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Este trabalho se caracterizou como uma pesquisa descritiva que, de acordo com Gil (2002), busca primordialmente a descrição de características de determinada população. Além disso, considerando o esquema tipológico, apresentado por Abramo (1979), este trabalho é, segundo o nível de interpretação, uma pesquisa mensurativa, pois, mais do que descrever as características, buscou quantificar e medir as mesmas.

O presente trabalho também pode ser classificado como uma pesquisa exploratória, já que, de acordo com Beuren (2008), pesquisa exploratória normalmente ocorre quando ainda há pouco conhecimento sobre o tema, buscando, por meio desse estudo, conhecer mais profundamente o assunto com o objetivo de torná-lo mais claro.

Ainda, de acordo com Abramo (1979) esse trabalho pode ser classificado como uma pesquisa aplicada, que é aquela realizada para que seus resultados tenham utilização na solução de possíveis problemas encontrados que, no caso desse trabalho, pode ser aplicado para o aumento do grau de disclosure em relação aos instrumentos financeiros derivativos pelas empresas.

De acordo com o paradigma da pesquisa metodológica, essa pesquisa é classificada como fenomenológica, que, para Collis e Hussey (2005), é um paradigma mais ligado ao subjetivo, a observar e analisar o comportamento das pessoas e do ambiente, interpretando todo tipo de informação que se possa retirar dessa observação

3.2 Método de Pesquisa

Esta pesquisa é considerada, predominantemente, qualitativa que, segundo Beuren (2008), busca destacar características que não podem ser observadas pelo estudo quantitativo, pois teve como objeto de análise as notas explicativas constantes das demonstrações contábeis das empresas selecionadas para a amostra. Porém, seguindo a classificação apresentada por Abramo (1979), esse trabalho, segundo o método de estudo, também pode ser considerado como estatístico, pois busca examinar a frequência e a variabilidade dos itens analisada; e, como comparativa, já que tem o objetivo de analisar vários organismos diferentes, verificando o que há de comum e o que há de específico em cada um.

Ainda, de acordo com Abramo (1979), esse trabalho, segundo as técnicas, pode ser classificado como uma observação indireta por meio de consulta bibliográfica e documental, em que, neste caso, as notas explicativas às demonstrações contábeis foram os dados secundários utilizados para a coleta de observações.

3.3 Amostra e População

Inicialmente, a população do presente trabalho eram todas as empresas com ativos negociados na Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA, no ano de 2010. Dessa população, foram excluídas as empresas do setor financeiro, que, na sua maioria, eram bancos e empresas de seguro e previdência, que possuem outros organismos reguladores, no caso o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), respectivamente e também por utilizarem instrumentos financeiros derivativos para a sua

atividade-fim. Também foram excluídas empresas do segmento de balcão, porque não possuem liquidez; além de empresas do segmento Brazilian Depositary Receipts – BDRs, pois são certificados de depósito com lastro em valores mobiliários de emissão de companhias estrangeiras que não são reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Da população inicial caracterizada pelas empresas não financeiras com ativos negociados na BOVESPA não pertencentes ao mercado de balcão e nem ao segmento de BDR, foi elaborada uma classificação, de acordo com a quantidade de negociações ocorridas no ano de 2010 com as ações dessas empresas. Após isso, foi extraída uma amostra com as 100 maiores empresas em quantidade de negociação em 2010.

Dessa amostra de 100 empresas, duas empresas, Refinaria de Petróleos Manguinhos S.A. e Minupar Participações S.A. foram excluídas, pois não haviam publicado as demonstrações financeiras de 2010. Portanto, no final, tem-se uma amostra de 98 empresas (apêndice 1).

Após isso, foi realizada uma análise das demais empresas excluídas dessa amostra, devido aos filtros aplicados, para a verificação se havia alguma empresa que possuía importância na análise dos instrumentos financeiros derivativos, não sendo encontrado nenhum caso.

De acordo com a classificação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), todas as empresas constantes da amostra analisada podem ser classificadas como grandes empresas com base no faturamento anual acima de 300 milhões de reais.

Portanto, essa pesquisa, segundo Abramo (1979), pode ser classificada, segundo o grau de generalização dos resultados, como uma pesquisa por amostragem, já que foram colhidos uma parte do todo, por meio de uma amostra não aleatória.

3.4 Procedimentos de Coleta de Dados

O objeto de análise foram as Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis do ano de 2010, mediante as quais, de acordo com as normas contábeis vigentes, devem ser evidenciadas as informações sobre instrumentos financeiros derivativos. Essas demonstrações devem ser publicadas pelas empresas da amostra, como preconizam as regulamentações da CVM. Salientando que, a partir 2010, a adoção das normas de contabilidade descrita nos pronunciamentos técnicos do CPC era obrigatória, de acordo com a Deliberação nº 604 da

CVM. Essas informações foram coletadas diretamente do sítio da própria Comissão de Valores Mobiliários.

Entretanto duas empresas, Cosan S.A. Indústria e Comércio e Tereos Internacional S.A., o exercício social é finalizado no mês de março de cada ano, portanto, para essas empresas foram considerada as demonstrações contábeis publicadas em março de 2010.

A consulta às notas explicativas foi realizada a partir do software disponibilizado pela BMF&BOVESPA chamado EmpresasNet. Neste software foram carregados os arquivos referentes às Demonstrações Financeiras Padronizadas de 2010, que se encontram disponíveis no sítio da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Para isto, foi efetuado o download destes arquivos de cada empresa da amostra, para posterior carregamento individual no software acima mencionado. Após isto, todas as informações referentes às demonstrações financeiras, incluindo as notas explicativas, puderam ser analisadas.

Para análise das notas explicativas, foi elaborado um checklist (quadro 3), com base nas normas contábeis transcritas nos pronunciamentos técnicos do CPC. Nessa elaboração, foram consideradas as normas contábeis que tratavam das divulgações quantitativas e qualitativas referentes aos instrumentos financeiros derivativos que as empresas deveriam apresentar nas notas explicativas. Este checklist foi elaborado tendo como base somente as normas contábeis vigentes sobre instrumentos financeiros derivativos, portanto não é objetivo deste checklist contemplar as normas referentes aos demais instrumentos financeiros. Outra premissa para a elaboração deste checklist foi inserir somente as normas referentes à evidenciação desses instrumentos nas notas explicativas, não contemplando, assim, as normas de contabilização.

Referência OCPC 03 *

Divulgação, em notas explicativas às demonstrações contábeis, de informações qualitativas e

quantitativas relativas aos instrumentos financeiros derivativos, destacando, no mínimo, os seguintes aspectos:

(a) política de utilização;

(b) objetivos e estratégias de gerenciamento de riscos;

(c) riscos associados a cada estratégia de atuação no mercado, adequação dos controles internos e parâmetros utilizados para o gerenciamento desses riscos;

(d) o valor justo de todos os derivativos contratados, os critérios de avaliação e mensuração, métodos e premissas significativas aplicadas na apuração do valor justo;

(e) valores registrados em contas de ativo e passivo segregados, por categoria, risco e estratégia de atuação no mercado, aqueles com o objetivo de proteção patrimonial (hedge) e aqueles com o propósito de negociação;

(f) valores agrupados por ativo, indexador de referência, contraparte, local de negociação (bolsa ou balcão) ou de registro e faixas de vencimento, destacados os valores de referência, de custo, justo; (g) ganhos e perdas no período, agrupados pelas principais categorias de riscos assumidos, segregados aqueles registrados no resultado e no patrimônio líquido.

CPC 40 Para Risco de Liquidez

(a) Uma análise dos vencimentos para os instrumentos financeiros derivativos passivos. A análise dos vencimentos deve incluir os vencimentos contratuais remanescentes para aqueles passivos financeiros derivativos.

Para Risco de Mercado

(a) Divulgação quadro demonstrativo de análise de sensibilidade, para cada tipo de risco de mercado considerado relevante pela administração, originado por instrumentos financeiros.

CPC 40

Para hedge accounting a entidade deve divulgar separadamente os itens a seguir para cada tipo de hedge

(a) descrição de cada tipo de hedge;

(b) descrição dos instrumentos financeiros designados como instrumentos de hedge e seus valores justos na data das demonstrações contábeis; e

(c) a natureza dos riscos que estão sendo objeto do hedge. CPC 40 Para hedges de fluxo de caixa, a entidade deve divulgar:

(a) os períodos em que se espera que o fluxo de caixa irá ocorrer e quando espera-se que eles afetarão o resultado;

(b) uma descrição de qualquer operação prevista em que foi utilizada a contabilidade de hedge, mas que já não se espera que ocorra;

(c) o montante que tenha sido reconhecido em outros resultados abrangentes durante o período; (d) a quantia que tenha sido reclassificada do patrimônio líquido para o resultado do período, mostrando o montante incluído em cada item da demonstração do resultado abrangente. CPC 40 A entidade deve divulgar separadamente:

(a) em hedges de valor justo, ganhos ou perdas: (i) sobre o instrumento de hedge; e

(ii) sobre o objeto de hedge atribuído ao risco coberto;

(b) a ineficácia do hedge reconhecida no resultado que decorre de hedges de fluxo de caixa; e

(c) a ineficácia do hedge reconhecida no resultado que decorre de hedges de investimentos líquidos em operações no exterior.

CPC 40 / Instrução Normativa CVM n° 475

* OCPC 03 - Orientação Técnica OCPC 03

Foram, então, criadas cinco classificações para cada item do checklist com o objetivo de informar o grau de atendimento às normas contábeis dos pronunciamentos técnicos do CPC, podendo cada item ser classificado em apenas uma. Essa classificação é listada abaixo:

 atende plenamente: caso a empresa atenda tudo que está descrito no item do checklist;

atende parcialmente: caso atenda algum ponto do item do checklist;

 não atende: caso a empresa não atenda nada do que está descrito no item do checklist;

 não observado: no caso da empresa não atender nada do que está descrito no item, porém esse item requereria informações adicionais não presentes nas demonstrações contábeis;

não se aplica: caso algum item do checklist não se aplique à realidade da empresa.

3.5 Procedimentos de Tratamento dos Dados

Foi aplicado o checklist, elaborado conforme mencionado, à análise das notas explicativas das empresas selecionadas para verificar a aderência das empresas às normas dos pronunciamentos técnicos do CPC, com relação ao disclosure de operação com derivativos.

Após isso, foi realizada uma estatística para saber a frequência de cada classificação para cada item do checklist, verificando qual deles que possui a menor quantidade de empresas que atendem e aquele que possui a maior quantidade de empresas e os respectivos percentuais.

Com base nos resultados das empresas, com boas práticas de evidenciação de instrumentos financeiros derivativos, foram extraídos exemplos dessa boa prática, mostrando como cada item da norma contábil pesquisado no checklist deveria ser atendido, por meio de trechos extraídos das notas explicativas às demonstrações contábeis.

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