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“Risco e incerteza são fundamentais para vida humana e corporativa” (SHIMPI, 2001, p. 3). Com esta afirmação, pode-se observar a importância que o risco tem para os negócios e para as empresas.

Segundo Beaver (1995), risco não é apenas a incidência de eventos adversos. Para Holton (2004), parece que o risco envolve dois componentes principais, que é a incerteza e a

exposição. Por isto, para ele, risco é a exposição a uma proposição, uma das quais é incerta. Knight (1921) diferencia incerteza do risco, sendo este último uma variável passível de ser medida; já, a incerteza não é mensurável. Damodaran (2009) resume essa definição em uma fórmula que é a probabilidade de um acidente multiplicado pela consequência em perdas financeiras ou em perdas de vida.

Para Beaver (1995), muitos dos riscos são do tipo tradicional, sendo estes: risco de crédito, que é o risco da parte não honrar seus compromissos (pagamentos); risco de taxa de juros, que é o risco de descasamento entre ativos e passivos devido à flutuação de taxas de juros; e o risco de liquidez que é o risco de não possuir condições de pagar saques desejados pelos clientes.

Há, ainda, outros riscos, citados por Crouhy, Galai e Mark (2006), como:

 risco de mercado: risco de mercado é o risco que as mudanças nos preços do mercado financeiro e as taxas de juros reduzirão o valor de um título ou uma carteira;

 risco operacional: risco operacional diz respeito às perdas potenciais resultantes de sistemas inadequados, às falhas de gerenciamento, aos controles defeituosos, à fraude e ao erro humano;

 risco legal e regulatório: risco regulatório e legal surge para toda uma variedade de razões e está relacionado ao risco de reputação;

 risco de negócios: risco de negócio refere-se aos riscos clássicos do mundo dos negócios, tais como: incerteza sobre a demanda por produtos, o preço que pode ser cobrado para esses produtos, ou o custo de produção e entrega de produtos;  risco estratégico: risco estratégico refere-se ao risco de investimentos

significativos para os quais não há uma grande certeza sobre o sucesso e a rentabilidade;

 risco de reputação: risco de reputação está tomando uma nova dimensão, após os recentes escândalos contábeis que desfalcaram os acionistas, os credores e os empregados de diversas grandes corporações.

A gestão de risco, conforme Gregory (2010) afirma, tem experimentado uma revolução ao longo das últimas duas décadas, pois tem sido impulsionada pelas catástrofes financeiras devido ao colapso de grandes instituições financeiras como a do Lehman Brothers. Para Gregory (2010), essas catástrofes provaram que enormes prejuízos podem surgir de uma

insuficiente gestão de riscos e causar uma onda negativa no conjunto dos mercados financeiros globais

Por isso, a gestão de riscos é importante, pois, segundo Damodaran (2009), as empresas de sucesso precisam adotar uma visão mais abrangente de gestão de risco, em que possam considerar não apenas a maneira de proteger-se contra alguns riscos, mas também considerar quais os riscos que devem ser explorados e qual a melhor maneira de explorá-los. Culp (1999) afirma que o principal objetivo da gestão de risco é eliminar dispendiosos resultados.

Para Brealey e Myers (2005), algumas das justificativas em proteger-se dos riscos é pelo fato de que, com isso, o planejamento financeiro seja facilitado, reduzindo as chances de uma queda embaraçosa de caixa, e também para que ajude o gestor de produção a focar apenas na sua atividade.

Porém, segundo Damodaran (2009), ultimamente a gestão de risco muitas vezes tem sido equiparada somente ao hedge.

Para se protegerem dos riscos, as empresas podem utilizar diversos instrumentos financeiros e, dentro dessa estratégia, os derivativos são importantes e, para Beaver (1995), as empresas têm uma demanda por instrumentos derivativos para controlar os riscos.

Culp (2002) afirma que uma das razões para o enorme sucesso e popularidade dos derivativos nas últimas décadas é que permitem que as empresas adequem seus perfis de risco, facilitando a transferência de tipos específicos de risco. Culp (2006) conceitua transferência de risco como sendo o processo pelo qual os impactos negativos explícitos de um risco são transferidos de uma empresa a um ou mais indivíduos ou a uma ou mais empresas.

Durbin (2010) cita dois motivos pelo qual os derivativos são usados para o gerenciamento de risco: primeiro, porque o valor de um derivativo é determinado principalmente pelo valor do ativo subjacente, sendo as posições no derivativo e no seu ativo subjacente compensadas, por esse motivo tende a neutralizar as mudanças no valor do ativo subjacente; segundo, os derivativos empregam o poder da alavancagem.

Devido a isso, muitas empresas hoje, de acordo com Chew (1999), utilizam os derivativos como hedging, ou seja, para diminuir os seus riscos. Hedging, segundo Whaley (2006), refere-se a reduzir o risco da nossa posição pela compra ou venda de outros ativos cujo valor sofrerá mudanças no montante igual ao valor dos ativos que se tem.

Entretanto, como salienta Chew (1999), o hedging não necessariamente elimina todos os riscos de uma empresa, pois quando uma empresa se protege contra um determinado risco, esta se protege contra mudanças adversas no mercado, mas, caso o mercado se altere para um cenário que favoreceria a empresa, esta pode encontrar-se em uma situação que combinará as piores características da situação com hedge, com as piores características de um cenário sem hedge.

Contratos futuros, contratos a termo, opções e swap são alguns dos derivativos utilizados para efetuar proteção contra riscos. De acordo com Silva Neto (2002), para a realização de um hedge, não existe um instrumento derivativo melhor ou pior, existe apenas aquele que se adapta melhor ou pior às necessidades de proteção de uma empresa.

Kolb e Overdahl (2002) citam a utilização como ferramenta de hedge, os contratos futuros que podem ser caracterizados de diversas maneiras, dependendo do risco a ser coberto e da construção da cobertura. Uma empresa que sabe que vai vender um ativo no futuro pode proteger o preço deste ativo, tomando a posição de vendido: isso é conhecido como um short hedge. Já uma empresa que sabe que vai comprar um ativo no futuro, pode dar cobertura, tomando uma posição longa: isso é conhecido como um long hedge.

Já, Chisholm (2010) menciona as opções que podem ser combinadas entre si e com as posições em valores mobiliários subjacentes para construção de diferentes estratégias de negociação e gerenciamento de risco, como, por exemplo, o uso de uma opção de venda para se proteger contra perdas potenciais em uma posição de um ativo subjacente.

Culp (2002) afirma que uma transação com swap pode ser construída para ser liquidado com base em praticamente qualquer tipo de evento, ou gatilho, por isso, não surpreendentemente, os swaps são crescentemente utilizados para gerenciar os riscos que não apenas o de mercado e o de risco de crédito.

Shimpi (2001) ainda cita os derivativos de crédito que surgiram para gerar uma capacidade de crédito adicional para as contrapartes; e os derivativos de tempo, que surgiram para mitigar os riscos de empresas que estão expostas aos riscos de alterações climáticas.

Entretanto, Climeni e Kimura (2008) destacam que, apesar de os derivativos serem utilizados para o gerenciamento de riscos, estes instrumentos também possuem riscos embutidos como: risco de flutuação do mercado, risco de problemas de crédito, risco de liquidez, risco de erros ou fraudes em operações ou controles e risco de operações que podem ser questionadas juridicamente.

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