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4.2.1 –Margem Bruta de Contribuição (MBC)

No documento Economia das organizações (páginas 141-144)

Quando estudamos a concorrência perfeita vimos quando a empresa deve parar de pro- duzir e quando ela deve sair do mercado. Se o preço é inferior ao custo total médio, a empresa deve pensar em sair do mercado. Se for menor que o custo variável médio a empresa deve para de produzir.

E como sabemos em que situação a empresa está operando? Um indicador que permite avaliar a situação da empresa é justamente a Margem Bruta de Contribuição (MBC). A margem total representa a diferença entre a receita e o custo variável. Portanto, a margem é o que a empresa tem para, depois de pagar pelos custos variáveis, cobrir os custos fixos e o custo de oportunidade. Se aplicarmos esse conceito à receita gerada pela venda de uma unidade, ou seja, a receita média, essa relação expressa a rentabilidade da venda dessa unidade.

A MBC é a diferença entre a receita e os custos variáveis. Por essa razão, ela não deve ser baixa, uma vez que deve ser suficiente para cobrir, além dos custos fixos, o custo de opor- tunidade. Mas a MBC pode ser usada também para determinar se a empresa pode, por exemplo, reduzir o preço de seus produtos[6].

A MBC é similar ao mark-up. Mas você não deve confundir as duas coisas. O mark-up é calculado adicionando-se ao custo variável um percentual de margem de ganho. A MBC é calculada para conhecer a parcela do preço que cobre o custo variável médio. A MBC é, portanto, calculada depois da venda do produto e mede em quanto o preço foi superior ao custo variável médio. O mark-up é a rentabilidade que você quer, a MBC é o que você conseguiu de rentabilidade.

Podemos calcular a MBC da seguinte forma:

tal que P é o preço de venda do produto – que é o mesmo que receita média – e CVme o custo variável médio. Isto é, a MBC é igual ao preço do produto menos os custos variá- veis de produção. A fórmula de cálculo pode variar, mas a ideia é sempre a mesma. A MBC é um indicador da lucratividade da empresa, pois fornece uma visão da renta- bilidade dos diferentes produtos que a empresa negocia. Se um determinado produto é menos rentável que os demais a empresa pode, por exemplo, tentar reduzir os custos de produção desse item. Ou ainda aumentar o seu preço. Em qualquer caso a empresa deverá encontrar uma maneira de recuperar margem de ganho com esse produto.

Podemos ver agora como a MBC indica a situação da empresa. Se for excessivamente baixa, o preço do produto pode não cobrir todos os custos e a empresa deve avaliar se deve permanecer nesse mercado. Se a MBC for negativa não é aconselhável vender esse

produto, pois o preço é inferior ao custo variável médio. A decisão, nesse caso, é de curto prazo e a empresa deve paralisar essa operação.

Mas é possível que, casos especiais, um produto seja vendido com margem de contri- buição negativa. Por exemplo, a empresa pode decidir vender um pacote de produtos, mesmo que algum desses tenha margem de contribuição negativa. Por quê? Para, por exemplo, impulsionar as vendas de certos itens que não têm saída.

Desde que a margem de contribuição para um conjunto de produtos seja positiva, a venda do pacote trará algum ganho para a empresa. A MBC, portanto, pode ser usada para avaliar a lucratividade da venda de diferentes combinações de produtos da empresa.

4.2.2 –WACC

Quando estudamos o comportamento da empresa vimos que o seu objetivo é ser lucra- tiva. Só assim será possível remunerar o custo de oportunidade. Lembre-se que uma empresa tem origem quando alguém decide correr os riscos da atividade produtiva em troca de uma melhor oportunidade de remuneração para o seu investimento.

Vamos relembrar o que está acontecendo. O custo da oportunidade é o que você deixou de escolher como consequência de sua decisão de usar um recurso escasso para uma determinada finalidade. Logo, o montante de recursos próprios e de terceiros investido na empresa tem um custo de oportunidade. E esse custo deve ser remunerado. Isso signi- fica que precisamos medir o custo de oportunidade de todas as diversas fontes do capital da empresa.

Vamos definir primeiro o que é “custo do capital”. Esse é o custo de oportunidade total do investimento feito na empresa. Queremos saber com isso qual é o resultado necessário para que empresa possa remunerar, além dos custos de produção, o custo de oportuni- dade dos acionistas. E isso inclui o capital próprio – do(s) empresário(s) – e o de terceiros. Mas como podemos medir esse custo?

Para calcular o custo do capital usamos o conceito do custo médio ponderado do capital ou, em inglês, Weighted Average Cost of Capital (WACC).

O cálculo do WACC pode ser feito de mais de uma maneira. Aqui vamos utilizar um método que reparte o capital da empresa de acordo com a sua origem. Por isso vamos calcular o WACC em duas etapas usando a seguinte fórmula:

Em que WACC é o custo médio ponderado do capital, Ke é custo do capital dos acionis- tas ou custo do capital próprio, Kd o custo do capital de terceiros, E o patrimônio líquido da empresa e D o montante de endividamento da empresa.

O custo do capital próprio (Ke) mede o custo de oportunidade dos acionistas. É uma medida subjetiva do custo de oportunidade que os acionistas da empresa tiveram ao escolher investir nesse negócio. Por que, claro, poderiam investir, por exemplo, em outra empresa com perfil e risco semelhantes. Portanto, o custo do capital próprio é a taxa de retorno que os investidores exigiram para realizar o investimento na empresa[7].

O cálculo do custo do capital próprio requer o conhecimento de certas informações extras. Vamos usar uma forma simplificada de cálculo que não considera o custo do capi- tal investido na forma de ações preferenciais. Nesses termos, o custo do capital próprio pode ser mensurado da seguinte maneira:

tal que R é retorno exigido livre de risco, β é a taxa de crescimento esperadada empresa em comparação com o mercado, ou ainda o risco do negócio, e ERm o retorno do mercado. Essa fórmula nos diz que os acionistas exigem uma taxa de retorno mínima. Ela deve ser igual ao retorno de um investimento sem risco mais um prêmio para suportar o risco do negócio. Esse risco extra é comumente chamado de “prêmio de risco”.

O prêmio de risco, por sua vez, deve ser calculado como risco do mercado multiplicado por um parâmetro. Esse parâmetro é o β que pode ser visto como uma medida do risco a que está exposto o empresário ao investir na empresa.

No documento Economia das organizações (páginas 141-144)