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A definição dada por Gilberto Freyre sobre o am igo Gilberto Osório traduz, exem plarm ente, o perfil intelectual do hom em que soube cingir, com o poucos, a m ultidisciplinaridade, ultrapassando os lim ites da sua principal especialização.

Gilberto Osório foi antropólogo e historiador, hum anista e ecólogo, geógrafo e clim at ologist a, escrit or e art ist a. Tudo isso sem m arginalizar os estudos j urídicos, a produção j ornalíst ica, as preocupações filosóficas, as invest igações t écnicas, a prática do m agistério. Com o pôde abarcar essa diversidade de conhecim ent os? E com o pôde exercit á- la, sim ult aneam ent e?

É im pressionante observar que, sem abdicar das salas de aula e da redação dos j ornais, Osório perm itiu- se, a partir da década de 1950, estender sua presença em outros espaços. Liderou excursões cient íficas est udant is, rast reando rios brasileiros, principalm ente os do Nordeste, notadam ente os do açúcar e da carnaúba. Chefiou grupos de t rabalho, em brenhados no I nterior, em pesquisas fitogeográficas.

Percorreu t odo o Lit oral nordest ino, foi íntim o das pragas sertanej as, soube tudo do brej o, da caatinga, dos planaltos, das chapadas, dos canaviais. Conheceu as pedras com o a vegetação. E em polgou auditórios com as suas descobert as.

Fez est udos pioneiros sobre as prolongadas fases de pediplanação que arrasaram , ao longo do Cenozóico, no Nordeste brasileiro, est rut uras rochosas pré- cam brianas, que foram cham adas, na época, de revolucionárias da Geom orfologia Clim ática, que foram apresentadas de m aneira im pecável, invulgar.

Na Clim atologia Dinâm ica, ele descobriu a profunda relação dialét ica est abelecida entre o Nordeste brasileiro e o sudoeste africano, m at erializada na dinâm ica de um a m assa de ar que sai do anticiclone dom inante sobre o desert o do Kalaari ( na Nam íbia) e se proj et a sobre o sem i- árido

nordest ino, det erm inando as condições de secura atm osférica ( JATOBÁ, 2000)1.

Na década 1961- 70, Gilberto am pliou seus interesses cient íficos ligados a Clim atologia e a Geom orfologia Clim ática, tendo participado de estudos e de debates com o geógrafo Aziz Ab’Saber, que o acom panhou em trabalhos na I lha de I tam aracá, e com o sedim entologista João José Bigarella, da Universidade Federal do Paraná.

Tentou elaborar um a classificação das superfícies de erosão, no relevo brasileiro, fazendo estudos com parativos aos de Lester King, realizados no cont inente africano. Estudavam - se, então, problem as ligados à variação do nível do m ar nas duas m argens do At lânt ico, na Com issão de União Geográfica I nternacional, em grupo de trabalho dirigido pelo geom orfologista francês Francis Ruellan. Já nos trabalhos de cam po ligados à Fitogeografia, profundam ente integrada com a Geom orfologia e com a Clim atologia, contou com grande apoio do botânico Dárdano de Andrade Lim a.

Suas preocupações nas áreas biológicas tam bém não foram esquecidas, tendo sido m arcadas pela publicação de livros considerados de Geografia Médica ou de História da Medicina, com o o Rosa, Mourão e

Pim ent a, e est udos sobre m eio am bient e,

ligados ao período anterior à guerra dos Mascates, no século XVI I . Cert am ente, a diversidade e a am plitude de sua área de interesses levaram Gilberto Freyre a classificá- lo com o “ m ais que geógrafo” .

Sem pre inovador e revelador, Gilbert o Osório im pôs um a visão “ int egral, integrat iva da m issão do conhecim ento geográfico; um a geografia analít ica” . Surgia assim , um a Nova Geografia. Com o grupo form ado por Gilbert o, Hilt on Sett e, Manuel Correia de Andrade e Mário Lacerda de Melo, o Estado de Pernam buco transform ou- se naquela época no terceiro centro de estudos geográficos do Brasil, vindo depois de São Paulo e do Rio de Janeiro.

O trabalho invest igat ivo de Gilbert o Osório, não apenas na área da Geografia, m as em todos os cam pos que dom inou, ram ificou- se em conferências, com unicações em congressos e sem inários, debates prom ovidos pelos m ais diferentes cent ros de t odo o País. Foi assunto de livros, resenhas, ensaios e art igos publicados em revistas especializadas e em obras colet ivas.

Sua fam a de cientist a not ável m otivou convites para a part icipação em grupos de trabalho e em bancas exam inadoras de concursos em várias universidades brasileiras.

Ao m esm o tem po, Gilberto tom ava part e em com issões t écnicas de origens diversas.

1 JATOBÁ, L.. Prêm io Gilbert o Osório. Artigo publicado no

Jornal do Com m ercio, em 26/ 12/ 2000.

Am igos e com padres, os dois Gilbertos – Osório e Freyre – fazem pose art íst ica, na casa de João Cardoso Ayres, em Boa Viagem . Fot o: ALEPE.

Foi consult or regional do I BGE; presidiu, em t rês gest ões, a Associação dos Geógrafos Brasileiros ( AGB) – Seção Pernam buco; foi m em bro e relat or do grupo de trabalho instituído pela Com issão Nacional da União Geográfica I nternacional ( UGI ) para form ular um ant eproj et o de regulam entação da profissão de geógrafo; integrou a Com issão de Especialistas criada na Diretoria do Ensino Superior do Ministério da Educação ( MEC), para estudar e propor ao Conselho Federal de Educação ( CFE) o currículo m ínim o a ser fixado para a Licenciat ura de Geografia; coordenou o Depart am ent o de Levant am ent os Básicos do Grupo de Estudos do Açúcar da Fundação Açucareira do Nordeste entre outros.

Na Universidade Federal de Pernam buco ( UFPE) , suas atividades não ficaram rest rit as às aulas e às pesquisas. Foi coordenador do Depart am ento de Geografia, diretor do I nstituto de Ciências da Terra, m em bro do Conselho Universit ário, aut or e relat or do prim eiro anteproj et o de reform ulação do Regim ento da Faculdade de Filosofia de Pernam buco. Fez parte, ainda, da Com issão de Est udos sobre a Reform a Universit ária, e da Com issão de Planej am ento da Cidade Universitária. Participou das com issões que prom overam a im plantação da Universidade Federal do Maranhão ( j untam ente com Rachel Caldas Lins) , e a reestruturação das Universidades Federais da Bahia e de Pernam buco. No início dos anos 60, atuou com o assessor da Diret oria do Ensino Superior do MEC.

Gilberto Osório t am bém em prestou os seus conhecim ent os técnicos à SUDENE, de cuj o Depart am ent o de Recursos Hum anos foi diret or e onde, t am bém , exerceu as funções de assistente técnico da Superintendência para assunt os educacionais. Representando a autarquia, realizou viagem aos Estados Unidos, em 1970, para estágio j unto a vários sistem as educacionais norte- am ericanos, e obt eve diplom a de especialização em Educational Planning pelo Health, Education and Welfare Office of Educat ion.

Na part e final de sua at uação cient ífica, j á com problem as de saúde, deu grande apoio à im plantação do curso de m estrado em Geografia, na UFPE.

Entre livros, folhet os, discursos, conferências, ensaios e com unicações publicadas em revistas científicas, Gilberto Osório deixou 111 títulos. Desses, dois livros –

Os Rios do Açúcar do Nor dest e Or ient al ( O Rio Ceará- Mirim ) e Os Rios do Açúcar do Nor dest e Orient al ( O Rio Paraíba do Nort e) – for am

escritos em colaboração com Manuel Correia de Andrade.

Sua parceria m ais freqüent e foi com Rachel Caldas Lins, com quem escreveu quat ro livros – O Rio Mossoró ( Os rios da carnaúba),

João Pais do Cabo: o pat riarca, seus filhos,

seus engenhos; Pir apam a – um est udo

geográfico e hist órico e São Gonçalo Garcia: um cult o frust rado, est e últ im o publicado

postum am ente – e vários ensaios para periódicos especializados.

Um de seus m ais im port antes trabalhos na área geográfica foi Furos, Paranás

e I gar apés, apresent ado no XVI I I Congresso

I nternacional de Geografia, realizado no Rio de Janeiro em 1956.

Em vida, Gilbert o fora alvo de m uit as hom enagens, tendo recebido, várias dist inções e m edalhas no Brasil e no exterior.

Gilberto Osório veio a falecer na t arde chuvosa de 31 de j ulho de 1986, ouvindo o rom ânt ico Wagner, seu com posit or preferido.

Gilberto era um hom em de posições definidas e ardoroso na defesa dos seus princípios políticos e científicos; m as era profundam ente equilibrado no j ulgam ent o dos que dele divergiam , sem pre procurando ser j ust o nos seus j ulgam ent os e posições.

Em relação à relevância de sua obra, Gilberto Osório não alcançou a repercussão que m erecia.

Por isso estam os aqui fazendo est a j ust a hom enagem a est e celebre hom em que nos deu im port antes contribuições cient íficas, principalm ente nas áreas de clim atologia e estudos do clim a sobre a geom orfologia brasileira.

Sugest ão de Leit ura:

AGB - Seção Cam pina Grande-PB, 2006.

“Geógrafo, Mais que Geógrafo”. Disponível em

http: / / br.geocities.com / agbcg/ go.htm, acessado em 20/ Out./ 2006.

ALEPE, 2006. Gilbert o Osório. Disponível em

http: / / www.alepe.pe.gov.br/ perfil/ parlam ent ares/ GilbertoOsorio/ sum ario.ht m l, acessado em 25/ Out.,2006.

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA DE PERNAMBUCO, 2006. Os Conselheiros: Gilbert o

Osório de Oliveira Andrade. Disponível em

ht t p: / / www.cec.pe.gov.br/ gilbert oandrade.htm l, acessado em 05/ Out./ 2006.

JATOBÁ, L., 2000. Prêm io Gilbert o Osório. Artigo publicado no Jornal do Com m ercio, em 26/ 12/ 2000.

RI VAS, L., 2001. Gilbert o Osório: Um

Hom em do Renascim ent o. Perfil Parlam entar

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Font e: Extraído de Juan M. S. Belenguer, Espanha, 2004.

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