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(1)

PUC-SP

Lincoln Nogueira Marcellos

Guarulhos: o projeto de cidade global, a reestruturação do espaço urbano e seu impacto sobre a identidade de Guarulhos.

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

(2)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Lincoln Nogueira Marcellos

Guarulhos: o projeto de cidade global, a reestruturação do espaço urbano e seu impacto sobre a identidade de Guarulhos.

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Ciências Sociais, linha de pesquisa: Produção Simbólica e Reprodução Cultural, sob a orientação da Profa. Doutora Josildeth Gomes Consorte.

(3)

25 18 será foi

25 22 buscar-se-á buscou-se

35 11 “cidade-mercadoria”

inevitáveis demonstram

“cidade-mercadoria” demonstram

42 12 principal ícone

responsável

principal responsável

44 1 Buenos Aires Ipanema

44 7 em Buenos Aires, na

região central da cidade.

em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro.

59 19 Paulistano Paulista

60 4 2,36% ao ano 1,31% ao ano

88 1 Municípios Município

89 9 Total Parcial

89 9 gênero sexo

125 3 o grande lapso a diferença

163 1 estão sendo

promovidas por uma classe dominante que gostaria de provocar a desterritorialização de

podem estar sendo promovidas por uma classe dominante com o objetivo de desterritorializar

173 3 17 25

232 9 referencial teórico

sobre

referencial teórico e estudo empírico sobre

234 10 o espaço urbano

guarulhense foi transformado

o espaço urbano foi transformado

234 10 Nas palavras de Henri

Lefebvre (1996), o espaço

O espaço

(4)

ix 6 foi possível analisar as mudanças simbólicas na cidade pelo poder público a partir da criação do projeto de revitalização no ano de 2002 e a percepção do morador de Guarulhos em relação a este projeto

foi possível analisar a percepção do morador de Guarulhos em relação ao projeto

ix 12 após sua modificação, e investigar seu sentimento

após sua modificação. Foi possível, ademais, investigar seu sentimento

ERRATA – ABSTRACT

Folha Linha Onde se lê Leia-se

x 6 From the survey data it was possible to analyze the symbolic changes promoted by the city government since the creation of the revitalization project in 2002 and the perception of people

From the survey data it was possible to analyze the perception of people

ERRATA – RÉSUMÉ

Folha Linha Onde se lê Leia-se

ix 6 Pour la collecte des données a été possible d'analyser les changements symboliques promues par le gouvernement de la ville depuis la création du projet de revitalisation de la perception 2002 et résident de Guarulhos dans le cadre de ce projet de consolidation d'un nouvel espace public central arrière pour les intérêts de capitaux internationaux et la création d'une ville mondiale et d'enquêter sur la réinterprétation de ce domaine à travers les yeux de la population après sa modification, et d'enquêter sur leur sentiment d'appartenance à elle.

(5)

Banca Examinadora

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!

"

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(8)

Agradecimentos

Gostaria em primeiro lugar de agradecer ao Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, assim como todos os funcionários desta instituição, sempre atenciosos, e ao corpo docente que sempre tanto contribuiu para minha base informacional e técnica.

Gostaria, em tempo, de agradecer ao Ministério da Educação do Brasil (MEC) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES - pela bolsa concedida no período entre 2009 e 2011, relevante para o financiamento desta pesquisa, sem a qual não seria possível a consecução deste trabalho.

Agradeço à minha orientadora e amiga Professora Dra. Josildeth Gomes Consorte, por ser pessoa íntegra e cúmplice em todos os momentos do desenvolvimento deste trabalho. Detentora de um conhecimento extraordinário orientou e enriqueceu o estudo com atenção, empenho e dedicação. Devo-lhe externar meu sentimento de infinda gratidão pelo trabalho desenvolvido.

Aos professores componentes de minha banca de qualificação Dra. Ana Amélia da Silva e Dra. Lúcia Maria Machado Bógus pelas pertinentes considerações e sugestões para a produção deste trabalho.

A toda minha família, em especial aos meus pais Mario e Oladir e ao meu irmão Mario, que sempre prestigiaram este trabalho.

(9)

seu esposo, o grande professor José W ildzeiss Neto por ser solícito e íntegro quanto às análises que envolveram este estudo.

Aos amigos acadêmicos: Robson Pereira dos Santos, Professor Fernando Cezar Leandro Scramim, Professora Denise Luciana Rieg, Professor Laércio Alves Nogueira, Professora Flávia, Professor Cido, Professora Sônia Álvarez, Professora Fernanda Thomaz Maza e Professor Ronaldo Palaia pelo incentivo dado ao projeto.

Aos meus amigos do mestrado: Conceição Aparecida Kaspar, Helio Giocondo Piazzi Filho, Marcelo Okano, Alcir Gomes das Neves e Valdivo Begali.

Aos meus amigos de tempo: Daniel Marotti Corradi (Dennet), Renato Pelissaro (estendo ao seu filho Gustavo), Maurício Kenithi Moriyama, Cláudio Rosa Araújo, Marcelo Daniliauskas, Bruno Henrique Gouveia dos Santos, Felipe Gouveia dos Santos, Vinícius Moreno (Burn), Octávio Iacobelli Neto (Netinho) e Tio W illiam.

Aos meus outros amigos: Danielzinho Ridari, Maurício (Francisco), Murilo Fulep, Emerson Juliato, Fernando Merlini, Fernando Mysfyts, Humberto Frederico (Humb), Daniel de Oliveira Andrade (Tio Nonô), Domingos Antonio do Nascimento Júnior, Antonio Carlos Fernandes de Oliveira (Carlão) e Eduardo Augusto Rafael (Dudu).

Aos amigos que já partiram: Maurício Mângia e Islan Tadeu Dantas.

(10)

A todos os demais depoentes, solícitos e atenciosos em todos os momentos da pesquisa.

Aos simpáticos senhores Ivo e Marta Cristina, moradores de Brusque, pela gentileza em conceder informações para o término deste trabalho.

À Prefeitura do Município de Guarulhos, à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Município e à Diretoria de Turismo vinculada a esta Secretaria, na figura da gestora Josefa Leôncio.

Por fim gostaria de agradecer ao Centro Paula Souza, ao Centro Universitário Fundação Santo André e ao Centro Universitário Senac por sempre colaborarem com o estudo.

(11)

Resumo

O objetivo deste estudo é verificar se a população da cidade de Guarulhos, no Estado de São Paulo, está identificada com o projeto de revitalização do centro da cidade iniciado pela Prefeitura na década de 2.000. A metodologia que foi utilizada na pesquisa é exploratória com o delineamento documental em estudo de campo e entrevistas semi-estruturadas. A partir do levantamento de dados foi possível analisar as mudanças simbólicas promovidas na cidade pelo poder público a partir da criação do projeto de revitalização no ano de 2002 e a percepção do morador de Guarulhos em relação a este projeto de consolidação de um novo espaço público central voltado aos interesses do capital internacional e à criação de uma cidade global e investigar a ressignificação deste espaço pela ótica da população após sua modificação, e investigar seu sentimento de pertencimento ao mesmo. Para tanto foi necessário explorar a historia do município, a concepção de identidade, a formação das “cidades-mercadorias” e do empreendedorismo urbano. Para a realização das entrevistas semi-estruturadas foram utilizados ícones (fotos) para a localização e identificação dos depoentes em relação às transformações experimentadas pelo espaço público central da cidade de Guarulhos.

(12)

Abstract

The aim of this study was to verify whether the population of the Guarulhos city, in Sao Paulo State, is identified with the project to revitalize the city center initiated by the city in the decade of 2000. The methodology that was used in exploratory research is the design document in field studies and semi-structured interviews. From the survey data it was possible to analyze the symbolic changes promoted by the city government since the creation of the revitalization project in 2002 and the perception of people who live in Guarulhos in relation to this project of consolidating a new central public space facing to the interests of international capital and the creation of a global city and to investigate the reinterpretation of this area through the eyes of the population after its modification, and investigate their sense of belonging to it. Therefore, it was necessary to explore the history of the city, the concept of identity, the formation of "city-goods" and urban entrepreneurialism. To carry out the semi-structured interviews were used icons (pictures) for the location and identification of witnesses in relation to the changes experienced by the central public space of Guarulhos city.

(13)

Résumé

L'objectif de cette étude est de vérifier si la population de la ville de Guarulhos, Etat de Sao Paulo, est identifié avec le projet de revitalisation du centre-ville initié par la Ville dans la décennie de 2000. La méthodologie qui a été utilisé dans la recherche exploratoire est le document de conception des études de terrain et entretiens semi-structurés. Pour la collecte des données a été possible d'analyser les changements symboliques promues par le gouvernement de la ville depuis la création du projet de revitalisation de la perception 2002 et résident de Guarulhos dans le cadre de ce projet de consolidation d'un nouvel espace public central arrière pour les intérêts de capitaux internationaux et la création d'une ville mondiale et d'enquêter sur la réinterprétation de ce domaine à travers les yeux de la population après sa modification, et d'enquêter sur leur sentiment d'appartenance à elle. Par conséquent, il était nécessaire d'étudier l'histoire de la ville, le concept de l'identité, la formation des «villes-produits" et de l'entreprenariat en milieu urbain. Pour mener à bien les entretiens semi-structurés ont été utilisés icônes (images) pour la localisation et l'identification des témoins en relation avec les changements vécus par l'espace public central de la ville de Guarulhos.

(14)

Lista de Siglas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Econômica PMG – Prefeitura Municipal de Guarulhos

(15)

Lista de Ilustrações

Figura 1 – Hotel Ceasar Park Guarulhos e Hotel Caesar Park

Buenos Aires (2000) 44

Figura 2 – Rua de Guarulhos, ao fundo a capela de Nossa Senhora da Conceição – Ano 1910 após a chegada da energia

elétrica 53

Figura 3 – Bandeira de Guarulhos 58

Figura 4 – Parque Cecap – (2011) 65

Figura 5 – Rodovia Presidente Dutra (Guarulhos) – Década

2000 70

Figura 6 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de

Guarulhos – 2005 77

Figura 7 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de

Guarulhos 79

Figura 8 – Atividades comerciais em Guarulhos e o Aeroporto 82 Figura 9 – Pagina da Prefeitura de Guarulhos na W orld Wide

Web – 2007 83

Figura 10 – Bairros de Guarulhos 88

Figura 11 – Mapa de zoneamento instituído pelo plano

diretor de desenvolvimento urbano, econômico e social 91 Figura 12 – Legenda das Zonas de uso de acordo com o Plano

Diretor de 2004 92

Figura 13 – Mapeamento das Zonas de uso de acordo com o

Plano Diretor de 2004 93

Figura 14 – Passeios com guias rebaixadas e piso tátil para

pessoas com deficiência 110

Figura 15 – Utilização do sistema “traffic calming” para

(16)

Figura 16 – Revitalização do comércio ambulante no centro

de Guarulhos 122

Figura 17 – Antiga Igreja Nossa Senhora do Rosário dos

Homens Pretos 126

Figura 18 – A nova Igreja do Rosário antes da Revitalização 127 Figura 19 – A nova Igreja do Rosário após a Revitalização 128 Figura 20 – Revitalização do córrego dos japoneses e

dos cavalos 130

Figura 21 – Novas faixas passantes para pedestres 132 Figura 22 – Introdução de semáforos com temporizador

Luminoso 133

Figura 23 – Intensificação das rondas das assistentes sociais para desocupação de moradores “de rua” na região

central da cidade 135

Figura 24 – Novo calçadão nos fundos da Igreja do Rosário 136 Figura 25 - Sinalizações Turísticas em Guarulhos 138

Figura 26 – Busto da praça IV centenário 140

Figura 27 – Construção da Ponte Estaiada “Cidade de Guarulhos” 141 Figura 28 – Bosque Maia – Região central de Guarulhos 144 Figura 29 – Área do Parque Cecap que abriga o novo “Terminal

Turístico” 147

Figura 30 – Protótipo do Terminal Turístico Rodoviário da

Cidade de Guarulhos 149

Figura 31 – Mapeamento das modificações no Espaço Público 154 Figura 32 – McDonald´s instalado no cruzamento da Avenida

Tiradentes com a Avenida Paulo Faccini 158

Figura 33 - Mensagens de Natal com dizeres em idiomas

(17)

Figura 34 – Outdoor eletrônico instalado na Avenida Paulo

Faccini 165

Figura 35 – Divisão Administrativa de Guarulhos para a

geolocalização dos depoentes 186

Figura 36 – Córrego dos Cubas entre o Parque Renato Maia e a

Vila Rio de Janeiro 195

Figura 37 – Faixa de pedestre na cidade de Giulianova (Itália) 199 Figura 38 - Cruzamento das Avenidas Juscelino Kubitschek e

Jurema no bairro Pimentas 202

Figura 39 – Guarita da guarda municipal alocada na praça IV

Centenário 206

Figura 40 - Foto da ótica de propriedade da depoente Eleni Cavalcante, localizada na Rua Luiz Faccini no centro da cidade

(18)

Lista de quadros

Quadro 1 – População e gênero dos bairros em Guarulhos

(19)

Sumário

Introdução 22

Capítulo 1 – A formatação do espaço urbano guarulhense 29

1.1O espaço urbano guarulhense 29

1.2 A cidade-mercadoria 35

1.3 Imaginário 37

1.4 Referências identitárias na busca por uma identidade global 40

Capítulo 2 - A cidade, a identidade e a contextualização

histórica de Guarulhos 47

2.1 - A Cidade e sua transformação 47

2.2 – A cidade de Guarulhos 51

2.3 – O Parque Cecap 64

2.4 – Via Dutra 69

2.5 – O Aeroporto de Guarulhos 71

2.6 – Avaliação estratégica da cidade de Guarulhos 84

2.7 – Demografia e mapa de zoneamento 89

2.8 – A Identidade de Guarulhos e as representações registradas

Pelos moradores sobre a cidade, na mídia local 94

Capítulo 3 - Alterações no espaço público na região

central de Guarulhos 103

3.1 – Espaço Público 103

3.2 - Fundamentos legais para a revitalização do centro e

remodelação do espaço central urbano 107

(20)

3.4 - Praça do Rosário – Rua João Gonçalves – Centro 124

3.5 - Revitalização da Avenida Tiradentes 129

3.6 - Pintura de novas faixas passantes para pedestres 131 3.7 - Introdução de semáforos com temporizador luminoso 133

3.8 - Retirada de transeuntes “mendigos” 134

3.9 - Espaço apropriado para acomodação e legalização da feira

popular 136

3.10 - Sinalizações turísticas bilíngües 137

3.11 - Revitalização da praça IV centenário e da Praça Getúlio

Vargas 139

3.12 - Criação da Ponte Estaiada - nova entrada para o centro

da cidade 141

3.13 - Regulamentação para utilização do espaço público do

Bosque Maia 143

3.14 - Retirada de placas indicativas de obras 144

3.15 - Inauguração de balcões de turismo no aeroporto

internacional 145

3.16 - Terminal rodoviário turístico de Guarulhos 146 3.17 - Criação de website voltado ao turismo corporativo 150

3.18 - Projeto para criação de um Autódromo 151

3.19 - Projeto para a criação de um centro de convenções

e eventos municipal 153

3.20 - Mapeamento das modificações no Espaço Público 153 3.21 - A mundialização do espaço público de Guarulhos 155

3.21 – Empreendedorismo Urbano em Guarulhos 166

(21)

Capítulo 5 – Análise das Entrevistas 190

5.1 – Alterações individualizadas 190

5.1.1 - Revitalização da Igreja do Rosário na Avenida João

Gonçalves 190

5.1.2 – Revitalização do córrego dos Cavalos e dos Japoneses

– Avenida Tiradentes 192

5.1.3 – Faixas passantes para pedestres pintadas em azul e

Branco 196 5.1.4 – Semáforo temporizado (com indicador luminoso de

segundos) 200

5.1.5 – Deslocamento dos moradores de rua 203

5.1.6 – Revitalização do comércio no centro 207

5.1.7 – Busto “Anjo Gabriel” cercado por grade na praça IV

Centenário 209

5.1.8 – Construção da ponte estaiada 211

5.1.9 – Terminal Rodoviário Turístico de Guarulhos 214 5.1.10 – Percepção ampla dos moradores do centro e da

Periferia sobre as alterações no espaço público 216

5.2 – Análise documental e dos depoimentos do representante

do poder público, turistas e empresários do turismo 221

5.2.1 – Poder Público 221

5.2.2 – Empresários do turismo 227

5.2.3 – Turistas 229

Considerações Finais 232

(22)

Apêndice 255 Apêndice A – Convite e Apresentação da Pesquisa

Apêndice B – Transcrição da entrevista piloto

Apêndice C – Repetição ampliada das fotos do texto

Anexos 288

(1)Prefeitura inicia obras de revitalização do centro

(2)Prefeitura apresenta segunda fase do Projeto de Revitalização (3) Antiga igreja de Guarulhos foi um marco em homenagem aos negros

(4) Praça do Rosário será revitalizada a partir de agosto (5)Córregos são revitalizados na cidade

(6) PMG implementa programa de sinalização

(7) Moradores de rua são retirados, mas voltam a ocupar avenida horas depois

(8) projeto de Requalificação da região central

(9)Prefeitura intensifica construção de áreas de lazer (10)PL determina retirada de Placas

(11)Prefeitura inaugura balcões de turismo no aeroporto internacional

(12)Projeto do Terminal Rodoviário Turístico de Guarulhos (13)Iniciadas no Cecap obras de rodoviária que custará R$ 15 milhões

(14)Guarulhos ganha site voltado ao turismo corporativo

(15)Município de Guarulhos pode abrigar um autódromo para receber as principais competições nacionais de automobilismo e

motovelocidade.

(16)Autódromo em Guarulhos custaria R$ 279 mi

(23)

(18)Cidade poderá ter centro de convenções e eventos (19)Guarulhos participa do 5º Fórum Urbano Mundial

(24)

(25)

Introdução

“Se podes olhar, vê.

Se podes ver, repara“

José Saramago

No texto de epígrafe de José Saramago conseguimos entrever a importância da reflexão, no sentido de buscar a essência da representação, a nítida impressão e a correta identificação. Ao interpretarmos um contexto social, uma situação ou até mesmo uma narrativa, baseando-nos em esparsas convicções da predição e do bom senso comum, estamos mais aptos ao erro e ao equívoco.

(26)

Desta forma, permite-nos constatar qual a verdadeira identidade da cidade, qual o verdadeiro sentimento de identificação dos seus moradores, o que está no imaginário social, o que está na memória coletiva, quais as vivências e experiências que estão presentes até o momento atual na mente das pessoas.

Estabelecer os laços identitários mais do que um referencial é uma forma de vivenciar a cultura, os valores, a ética, a moral, a diversidade, a cidadania, a economia, a política e a socialização de todos os agentes que convivem dentro deste contexto.

Se a identidade é demonstrada essencialmente pelo imaginário coletivo da população, necessário se faz conhecer o imaginário do guarulhense: o que o habitante de Guarulhos pensa sobre sua cidade, o que aprova ou desaprova, o que o influencia ou o que pode estar influenciando-o dentro do contexto social.

(27)

Conforme José Saramago não devemos apenas ver, pois apenas vendo desconhecemos e evidentemente nos entregamos ao equívoco. Para diminuir nossa probabilidade de erro devemos conhecer o local em que vivenciamos cotidianamente nossas experiências. A cidade de Guarulhos, por muito tempo cidade dormitório, no imaginário da população paulistana e guarulhense, está passando por um processo de intensa transformação para uma “cidade-mercadoria”. O capital internacional está reestruturando a cidade de forma que faça parte de um modelo único global, que implica na venda do espaço para o mundo. Suas sinalizações de trânsito, por exemplo, são diferentes das sinalizações paulistanas, são turísticas. Nada mais conseqüente a ser implementado pela prefeitura para uma cidade “mundial”, que assume um sentimento de identificação global já perceptível no imaginário comum dos seus habitantes.

(28)

Qual é a verdadeira imagem de Guarulhos? O que é Guarulhos? Por que existe Guarulhos? Qual o destino de Guarulhos? Quem vive em Guarulhos? Quem manda em Guarulhos? Estas são algumas questões que vêm sendo colocadas à prova neste e em outros trabalhos sobre a cidade. Para encontrar a devida resposta a estas questões, partir de algumas referências comuns de forma a respaldar e orientar toda a produção de conhecimento e informação que se fizer necessária.

Diante das mudanças observadas, iniciamos a nossa pesquisa com a seguinte pergunta: “A população da cidade de Guarulhos está identificada com o projeto de construção de um espaço público global pelo poder público iniciado no ano de 2000 e respaldado pela iniciativa privada? A população está identificada com a revitalização em curso do centro da cidade e seu entorno, e a conseqüente ressignificação do espaço promovida nesta região da cidade? E se não estiver identificada, que conseqüências advirão? Para quem?”.

(29)

No primeiro capítulo será apresentada a formatação do espaço urbano guarulhense, os vínculos com a formação de uma identidade global, a cidade de Guarulhos enquanto “cidade-mercadoria”, e algumas referências que influenciaram a construção do imaginário da população.

No segundo capítulo será apresentada a concepção de cidade, alguns elementos da historicidade da cidade de Guarulhos, e o registro de representações dos moradores sobre o desenvolvimento da cidade de Guarulhos.

No terceiro capítulo serão apresentadas as principais alterações promovidas pela Prefeitura da cidade na região central, as justificativas legais para a remodelação, além de potenciais projetos vinculados ao desenvolvimento econômico.

No quarto capítulo será apresentada a metodologia científica, a escolha dos depoentes, o critério utilizado para as entrevistas e as abordagens documentais para levantamento de dados.

(30)
(31)

(32)

Capítulo 1 – A formatação do espaço urbano guarulhense

1.1 O espaço urbano guarulhense

Carlos José Ferreira dos Santos, em seu trabalho de doutorado denominado “Guarulhos: espaços identitários sob a mundialização”, apresentou duas matrizes identitárias que representavam a convicção do prefeito de Guarulhos José Maurício de Oliveira Sobrinho, na década de 1920. Estas matrizes eram: a proximidade da capital “São Paulo” e a dependência em relação ao desenvolvimento da capital (2002, p.17).

Desta forma, conforme Santos, para o prefeito José Maurício a cidade de Guarulhos naquele momento representava ser uma continuação ou um prolongamento da capital paulista e o seu desenvolvimento estava intimamente ligado ao desenvolvimento da cidade de São Paulo, ou seja, quão mais próspero fosse o desenvolvimento de São Paulo, da mesma forma seria o desenvolvimento de Guarulhos (SANTOS, 2002, p.19).

(33)

Assim, tanto esse mapa como o texto do site oficial do poder público local assinalam que

hoje a “cidade” é apresentada por seus

administradores de forma bastante semelhante àquela pela qual o prefeito José Maurício a entendia em 1928. Em outras palavras, para a sua

municipalidade, Guarulhos se constitui num

prolongamento da capital paulista, definindo-se por essa localização geográfica privilegiada que prepara seu desenvolvimento, como revelam as rodovias e o Aeroporto Internacional presentes em seu território.

Santos também se refere a uma outra imagem identitária de Guarulhos enquanto município historicamente “suburbano”. De acordo com a visão do Governador do Estado de São Paulo, em 1928, Julio Prestes de Albuquerque oito anos depois, os municípios de Guarulhos e de Santo Amaro necessitavam da extensão dos serviços de água e esgoto, provenientes da capital paulista. Em suas palavras (BARROS, 5 de dezembro de 1928. In: Oliveira, 1928, p. 17 apud SANTOS, 2002, p.21):

O desenvolvimento dessas duas cidades tem sido assim influenciado e continuará dependente do extraordinário vertiginoso aumento da população da nossa capital, da qual são hoje verdadeiros

(34)

desenvolvidos e de crescimento fatal e rápido, não dispõem ainda de abastecimento de água e nem de serviço de esgoto, estando as municipalidades a que pertencem – pela escassez de recursos – impossibilitadas de dota-las desses indispensáveis elementos de vida e de higiene.

Assim, em se tratando de cidades que são hoje verdadeiros prolongamentos da capital, e onde

parte apreciável dos colaboradores no

desenvolvimento e progresso desta encontram condições de vida mais adequadas às suas bolsas menos providas, tenho como de todo o ponto conveniente e justo, que o Estado estenda a elas o serviço de águas e esgotos, a cargo da Repartição de Águas e Esgotos da Capital, subordinada a esta Secretaria

Santos mostra, ainda, que algumas outras convicções externas, e formadoras de opinião estão no mesmo sentido de entender e classificar Guarulhos enquanto município suburbano. Em suas palavras:

(35)

“apêndice e prolongamento” de São Paulo determinado por sua localização geográfica.

No entanto, conforme revisão da literatura sobre o tema, observamos que a constituição da identidade social de uma cidade não se respalda pela convicção única de alguns representantes do poder público, ou mesmo pela convicção dos veículos de comunicação externos, tampouco pela opinião de alguns críticos, mas a constituição da identidade respalda-se pela representação comum, a partir da constituição e deflagração do imaginário coletivo pelas pessoas que convivem e vivenciam dentro do espaço urbano (MARCELLOS, 2006).

Santos, em sua exposição, chega a questionar esta posição única e singular, corroborando com nosso questionamento:

Podemos considerar adequado e

satisfatório o conceito de que Guarulhos possui um único caráter e que este é determinado por sua função de “periferia” e/ou “prolongamento” da

metrópole? Se é assim, não teria

(36)

Sabemos que as identidades são dinâmicas e, portanto, mutáveis. Deste modo, assim como Santos (2002, p. 221), também entendemos que a historiografia do desenvolvimento do município não vem sendo construída a partir do imaginário coletivo da região, mas a partir de uma convicção única formada por aqueles que têm estado à frente do poder dentro do município, não concebendo diversidades explicitas que também estiveram presentes no seu processo de desenvolvimento. Na convicção de Santos:

A unidade administrativa que criou a “cidade” não constitui uma unidade identitária, apesar da atuação daqueles à frente do poder público local priorizar suas ações nos bairros e espacialidades consideradas exemplares da identidade de “cidade” desejada (SANTOS, 2002, p. 221).

Deste modo pode-se tomar como pressuposto do novo espaço guarulhense o fato de que este vem sendo reorganizado e planejado de acordo com as novas necessidades capitalistas, em que as cidades passam a ser “vendidas” ao mundo, pois precisam estar compatíveis com a nova dinâmica de inserção econômica das mesmas nos fluxos globais (SANCHEZ, p. 50, 2000).

(37)

- A ênfase nas últimas décadas no emprego da expressão

“internacional”, concebendo-se até mesmo um Shopping Center com tal nomenclatura, além de inúmeros estabelecimentos que adotam o mesmo símbolo;

- A integração ou a vinculação de grandes indústrias mundiais e

nacionais ao território municipal, tais quais: Abb, Alcoa, Adams, Bardella, Bauducco, Borlem, Cummins, Degussa, Electrolux, Visteon, Gail, Gilbarco, Karina, Lousano, Mopa, Nec, Neobus, Parmalat, Pfizer, Randon, Ray-O-Vac, Rdflex, Renner, Siemens/Equitel, Toddy/Quaker, Trifil, Vdo e Yamaha;

- A integração ou a vinculação de grandes empresas turísticas

privadas (Redes de Hotéis e Flats) ao território municipal, tais quais: Caesar Business, Caesar Park, Comfort, Express Inn, Le Canard, Marriott, Mercure, Mônaco Convention & Hotel, Mônaco Center Inn, Ibis, Parthenon, Melliá Confort e Sol Inn, além da adaptação do equipamento urbano às necessidades dos seus usuários (como a implantação de sinalização turística nos avisos de trânsito veicular);

- A criação de uma associação “Guarulhos Convention e Visitors

Bureau” em 2003, com a incumbência de fomentar o turismo na cidade e incrementar o marketing deste segmento;

- A criação de um complexo administrativo-financeiro, ou centro

“nervoso” nas imediações do centro da cidade entre as principais avenidas (Avenida Guarulhos, Tiradentes, Paulo Faccini, Luiz Faccini, entre outras);

- A renovação das áreas centrais, ou revitalização das áreas

(38)

centro, de centros culturais (como o Centro Adamastor de Educação, com arquitetura contemporânea);

- A atitude receptiva da população guarulhense à construção do

Aeroporto Internacional julgando-o de suma importância para o desenvolvimento do município, e sua conseqüente identificação como uma cidade aeroportuária; e

- O esforço do governo municipal em reforçar a imagem de cidade

Aeroportuária Internacional, por intermédio de propagandas e de representações específicas nas suas ações;

As transformações pelas quais passa a cidade no sentido de que seja identificada enquanto “cidade-mercadoria” inevitáveis demonstram que o espaço urbano de Guarulhos está sendo reformulado com reflexos sobre o imaginário da sua população (SANCHEZ, p. 50, 2000).

1.2 A cidade-mercadoria

Henri Lefebvre assinala que em nosso mundo moderno existe uma tendência para a transformação do espaço urbano em mercadoria, sendo que o uso deste mesmo espaço fica condicionado à vontade e ao sabor do modo de apropriação capitalista, em outras palavras, descreve e preceitua a “vitória do valor de troca sobre o valor de uso” (LEFEBVRE

(39)

Por sua vez, demonstra Fernanda Sanchez que a reestruturação urbana embasada pelo novo modelo de apropriação do capital internacional pode, alterar profundamente algumas estruturas espaciais e identitárias das cidades, dando como exemplo:

(...)infra-estrutura, operações logísticas de otimização de fluxos produtivos e obras de modernização tecnológica que agregam densidade técnica aos lugares para atração de empresas multinacionais(...)operações vinculadas ao turismo e lazer, operações imobiliárias e, finalmente, operações voltadas ao consumo da cidade, estimuladas pela publicidade (2000, p.45)

(40)

1.3 Imaginário

A concepção do imaginário de uma determinada cidade está vinculado ao meio físico, social e econômico, porém não só estes restringem a representação. Inúmeros outros elementos contidos na memória social dado que formatam a representação que uma determinada coletividade ou sociedade tem sobre o espaço que habita.

Para que seja concebido o imaginário, devemos antes conceber a memória. De acordo com Maurice Halbwachs a memória pessoal é originada pelas lembranças únicas e pessoais do eu e, assim, são intrínsecas à pessoa (HALBW ACHS, 1990, p.55). A memória histórica supõe a reconstrução dos dados fornecidos pelo presente da vida social e projetada no passado reinventado. Essa memória é mais ampla que a coletiva, porém representa o passado de forma abstrata. A memória coletiva recompõe o passado e esclarece o pensamento coletivo, não é isolada, nem mesmo estática (HALBWACHS, 1990, p.54).

(41)

A memória está ligada à lembrança de experiências vividas, não é o físico ou o territorial que permite a existência de determinado grupo, mas a dimensão do pertencimento social, que mantém vivas as lembranças comuns, essenciais para a geração de uma memória social (FÉLIX, 1998, p. 42). Nesse sentido, estudar a memória social contribui para a abordagem de problemas que tenham fundamento no tempo e na história (LE GOFF, 1984, p.13).

O vínculo desta pesquisa é com a memória social, que de acordo com a concepção de Maurice Halbwachs, é a sucessão de lembranças, mesmo daquelas que são mais pessoais e explica-se sempre pelas mudanças que se produzem em nossas relações com os diversos meios coletivos (1990, p. 54).

A memória social está presente nas grandes questões das sociedades desenvolvidas e das sociedades em vias de desenvolvimento, das classes dominantes e das classes dominadas. A memória coletiva pode ser considerada, ademais, um instrumento e um objetivo de poder (LE GOFF, 1984, p.46).

(42)

A memória pode apresentar vários sentidos, como de herança, pois é herdada e não se refere à vida física das pessoas; de construção, como fenômeno consciente ou não; e de i dentidade, no sentido da pessoa construir sua própria imagem, de si, de outros e do meio (ODAIR, 2003, p.18).

Dentro destes sentidos, a memória deve ser vista como uma forma de reconhecimento de si mesmo, de lembrar a experiência vivida, de situar-se no mundo. A memória representa um campo político, de formação de consciência, por um agregado de imagens que implicam em sentimentos e dúvidas individuais, mas que está sempre relacionada ao passado coletivo, junto a lembranças de outros indivíduos (RODRIGUES, 2004).

Tanto a memória como a identidade, necessitam ser estudadas no contexto do grupo social, pois, conforme Machado (2003, p.56), a representação de um grupo deve ser comum, porque é derivada de inúmeras histórias vivenciadas em conjunto, e também por saberes comuns.

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A identidade associa-se também aos espaços, onde estão fixadas as lembranças de lugares e objetos presentes nas memórias, como referenciais. A memória acaba quando são rompidos os laços afetivos e sociais de identidade, já que o suporte da identidade são os grupos sociais (FÉLIX, 1998, p.42).

O imaginário e a memória têm importância na formação da identidade de Guarulhos, deste modo as lembranças resgatadas como referenciais, o processo de distinção patente por classificar os desiguais, as experiências únicas e dinâmicas, além do sentimento de integração são alguns elementos que caracterizam a formação de uma identidade. Alguns destes elementos podem ser influenciados de acordo com a cultura e o poder de algumas entidades (LE GOFF, 1984, p.46).

1.4 Referências identitárias na busca por uma identidade global

Guarulhos pode estar buscando uma identidade global, e por esta razão a cidade está sendo vendida ao mundo de modo similar às grandes cidades mundiais, tais quais: Roma na Itália, Nova York nos Estados Unidos, Buenos Aires na Argentina e até mesmo São Paulo no Brasil.

(44)

legitimadora, ou seja: aquela introduzida e influenciada pelas instituições dominantes da sociedade, com o objetivo de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais.

O poder público agiu na construção da história do município, no sentido de promover a legitimação de concepções que faziam de Guarulhos um município suburbano e dependente em relação ao desenvolvimento da capital São Paulo com as quais parece que todos concordavam, como parte de um imaginário comum. No entanto não parece que estas representações façam parte do planejamento atual.

Contido no imaginário da população guarulhense está o fato de que a construção da Via Dutra, na década de 1940, foi de extrema importância para o desenvolvimento da cidade. Convém aliar tal constatação com a percepção dos habitantes da importância da localização geográfica do município. A Via Dutra, concebida para ser o elo de ligação entre as duas principais metrópoles brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, foi historicamente considerada muito importante para o desenvolvimento (social e industrial) do município.

(45)

compactuaram e aprovaram as mudanças governamentais implementadas, como ocorreu na região do grande ABC e em Guarulhos.

Outros fatos históricos (implantação do trem da Cantareira, construção do parque Cecap e a construção do aeroporto internacional), porém, de algum modo, em princípio não foram apropriados pelo imaginário da população guarulhense, quer pela falta de um instrumento legitimador para o processo de identificação – conforme a distinção de Castells -, quer pelo processo de reprodução da cultura local, e da conseqüente forma de apropriação destas informações pela memória coletiva dos habitantes.

O referencial teórico é preciso no que concerne à formação de uma identidade social, no sentido de respaldar o indivíduo, o ser social, enquanto o principal ícone responsável por todo o processo, deste modo somente o indivíduo pode criar o sentimento de identificação. De nada adianta o poder público municipal, na apropriação e na utilização do espaço urbano, tentar influenciar um comportamento não condizente com o sentimento de identificação, para a criação de uma historicidade, se este sentimento não tem respaldo pelos indivíduos integrantes ou não da sociedade civil.

(46)

A vinda de grandes hotéis e de grandes redes de turismo, a criação de um centro financeiro “nervoso” com a vinda de instituições internacionais como o “Citibank” e a utilização de termos no comércio local como “internacional” são necessários para que o cidadão do mundo sinta empatia por um espaço tão familiar que poderia ser qualquer outra metrópole do mundo como Roma, Barcelona ou Nova York.

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Figura 1 – Hotel Ceasar Park Guarulhos e Hotel Caesar Park Buenos Aires (2000)

Fonte: HotelierNews (Foto por Peter Kutuchian)1

Ovadia Saadia2

Na primeira foto Hotel Ceasar Park na Rodovia Hélio Schimdt, nas proximidades do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na segunda foto Hotel Ceasar Park em Buenos Aires, na região central da cidade.

1 http://www.hoteliernews.com.br/hoteliernews/hn.site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=22828&Midia=1

2

(48)
(49)

(50)

Capítulo 2 - A cidade de Guarulhos, sua identidade e sua história

2.1 – A Cidade e sua transformação

A cidade, desde seu surgimento, foi concebida como uma forma de assentamento adotada pelos membros de uma sociedade cuja presença direta nas áreas de produção agrícola não era necessária. Apresentava centros religiosos, administrativos e políticos caracterizados pelas funções comerciais e de gestão decorrentes da concentração ou da agregação de um determinado número de pessoas (CASTELLS, 1989, p.42).

A formação e a formatação da cidade medieval estava intrinsecamente ligada ao papel da cidade no âmbito da produção, ou seja, a maioria das atividades nestes centros condizia com a prática de agregar valor a determinado bem ou serviço, ou mesmo transformar fatores de produção em mercadorias ou produtos finais (LE GOFF, 1988, p.49; CARVALHO, 2005, p.22).

(51)

Após o período da Idade Média, a questão da cidade estava ligada diretamente ao fato de se concentrar em um determinado espaço uma numerosa população com necessidades similares e específicas, em que o mecanismo de escambo transformou-se no único meio para suprir tais necessidades, originando os mercados (CARVALHO, 2005, p.22). Desta forma a divisão do trabalho nas cidades baseava-se na necessidade da especialização das atividades que exigiam uma maior produção, tendo em vista a crescente demanda da população local (ROLNIK, 1988, p.27).

As cidades, após o período da revolução industrial, atraíram as indústrias em decorrência da existência de um mercado propício e da oferta de mão-de-obra, fator de produção primordial para a contemplação de uma linha de produção. Por outro lado a indústria trouxe à cidade novas possibilidades e expectativas, como a diversificação dos serviços e a criação de outros postos de trabalho (CASTELLS, 1989, p.45; CARVALHO, 2005, p.23).

(52)

Nos casos em que a indústria participou como entidade inserida no processo histórico de desenvolvimento da cidade, como pode ter acontecido em Guarulhos, percebe-se que a existência da indústria também provocou a organização – ou reorganização - da paisagem urbana, ou seja, provocou o próprio movimento de urbanização.

Conforme descreve Morais (2004, p.18) o nosso último século – XXI - já pode ser concebido como um século urbano3. A cidade passou a

ser o ponto estratégico de desenvolvimento de uma economia inserida em um permanente processo de globalização. As empresas e as unidades manufatureiras necessitam adquirir fatores de produção cada vez mais especializados; a necessidade de infra-estrutura avançada somente pode ser suprida pela cidade. A cidade contempla a integração de culturas, a troca permanente de experiências, o desenvolvimento social e a divisão do trabalho; desta forma as grandes cidades podem ser vistas como o centro de decisão do mundo capitalista (SASSEN, 1998, p.75).

3De acordo com Castells (1989, p.40) entende-se por urbano: “uma forma especial de

(53)

Nesta nova cidade global4, algumas variáveis podem estar presentes no imaginário coletivo da população: desigualdade social, qualidade de vida, industrialização, prestação de serviços, violência urbana, desenvolvimento sustentável, gestão cultural, entre outras. Todas estas variáveis fazem parte do processo de desenvolvimento urbano e nos remetem a refletir sobre a problemática da formação social, da ocupação do espaço e da interação com o processo de produção capitalista.

A cidade é concebida como um resultado inacabado e dinâmico de inúmeras intervenções econômicas e sociais, pelas quais o poder público e a sociedade civil acabam por desenvolver uma estrutura única e própria para o contexto do mercado e da organização política (CARVALHO, 2005, p.24; REZENDE, 1982, p.19). As intervenções sociais e econômicas, conforme será visto adiante, produzem repercussões que rotineiramente fixam e alteram informações no imaginário coletivo da população5, como no caso específico, da população de Guarulhos.

4Cidade Global: definição formulada por Saskia Sassen (1998) para demonstrar a nova contextualização

da grande cidade e da grande metrópole no século XXI. De acordo com Morais (2004, p.19): “O peso da atividade econômica deslocou-se de lugares baseados no setor industrial para centros financeiros e de serviços altamente especializados, que existem em pequeno número e que são chamados de cidades

globais. Tais cidades são centros de serviços financeiros e de decisão de grandes empresas, algumas,

inclusive, sedes do poder governamental. Por serem centros conseguem atrair serviços altamente especializados, também crescentemente globalizados e relacionados com essa centralidade”.

5 As informações geradas pelas intervenções sociais e econômicas são dinâmicas, pois o processo de

(54)

2.2 – A cidade de Guarulhos

A fundação de Guarulhos está vinculada ao tempo da fundação da cidade de São Paulo quando o norte da região era povoado por duas tribos de origem tupi, sendo que uma era a dos Guarulhos, proveniente da família guaianases, que se encontrava à margem direita do Rio Tietê, aldeia limítrofe à São Paulo de Piratininga (IBGE,2000).

Os guaianases eram reconhecidos por sua baixa estatura e grande barriga, sendo por isto denominados de “guarus-por” - semelhantes aos peixes de água doce, os barrigudos guarus-guarus. A denominação, em momento posterior, foi derivada para Guarulhos - pequeninos e barrigudos (IBGE, 2000). A tribo que ocupava a margem oposta era do uraraí, delimitada atualmente pelos bairros da Penha e de São Miguel Paulista em São Paulo (IBGE, 2000).

No ano de 1560, os jesuítas concentraram as duas tribos. À época, ataques e retaliações de desbravadores desconhecidos eram constantes; foi então que, para fortalecer a defesa e dissiminar a catequese entre aqueles que ali já estavam, os jesuítas concentraram as duas comunidades, formando a aldeia dos Guarulhos englobando os Uraraí (São Miguel), nos limites das respectivas margens junto ao rio Tietê. Guarulhos passou a ser uma das doze aldeias que compunham a defesa de São Paulo (IBGE, 2000).

(55)

desenvolveu. O desenvolvimento também foi fruto da descoberta de ouro na região o que acabou por potencializar a formação da comunidade guarulhense (IBGE, 2000).

(56)

Figura 2 – Rua de Guarulhos, ao fundo a capela de Nossa Senhora da Conceição – Ano 1910 após a chegada da energia elétrica.

Fonte: Prefeitura de Guarulhos, disponível em:

http://novo.guarulhos. sp.gov.br/index. php?option=c om_content&v iew=artic le&id=61&It emid=292, acess ado em 20/ 01/ 2010.

(57)

Grande parte do trabalho escravo na região foi exercido pelos Gegês – africanos de origem sudanesa. De acordo com dados do tombamento das propriedades rurais da Capitania de São Paulo em 1817, encontravam-se registrados na região 183 escravos pertencentes a 28 lavradores das áreas de Bom Sucesso, Itaverava, Lavras, Guavirotuba e Bom Jesus, além de Pirucaia, São Miguel, Varados e São Gonçalo.

O registro do poder público da produção do Município publicado em 1901 - denominado súmula – indicou que a cidade tinha 30 engenhos para produção de aguardente, 12 propriedades para cultivo de arroz, 4 propriedades para o cultivo de café, 200 propriedades para o cultivo de feijão, 200 propriedades para o cultivo de milho, 1 propriedade para o cultivo de tabaco, 10 propriedades para a produção de carvão e 2 propriedades para a fabricação de vinho (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

(58)

A década de 1900 também foi um marco para a cidade de Guarulhos por contemplar a chegada da energia elétrica, o que facilitou em período posterior a instalação de redes telefônicas, indústrias que necessitavam de média e alta tensão para seu processo produtivo e o serviço de transporte público (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

A Biblioteca Municipal de Guarulhos foi inaugurada na década de 1940, assim como o Centro Municipal de Saúde e a Santa Casa de Misericórdia. Em 1945 a Base Aérea Militar foi e por questões estratégicas retirada do Campo de Marte em São Paulo e transferida para o bairro de Cumbica (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

A localização privilegiada, próxima à cidade vizinha de São Paulo, fez com que empresários e investidores do ramo elétrico, metalúrgico, plástico, alimentício, de borracha, calçadista, automotor, eletrônico e de couro procurassem Guarulhos, a partir de 1950, para a consolidação de novas estruturas industriais; os empresários levaram em consideração a abertura da rodovia Presidente Dutra em 1951 como principal incentivo ao escoamento do processo produtivo (IBGE, 2000).

(59)

O aumento da indústria provocou um fenômeno imediato, correlacionado à expansão da renda dos munícipes e ao crescimento econômico da região, que foi a imigração de um grande número de pessoas com o objetivo de fornecer mão de obra para o fomento industrial local. A população de acordo com dados do IBGE (2000) no ano de 1950 era estimada em 35 mil indivíduos, em 1960 101 mil indivíduos, 237 mil em 1970 e 533 mil em 1980.

Em concurso realizado em 1960, promovido pela municipalidade, a música do Hino de Guarulhos, escolhida e premiada, foi composta pelo maestro Aricó Júnior e pela professora munícipe Nicolina Bispo, sendo a orquestra organizada pelo maestro Wenceslau Nasari Campos (PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011). A comemoração do IV centenário da cidade, em 8 de dezembro de 1960, promoveu pela primeira vez a audição pública do Hino referido abaixo transcrito:

Sob o céu desta Pátria querida, Mais cem anos de luta e labor, Cingem hoje o teu nome Guarulhos, Que se ergueu por seu próprio valor.

Chaminés, como lanças erguidas,

Nos apontam o caminho a seguir,

Trabalhando, vencendo empecilhos,

Desfraldando o pendão do porvir.

Tuas praças são livros abertos,

(60)

Crispiniano e Bueno fulguram, Como vultos eternos na História...

Que o teu nome em mais um centenário,

E na língua tupi proclamado,

Seja um hino de paz, de esperança, Por teu povo feli z, entoado.

Pequenina nasceste, e João Álvares,

Jesuíta, benzeu-te com Fé,

Tu és hoje cidade progresso,

Uma terra que vence de pé.

Eia, pois, guarulhenses, avante,

Com bravura na luta febril,

Por São Paulo e por tudo o que é nosso, E, acima de tudo o Brasil!

(61)

A Bandeira foi instituída pela Lei no. 1.679, de 7 de dezembro de 1971, produzida pelo artesão heraldista Arcinoé Antonio Peixoto Faria. De acordo com dados históricos da Prefeitura de Guarulhos o esquadrinhamento em Cruz remete à tradição heráldica portuguesa, sendo que os quartéis azuis são separados por quatro faixas brancas ao centro com faixas vermelhas, demonstradas duas a duas no sentido vertical e horizontal, partindo do vértice do losango branco central, local o qual o brasão é demonstrado (2011).

Figura 3 – Bandeira de Guarulhos

(62)

A Cruz demonstra o espírito cristão de Guarulhos, o brasão designa o governo municipal e o losango a sede do governo. As faixas demonstram que o poder público municipal está a se expandir por todos os quadrantes do território. De acordo com dados históricos da Prefeitura de Guarulhos as cores assim foram escolhidas:

(...)o azul simboliza a justiça, nobreza,

perseverança, selo, lealdade, recreação e

formosura; o branco paz, trabalho, amizade, prosperidade e pureza; o vermelho, amor pátrio,

dedicação, audácia, desprendimento, valor,

intrepidez, coragem e valentia. O seu uso obedece

regras que não podem ser transgredidas

(PREFEITURA DE GUARULHOS, 2011).

O Brasão da cidade foi criado em 1º de setembro de 1932 com aprovação do prefeito major Ariovaldo Panapés. O Braão foi criado pelo heráldico Afonso D´Escagnole Taunay e desenhado por José Rodrigues. A lua nascente prata representa as origens de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, a expressão “vere paulistarum sanguis meus” representa “O meu sangue é genuinamente paulistano”.

(63)

Segundo levantamento do Sebrae-SP (2000) Guarulhos é a segunda cidade do Estado de São Paulo em densidade populacional, com mais de 1.218.000 habitantes e taxa de crescimento populacional aproximada de 2,36% ao ano (IBGE, 2000).

De acordo com o Sebrae-SP (2000), Guarulhos durante a década de 1990 vivenciou a transferência de algumas importantes indústrias para outros territórios, fenômeno que foi experimentado também pela região metropolitana de São Paulo. As razões são inúmeras, tais quais: custos operacionais mais vantajosos, considerando-se a oferta de mão de obra e os tributos a serem recolhidos, trânsito livre, a permitir constante tráfego de mercadorias e serviços, desobstruindo a integração logística entre compradores e vendedores (2000).

Os sindicatos de classe também passaram a ser um fator preponderante para a evasão de indústrias da cidade; os benefícios exigidos por convenções sindicais acabaram por potencializar a saída das empresas (SEBRAE-SP, 2000).

(64)

O setor serviço a partir do ano 2000 passou a figurar entre as principais atividades econômicas no município de Guarulhos, entre os quais destacam-se as seguintes empresas: Supermercado Carrefour, Supermercado Extra (Grupo Pão de Açúcar), Caesar Park Hotel, Rede Accor de hotéis (Mercury e Íbis), entre outras (SEBRAE-SP, 2000).

Guarulhos faz parte de um pequeno grupo de cidades brasileiras que detêm, juntas, um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a 25% da economia nacional, possuindo 2.200 indústrias, 15.000 comércios e 45.000 empresas prestadoras de serviço, sendo considerada a sétima economia do país (IBGE, 2000).

A atividade industrial é patente e concentra a fabricação de máquinas, utensílios eletrônicos, componentes para automóveis, materiais plásticos e borracha, além de indústrias alimentícias, farmacêuticas e de vestuário. A atividade industrial também é responsável pelo grande volume de exportações do município, alcançando o quarto lugar no ranking dentro do Estado de São Paulo (IBGE, 2000). Guarulhos também detém uma economia de serviços, onde estão instalados bancos, empresas de consultorias e empresas de segurança (IBGE, 2000).

A revisão da literatura6 acerca da contextualização histórica de Guarulhos permite a identificação de alguns fatores decisivos para o surgimento e para o avanço industrial e social da cidade a partir da década de 1950, entre eles: A localização geográfica, a fabricação de

6 A bibliografia utilizada para a revisão da literatura em relação à contextualização histórica de Guarulhos

(65)

tijolos, a isenção de tributos municipais, o modelo desenvolvimentista implantado pelo Governo Juscelino Kubitschek, a construção do Parque Cecap, da Via Dutra e do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

O município foi formado em um local estratégico, com facilidade de integração entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais (Região Sul) e Rio de Janeiro (Região Sul). A proximidade geográfica com a cidade de São Paulo, posicionando-se como cidade limítrofe, conseguiu atrair investimentos e capitais próprios da metrópole (particularmente da região leste e norte).

A manutenção de um pólo de fabricação de tijolos, fornecendo-os, principalmente, para a capital paulista, período em que foi construído um porto com a finalidade de atracar barcaças que por intermédio do Rio Tietê levavam tijolos para a região de São Paulo atualmente denominada Ponte das Bandeiras. Implantação e manutenção do “Trem da Cantareira”, inaugurado em 1915, que percorria os bairros de Vila Galvão, Vila Augusta, Tibagy, Gopoúva e Praça IV Centenário (Guarulhos – Centro), extinto em 31 de maio de 1965 (RANALI, 2002, p.154).

(66)

Guarulhos assumiu a partir de 1950 um padrão de acumulação de capital tipicamente capitalista e internacional, igualmente vivenciado pelo Brasil (MARCELLOS, 2006; PERAZZO, 2002, p.34). Houve a época a transformação da estrutura econômica do país pela criação da indústria de base, com estímulo ao capital e know-how estrangeiros (COVRE, 1982; MARCELLOS, 2006). Segundo Ianni (1971, p.152), o Plano de Metas representou, para os empresários e governantes dos países desenvolvidos, que a participação do Estado brasileiro nas decisões e realizações ligadas à economia poderia ser uma garantia ao investidor internacional. O Governo brasileiro não representava um risco para o investidor, pois procurava respaldar as ações deste último dentro da economia (MARCELLOS, 2006).

A construção do Parque Cecap em 1967, por intermédio do BNH (Banco Nacional da Habitação) foi essencial para a acomodação de famílias migrantes de outros locais do Brasil, no entanto não foi suficiente para alocar todas. No mesmo período outros empreendimentos informais (loteamentos irregulares) foram estabelecidos nas regiões hoje conhecidas como bairro Taboão, Continental, dos Pimentas, Bonsucesso, Cocaia, Aracília, Cumbica, São João e Fortaleza.

(67)

bem baixo foi fator preponderante para o deslocamento destas pessoas (RANALI, 2002).

2.3 – O Parque Cecap

(68)

Figura 4 – Parque Cecap – (2011)

Fonte: Antonio Farinaci, disponível em

http://antoniofarinaci.blogosfera.uol.com.br/, acessado em 20/12/2011.

(69)

O conjunto tem grande importância para São Paulo, na medida em que reflete a preocupação pela solução de problemas habitacionais de uma

porcertagem da população. Segundo dados

relacionados no Plano Municipal de

Desenvolvimento Integrado – PMDI, na década de 70, deveriam ser construídos para uma população de nível de renda baixa cerca de 500 mil unidades na Grande São Paulo. A Cecap está construindo 10 mil. Portanto, se estiverem certos os dados do PMDI, o conjunto siginifica 2% do total das

necessidades de habitação nesse período

(FARINACI, 2011).

A idéia do conjunto habitacional, a princípio, partiu da concepção de que a região metropolitana de São Paulo tinha um grande déficit habitacional em relação aos indivíduos de baixa renda. A proposta foi construir moradias populares para comportar o expressivo número de pessoas sem condições de adquirir, a partir de financiamento bancário ou métodos convencionais, suas casas. A idéia foi criar um bairro com infraestrutura completa para atender aos indivíduos sem que estes precisassem sair de suas residências, neste sentido:

(70)

Paulo Mendes da Rocha foi a implantação de um centro comunitário integrado, como se o conjunto fosse realmente uma cidade com vida própria: todos os serviços e instalações necessárias a essa

autonomia foram meticulosamente previstos:

escolas, centros de saúde, hospital, lojas, entreposto de abastecimento, igreja, clube, além de um sistema viário conjugado com a via Presidente Dutra e seus acessos à cidade de Guarulhos

(FARINACI, 2011).

O entendimento do Governo do Estado era de que se o bairro contemplasse todos os serviços necessários para atender ao cotidiano dos indivíduos, como hospital, lojas, igreja, clube, entre outros, o sentimento de conforto era maior, pois as pessoas não necessitariam sair desta localidade para quaisquer afazeres a não ser trabalhar.

(71)

O projeto Cecap previa consolidar um centro de relacionamento, serviços e entretenimento em um único lugar, privilegiando-se a vida comunitária entre os habitantes do conjunto popular. Um fator importante a permitir esta integração era a origem de grande parte dos indivíduos que ali residiriam, em grande número provindos do nordeste brasileiro, razão pela qual através da cultura e da identidade própria poder-se-ia esperar um relacionamento harmonioso e duradouro entre os mesmos (RANALI, 2002). A divisão do conjunto habitacional assim ficou estabelecida:

(72)

A flexibilidade das plantas segundo os hábitos foi motivo de orgulho do projeto arquitetônico, pois contemplava todas as famílias, desde as pequenas até as maiores, e a adaptação era simples. Atualmente, os moradores do Parque Cecap já não o vêem como um conjunto popular, mas como um conjunto de pessoas da classe média que trabalham nas redondezas do bairro, particularmente no aeroporto internacional de Guarulhos (FARINACI, 2011).

Com o tempo, a identidade do local foi alterada. Apartamentos no Cecap tem o mesmo valor comercial de outros construídos nas melhores regiões da cidade de Guarulhos, as pessoas tem orgulho de manifestar que moram nesta localidade (FARINACI, 2011).

2.4 – Via Dutra

(73)

Figura 5 – Rodovia Presidente Dutra (Guarulhos) – Década 2000

Fonte: Nova Dutra7

Ranali, ademais, apresenta algumas razões sociais e econômicas para que a rodovia fosse implementada, como o fato de garantir a ascensão do setor agrícola delimitado pelo cinturão verde da zona leste de São Paulo, garantir o escoamento da produção dos derivados do leite, garantir o escoamento da produção de São Paulo para o Rio de Janeiro e para o interior paulista, garantir a comunicação entre os dois Estados mais importantes do país, permitir a segurança da pátria, interligando todas as unidades do Exército e da Aeronáutica (2002, p.267).

(74)

O Estado brasileiro garantiu a transformação da estrutura econômica do país e o Plano de Metas relacionou quatro setores básicos a serem desenvolvidos: energia, transportes, alimentação e indústria de base (MARCELLOS, 2006). As estratégias para desenvolver estes quatro setores objetivavam assegurar as bases materiais para nivelar a acumulação de capital brasileiro para um patamar mais elevado (KLINK, 2001, p.96; MARCELLOS, 2006).

2.5 – O Aeroporto de Guarulhos

Outro marco para a cidade foi a construção do Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos (1985), Ranali destaca a importância do Aeroporto para o avanço da estrutura econômica do município de Guarulhos. Em suas palavras: “E, aqui avulta a importância do Aeroporto, para calar de vez os que se opuseram e ainda se opõem para efeito demagógico à sua presença entre nós: a comunidade aeroportuária abriga, ao longo das 24 horas de operação, uma verdadeira cidade” (2002, p.334).

Imagem

Figura 1 – Hotel Ceasar Park Guarulhos e Hotel Caesar Park Buenos  Aires (2000)
Figura  2  –  Rua  de  Guarulhos,  ao  fundo  a  capela  de  Nossa  Senhora  da  Conceição – Ano 1910 após a chegada da energia elétrica
Figura 5 – Rodovia Presidente Dutra (Guarulhos) – Década 2000
Figura 6 – Terminais Aéreos do Aeroporto Internacional de Guarulhos  – 2005
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Referências

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