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Fundamentos legais para a revitalização do centro e remodelação do espaço central urbano

No documento Lincoln Nogueira Marcellos.pdf (páginas 110-156)

Capítulo 3 Alterações no espaço público na região central de Guarulhos

3.2 Fundamentos legais para a revitalização do centro e remodelação do espaço central urbano

A proposta de revitalização do centro partiu do projeto de lei de número 477/2001, de autoria do então prefeito Elói Pietá. Considerada uma das principais metas do governo, a revitalização deveria ser discutida por uma comissão especial da qual fizessem parte todos os integrantes da sociedade civil, a fim de julgarem soluções para o crescimento desordenado do centro e a implementação de soluções para a disciplina urbana.

A Lei de número 5.770 de 7 de janeiro de 2002 foi aprovada para revitalização do centro de Guarulhos, Deveriam ser reconfigurados o trânsito, o transporte coletivo, o sistema viário, a infraestrutura, o paisagismo, o desenvolvimento do comércio, dos serviços e do “turismo”, além da criação de princípios para a preservação do patrimônio histórico e cultural. O seu artigo 1º aqui é transcrito ipsis litteris:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a criar a

Comissão Especial para Revitalização do Centro de Guarulhos, objetivando a elaboração de estudos e projetos para o disciplinamento das questões urbanas do Centro da Cidade, em especial envolvendo trânsito, transporte coletivo, sistema viário, infra-estrutura, paisagismo, desenvolvimento integrado do comércio, dos serviços, turismo e a preservação do patrimônio histórico e cultural.

A proposta da Prefeitura era criar um estudo especial para a revitalização do centro da Cidade, baseando-se principalmente na dificuldade de locomoção dos transeuntes, no conflito existente de tráfego e na regulamentação dos profissionais que no centro trabalhavam (GUARULHOS,2001):

O projeto foi dividido em 4 fases, sendo que as duas primeiras já foram implantadas. A primeira fase consistiu em: re-ordenamento do tráfego, adotando-se os sistemas de rótula e contra-rótula, melhorando a circulação na área; re-estruturação do sistema de transporte coletivo com novo dimensionamento e distribuição dos pontos de embarque e desembarque; implementação de nova sinalização vertical, horizontal, semafórica e placas de orientação de tráfego, prioridade aos pedestres promovida através de ampliação dos passeios, re- ordenamento dos mobiliários e equipamentos

urbanos e nivelamento dos passeios; preceitos do desenho universal para a circulação das pessoas com deficiência: guias rebaixadas junto às travessias de pedestres, plataformas de embarque e desembarque elevadas, vagas de estacionamento destinadas às pessoas com deficiência, sinalização tátil destinada às pessoas com deficiência visual; ampliação das possibilidades de atuação do comércio, serviços e lazer.

A primeira fase contemplou algumas mudanças no paisagismo como a implementação de nova sinalização, novos semáforos temporizados, ampliação dos passeios e construção de guias rebaixadas para pessoas com deficiência, além do piso tátil. Aumentou-se também a oferta de estacionamento e ampliação das áreas reservadas ao comércio.

Figura 14 – Passeios com guias rebaixadas e piso tátil para pessoas com deficiência

Foto: Lincoln Marcellos (2010).

A segunda fase implantou um sistema de redução de velocidade veicular através da elevação do piso no nível do passeio, de acordo com o projeto:

A segunda fase consistiu na implantação de um sistema de redução de velocidade veicular (“traffic calming”) através da elevação do piso no nível do passeio e implantação de pavimento diferenciado, reduzindo a velocidade dos veículos e oferecendo maior segurança aos pedestres.

O sistema “traffic calming” funciona por intermédio de elevação do piso e colocação de artifício sonoro para desestimular o excesso de velocidade e reduzir o ruído e os acidentes. Foi inicialmente adotado por alguns moradores de uma pequena cidade da Holanda na década de 1960, quando estes decidiram transformar as ruas em espaço de convivência, estreitando as vias, elevando a faixa para pedestres e criando chicanes (curvas artificiais), além de pavimento com cor e material diferenciado para destaque ao transeunte (QUATRO RODAS, 2011).

Figura 15 – Utilização do sistema “traffic calming” para redução de velocidade veicular

Foto: Lincoln Marcellos (2010). Centro da cidade, cruzamento da Avenida Sete de Setembro com a travessa para a Avenida João Gonçalves.

A terceira fase consistiu na intervenção na Rua Dom Pedro II e arredores, um dos principais centros do comércio guarulhense:

Atualmente estamos em etapa avançada da terceira fase do projeto, que consiste na intervenção na Rua Dom Pedro II e entorno, e em estudos

preliminares para a quarta fase (diretrizes para o centro expandido). Para o desenvolvimento do projeto foi contratado o arquiteto de renome Paulo Mendes da Rocha e equipe, que vem desenvolvendo os estudos para o projeto final que deve ser concluído no mês de maio desse ano. Os arquitetos primeiramente executaram um levantamento geral do município analisando todas as ligações e inter-relações do centro com o restante da cidade, inclusive com o Aeroporto Internacional. A partir desse material foi realizado um amplo diagnóstico da situação atual e um prognóstico para as futuras intervenções.

De acordo com o instrumento oficial, foi requisitado aos arquitetos responsáveis pelo projeto que também perfizessem um levantamento de todas as ligações do centro com o restante da cidade, inclusive com o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Em um segundo momento este material serviria para futuras intervenções paisagísticas. Alguns aspectos foram pontuados pela Prefeitura na elaboração do instrumento: as principais diretrizes deveriam promover o beneficiamento nas interligações e articulações viárias, valorização do patrimônio cultural e promoção da área central para turismo e lazer:

Os preceitos básicos já estabelecidos para o centro pela administração pública e comunidade foram respeitados e acrescidos outros, como: articulação regional, novos princípios de ocupação e

adensamento, novas possibilidades de circulação e encontros socio-culturais, melhoria nas interligações e articulações viárias, valorização do patrimônio cultural e promoção da área central para turismo e lazer. Em breve a Secretaria de Transportes e Trânsito promoverá diálogos com a comunidade para o conhecimento dos estudos e projetos, com o objetivo de chegar em um consenso, onde quem ganha é a cidade em geral, quer seja o morador comum, quer seja o investidor, enfim a cidade necessita de todos para o seu desenvolvimento equilibrado! Aguarde!

A prefeitura fez menção à capacidade do projeto estar identificado com o morador comum além do investidor para promover o “desenvolvimento equilibrado” conforme relatório acima. Ou seja, é pressuposto para a aplicação da revitalização, de acordo com a Lei de número 5.770 de 7 de janeiro de 2002 que as ações promovidas pela prefeitura estejam também integradas à vontade dos moradores comuns da cidade e que ao mesmo tempo estas ações sejam suficientes para promover a potencialização do investimento de particulares no município.

Para cumprir as quatro fases do projeto a Lei 5.770/2002 criou a “Comissão Especial para Revitalização do Centro de Guarulhos”, com as seguintes competências, de acordo com o art. 2º. e 3º. da referida Lei:

Art. 2º Compete à Comissão Especial para

Revitalização do Centro de Guarulhos a proposição de metas e diretrizes para a Zona Central do Município, que será submetida ao Sr. Prefeito para a definição das prioridades e possibilidades de implantação.

Art. 3º A Comissão Especial para Revitalização do

Centro de Guarulhos poderá receber propostas e sugestões dos Vereadores, das organizações da sociedade civil e entidades privadas, objetivando o estabelecimento de programas que visem o melhor desenvolvimento econômico, social e urbano da região central.

O artigo 3º. criou uma condição especial para recepcionar as propostas dos vereadores, de organizações da sociedade civil e de entidades privadas, como empresas de grande porte e multinacionais que estejam no âmbito do município. A Lei, em seu parágrafo único do art. 4º., prescreveu que o comércio ambulante também deveria ser atendido pela revitalização, sendo que propostas para melhorar o fluxo de compras deveriam ser contempladas.

A Lei 5.770/2002 também discriminou os membros que deveriam participar da Comissão responsável por apresentar estudos ao prefeito e à Câmara Municipal. Entre os representantes destacam-se o representante da Associação Comercial – ACIG, representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp, representante

dos Hotéis de Guarulhos, quatro representantes do Comércio Ambulante, dois representantes de associações de bairro, um representante da Secretaria de Turismo e um representante do Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Arqueológico e Paisagístico, conforme se pode ler abaixo:

Art. 6º A Comissão será composta pelos seguintes

membros e presidida pelo representante indicado no inciso I deste artigo, conforme segue:

I - um representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de Guarulhos;

II - um representante da Associação Comercial e Industrial e de Serviços de Guarulhos - ACIG;

III - um representante da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Guarulhos;

IV - um representante do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis - CRECI;

V - um representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP / Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP;

VI - um representante dos Hotéis de Guarulhos; VII - um representante do Sindicato dos

Empregados no Comércio de Guarulhos;

VIII - um representante da Bandeirante Energia S/A.;

IX - um representante da Telecomunicações de São Paulo S/A. - TELESP;

X - quatro representantes do Comércio Ambulante, a serem escolhidos por diferentes entidades representativas;

XI - um representante da Universidade de Guarulhos - UnG;

XII - um representante da União das Sociedades Amigos de Bairros - USABG;

XIII - um representante da Associação Democrática das Sociedades Amigos de Bairros - ADESAB; XIV - um representante da 57ª Subsecção Guarulhos - Ordem dos Advogados do Brasil - OAB; XV - um representante de cada Central Sindical com escritório em Guarulhos, que representarão seus sindicatos filiados;

XVI - um representante do Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Arqueológico e Paisagístico;

XVII - um representante da Agência de

Desenvolvimento Econômico de Guarulhos – AGENDE;

XVIII - dois representantes da Secretaria de Indústria, Comércio e Abastecimento - SI;

XIX - dois representantes da Secretaria de Obras -

XX - um representante da Secretaria de Habitação e Bem-Estar Social - SH;

XXI - um representante da Secretaria de Economia e Planejamento - SP;

XXII - um representante da Secretaria de Turismo -

ST;

XXIII - um representante da Secretaria de Meio Ambiente - SM;

XXIV - um representante da Secretaria de Serviços Públicos - SU;

XXV - um representante da Secretaria de Relações do Trabalho – SR;

XXVI - um representante da Secretaria da Saúde; XXVII - um representante do Departamento da Guarda Civil Municipal.

O centro da cidade de Guarulhos não foi o único local contemplado com o processo de revitalização, por força da Lei no. 6.055, de 30 de dezembro de 2004 de autoria do então prefeito da cidade Elói Pietá a implantação do novo plano diretor de desenvolvimento urbano, econômico e social do Município de Guarulhos propôs o desenvolvimento de projetos para a criação de infraestrutura para a área do bairro de Cumbica, onde se encontra o Aeroporto, a criação de medidas urbanísticas e ambientais para a correta expansão aeroportuária, a criação de um metrô de superfície para ligar o Aeroporto Internacional a São Paulo, a instalação de uma rodoviária que abrigue linhas

interestaduais e o aumento e expansão dos acessos à via Dutra, Fernão Dias e Ayrton Senna. De acordo com o art. 72:

Art. 7 2. Constituem prioridade entre os grandes

empreendimentos públicos e/ou privados, amplamente vinculados ao desenvolvimento econômico, a serem desenvolvidos na cidade na vigência deste Plano Diretor:

I - a infraestrutura completa da Cidade Satélite Industrial de Cumbica;

II - o metrô de superfície ou trem metropolitano ligando São Paulo a Guarulhos e ao aeroporto internacional;

III - a instalação de uma rodoviária que abrigue linhas interestaduais e entre cidades;

IV - a expansão do Aeroporto com as medidas urbanísticas e ambientais necessárias à preservação dos interesses da cidade e de seus habitantes;

V - o prosseguimento da Marginal do Baquirivu- Guaçu;

VI - o prosseguimento da revitalização do Centro da cidade e dos centros de bairro;

VII - a conclusão dos acessos à cidade e das transposições nas Rodovias Presidente Dutra, Fernão Dias e Ayrton Senna;

VIII - a participação nos estudos, definição de traçado e das medidas de implantação do Rodoanel Metropolitano interligado às rodovias e ao aeroporto internacional;

IX - a ligação da cidade de Guarulhos a São Paulo e ao ABC através da via Jacu-Pêssego;

X - outros empreendimentos de origem privada de importância econômica, mediante critérios de avaliação instituídos pelo Poder Público Municipal e pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico.

O art. 73 destaca, ademais, que o poder público em parceria com a iniciativa privada deverá promover o desenvolvimento do turismo com ênfase em segmentos de negócios e eventos, além do turismo ecológico e rural, justificando-se o turismo pelas oportunidades geradas pelo Aeroporto Internacional e infraestrutura de acesso regional.

Em seu art. 104, as praças e locais públicos destinados a eventos também devem ser revitalizadas, assim como o patrimônio cultural, sendo que as ações de preservação deverão ser efetivadas por intermédio do Museu Histórico Municipal e do Museu da Aeronáutica.

O turismo de negócios e eventos vinculado às possibilidades geradas pelo Aeroporto, enquanto alicerce para recepcionar turistas provindos de outros países e outros locais do Brasil, deve ser fomentado pela Prefeitura. A conservação dos parques e praças pelo art. 107 é vinculada à acessibilidade pela população ao lazer.

Por fim a Lei Orgânica do Município de Guarulhos, de 5 de abril de 1990 destaca que o Poder Público deve fomentar o turismo no município, mantendo sempre em bom estado principais locais da cidade e divulgando os eventos da cidade para residentes e não residentes da cidade.

3.3 - Revitalização do centro

As obras de revitalização no centro de acordo com pesquisas documentais começaram a ser implementadas em 2003. Nesta primeira e segunda fases o principal objetivo era fazer com que a fluidez do trânsito fosse potencializada nas vias limítrofes das ruas José Maurício, Felício Marcondes, Nove de Julho e Avenida Tiradentes.

Na ocasião, a prefeitura instalou novos semáforos, racionalizou o fluxo de transportes coletivos e promoveu a alteração de mudanças de mãos de direção em algumas outras vias (SCHNEIDER, 2010, 1).

Nas palavras de Álvaro Antonio Carvalho Garruzi, então diretor de departamento da Secretaria de Serviços Públicos: "Esse projeto já vem sendo formatado e discutido há praticamente dois anos, entre a prefeitura, os comerciantes e a sociedade civil. São realizadas reuniões periódicas com comerciantes, taxistas, fábricas e representantes de várias entidades para discutir a melhor forma de desenvolver o projeto” (SCHNEIDER, 2010, 2).

Entende-se por intermédio da fala acima que na implementação do projeto de transformação de vias buscou-se legitimação junto aos comerciantes, taxistas, fábricas e representantes de entidades em geral. Neste momento o discurso da prefeitura de Guarulhos pela revitalização do centro mostrava-se alinhado aos interesses da sociedade civil.

Figura 16 – Revitalização do comércio ambulante no centro de Guarulhos

Na primeira fase o objetivo da Prefeitura era reorganizar o fluxo viário da região, de acordo com a então secretária dos Serviços Públicos, Patrícia Veras,: “A nova idéia é não ter ônibus em todas as ruas do Centro. Pretendemos ampliar as possibilidades de comércio, serviço e lazer”(2).

Na terceira fase do projeto de revitalização foi acordada entre a Prefeitura Municipal de Guarulhos, representantes de entidades locais, empresários, vereadores e representantes das secretarias, a audiência pública sendo promovida no conhecido hotel Mônaco no centro da cidade. À época o prefeito Elói Pietá destacou que foi difícil a negociação com os ambulantes da rua Dom Pedro II (SCHNEIDER, 2004, 2).

Nas palavras do então prefeito Elói Pietá: “As modificações não chegam a ser ideais, pois consideramos que o sustento de muitas pessoas depende do comércio ambulante” (SCHNEIDER, 2004, 2). Identifica-se em seu discurso que o objetivo da Prefeitura naquele momento era de remover efetivamente os ambulantes para áreas periféricas, mas devido a possíveis transtornos a serem provocados via protestos dos mesmos, preferiu mantê-los no local de revitalização. No entanto deixou explicito que as modificações não foram ideais.

3.4 - Praça do Rosário – Rua João Gonçalves – Centro

A revitalização realizada pela terceira fase também foi implementada na Praça do Rosário que abrigava a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A data da fundação da Igreja é desconhecida, porém é sabido que em 1750 foi benzida pelo religioso Antonio Joze de S. Francysco. Foi criada para ter os negros e pobres como fiéis freqüentadores das missas e procissões realizadas na cidade, conforme registro existente no arquivo religioso da cúria Diocesana:

Antonio Joze de S Francysco Parocco desta Freguezia de N. Snrª Da Conceyção dos Guarulhos Certifico, que em virtude Rmo Snr D. Chantre e meritíssimo Vigro Capar benzi a Capella dos Irmaons Pretos desta Freguezia, com o titolo de N. Snra do Rozario, cuja função se fez aos quatro de outubro do prezte anno. Segundo dispõem o Ritual Romano em =Rizum (sic) Benedicendi Novam Ecclesiam=, sem lhe faltal seremonia alguma, e só benzi a capella e não o Adro por não fazer delle especial menção no seo despaxo o Rmo Snr D. Mel de Jezus Pereyra, e pa. ato e não se perder em outra pte fiz este termo neste Livro de Confirmação, de minha letra e sinal. Conceyção, 7 de outubro de 1750. Vigro Antonio Joze de S Franco

Havia outras irmandades em Guarulhos entre o século XVIII e XIX, no entanto a criação da irmandade destinada aos “Homens Pretos” indicava o grande lapso existente entre homens livres e escravos, sendo que estes últimos deveriam ter lugares de culto diferenciados. Documento histórico resgatado pela Diretoria de Plenário da Câmara Municipal de Guarulhos e conservado nos arquivos históricos da irmandade assim informa:

Anno de Nascimento de N Snr Jezus Christo de mil oitocentos e hum, aos 8 dias do mes de março do dito anno, estando prezentes o Irmão de Meza por elles foi dito, uniformememte, que tinhão consentido o terse collocado dentro desta ditta Igrega, as Imagens de Sto Elesbão, Sta Effigenia e Sam Benedito [...] havemos por bem conceder-lhes as seis sepulturas dentro da dita Igreja [de Nossa Senhora do Rosário] da grade pa baixo ao entrar da mão esquerda pa nellas poderem ser enterrados todos os irmãos da dita nova Irmandade [...] (GUARULHOS, Projeto de Lei no. 128/07)

A presença de escravos negros em Guarulhos é antiga e pode ter sido expressiva no período em que havia a mineração de ouro nas regiões onde atualmente encontram-se os bairros de Campo do Ouro, Monjolo de Ferro, Catas Velhas, Bananal, Tanque Grande e Lavras. Os escravos, de acordo com as convicções da Igreja à época, necessitavam de assistência espiritual a qual era concedida por intermédio de associações com objetivos religiosos, configurando-se as Irmandades e

Confrarias (ROMÃO e NORONHA, 1980). Após o ano de 1930 a Igreja foi demolida para dar lugar à nova pavimentação da Rua D. Pedro II. Atualmente, onde era a Igreja do Rosário se encontra um ponto de ônibus (CALVO, 2010, 1).

Figura 17 – Antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Fonte: Olho vivo15 -Foto ilustrada na década de 1920, antes da demolição.

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Uma nova Igreja foi construída, no mesmo ano de 1930 em outro endereço, na Rua João Gonçalves para substituir a anterior, nomeada Igreja do Rosário, perdendo a denominação dos “homens pretos”, sinal da modernização da cidade e da busca pela mudança simbólica do passado (PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2008).

Figura 18 – A nova Igreja do Rosário antes da Revitalização

Figura 19 – A nova Igreja do Rosário após a Revitalização

Foto: Lincoln Marcellos (2011).

O espaço no entorno da nova igreja ficou intacto até o ano de 2008, quando passou pelo processo de revitalização promovido pela Prefeitura de Guarulhos, que envolveu um novo sistema de iluminação, ampliação da área útil ao passeio de transeuntes, troca do mobiliário interno e novo paisagismo. A nova igreja também ganhou grades para que ficasse protegida em horário considerado não comercial. A Prefeitura também abriu concessão para exploração da área circunscrita à Igreja a

fim de que empresas de estacionamento pudessem explorar o local, permitindo a criação de um bolsão para a parada de veículos que circulam pelo centro (PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS, 2008).

3.5 - Revitalização da Avenida Tiradentes

A Avenida Tiradentes, principal portal de entrada para a cidade de Guarulhos para quem vem da Via Dutra, também passou por um processo de revitalização que foi iniciado em 2007, a partir de um projeto de paisagismo da secretaria de Meio Ambiente envolvendo o Córrego dos Cavalos e dos Japoneses, que compreende grande extensão desta avenida.

A revitalização implicou em construir uma estrutura para comportar um jardim suspenso, além da recuperação das margens com plantio de flores e árvores, bem como a construção de uma “vazão de base” para separar o esgoto vindo dos edifícios limítrofes da água da chuva,

No documento Lincoln Nogueira Marcellos.pdf (páginas 110-156)