEI. Deve proporcionar às crianças o cuidado básico e o acesso aos conhecimentos” (PPP 2004).

O grande desafio da instituição, implícito no Planejamento Estratégico Situacional (PES)53, é a utilização/aplicação do Planejamento Político Pedagógico em todas as ações do NEI, quer nos planejamentos dos grupos, quer na relação com as famílias ou nas relações interpessoais, pois as profissionais enfrentam sérios problemas no que se refere à estrutura física do estabelecimento, que impõe a não efetivação do compromisso com uma Educação Infantil de qualidade.

No Planejamento Estratégico Situacional dessa instituição, há algum tempo aparece como um dos grandes problemas, o cerne de todos os nós críticos, a falta de uma sede própria.

Os princípios norteadores do PPP são os direitos das crianças54 e a concepção teórico- metodológica que alicerça o trabalho desenvolvido aponta para um visão histórica crítica e social. A concepção de criança e de Educação Infantil que orienta o trabalho do NEI é expressa no PPP da instituição: a criança é “um ser ativo, criativo, repleto de emoções e descobertas. Está em processo dinâmico de desenvolvimento. Necessita dos outros para mediar ou ampliar o seu conhecimento.” (PPP 2004)

Conforme o PPP, a instituição conta com o apoio da Associação de Pais e Professores, na sua luta por uma sede própria e a fim de garantir integralmente às crianças seus direitos.

Apesar de não constar no PPP, apresentam-se institucionalizada as reuniões com os pais, realizadas bimestralmente no período noturno, na tentativa de possibilitar a participação da maioria deles.

As crianças tinham direito a duas refeições, uma quando chegavam na instituição, chamada de lanche, e outra que acontecia geralmente às 11 horas, quando elas retornavam do parque, o almoço. Geralmente duas crianças acompanhavam a professora ou a auxiliar de sala

53 Parte integrante do PPP

54 Documento do MEC/SEF/COED, de Maria Malta Campos e Fulvia Rosemberg, 1995. A esses direitos foram acrescentados: respeitar a aprendizagem, a participação e as interações da criança; garantir as reuniões pedagógicas mensais e dos grupos de estudos; promover a integração do NEI com as famílias das crianças e com a comunidade; garantir o acesso e permanência de crianças portadoras de necessidades especiais.

até a porta da cozinha, onde recebiam os utensílios e a comida das merendeiras. Professora e auxiliar procuravam fazer um rodízio entre elas, dando oportunidade a todas que quisessem ajudar. A refeição era feita na sala de referência.

Em relação ao trabalho com as crianças, o PPP prevê que o cotidiano deverá ser planejado e organizado pelas professoras para o seu grupo e/ou demais grupos de crianças. No cotidiano estão incluídos a entrada, o lanche, as ações educativo-pedagógicas, o parque coletivo o almoço e a saída. Prevê também que além dos projetos organizados pelas professoras de cada grupo, serão elaborados projetos coletivos, que prevêem eventos maiores, organizados por uma comissão geral eleita pelo grupo para a organização e a distribuição de tarefas entre todas as profissionais da instituição. É comum também, esses projetos coletivos, acontecerem fora da instituição e em parceria com pessoas da comunidade. Exemplos desses projetos são a Festa da Família, a Festa Junina e outras.