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15 SIMPLIFICAÇÃO DO DESENHO DAS FORMAS FACIAIS

3.5. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO - PARTE II

3.5.3. O GIRL SQUAD COMUM

Aquando da análise das séries Josie and the Pussycats e The Powerpuff Girls (encontradas na lista Top 100 Animated Series da IGN), reparámos que ambas as séries têm um grupo de três protagonistas femininas, cujo desenho é igual (dentro de cada grupo), tendo como únicas variantes o cabelo, a cor da pele e a cor do uniforme.

Figura 11. À esquerda, as três protagonistas de Josie and the Pussycats: Josie (ruiva), Melody (loura) e Valerie (morena). À direita, as três protagonistas de The Powerpuff Girls: Bubbles (loura), Blossom (ruiva) e Buttercup (morena).

Tabela 5. Papel desempenhado pelas protagonistas das séries animadas televisivas analisadas. Legenda: RM - rapariga mágica, SH - super-heroína, P - princesa, M - música e N - normal.

Analisando a tabela anterior, vemos que 9 das 26 séries encaixam na categoria da princesa, mais uma vez comprovando a obsessão da nossa sociedade, alimentada também pelo cinema de animação

mainstream. Tal como no estudo anterior, procurámos identificar quantos protagonistas seriam

príncipes: da nossa lista de 89 séries, nenhuma segue a história e aventuras de um príncipe.

Gostaríamos ainda de destacar um caso especial nesta tabela - Doc McStuffins (Nee, 2012). Este é o único exemplo da nossa lista de séries protagonizadas por personagens femininas que mostra uma profissão normal: ser médica. Uma vez que a protagonista é uma criança de 6 anos, esta não poderia ser realmente médica (ainda). No entanto, por atos mágicos, Doc McStuffins consegue comunicar com brinquedos e curá-los - não com feitiços ou magia, mas sim com ferramentas e técnicas que imitam aquelas da medicina real.

Também nos parece relevante apontar que as séries protagonizadas por personagens femininas sob a forma de animais - como Maya, the Bee (Tozer, Sanchez & Meyer, 2012), Peppa Pig (Astley & Baker, 2004) e Ella, the Elephant (Holley, Cohen & Kadish, 2012) - seguem o quotidiano das três personagens enquanto elas interagem com os amigos e família e aprendem sobre o mundo que as rodeia. Nenhuma das protagonistas tem profissão, ocupação ou poderes sobrenaturais e as suas

RM SH P M N

The Powerpuff Girls x

DC Super Hero Girls x

Regal Academy x

Kuu Kuu Harajuku x

Dora and Friends: Into

the City x

Little Charmers x x

Shimmer and Shine x

Nella, the Princess

Knight x

Maya, the Bee x

Elena of Avalor x

Tangled: The Series x

Star VS The Forces of

Evil x x

Doc McStuffins x

RM SH P M N

Sofia The First x

Miraculous – Tales of

Ladybug and Cat Noir x

Sabrina: Secrets of a

Teenage Witch x

Goldie and Bear x

Peppa Pig x

Masha and the Bear x

Winx Club x

Sissi, the Young

Empress x

Jewelpet x

Kate and Mim Mim x

My Little Pony:

Friendship is Magic x x

Lolirock x x

Ella the Elephant x

aventuras partem de interações com personagens semelhantes, no sentido em que não são criaturas mágicas, mas sim outros animais com vidas que imitam as vidas humanas reais. Já as outras três séries com protagonistas femininas sem uma profissão/ocupação designada ou poderes mágicos -

Goldie and Bear (Aguirre & Gitelson, 2015), Masha and the Bear (Kuzovkov, 2009) e Kate and Mim

Mim (Stewart & Stewart, 2014) - mostram-nos as aventuras de três crianças com amigos inesperados (poderíamos até dizer mágicos), uma vez que interagem com animais (os ursos nas duas primeiras séries) ou objetos que ganham vida (os brinquedos de Kate, que a levam para um mundo fantástico). Pelo que nos é dado a perceber, as protagonistas que assumem uma forma humana fazem sempre parte de uma narrativa que envolve magia, mundos fantásticos ou algum tipo de poder sobrenatural. Só quando as protagonistas assumem a forma animal é que as suas narrativas se podem tornar mundanas e semelhantes ao quotidiano de uma criança no mundo real.

Jewelpet (Yamaguchi, 2009) e My Little Pony: Friendship is Magic (Faust, 2010) não estão

incluídas no grupo de séries cujas protagonistas são animais, pois considerámos que as personagens destas séries são criaturas mágicas, com poderes sobrenaturais.

Esta lista foi ainda utilizada para identificar a possível tendência à qual chamámos 'girl squad', que será o tema da secção seguinte.

3.5.3. O GIRL SQUAD COMUM

Aquando da análise das séries Josie and the Pussycats e The Powerpuff Girls (encontradas na lista Top 100 Animated Series da IGN), reparámos que ambas as séries têm um grupo de três protagonistas femininas, cujo desenho é igual (dentro de cada grupo), tendo como únicas variantes o cabelo, a cor da pele e a cor do uniforme.

Figura 11. À esquerda, as três protagonistas de Josie and the Pussycats: Josie (ruiva), Melody (loura) e Valerie (morena). À direita, as três protagonistas de The Powerpuff Girls: Bubbles (loura), Blossom (ruiva) e Buttercup (morena).

Assim surgiu a base que suporta a hipótese que de seguida colocámos: existe redundância ou repetição de uma fórmula de desenho da personagem feminina dentro de uma dada série animada de televisão.

As três protagonistas de Josie and the Pussycats têm exatamente o mesmo desenho e silhueta, com a exceção do seu cabelo. A cor da pele, acrescentada depois do desenho linear da personagem, ajuda a distinguir uma das personagens - Valerie. Contudo, as feições e forma corporal de Josie, Melody e Valerie são idênticas e indistinguíveis. O mesmo acontece com as protagonistas de The Powerpuff

Girls. As três raparigas têm exatamente o mesmo design, com a exceção do cabelo e cor do uniforme

(que acaba por se refletir também na cor dos olhos). No caso das Powerpuff Girls, poderíamos argumentar que o facto de as três terem sido criadas por um cientista num laboratório a partir dos mesmos ingredientes poderia ser razão suficiente para que fossem fisicamente idênticas.

A expressão girl squad dirá, então, respeito à tendência para criar um único design de figura feminina - que consiste numa forma corporal geral, traços faciais e silhueta - que será aplicada a todas (ou, pelo menos, a várias) personagens femininas numa dada série de animação para televisão. As únicas características que servirão para distinguir as personagens entre si serão o cabelo, roupa/uniforme ou uma palete de cores especificamente atribuída a cada personagem.

Girl

Squad Squad Girl

The Powerpuff Girls x Sofia The First -

DC Super Hero Girls x Miraculous – Tales of Ladybug and Cat Noir -

Regal Academy x Sabrina: Secrets of a Teenage Witch -

Kuu Kuu Harajuku x Goldie and Bear -

Dora and Friends: Into the City x Peppa Pig -

Little Charmers x Masha and the Bear -

Shimmer and Shine x Winx Club x

Nella, the Princess Knight - Sissi, the Young Empress -

Maya, the Bee - Jewelpet x

Elena of Avalor - Kate and Mim Mim -

Tangled: The Series - My Little Pony: Friendship is Magic x

Star VS The Forces of Evil - Lolirock x

Doc McStuffins - Ella the Elephant -

Tabela 6. Séries listadas que apresentam o conceito de girl squad.

As girl squads aparecem-nos dentro do contexto de uma determinada série de desenhos

animados, não assumindo assim que existirão designs idênticos para a figura feminina entre diferentes séries.

Quando olhamos para os dois grupos de protagonistas - as Josie and the Pussycats e as Powerpuff Girls -, percebemos que não existe uma relação de semelhança de design das personagens entre as duas séries; apenas dentro de cada série. Em Josie and the Pussycats, vemos um desenho idealizado da figura feminina - a forma elegante de ampulheta e as caras bonitas - e, em The Powerpuff

Girls, vemos elementos exagerados, marcadamente influenciados pelo anime japonês (Atkinson, 2016)

e um design geral que se aproxima da caricatura, devido à desproporção do tamanho do corpo em relação à cabeça. Esta desproporção não é, contudo, novidade no design de personagens muito novas, pois a macrocefalia no desenho das personagens facilita a criação de uma ligação entre os espectadores mais novos e as personagens em questão - isto porque é normal que uma criança pequena tenha uma cabeça desproporcionadamente grande, comparada com um adulto.

De qualquer forma, apesar de não existir uma relação direta de semelhança entre estes dois grupos de personagens, analisámos as séries da nossa lista para perceber se o mesmo acontecia.

Olhámos, então, para a lista das 26 séries e procurámos perceber quais é que encaixariam na categoria de girl squad: considerámos que 11 seriam exemplos desta tendência porque, de um modo geral, tinham mais do que uma protagonista e esse grupo não apresentava variações no design das personagens femininas.

Será relevante apontar que todas as séries presentes na lista com mais do que uma protagonista encaixam na categoria de girl squad. Todas as séries que não estão incluídas como sendo exemplos desta tendência tinham apenas uma protagonista - como, por exemplo, Nella, the Princess Knight

(Ricci, 2017) e Star VS The Forces of Evil (Nefcy, Wasson & Arkin, 2015) - e, portanto, não poderiam ser analisadas da mesma forma.

Analisando as séries que apresentam grupos de personagens femininas com um design repetitivo, podemos comprovar que, para além da visível repetição de design das personagens de um dado grupo, existem também semelhanças entre os grupos de séries diferentes.

As figuras femininas idealizadas - ou até mesmo sexualizadas - estão presentes em séries como

DC Super Hero Girls (Fontana, Nelson, Yee & Moffly, 2015), Winx Club (Straffi, 2004), Regal Academy

(Straffi & Lee, 2016) e Lolirock (Michel & Vandestoc, 2014). As protagonistas destas séries, tal como acontece em Josie and the Pussycats, apresentam figuras magras de ampulheta, com pernas longas e caras bonitas e simétricas, obedecendo assim ao conceito geral (e limitativo) de beleza feminina. Estas silhuetas estilizadas aproximam-se, portanto, das figuras presentes na publicidade, no mundo da moda e no cinema de Hollywood.

Assim surgiu a base que suporta a hipótese que de seguida colocámos: existe redundância ou repetição de uma fórmula de desenho da personagem feminina dentro de uma dada série animada de televisão.

As três protagonistas de Josie and the Pussycats têm exatamente o mesmo desenho e silhueta, com a exceção do seu cabelo. A cor da pele, acrescentada depois do desenho linear da personagem, ajuda a distinguir uma das personagens - Valerie. Contudo, as feições e forma corporal de Josie, Melody e Valerie são idênticas e indistinguíveis. O mesmo acontece com as protagonistas de The Powerpuff

Girls. As três raparigas têm exatamente o mesmo design, com a exceção do cabelo e cor do uniforme

(que acaba por se refletir também na cor dos olhos). No caso das Powerpuff Girls, poderíamos argumentar que o facto de as três terem sido criadas por um cientista num laboratório a partir dos mesmos ingredientes poderia ser razão suficiente para que fossem fisicamente idênticas.

A expressão girl squad dirá, então, respeito à tendência para criar um único design de figura feminina - que consiste numa forma corporal geral, traços faciais e silhueta - que será aplicada a todas (ou, pelo menos, a várias) personagens femininas numa dada série de animação para televisão. As únicas características que servirão para distinguir as personagens entre si serão o cabelo, roupa/uniforme ou uma palete de cores especificamente atribuída a cada personagem.

Girl

Squad Squad Girl

The Powerpuff Girls x Sofia The First -

DC Super Hero Girls x Miraculous – Tales of Ladybug and Cat Noir -

Regal Academy x Sabrina: Secrets of a Teenage Witch -

Kuu Kuu Harajuku x Goldie and Bear -

Dora and Friends: Into the City x Peppa Pig -

Little Charmers x Masha and the Bear -

Shimmer and Shine x Winx Club x

Nella, the Princess Knight - Sissi, the Young Empress -

Maya, the Bee - Jewelpet x

Elena of Avalor - Kate and Mim Mim -

Tangled: The Series - My Little Pony: Friendship is Magic x

Star VS The Forces of Evil - Lolirock x

Doc McStuffins - Ella the Elephant -

Tabela 6. Séries listadas que apresentam o conceito de girl squad.

As girl squads aparecem-nos dentro do contexto de uma determinada série de desenhos

animados, não assumindo assim que existirão designs idênticos para a figura feminina entre diferentes séries.

Quando olhamos para os dois grupos de protagonistas - as Josie and the Pussycats e as Powerpuff Girls -, percebemos que não existe uma relação de semelhança de design das personagens entre as duas séries; apenas dentro de cada série. Em Josie and the Pussycats, vemos um desenho idealizado da figura feminina - a forma elegante de ampulheta e as caras bonitas - e, em The Powerpuff

Girls, vemos elementos exagerados, marcadamente influenciados pelo anime japonês (Atkinson, 2016)

e um design geral que se aproxima da caricatura, devido à desproporção do tamanho do corpo em relação à cabeça. Esta desproporção não é, contudo, novidade no design de personagens muito novas, pois a macrocefalia no desenho das personagens facilita a criação de uma ligação entre os espectadores mais novos e as personagens em questão - isto porque é normal que uma criança pequena tenha uma cabeça desproporcionadamente grande, comparada com um adulto.

De qualquer forma, apesar de não existir uma relação direta de semelhança entre estes dois grupos de personagens, analisámos as séries da nossa lista para perceber se o mesmo acontecia.

Olhámos, então, para a lista das 26 séries e procurámos perceber quais é que encaixariam na categoria de girl squad: considerámos que 11 seriam exemplos desta tendência porque, de um modo geral, tinham mais do que uma protagonista e esse grupo não apresentava variações no design das personagens femininas.

Será relevante apontar que todas as séries presentes na lista com mais do que uma protagonista encaixam na categoria de girl squad. Todas as séries que não estão incluídas como sendo exemplos desta tendência tinham apenas uma protagonista - como, por exemplo, Nella, the Princess Knight

(Ricci, 2017) e Star VS The Forces of Evil (Nefcy, Wasson & Arkin, 2015) - e, portanto, não poderiam ser analisadas da mesma forma.

Analisando as séries que apresentam grupos de personagens femininas com um design repetitivo, podemos comprovar que, para além da visível repetição de design das personagens de um dado grupo, existem também semelhanças entre os grupos de séries diferentes.

As figuras femininas idealizadas - ou até mesmo sexualizadas - estão presentes em séries como

DC Super Hero Girls (Fontana, Nelson, Yee & Moffly, 2015), Winx Club (Straffi, 2004), Regal Academy

(Straffi & Lee, 2016) e Lolirock (Michel & Vandestoc, 2014). As protagonistas destas séries, tal como acontece em Josie and the Pussycats, apresentam figuras magras de ampulheta, com pernas longas e caras bonitas e simétricas, obedecendo assim ao conceito geral (e limitativo) de beleza feminina. Estas silhuetas estilizadas aproximam-se, portanto, das figuras presentes na publicidade, no mundo da moda e no cinema de Hollywood.

Figura 12. O grupo de protagonistas da série DC Super Hero Girls.

Figura 13. O grupo de protagonistas da série Winx Club.

Podemos estabelecer uma ponte entre o desenho da figura feminina para séries de animação e para cinema de animação mainstream. Gardam (2015) reparou numa tendência de desenho da figura feminina semelhante no cinema de animação, que consiste na reutilização incansável de uma fórmula de cabeças redondas, com olhos grandes e narizes pequenos e pontiagudos, que balançam sobre pescoços finos, no topo de figuras esguias com cinturas estreitas e linhas arredondadas. Consequentemente, as personagens de vários filmes (e também de várias séries) acabam por ter silhuetas e design geral muito semelhantes. Um caso específico apontado por Gardam (2015) para sustentar o seu argumento é o das irmãs de Frozen, Anna e Elsa, cujo design é extremamente parecido ao de Rapunzel, de Tangled (Greno & Howard, 2010) – que, por sua vez, é também muito semelhante ao desenho de Honey Lemon, de Big Hero 6 (Hall & Williams, 2014).

"Female characters are given distinctive hair colors and styles instead of distinctive silhouettes" (Gardam, 2015). A Figura 14 poderia ser interpretada como sendo mais um grupo de protagonistas cujo design cai na categoria de girl squad, em vez de protagonistas de filmes diferentes, individuais e lançados com anos de distância entre eles.

Figura 14. Da esquerda para a direita: Honey Lemon (de Big Hero 6), Rapunzel (de Tangled), Anna e Elsa (de Frozen).

Podemos agora analisar as restantes séries que foram identificadas como tendo girl squads. Com designs mais próximos de The Powerpuff Girls (embora não tão estilizados), temos Little Charmers

(Hay & Weibel, 2015) e Shimmer and Shine (Esnaashari-Charmatz, 2015). Ambas as séries apresentam protagonistas femininas com olhos grandes, em cabeças gigantes, desproporcionais em relação ao seu corpo pequeno. Esta fisionomia aproxima-se mais à de uma criança pequena e, por isso, será mais adequada para uma série cujo público alvo sejam crianças mais novas do que aquelas que se espera que vejam, por exemplo, Winx Club.

Figura 15. À esquerda: duo principal de Shimmer and Shine. À direita: trio principal de Little Charmers.

Temos ainda Dora and Friends: Into the City! (Gifford & Walsh, 2014), uma sequela da série

Figura 12. O grupo de protagonistas da série DC Super Hero Girls.

Figura 13. O grupo de protagonistas da série Winx Club.

Podemos estabelecer uma ponte entre o desenho da figura feminina para séries de animação e para cinema de animação mainstream. Gardam (2015) reparou numa tendência de desenho da figura feminina semelhante no cinema de animação, que consiste na reutilização incansável de uma fórmula de cabeças redondas, com olhos grandes e narizes pequenos e pontiagudos, que balançam sobre pescoços finos, no topo de figuras esguias com cinturas estreitas e linhas arredondadas. Consequentemente, as personagens de vários filmes (e também de várias séries) acabam por ter silhuetas e design geral muito semelhantes. Um caso específico apontado por Gardam (2015) para sustentar o seu argumento é o das irmãs de Frozen, Anna e Elsa, cujo design é extremamente parecido ao de Rapunzel, de Tangled (Greno & Howard, 2010) – que, por sua vez, é também muito semelhante ao desenho de Honey Lemon, de Big Hero 6 (Hall & Williams, 2014).

"Female characters are given distinctive hair colors and styles instead of distinctive silhouettes" (Gardam, 2015). A Figura 14 poderia ser interpretada como sendo mais um grupo de protagonistas cujo design cai na categoria de girl squad, em vez de protagonistas de filmes diferentes, individuais e lançados com anos de distância entre eles.

Figura 14. Da esquerda para a direita: Honey Lemon (de Big Hero 6), Rapunzel (de Tangled), Anna e Elsa (de Frozen).

Podemos agora analisar as restantes séries que foram identificadas como tendo girl squads. Com designs mais próximos de The Powerpuff Girls (embora não tão estilizados), temos Little Charmers

(Hay & Weibel, 2015) e Shimmer and Shine (Esnaashari-Charmatz, 2015). Ambas as séries apresentam protagonistas femininas com olhos grandes, em cabeças gigantes, desproporcionais em relação ao seu corpo pequeno. Esta fisionomia aproxima-se mais à de uma criança pequena e, por isso, será mais adequada para uma série cujo público alvo sejam crianças mais novas do que aquelas que se espera que vejam, por exemplo, Winx Club.

Figura 15. À esquerda: duo principal de Shimmer and Shine. À direita: trio principal de Little Charmers.

Temos ainda Dora and Friends: Into the City! (Gifford & Walsh, 2014), uma sequela da série

com o seu grupo de amigos. Apesar de termos considerado que esta série teria apenas uma protagonista óbvia, Dora, achámos pertinente utilizá-la como um exemplo de girl squad, uma vez que ao longo dos episódios podemos ver o grupo de amigos de Dora (maioritariamente constituído por raparigas, com a exceção de Pablo) e todos aparentam ter o mesmo design. As feições das personagens, assim como a sua silhueta e forma geral, são muito semelhantes e, mais uma vez, as variações são apresentadas sob a forma de acessórios, cabelos e diferentes tons de pele.

Figura 16. Grupo de protagonistas de Dora and Friends: Into the City!

No intermédio dos dois grupos que explorámos temos Kuu Kuu Harajuku (Carr, Aranguren & Paxson, 2015), uma série cujo grupo de protagonistas faz parte de uma banda, tal como acontece em Josie and the Pussycats. O seu design é uma mistura dos dois tipos de desenho já explorado, uma vez que as personagens têm cabeças exageradamente grandes, mas os seus corpos são esguios, com cinturas muito finas e pernas compridas.

Pensamos também ser importante referir o caso de Sailor Moon (Takeuchi, 1995) que foi comprovadamente uma influência para inúmeras séries dentro do género de magical girl squad - ou, seja, com um esquadrão de raparigas com poderes mágicos. O anime japonês seguia as aventuras de um grupo de raparigas com poderes mágicos que lutavam contra o mal - muitas vezes sob a forma de vilões com poderes sobrenaturais também. A série lidava com temas como a emancipação do género feminino, relações homossexuais e identidades transgénero e poderia, portanto, ser considerada inovadora e visionária em alguns níveis. No entanto, o design das Sailor Scouts torna-as praticamente idênticas, com a exceção do cabelo, acessórios e cor do uniforme.

Figura 17. O grupo de protagonistas da série Sailor Moon– também conhecidas como as Sailor Scouts ou Navegantes da Lua, em português.

Por último, temos Jewelpet e My Little Pony: Friendship is Magic, duas séries com um grupo de protagonistas femininas sob a forma de criaturas mágicas. Uma vez que o objeto de estudo desta investigação é a representação humana do género feminino na animação mainstream, não haverá necessidade de explorar em detalhe estas duas últimas séries.

Depois desta análise, podemos inferir que o desenho das personagens femininas para séries animadas televisivas, cujo público alvo são crianças e jovens, é repetitivo, formatado e formulaico - não só dentro do estilo de cada série individualmente, mas também entre várias séries diferentes.

Parece pertinente apresentar agora a seguinte afirmação de Gardam (2015):

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