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X. O CONTROLO DA QUALIDADE NO PROCESSO DE GESTÃO EDUCACIONAL

10.2. Modalidades e Técnicas de Controlo de Qualidade da Acção Educativa

10.2.6. FUNÇÃO DE MEDIADOR

De acordo com uma resolução do XIX Congresso de Instrução Pública de Genebra (s/d), “o Inspector deve velar pela aplicação das instruções oficiais e, eventualmente, explicar ao professor as modalidades da sua aplicação”.

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Esta recomendação é, também, aplicável a outros profissionais incumbidos de realizara função de controlo, os quais não devem limitar-se a verificar o cumprimento das normas, para informação superior (inspecção tradicional em sentido restrito), mas também desempenhar um papel positivo na criação ou melhoria das condições para a implementação cabal das mesmas. Não sendo o controlo da actividade dos agentes educativos um fim em si mesmo, é sumamente importante que se traduza em inputs ou contribuições com vista ao sucesso do serviço educativo prestado.

Por outro lado, ao visitar as escolas, o inspector e demais profissionais de controlo da qualidade não só devem preocupar-se com a superação das insuficiências. Tão importante como isso é reconhecer os pontos fortes e os sucessos das escolas e mais importante ainda é contribuir para a disseminação entre as instituições educativas das boas práticas pedagógicas e de gestão, contribuindo, desta forma, para premiar moralmente as escolas que atingem sucessos e criar um ambiente propício à construção da excelência nas escolas em geral.

Assim, através da sua função mediadora, o agente responsável pelo controlo da qualidade da educação deve contribuir para superar a imagem negativa legada pela inspecção tradicional e reconciliar-se com as instituições educativas (para cujo sucesso contribui), sem que com isso deixe de ser um profissional comprometido com a qualidade do serviço educativo almejado pela Administração Educativa.

Algumas funções de controlo, como a função mediadora, de assessoramento) parecem ficar comprometidas quando a entidade ou agente que as realiza cumpre tarefas menos simpáticas em relação a agentes indiciados de incumprimento das suas funções e, por isso, passíveis de acção disciplinar.

Porém, mesmo quando se exerce a acção disciplinar, o agente incumbido desta responsabilidade está ao serviço das boas causas e não da repressão pura e simples. Na verdade, averiguações, inquéritos, sindicâncias e até mesmo processos disciplinares não constituem formas de perseguição mas de procura da verdade e da justiça, razão por que os agentes educativos que procuram desempenhar as suas funções com exemplaridade não devem temer essas acções de fiscalização.

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Assim, a mediação que se estabelece nestes momentos críticos pode ser bem aceite se encarada como uma forma de contribuir para mais e melhor qualidade nas escolas.

Hoje em dia, porventura mais do que nunca, evidencia-se a importância do controlo da performance das instituições educativas, tendo em conta a necessidade de o processo de democratização do acesso à educação à escala planetária se fazer acompanhar da garantia efectiva do direito de todos a uma educação de qualidade, aferida em função da contribuição que os sistemas educativos devem dar para o progresso real e sustentável das sociedades e para que os cidadãos e os respectivos países se tornem cada vez mais competitivos, nos mercados nacionais e no mercado global.

Desta abordagem evidencia-se, de forma cristalina, a necessidade de formação e qualificação dos inspectores, gestores e agentes educativos para a assunção cabal da função de controlo da qualidade da educação.

Essa formação deve conciliar a necessidade de polivalência da equipa de controlo com a exigência de especialização de cada um dos seus membros, nas diferentes áreas e modalidades de controlo da qualidade da educação, contribuindo cada um para a performance global do organismo de controlo. Assim, a formação permanente e ao longo da vida, seja ela institucionalizada ou da iniciativa individual do inspector ou agente incumbido da função de controlo da qualidade da educação, apresenta-se como uma exigência inelutável.

Praia, Novembro de 2011 Bartolomeu L. Varela Docente da Universidade de Cabo Verde

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