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CAPÍTULO 2 RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.6 GERENCIAMENTO DA RDS

A previsão do art. 6 º, III, da Lei nº. 9.985/00 consigna os órgãos executores: no âmbito federal o IBAMA, no âmbito estadual, o órgão ambiental estadual (no caso do Amazonas, o IPAAM) e no município o órgão ambiental municipal. Portanto, nas suas respectivas esferas, cada um desses órgãos têm as atribuições para implantar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as UCs. Na administração, dentre outras funções, o órgão executor tem a responsabilidade de aprovar a instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infra-estrutura urbana em geral, em unidade de conservação, quando estes equipamentos são admitidos.

Ainda, no gerenciamento da RDS, o órgão gestor tem o papel de ser articulador entre os vários grupos sociais interessados na UC e, conforme o SNUC, ele poderá se aliar à comunidade científica para incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das UCs, e sobre formas de uso sustentável dos recursos naturais, para efeito0 de valorização do conhecimento das populações tradicionais.

A RDS Mamirauá é um exemplo de articulação com a comunidade científica. Por conseguinte, tem um rol extensivo de trabalhos científicos publicados e em andamento, que estão sendo realizados na área da UC91.

A RDS poderá ser gerida por um conselho deliberativo, que deverá ser presidido pelo órgão responsável por sua administração, e constituído por representantes de órgãos públicos92, de organizações da sociedade civil93 e das populações tradicionais residentes na

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Cf. no site http://www.mamiraua.org.br/mamiraua/mamiraua.htm e http://www.cnpq.br/mamiraua. 92

A representação dos órgãos públicos deve contemplar, quando couber, os órgãos ambientais dos três níveis da Federação e órgãos de áreas afins, tais como pesquisa científica, educação, defesa nacional, cultura, turismo, paisagem, arquitetura, arqueologia e povos indígenas e assentamentos agrícolas (Art. 17, §1°, Decreto nº. 4.340/02).

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A representação da sociedade civil deve contemplar, quando couber, a comunidade científica e organizações não-governamentais ambientalistas com atuação comprovada na região da unidade, população residente e do

área, com representação paritária, na medida do possível, considerando a situação local. O mandato de conselheiro é de dois anos, renovável por igual período, não remunerado, e considerado atividade de relevante interesse público. A reunião do conselho deve ser pública, devendo ocorrer em local de fácil acesso, com pauta já prevista na ocasião da convocação. O conselho tem como competência as seguintes atribuições:

Elaborar o seu regimento interno, no prazo de noventa dias, contados da sua instalação; Acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano de Manejo da unidade de conservação, quando couber, garantindo o seu caráter participativo;

Buscar a integração da unidade de conservação com as demais unidades e espaços territoriais especialmente protegidos e com o seu entorno;

Esforçar-se para compatibilizar os interesses dos diversos segmentos sociais relacionados com a unidade;

Avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual, elaborado pelo órgão executor a partir dos objetivos da unidade de conservação;

Ratificar a contratação e os dispositivos do termo de parceria com Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), na hipótese de gestão compartilhada da unidade;

Acompanhar a gestão por OSCIP, e recomendar a rescisão do termo de parceria, quando constatada irregularidade;

Manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto na unidade de conservação, em sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos; e

Propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar a relação com a população do entorno ou do interior da unidade, conforme o caso.

entorno, população tradicional, proprietários de imóveis no interior da unidade, trabalhadores e setor privado atuantes na região e representantes dos Comitês de Bacia Hidrográfica agrícolas (Art. 17, §2°, Decreto nº. 4.340/02).

O Decreto nº. 4.340/02 prevê que, no caso de UC municipal, o conselho municipal ambiental pode ser designado como conselho da RDS, desde que tenha competência estabelecida para isso, e que a composição seja a mesma daquela descrita acima.

A gestão da RDS também pode ser compartilhada com uma OSCIP, por meio de um termo de parceria, que deverá ser celebrada entre esta e o órgão executor. A gestão compartilhada consiste em que o órgão governamental terá um parceiro na administração da UC, cada qual com as suas atribuições, competências e responsabilidades delineadas no termo de parceria.

É preciso observar que, a OSCIP, com representação no conselho da UC, não pode se candidatar à gestão compartilhada, tendo em vista a sua natureza em desempenhar atividades de fiscalização da administração da UC.

A gestão compartilhada da UC surgirá por meio de propostas formuladas em atendimento ao edital elaborado e promovido pelo órgão executor.

Em relação aos recursos destinados a RDS, estes ficam sob a administração do órgão gestor, que deverá aplicá-los na implantação, gestão e manutenção da UC. Devido a isso, esse órgão deve fornecer relatórios anuais sobre a sua administração ao órgão executor e ao conselho deliberativo. Este órgão também poderá receber recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas, ou de pessoas físicas que desejarem colaborar com a conservação da UC.

A gestão de uma RDS deve ser pautada nas normas jurídicas e também empenhada em fortalecer o vínculo de parcerias na concretização dos objetivos da UC, principalmente, no tocante, ao fomento da participação da população local, fazendo com que os instrumentos de normatização, por exemplo, o plano de manejo, seja resultado desta parceria. Neste sentido, o plano de manejo deve ser elaborado para ser fruto desta parceria, onde o conhecimento

técnico e o dos moradores e usuários da área serão integrados, organizados e, assim, corresponderão a realidade daquela área.