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CAPÍTULO II. Fundamentação Teórica

2.2. GESTÃO EM SAÚDE NO SETOR PÚBLICO

A gestão da Saúde Pública é complexa e exige habilidades e qualificação contínua, devido à necessidade de atender à legislação que consta no Direito Administrativo. O sistema de saúde requer uma sensibilidade aguçada do gestor e técnico em Saúde, devendo estar preparado para uma medicina curativa e preventiva, e para um cliente que está inserido em um ambiente democrático e globalizado (Macedo; Carvalho & Coutinho, 2011).

O Ministério da Saúde (MS) tem por objetivo a valorização dos diferentes sujeitos im plicados no processo de produção de saúde, norteados por valores com a autonomia, o protagonismo dos sujeitos e a corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a participação coletiva no processo de gestão e a indissociabilidade entre atenção e gestão.

Em geral, organizações estruturadas por função apresentam dificuldades para atender as necessidades dos usuários. Já a abordagem de construção do trabalho por processos, permeados pelos apoios administrativos e logísticos, potencializam resultados mais eficientes, no caso, a promoção de saúde.

A cogestão privilegia organizações horizontais com Unidades de Produção e definição clara de responsabilidades das equipes de referência e de apoio matricial. Amplia a capacidade de análise e de intervenção dos sujeitos -> coprodução -> estabelecimento de novas relações com contratos de metas -> contratos de gestão (Campos & Rates, 2008).

A gestão em saúde de uma maneira geral: no setor público ou privado está ligado ao planejamento e controle dos processos, materiais e recursos que geram produtos e serviços. Todos os negócios necessitam de operações e a área de saúde não é uma exceção (Paes, 2011). O gestor em Saúde no setor público, quando assume a função, precisa informar da cultura que é pregada amplamente no âmbito de sua organização. A cultura organizacional, ou seja, a identidade da organização pode ser ensinada a novos membros do grupo.

2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA

Para Santos 2006, o governo em sentido institucional, é o conjunto de poderes e órgãos constitucionais. No sentido funcional é o complexo de funções estatais básicas; e, no sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos. A administração pública é a execução minuciosa e sistemática do Direito Público. Os termos governo, administração pública e gestão pública, andam juntos.

Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, que norteia a gestão pública, a administração pública visa ao interesse da coletividade e faz a defesa do bem comum, fundamentos nos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, continuidade, indisponibilidade e igualdade.

“[...] podemos dizer que o governo é a atividade política e discricionária e com conduta independente, administração é a atividade neutra normalmente vinculada à lei ou norma técnica, é a conduta hierarquizada, quanto à gestão esta implica o atendimento aos seguintes parâmetros básicos: tradução de missão, realização do planejamento e controle; administração de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros; isenção de cada unidade organizacional no foco de organização; e tomada de decisão diante de conflitos internos e externos” (Santos, 2006, p.12).

A administração pública, para o seu efetivo funcionamento, pressupõe a existência de uma série de condições favoráveis em termos institucionais, administrativos e técnicos, a saber: institucionalmente requer apoio político, estabilidade, continuidade administrativa e ações legalmente fundamentadas; administrativamente, requer estruturas organizacionais capazes de formular e coordenar a execução de atividades e programas, e cuja eficácia possa ser medida pela capacidade em suplantar os obstáculos da burocracia tradicional, bem como assegurar uma integração de esforços para a consecução de objetivos comuns voltados à melhoria dos padrões de vida da coletividade; e tecnicamente, requer pessoal capacitado, submetido a programas sistemáticos de atualização e aperfeiçoamento, para que possam ser julgados pelos seus méritos e não por injunções políticas, bem como disponibilidade de informações conjunturais, de maneira a dar consistência à formulação de políticas públicas.Seguem os quadros 1 e 2, respectivamente, sobre os conceitos de governo, administração pública e gestão pública e caracterização da gestão pública.

Quadro 1. Conceitos de Governo, Administração Pública e Gestão Pública

SENTIDO INSTITUCIONAL

SENTIDO FUNCIONAL SENTIDO OPERACIONAL Administração Pública Conjunto de órgãos

instituídos para consecução dos objetivos de governo.

Conjunto das operações necessárias aos serviços públicos em geral.

Desempenho perene, legal e técnico dos serviços do Estado. Governo Conjunto de poderes e órgãos

constitucionais.

Complexo de funções estatais básica.

Condução política dos negócios públicos

Fonte: Santos, 2006.

Segundo Macedo et al. ,2011, “as políticas públicas de saúde correspondem a todas as ações de governo que regulam e organizam as funções públicas do Estado para o ordenamento setorial”. Dentro desse pressuposto, elas se referem tanto as atividades governamentais executadas diretamente pelo aparato estatal quanto àqueles que se relacionam à regulação de atividades realizadas por agentes econômicos.

Quadro 2. Caracterização da Gestão Pública

Natureza Defesa, Conservação, Aprimoramento Fins O bem comum da coletividade.

Fundamento Papéis apropriados, Capacidade e Habilidade.

Fonte: Santos, 2006.

Assim, pode-se afirmar que há um conglomerado de temas que expressam não somente os problemas que exigem a interferência política, porém, precisam ser ressaltados e identificados pelo gestor os anseios da sociedade, condicionados ao contexto em que está inserida e aos resultados da disputa entre os diferentes atores sociais.

Lage (2008) entende por serviço público qualquer instituição, serviço ou sistema, cujos dirigentes ou gestores procuram alcançar resultados orientados para o cidadão, em harmonia com os objetivos e as opções definidas, tendo por base a política do governo. Aqui, a expressão serviço público adquire, um duplo sentido, uma vez que “tanto designa o organismo que presta o serviço, como se refere à missão de interesse geral a ele confiada”. Ora, é com o objetivo de favorecer ou de permitir a realização dessa missão de interesse geral que o governo pode impor obrigações específicas ao organismo que presta o serviço, como por exemplo, em matéria de infraestruturas básicas.

Segundo o Art. 197. da Constituição da República Federativa do Brasil, são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Quadro 3. Delimitações de atuação dos gestores públicos

Geográfica e Legal Gestão pública nacional, estadual, municipal, local e internacional Funcional Gestão de recursos humanos, orçamentária, financeira, de materiais, etc.

Setorial Setores de atuação dos governos, quais sejam; saúde, agricultura, pecuária, assistência social, ciência e tecnologia, comunicações, cultura, justiça, meio ambiente, etc.

Fonte: Santos, 2006.