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GESTÃO PEDAGÓGICA E CULTURA ORGANIZACIONAL DAS INSTITUIÇÕES

4.INCLUSÃO E DIVERSIDADE

4.3 GESTÃO PEDAGÓGICA E CULTURA ORGANIZACIONAL DAS INSTITUIÇÕES

O homem é um ser histórico e, nesse aspecto, pode-se afirmar que o homem é um ser de cultura, herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam. A cultura humana constitui-se num conjunto de regras, normas, valores, que o sujeito adquire por meio das instituições5das quais ele faz parte em

determinada época.

Nessa ótica, longe de uma visão racional e determinista, pode-se considerar que as instituições são elementos formadores do homem social e contribuem para a constituição da sua subjetividade, lugar em que ele se julga e age de acordo com seus conceitos, que são resultados de apreciações de ordem moral e valorativa.

Para Srour (1998), nas organizações, a cultura impregna todas as práticas e constitui um conjunto preciso de representações mentais, um complexo definido de saberes. O autor trata da cultura organizacional expressando que a essa é aprendida, transmitida e partilhada. Não decorre de uma herança biologia ou genética, porém resulta de uma aprendizagem socialmente condicionada. A cultura organizacional exprime então a identidade da organização, construída ao longo do tempo e serve de chave para distinguir diferentes coletividades (SROUR, 1998).

As organizações estão inseridas dentro de um ambiente e interagem com ele recebendo influências e influenciando-o. Elas são constituídas por pessoas que têm modos diferentes de agir, pensar e sentir. Hall (1982) cita que uma das condições do ambiente externo de importância vital e mais difícil de medir é a cultura e seu

5 [...] instituição é toda a cristalização e fixação que delimita nosso contato ativo com o mundo exterior e assim dá uma constância previsível às nossas atividades. (STEIN, 1981, p. 39). Muito embora algumas das citações retratem as instituições escolares de modo geral, pretende-se focar que muitas das relações podem ser vistas também nas instituições em que a educação superior acontece.

impacto sobre as organizações. A cultura não é uma constante, nem mesmo num contexto isolado.

Ao se tratar de cultura organizacional não se pode deixar de pensar no ambiente da organização, na satisfação ou descontentamento dos seus sujeitos, nos meios utilizados para atingir suas metas, isto é, como está o clima da organização face à cultura desenvolvida ao longo do tempo. O trabalho desenvolvido nas organizações cria características próprias e se realiza com base nos princípios da cultura da organização (CASTRO, 2003). Para o autor, a cultura organizacional, encontra-se associada à importância que cada modelo institucional atribui à liberdade e autonomia dos atores perante a estrutura de poder e de autoridade, bem como o estatuto atribuído ao simbólico, face ao econômico e ao político. Afirma que o grau de liberdade conferido aos atores e o valor relativo do simbólico constituem dois dos mais significativos traços distintivos entre as instituições.

Nessa direção, a cultura organizacional diz respeito aos modelos de gestão da universidade, de organização do trabalho acadêmico, aos requisitos formas de ingresso e progressão na carreira, ao perfil docente esperado, às expectativas e demandas formativas da comunidade, aos graus de autonomia ou de controle do trabalho docente, aos níveis de participação nas decisões institucionais, às oportunidades de qualificação dos professores. Esses fatores conferem identidade a uma instituição e, portanto, contribuem na constituição do trabalho docente. Dessa forma, é possível pensar que o professor universitário constrói suas concepções e práticas orientado pelos procedimentos usuais vistos como os mais adequados, assumidos a partir da experiência e das relações com professores mais experientes e com os alunos (institucionalização/tradição) e pelo contexto no qual atua (cultura organizacional).

Pimenta (2010, p. 162) coloca que:

[...] a universidade como instituição educativa, cuja finalidade é pertencente o exercício da crítica, que se sustenta na pesquisa, no ensino e na extensão, ou seja, na produção do conhecimento historicamente produzido, de seus resultados na construção da sociedade humana e das novas demandas e desafios que ela apresenta.

Em decorrência dessas finalidades, dois princípios organizacionais se impõem: a convicção de que os espaços institucionais, democraticamente constituídos por expressarem e contemplarem a diversidade e pluralidade de

pensamento, são espaços legítimos para efetivar essa pluralidade; a convicção de que o processo educativo de qualidade resulta da a participação dos sujeitos nos processos decisórios, o que se traduz no fortalecimento de práticas colegiadas na construção de projetos e de ações educativas na universidade.

Não há como não se inquietar com as questões relacionadas à cultura institucional e com o lugar que ela ocupa na atividade do professor formador, visto que pode exercer influência tanto no desenvolvimento de inovações e emancipação dos sujeitos como também na sua conformação frente a uma cultura homogênea, fragmentada e pouco significativa. Questiona-se como tais relações acontecem no âmbito da instituição universitária, uma vez que essa deveria ser em sua raiz epistêmica, uma instituição estruturada pelo veio da pesquisa. No entanto, pode estar cultivando na academia e nos cursos diversos, a ideia da ordem de produção que a cultura empresarial geralmente impõe às instituições de ensino. Assim, o perfil de formação pode estar se moldando à luz dessa visão social e cultural do trabalho.

Pérez-Gómez (2001, p. 156), escreve que pode haver, no âmbito das instituições, duas dimensões no que se refere ao seu funcionamento. Uma dimensão instrumental e uma dimensão voltada para o desenvolvimento sociocultural. Dependendo das situações e condições políticas e econômicas das instituições, pode-se adotar uma ou outra perspectiva, ou ainda, ficar no centro das duas perspectivas, o que gera tensões e conflitos quando se discute a atividade docente no âmbito das universidades, visto que as ações acabam por não levar a nenhum tipo de formação. Os sujeitos ficam envolvidos num ambiente de ambiguidades, sem saber exatamente aonde querem chegar.

No que se refere à dimensão instrumental, ao conhecimento, em termos de rendimento acadêmico serve de indicador de eficácia e legitimação profissional, muitas vezes, não importando a forma como são adquiridos os conhecimentos que são considerados relevantes. Perez-Gómez (2001) alerta que o conhecimento e a verdade se subordinam à busca da eficácia, da utilidade, do bem estar, da rentabilidade, as quais nem sempre se vinculam à satisfação e às necessidades coletivas.

No que se refere à dimensão sociocultural, é preciso levar em consideração, na formação das novas gerações, outros contextos variados e a socialização dos conhecimentos, a riqueza e a diversidade de papéis e de relações existentes na sociedade. No âmbito das instituições de ensino, buscam-se relações entre

docentes e discentes que sejam significativas, de forma que possam romper com a rigidez das estratégias didáticas lineares, preocupadas com a simples transmissão de conhecimentos e com a objetiva avaliação de resultados. Busca-se, sobretudo, o desenvolvimento autônomo dos sujeitos, sua capacidade de pensar, sentir e atuar sobre a sociedade, numa visão mais ativa de formação.

Portanto, os saberes e fazeres do professor formador constituem-se no decorrer de sua história pessoal, em um permanente intercâmbio de um determinado contexto, em um processo dialético, principalmente, porque o ensino é uma atividade complexa, que ocorre em um local singular, determinado pelas circunstancias especiais e estruturas organizacionais, muitas vezes, com resultados imprevisíveis e cheios de conflitos que exigem do professor tomadas de decisão imediatas em situações inesperadas, ambíguas, incertas e conflitantes.