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Relevância e características do Controlo da Qualidade da Educação

X. O CONTROLO DA QUALIDADE NO PROCESSO DE GESTÃO EDUCACIONAL

10.1. Relevância e características do Controlo da Qualidade da Educação

Se encararmos o Sistema Educativo como uma macro-organização submetida às regras e premissas de administração abordadas neste manual, facilmente compreenderemos que na Administração Educativa ou, dito de outro modo, na Administração do Sistema Educativo devem ser aprimoradas as funções que integram o processo cíclico de gestão, enunciadas acima. Relembramo-las:

a) O Planeamento, enquanto processo de formulação de decisões e objectivos de política educativa, de previsão de metas ou resultados a serem alcançados na prestação dos serviço educativo, numa perspectiva de longo prazo (planeamento estratégico) e de curto prazo (planeamento operacional ou táctico);

b) A Organização, enquanto processo em que se deve assegurar uma ligação lógica entre os diversos elementos que intervêm no sistema educativo, precisando o papel e as funções que cada um e todos (de forma coordenada) devem desempenhar, mediante a afectação racional e eficaz dos recursos humanos, financeiros ou tecnológicos necessários para atingir os objectivos definidos ao nível do planeamento;

c) A Direcção, a Gestão e a Administração, encaradas como funções imanentes ao processo de liderança, a diversos níveis, do Sistema Educativo e que se traduzem na tomada de decisões e na criação de condições que assegurem a eficiência (os processos de actuação) e a eficácia (a perspectiva de resultados) das instituições e organizações educativas;

d) A Execução, encarada como o processo de materialização ou operacionalização das decisões da organização, expressas nos planos, directivas, normas de procedimento da organização. Traduz-se num conjunto de acções e operações que, sob a orientação da direcção e combinando os meios e recursos da organização, visam materializar as decisões, os planos ou projectos, de modo a alcançar as metas pretendidas num determinado horizonte temporal.

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d) O Controlo da Qualidade, entendido como um processo complexo de aferição ou exame do grau de cumprimento dos objectivos e metas fixados.

Função inerente às organizações, instituições e agentes educativos dos diversos níveis do Sistema Educativo (nível central, concelhio e de escola50), o controlo, que obedece a

princípios e regras bem assentes, é implementado através de diferentes modalidades e técnicas (auditoria, supervisão, fiscalização, avaliação, etc.) que têm por denominador comum

a identificação ou aferição dos factores positivos (pontos fortes) que devem ser mantidos, maximizados e disseminados, assim como dos factores negativos (pontos fracos) que devem ser superados, visando a melhoria da organização, a sua passagem a uma fase de maior eficiência e eficácia na prestação do serviço educativo.

Muitas vezes encarado de forma redutora e até pejorativa, como uma espécie de policiamento, o controlo é, todavia, algo fundamental para a performance de qualquer organização, ou seja, para o sucesso de qualquer entidade interessada em obter, de forma contínua, níveis elevados de desempenho. O sistema educativo não foge à regra!

Assim, a função de controlo é inerente ao paradigma das organizações modernas que procuram dotar-se de mecanismos de controlo interno, susceptíveis de ajudá-las a monitorar o seu desempenho, através dos mais adequados procedimentos científicos e técnicos, e a obter inputs no sentido do aprofundamento das boas práticas e dos pontos fortes e da superação ou eliminação das insuficiências e dos pontos fracos, em prol de resultados que satisfaçam as expectativas dos seus clientes ou utentes.

Por outro lado, as organizações modernas, apostadas no sucesso, valorizam na sua justa medida o contributo independente, objectivo, imparcial e científico que podem obter através do controlo externo, exercido por entidades não pertencentes às referidas organizações, como acontece, no Sistema Educativo cabo-verdiano, no âmbito das actividades da Inspecção Educativa, das Equipas Concelhias de Coordenação Pedagógica, etc.

Tanto o controlo interno como o controlo externo são igualmente relevantes, pelo contributo que podem dar para o sucesso das instituições educativas.

50 A função de controlo da qualidade da educação é ou pode ser exercida, a nível das Delegações do MEES, pela

Equipas Pedagógicas; a nível dos Pólos Educativos do Ensino Básico, pelo Gestor e o Núcleo Pedagógico; a nível das Escolas Secundárias, por vários órgãos, nomeadamente o Conselho Pedagógico e o Conselho de Disciplina.

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Do ponto de vista da teoria de sistemas, o Controlo (interno ou externo) pode e deve ser considerado de forma abrangente, obedecendo a um conjunto de princípios, regras e procedimentos, a saber:

a) O Controlo deve ser sistemático e contínuo, o que implica agir antes, durante e depois da actuação da instituição educativa, procurando-se, em qualquer dos casos, melhorar ou mesmo optimizar os resultados (controlo ex-ante, concomitante e superveniente);

b) O Controlo tende a ser exercido em relação à totalidade sistémica, no sentido de que deve considerar a actuação de todos os segmentos da organização (enquanto sistema), procurando verificar e aferir até que ponto essa organização (e cada um dos seus segmentos) concorre para a realização dos fins que prossegue;

c) O Controlo é uma função inerente a toda a organização que, no cumprimento da sua missão, procura alcançar determinadas metas, em horizontes temporais determinados e com base nos recursos de que dispõe. Assim, ainda que encarada como fazendo parte de um sistema mais vasto (sistema educativo, por exemplo), toda a organização (a escola, por exemplo) deve, necessariamente, como vimos, controlar o cumprimento da sua missão e dos objectivos e metas que estabelece, tendo em vista a procura da excelência do respectivo produto ou serviço;

d) O Controlo, para ser eficaz, deve estar disseminado no seio da organização e para além dela, de modo a que cada membro ou stakeholder da organização, assim como cada utente ou cliente desta, possa assumir-se como agente potencial e efectivo de controlo da qualidade do bem produzido ou do serviço prestado por essa mesma organização;

e) O controlo, não sendo um fim em si mesmo, deve obedecer a uma orientação axiológica que propende para a elevação da performance da organização, não devendo cingir-se à mera constatação de erros ou falhas, nem mesmo a uma postura contemplativa face aos avanços e sucessos. De tudo (sucessos e falhas) devem derivar atitudes consequentes para que a organização não fique tolhida na sua evolução, em prol do cumprimento da sua missão.

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f) O Controlo é uma macro-função, que inclui, como referimos acima, diversas funções ou modalidades, como as de Auditoria, Supervisão, Avaliação, Fiscalização e Assessoramento, compreendendo cada uma destas funções as suas especificidades ou tipologias de intervenção, como mais adiante explicitaremos de forma sucinta.