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2.1.2 – Função de produção

No documento Economia das organizações (páginas 71-74)

Vimos anteriormente qual é a finalidade da empresa. Nossa preocupação agora é enten- der o seu funcionamento. Já sabemos que a empresa é uma unidade de produção. Sua atividade consiste em transformar insumos nos produtos que consumimos. Nessa seção, estudaremos o comportamento da produção da empresa.

O modo escolhido pela empresa para transformar insumos em produto pode variar muito. Existem literalmente milhões de maneiras diferentes de produzir. Quer dizer que a empresa pode escolher entre um sem número de maneiras distintas de organizar a sua produção.

Na Economia usamos o conceito de função de produção para descrever como a uma empresa produz. Essa função é uma forma de descrever teoricamente as capacidades produtivas da empresa. Isto é, a função de produção mostra como a empresa emprega diferentes fatores de produção para transformar insumos em produto.

Para entender o conceito de função de produção vamos usar como exemplo uma fazenda. Já dissemos que uma empresa transforma insumos em produto. Vamos inicialmente conceituar o que é um insumo e o que é o produto.

Quais são os recursos necessários para que a nossa fazenda possa iniciar a sua produção? É certo que será preciso terra e também mão-de-obra. Além disso, será necessária a utili- zação de sementes, adubo, ferramentas etc.

Então quando dizemos que uma empresa emprega insumos para produzir estamos nos referindo aos recursos utilizados na produção. Mas atenção! Não confunda insumo com matéria-prima. Quando falamos em insumos estamos nos referindo a todos os tipos de recursos produtivos que uma empresa emprega. Não apenas matéria-prima. A maté- ria prima é um insumo, mas nem todo insumo é matéria-prima. No exemplo da nossa fazenda a mão-de-obra é um insumo, mas não é uma matéria-prima.

Considere, por exemplo, que a quantidade total produzida pela empresa seja Y. Vamos imaginar que nossa empresa empregue dois fatores de produção no seu processo pro- dutivo. Esses fatores são o capital, que vamos representar pela letra K, e trabalho (mão-de-obra), que representaremos por L. Além disso, temos a tecnologia que vamos estudar mais adiante.

Matematicamente, podemos representar a relação entre quantidade produzida e utiliza- ção dos fatores de produção da seguinte maneira:

isto é, a quantidade produzida é função dos fatores de produção empregados. Ou, dito de outra maneira, a empresa transforma insumos em produto.

À medida que a empresa aumenta a quantidade produzida utiliza cada vez mais insumos. A proporção em que cada um dos insumos é empregado será determinada pela tecnolo- gia de produção adotada. Veremos isso mais adiante. Por enquanto vamos analisar quais fatores a empresa pode ajustar livremente e quais ela não pode alterar.

Se um fator de produção não puder ser livremente ajustado para atender as necessidades de produção da empresa, o que aconteces se, por exemplo, a empresa quiser produzir cada vez mais?

Por exemplo, imagine que a empresa decida aumentar a sua produção. De início, a empresa pode aumentar o emprego de mão-de-obra contratando mais trabalhadores. E com isso aumentará a quantidade produzida. Mas a empresa não pode aumentar o número de trabalhadores indefinidamente. Será preciso aumentar a área de produção, ou seja, o capital.

Se tentasse empregar mais e mais mão-de-obra em algum momento não haveria mais espaço para tantos trabalhadores. Isso, de fato, acontecerá se a área de produção – a quantidade de terra – não se alterar.

Ocorre que a empresa pode contratar e demitir trabalhadores livremente, mas não pode aumentar o tamanho da área de cultivo de uma hora para outra. A Quantidade de terra não pode ser ajustada rapidamente. A empresa levará um tempo até encontrar uma área que sirva aos seus propósitos, concretizar a transação, cumprir os trâmites legais, fazer as benfeitorias necessárias etc.

Essas considerações nos levam a uma importante distinção. Precisamos dividir os fatores de produção em fixos e variáveis. Fatores fixos são aqueles que permanecem inalterados à medida que a produção da empresa aumenta ou diminui. Fatores variáveis são aqueles que se alteram à medida que a empresa aumenta ou diminui a sua produção.

Se uma empresa quiser expandir ou reduzir a sua produção poderá ajustar quantidade de fatores variáveis. Já os fatores fixos não estão diretamente relacionados com o nível de produção. Por exemplo, as máquinas, edifícios, instalações etc.

Da definição de fatores fixos e variáveis decorrem outros dois conceitos importantes na Economia. Curto prazo e longo prazo. É muito importante entender a distinção entre o curto e o longo prazo, porque, como você verá, as decisões da empresa variam a depen- der do horizonte considerado.

O longo prazo é definido como o horizonte de tempo necessário para que a empresa possa alterar todos os fatores de produção. Já o curto prazo é definido como o período de tempo em que uma empresa não pode alterar ao menos um dos seus fatores de produção. Veja que a diferença entre os dois horizontes não é determinada por um período de tempo pré-determinado, mas pela possibilidade de variar os fatores de produção. No curto prazo as empresas não podem variar os fatores fixos. É o caso do nosso exemplo, a quantidade de terra (o capital) não pode aumentar.

No longo prazo a empresa pode alterar não apenas o número de trabalhadores, mas também o tamanho da fábrica, o processo produtivo, o local de produção etc. Portanto, elas podem decidir não apenas quantos trabalhadores querem contratar, mas também qual será a quantidade de capital utilizado.

Por enquanto, vamos analisar o comportamento da empresa no curto prazo. Faremos isso porque as decisões de longo prazo podem ser vistas como uma sequência de suces- sivas decisões de curto prazo. De todo modo, curto prazo e longo prazo são definições complementares. A empresa não terá um fator fixo até decidir a quantidade de capital a ser investido. Mas, uma vez que o investimento feito, a empresa começa a operar no curto prazo.

Vamos então reescrever nossa função de produção. Agora considerando que a empresa opera no curto prazo. Devemos, portanto, fixar o capital de maneira que a função de pro- dução torna-se

em que K denota que o capital está fixo e não pode variar.

A empresa agora deve operar dentro da limitação imposta pela impossibilidade de variar o fator fixo e isso torna a produtividade marginal decrescente. Vamos ver a seguir quando e por que a produtividade marginal se comporta assim.

No documento Economia das organizações (páginas 71-74)