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Neste capítulo busca-se compreender o gesto projetual do arquiteto, a fim de poder avaliar melhor suas decisões, e, assim, analisar e levantar os elementos responsáveis pelo resultado da materialidade da obra, desde a definição do partido arquitetônico. Para isso, foram elaborados critérios analíticos e um método que permitissem compreender a criação do arquiteto. Sendo professor e sempre preocupado com a aprendizagem dos alunos, ele próprio procurava uma metodologia bastante clara para projetar, a qual estivesse sempre em discussão, a considerar as inovações e evolução da arquitetura durante os anos de sua carreira (PETRACCO, 2004).

Esse método e sua aplicação sugerem que o ato projetual do arquiteto, que demonstrava uma postura radical em defesa do movimento moderno, na realidade não rompeu completamente com os paradigmas arquitetônicos da Escola de Beaux

Arts. Sua formação acadêmica incluiu também referências beauxartianas provindas

da Faculdade de Arquitetura Mackenzie, cuja preocupação caminhava entre a estética e a técnica e, de forma resumida, tinha como metodologia de projeto a composição dos diversos elementos arquitetônicos e a melhor forma de executar essa composição arquitetônica. (PEREIRA, 2005). E essas premissas serviram como base para o arquiteto desenvolver seu método de projeto, incluindo em seus projetos as novas discussões e necessidades ao redor do projeto do edifício surgidas durante a época em que se graduou, como por exemplo: a preocupação com o entorno e o urbanismo, o surgimento de novos programas e usos, com o design a partir da tectônica do edifício, o desenvolvimento dos sistemas construtivos, as condições de trabalho no canteiro de obras e por fim, a nova linguagem da arquitetura moderna (PETRACCO, 2004).

3.1. O gesto projetual

Saber a formação do arquiteto durante sua graduação ajudou a compreender o embasamento de ato de projetar, pois muitos de seus projetos exibem formas que vão além do que se considera funcional, constituindo elementos arquitetônicos que fazem parte de uma composição e contribuem para que a obra alcance maior qualidade.

A ênfase conferida nas escolas de Belas Artes à ‘Composição’ tem sua relevância no fato de que os processos criativos, sejam quais forem, fundamentam- se na intencionalidade de alcançar a harmonia das partes de determinado todo, consistindo em uma diretriz e alvo que o autor deseja atingir. A maneira de relacionar as partes ou de compô-las difere, caracterizando distintos “métodos”, palavra esta que designa a diversidade dos resultados e expressões, que não são iguais, mas quase sempre correlatas, no conjunto da obra de cada arquiteto (ABASCAL et al., 2013, p.43)

Apesar de uma postura de experimentalismo, diferente da posição dos projetos beauxartianos, que se utilizavam de catálogos compositivos, o pensamento de Petracco em relação a Arte e Arquitetura também ressalta a importância da estrutura como elemento inerente à concepção de uma proposta projetual. A estrutura, em termos físicos, é a sistematização dos elementos construtivos que integram uma determinada composição arquitetônica – a estrutura comparece na formação de todos os corpos, concretos ou abstratos – princípios estes surgidos na escola onde se formou, sob a direção de Christiano S. das Neves (ABASCAL et al., 2013, p.41).

Petracco considera a estrutura um elemento indissociável da arquitetura, assim como a história, a tecnologia e o projeto. A composição é um mecanismo intrínseco à concepção do conteúdo estrutural; não existe arquitetura sem estrutura, que dela depende, assim como a compõe, aquela na qual a estrutura é propriamente uma concepção arquitetônica, cujo espaço é a síntese de sua mensagem (ABASCAL et al., 2013, p.41)., Petracco, relembrando Vilanova Artigas, pondera a importância do que este dizia sobre Estética - temos que compreendê-la e dominá- la, desfrutando de seus princípios, mas sem submissão aos dogmas por ela insinuados (ABASCAL et al., 2013, p.41).

[...] a qualidade dos espaços está indelevelmente vinculada à estrutura e vice-versa. O desenho que os perfazem (sic) (advém da qualidade estrutural e esta por sua vez é reflexo dos esforços aos quais responde. A análise das estruturas elementares como dos vertebrados mais primários e das características de seus componentes reforçam estas conclusões praticamente radicais. (PETRACCO, apud ABASCAL et al., 2013, p.42).

Assim, Petracco transitou entre as preocupações estéticas e técnicas e lançou-se ao desafio de a estrutura formar a própria arquitetura, sob os preceitos do movimento arquitetônico vigente. Vale lembrar que Petracco tinha como referência recente arquitetos que avançaram o estado da arquitetura em São Paulo e no País como: Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Oswaldo Bratke, entre outros, e foi contemporâneo de arquitetos renomados que mantiveram e desenvolveram a linguagem da arquitetura moderna em São Paulo, como Paulo Mendes da Rocha. Sua turma na Universidade Mackenzie era composta por figuras importantes para a arquitetura de São Paulo, e assim se pode verificar que esta convivência incentivou Francisco Petracco à troca de ideias, à passagem de conhecimentos e o levou à afinação de suas habilidades de arquiteto no desenho e na linha de raciocino projetual.

O Gesto Projetual do arquiteto foi conceituado da seguinte maneira:

1) Como processo criativo, compreendido como base da produção cultural, e inserido no método cognitivo. A cognição se define, segundo Petracco, como algo que se desenvolve com a Observação, que induz à crítica e enseja a Criação. Essa postura está relacionada ao Desenho, compreendido como meio por excelência para que a observação possa ser mediada e apresentada ao fazer arquitetônico. 2) Conceitua a Arquitetura como uma obra artística, reconhecendo- lhe natureza também subjetiva, e que emerge de uma análise historiológica. Posiciona o arquiteto como um profissional que interpreta e observa a realidade e transpõe ao Desenho de maneira artística, não se desvencilhando de uma proposta tecnológica geralmente prospectiva, portanto passível de ser enfrentada com recursos do método científico. (ABASCAL et al., 2013, p.37)

Dessa forma, a sistemática do projeto de Petracco pode ser compreendida em: - Aproximação ao problema;

- Análise programática;

- Adequação – análise crítica dos limites – reprogramação; - Espacialização – concepção estrutural;

- Simbolização – hermenêutica – interpretação e idealização do espaço que transcende;

- Lugar – contexto e arquitetura. (ABASCAL et al., 2013, p. 37)

O conceito de lugar, como manifestação da tectônica que o projeto traduz e determina, aparece como objetivo do conhecimento, sendo a construção do lugar o objetivo do projeto arquitetônico. A leitura e compreensão do contexto contemplam as condicionantes que irão determinar soluções específicas da arquitetura a partir de referências e pontos de partida históricos (ABASCAL et al., 2013 P.37 e 38).

O projeto é iniciado por nova demanda de uma pessoa comum ou do Estado com ‘programa básico’, que expõe as condições e funções mínimas que irão orientar as reflexões e ações iniciais do arquiteto. A partir disso, é feita uma ‘Análise Programática’, capaz de refletir mudanças capazes de otimizar a solução, detectando as vocações de determinada área urbana, por exemplo, potencializando- a enquanto oferta de atividades (ABASCAL et al., 2013, p.38).

Esta fase de observação ampla reúne as condicionantes e procedimentos do projetar, desde a postura político-social ao conhecimento técnico e tecnológico que conduzem a soluções inovadoras, superando múltiplos condicionantes que circunscrevem os limites de um determinado problema (ABASCAL et al., 2013, p.39).

Desse modo, o arquiteto desenvolveu e propôs, de forma prospectiva, uma sistemática para o ato projetual, baseado em investigações e pesquisas, e, propositiva, ao se preocupar com propostas que oferecem melhorias para a população (ABASCAL et al., 2013, p.37). Isso é coerente com o que diz o autor Bruno Munari, em seu livro Das coisas nascem coisas, de 1998, que defende a importância do método de projeto (que não é mais uma série de operações necessárias e de lógica linear) ao dirigi-lo ao melhor resultado com o menor esforço. E segundo esse autor, este resultado só pode ser alcançado ao utilizar um método claro de projeto, de pesquisa e de definição de sua função.

A série de operações do método de projeto é formada de valores objetivos que se tornam instrumentos de trabalho nas mãos do projetista criativo. O método não é absoluto e nem definitivo, pode ser modificado caso ele encontre outros valores objetivos que melhorem o processo. E isso tem a ver com a criatividade do projetista, que ao aplicar o método, pode descobrir algo que o melhore. (MUNARI, 2008, p. 10-11).

Mas, ao levantar os projetos de Petracco, verifica-se que ele ora é um arquiteto objetivo e sistemático, com uma metodologia de projeto clara, ora é um arquiteto idealista, livre para projetar e experimentar as novas formas arquitetônicas.

Na arquitetura de Petracco, os espaços são criados com emoção e peculiaridades, havendo aqueles mais ou menos adequados, cabendo-nos defini-los apoiando-nos em conceitos singulares, não somente os que explicitamente decorrem de funções, mas apostando na criação a partir de todos os estímulos sensoriais e filosóficos que remetem ao belo, ou aos que provêm da sociologia da arte, assim como os advindos da tecnologia. O Arquiteto crê que da relação de todas essas modalidades surge o desenho das estruturas que representam a ‘Espacialização’ dos anseios significativos (ABASCAL et al., 2013, p.39).

Enquanto as formas são visíveis pelos seus contornos, materializando os elementos que constituem o edifício, os espaços, por outro lado são invisíveis, imateriais e configurados pelas superfícies e limites definidos pelas materialidades presentes (dimensões, materiais, luzes, textura etc). Mas, ao se conterem os espaços, as formas geram “tensões” que provocam diferentes sensações nos usuários. Os espaços físicos possuem diferentes propriedades e despertam sensações que dependem de fatores como luz/sombra, aberto/fechado, alto/baixo, dentro/fora, grande/pequeno etc. Ao projetar, essas propriedades espaciais são orquestradas pelo arquiteto. Nesse momento, tanto o conhecimento quanto a experiência do arquiteto o fazem compreender essas qualidades espaciais, contribuindo para que ele tome decisões conscientes, baseadas na sua vivência e de acordo com cada projeto. Assim, ao dilatar ou contrair os espaços, ao intensificar ou não a iluminação, ao criar espaços com grandes ou pequenas dimensões, como variações de pés-direitos, diferentes materiais e texturas, proporções, ritmos e harmonia entre as partes, o arquiteto desenvolve a habilidade e a sensibilidade de

antever como essas qualidades afetarão o modo de usar e perceber o espaço pelo usuário. (FLÓRIO, 2012, p.173)

Na concepção dos espaços se encontra a mais importante característica do fazer arquitetônico, o genuíno desejo de fazer ‘o melhor espaço’. É neste ato seminal que reside a procura pelo novo e, consequentemente, é nele que se encontra o porvir da inovação. É por isso que, com esse ato, as propostas se renovam e podem fazer emergir as maiores contribuições. E então, passa-se a referenciá-lo com especial destaque (ABASCAL et al., 2013, p.39-40).

O arquiteto é um profissional em busca de uma linguagem exclusiva para expressar-se, aproximando-se, assim, do artista plástico. De modo que a arquitetura, para ser enunciada, reflete em sua singularidade e possivelmente levará o usuário a uma vivência fruto de um conceito, como uma ‘Simbolização’ de conteúdo pré- estabelecido. As mensagens enunciadas por esses atos arraigados nos projetos contêm excepcional força comunicativa e consistem em um sentido indelével, como o que se apresenta como significado na cúpula de Filippo Bruneleschi ou mesmo no desenho de Brasília, de Lúcio Costa, capazes de perenizar seu conteúdo, transformando a mensagem em conteúdo simbólico. Essa condição, única presente nos projetos marcantes, é reconhecível quando somos capazes de perceber neles a exacerbação da riqueza das qualidades do ‘Lugar’ criado, que o tornam marcante e inesquecível (ABASCAL et al., 2013, p.40).

Petracco justifica que os ‘projetos barrocos’ criados por ele e por outros arquitetos são atividades bem-aventuradas, que possuem conteúdos programáticos democráticos e criadores de espaços generosos, propondo absoluto diálogo com a sociedade, mesmo que às vezes isso apresente alguns desvios suportáveis na qualidade do desempenho do objeto (ABASCAL et al., 2013, p.40). Sendo assim, muitas vezes a forma e a idealização se sobrepõem à função e à lógica racionalistas – o experimento serve para aumentar os limites ou os parâmetros da estrutura e da arquitetura, mesmo que isso comprometa alguns espaços. Bons projetos geram conhecimento, pois se arriscam e ampliam o modo de ver arquitetura.

Contudo, segundo Bruno Munari, um projetista profissional deve ter seu método de projeto definido e deve realizá-lo de forma precisa e segura, ao contrário de um projetista com ideias geniais procurando forçar a técnica para executar algo dispendioso e pouco prático, mas belo (MUNARI, 2008, p.12). Isso leva a refletir que a postura adotada por Petracco ao se aproximar do ato artístico pode ser o fator

responsável pelo fato de que tantos projetos levantados pela pesquisa não foram construídos.

3.2. Sobre análise projetual

A importância das análises feitas a partir do desenho reside na possibilidade de qualificar o ensino de uma história analítica da arquitetura como procedimento de crítica dos espaços (ABASCAL et al., 2013, p.42). A análise de projetos arquitetônicos é feita desde o início do século XIX com vistas a extrair ensinamentos de projeto. Nos tratados de arquitetura, tentava-se compilar o conhecimento da época para servir de modelo de pensamento. A partir do Tratado de Jean-Nicola- Louis Durand, Précis des leçons d`architecture donnés à l’École Royale

Polytechnique, publicado em 1802 em Paris, estudavam-se as partes dos edifícios

com propósitos compositivos de classificar e combinar seus diferentes elementos. E a tradição de análise por imagens iniciou-se no final do século XIX a partir dos estudos iconológicos de Aby Warburg (1866-1929), que propôs o estudo visual baseado na descoberta do significado das imagens. (FLÓRIO, 2012, p.165).

A observação atenta de um desenho ou imagem é o primeiro passo para compreender a estrutura e os detalhes que os constituem. Esse tipo de apreciação acarreta uma análise ativa, e não passiva, na qual o pensamento visual (não verbal) atua. Assim, o desenho é utilizado como um meio de filtrar e descobrir, ativamente, a estruturação dos espaços e formas contidos no projeto (FLÓRIO, 2012, p.179). Sabe-se que o pensamento visual pode ser dividido em três comportamentos: ver, imaginar e desenhar. Assim, o desenho pode incitar a imaginação e fazer pensar por meio de imagens, que, por sua vez, nos levam a desenhar. Nesse sentido, a análise gráfica favorece esse pensamento visual por estimular a imaginação e a compreensão e, consequentemente, a interpretação de projetos de arquitetura (FLÓRIO, 2012, p.182). Por sua vez, a análise de modelos físicos e computacionais justifica-se pelo fato de a importância da simulação dos espaços ser uma representação comprometida com a inovação na pesquisa (SERRA, apud FLÓRIO, 2012, p.174)

Mesmo que na maquete física não haja os diagramas aplicados à mesma, o modelo físico nos permite perceber a experiência das três dimensões, ao invés de somente imaginá-la (DUNN, apud FLÓRIO, 2012, p.174) Sua presença nos permite aproximar e entender profundamente a tridimensionalidade do projeto e suas relações espaciais. Numa aula, por exemplo, a maquete física auxilia os alunos a compreender o espaço e sua articulação em obras importantes e paradigmáticas (FLÓRIO, 2012, p.176)

3.3. Análises das residências na dissertação – Métodos

Nesta pesquisa, além do registro dos projetos do arquiteto, pretende-se, com a análise gráfica, esclarecer os principais fatores da formação da materialidade, que se acredita estarem presentes desde a concepção do projeto, nos primeiros croquis que desenvolviam o partido arquitetônico. Assim, a análise dos projetos residenciais contará com duas abordagens: a primeira delas defende a presença de um programa arquitetônico residencial com evidente preocupação espacial e formal, e a segunda, fundamentada em análises feitas sobre o desenho, identifica os principais elementos arquitetônicos nos partidos, quais foram os critérios de composição e as relações espaciais do projeto.

Na obra de Petracco, em especial nas residências projetadas nas décadas de 1960 e 1980, podem-se verificar características das obras arquitetônicas denominadas brutalistas, que foram apresentadas por Ruth Verde Zein (2010), relacionando temas que definem obras que atendem a essa categoria: partido, composição (em planta e elevação), sistema construtivo, texturas e aparência lumínica e pretensões simbólico-conceituais. Sendo:

Partido: soluções que, ou privilegiam o volume único abrigando todas as funções do edifício, ou articulam um volume principal, mais expressivo, com volumes secundários mais discretos;

Composição: preferência pelas soluções de "caixa portante", "planta genérica", solução de teto homogêneo, comumente sobreposta de maneira independente sobre as estruturas inferiores; emprego de vazios internos, muitas vezes associados a jogos de níveis/ meios níveis, "em geral dispostos de maneira a valorizar visuais e percursos voltados para os espaços interiores comuns, cobertos, de uso indefinido;

Elevações: predominância dos cheios sobre os vazios, poucas aberturas, aberturas protegidas por balanços, uso frequente da iluminação zenital;

Sistema construtivo: emprego predominante do concreto armado, lajes nervuradas, pórticos rígidos ou articulados, pilares cujo desenho acompanha a trajetória dos esforços da estrutura, vãos livres, balanços amplos, fechamentos em concreto armado fundido in loco, volumes anexos geralmente construídos com estrutura independente;

Texturas e ambiência lumínica: concreto deixado aparente, aberturas de iluminação sombreadas por brises ou outro elemento, valorização da textura do concreto, exploração da iluminação zenital;

Características simbólico-conceituais: valorização do aspecto austero, solução estrutural claramente legível, sugestão de "repetibilidade" da solução adotada; sugestão da possibilidade de pré-fabricação dos elementos estruturais, claramente legíveis.” (LIMA, QUIRODA e PERRONE, 2013, p.9)

Para a primeira abordagem das análises dos projetos apresentados nesta pesquisa, as características acima foram tomadas como fio condutor para identificar quais as que deveriam ser destacadas. Ao analisar os projetos de Francisco Petracco, a presença integral desses traços foi evidente, de forma que é possível classificar cada casa como uma obra brutalista. Deste modo, interessa também contextualizar o arquiteto dentro do movimento arquitetônico vigente (a Escola Moderna Paulista), que, ao apresentar o partido arquitetônico integrado ao sistema estrutural, reforçou o compromisso da arquitetura produzida por ator histórico comprometido com as circunstâncias que conduziram a essa denominação de “Escola Moderna Paulista”, em razão de um discurso que enfatizava a procura da melhor e menos onerosa solução estrutural e construtiva, sem, no entanto, esquecer de definir, de maneira integral, a arquitetura.

Para a segunda abordagem (a análise gráfica sobre o desenho), o livro

Projeto Residencial Moderno e Contemporâneo, do arquiteto Wilson Flório, foi

tomado como modelo de análise. O livro levantou os princípios da forma, da ordem e do espaço em residências, por meio de diagramas analíticos que partem do plano bidimensional rumo à forma tridimensional, de modo a abordar a relação de planta, corte e espaço, destacando em projetos residenciais itens por meio de códigos gráficos como acessos, perímetro, circulação, espaço, compartimentação, hierarquia, simetria e equilíbrio, campos visuais, relação planta-corte, geometria,

massa e identificação de subtração e adição de formas em referência à massa principal. Sendo:

Acesso e Perímetro: sobre as plantas, identificação, por contorno, dos

limites da planta e identificação, por flechas, dos acessos;

Circulação e Espaço-uso: sobre as plantas, identificação, por

preenchimento gradual em cinza em relação ao tamanho dos espaços, e identificação, por flechas, dos principais fluxos dentro da casa - as maiores referem-se a fluxos de maior intensidade e as menores, a fluxos de menor intensidade;

Graus de compartimentação do espaços: sobre as plantas, identificação,

por preenchimento de cinza gradual, pra grandes espaços cinza claro, médios, cinza médio e, para espaços pequenos, cinza mais escuro;

Hierarquia: sobre plantas e corte, identificação da hierarquia do programa da

casa pela localização do uso social ou privado da casa, identificados, por preenchimento em cinza claro, os espaços sociais, e cinza escuro, os espaços privados;

Simetria e Equilíbrio: Sobre planta e corte, traçado de um eixo principal e

verificação de como se dá a relação entre os tamanhos dos volumes divididos pelo eixo, que não necessariamente serão simétricos, mas proporcionais e balanceados;

Campos visuais: Sobre planta e corte, verificação de como se dá a relação

da casa, para o ambiente externo, por meio de cones visuais nas aberturas: o centro do cone deve corresponder ao centro do ambiente e seu raio deve ser tangente aos limites da abertura; desta forma, o cone visual será proporcional ao tamanho do ambiente;

Relação Planta e Corte: Sobre planta e corte, identificação, por meio de

contornos, de semelhança ou não entre os dois desenhos;

Geometria: Sobre planta, verificação, por meio de quadrados, retângulos,

Massa: Sobre perspectiva isométrica, identificação do volume principal e dos

secundários;

Adição e Subtracão: Sobre perspectiva isométrica, verificação da relação

entre os volumes da composição; (FLÓRIO, 2002, p.19-22)

Para isso, foram utilizadas leituras gráficas, redesenho e modelagem digital da casa, e o processo analógico, que identifica elementos constitutivos do projeto por meio de outros referenciais arquitetônicos contemporâneos à obra. Tais fundamentos possibilitam a elaboração da crítica arquitetônica. (FLÓRIO, 2002, p.19-22)

CAPÍTULO 4 – CASA SAMUEL E CLÁUDIA ROTHENBERG

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