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Nesta se¸c˜ao ´e realizada a prova da conjectura 3.1, de Griggs e Yeh, para a classe dos grafos fracamente cordais. Esta ´e feita com o aperfei¸coamento do m´etodo desenvolvido para a sua subclasse, os grafos bipartidos cordais. Como Corol´ario deste novo m´etodo ´e obtido um limite superior para o span de λ-colora¸c˜oes ´otimas melhor do que foi apresentado na se¸c˜ao anterior para os grafos bipartidos cordais. Ao fim, ´e feita uma conjectura de que este novo limite superior para o span de λ- colora¸c˜oes ´otimas na classe dos grafos bipartidos cordais pode ser estendido para a classe dos grafos fracamente cordais.

Defini¸c˜ao 6.3 Um grafo G ´e fracamente cordal se para cada ciclo induzido de tamanho maior que 4 existe uma corda.

Teorema 6.6 (*) Para um grafo G fracamente cordal com ∆ ≥ 2, λ(G) ≤ ∆2.

Prova. Ser´a utilizado um m´etodo similar ao feito no Teorema 6.4. Realize uma busca em largura em G obtendo uma ´arvore de largura T . Vire a ´arvore de ”cabe¸ca para baixo”, como visto na figura 6.12. Seja O uma ordena¸c˜ao quaisquer dos v´ertices

respeitando a prioridade por n´ıveis em T . Ao utilizar o algoritmo do Teorema 3.13 com esta ordena¸c˜ao O na ´arvore T0, obtida pela rota¸c˜ao de T , com uma pequena altera¸c˜ao na ordena¸c˜ao, pode-se afirmar que a maior cor utilizada ser´a ∆2.

Figura 6.12: Invers˜ao da ´arvore de largura

Primeiro ´e necess´ario provar algumas caracter´ısticas especiais dessa ´arvore de largura T , obtida de um grafo fracamente cordal G. Sejam v um n´o qualquer da ´

arvore enraizada T , Nae(v) o conjunto de v´ertices adjacentes a v em G que estejam

em um n´ıveis menores ou iguais ao de v em T (mais pr´oximo da raiz, antes de virar a ´arvore de ”cabe¸ca para baixo”) e Nae

2 (v) os v´ertices `a distˆancia 2 que estejam

em n´ıveis menores ou iguais ao de v em T . Todo v´ertice w ∈ Nae

2 (v) ´e adjacente

a algum v´ertice em Nae(v). Suponha, por absurdo, que existe w n˜ao adjacente a

algum v´ertice em Nae(v), ent˜ao, como visto na figura 6.13, as arestas pontilhadas

n˜ao existem, formando um ciclo induzido de tamanho maior que 4 em G, uma contradi¸c˜ao.

Seja qv = |Nae(v)|. Ent˜ao, |N2ae(v)| ≤ (qv)(∆ − 1). Como visto anteriormente,

todo v´ertice w `a distˆancia 2 de v no mesmo n´ıvel de v em T ´e adjacente a algum v´ertice de Nae(v). Al´em disso, todo v´ertice `a distˆancia 2 de v que esteja em n´ıveis menores que v em T tamb´em s˜ao adjacentes a algum v´ertice em Nae(v).

Sejam Na(v) os v´ertices adjacentes a v com n´ıvel menor que v em T e z ∈ Na(v). Para todo par de v´ertices (z, x) com x ∈ (Na(v)\{z}), ou existe aresta zx ∈ E(G) ou

existe v´ertice y com n´ıvel menor na ´arvore T que ´e adjacente a z e a x, sen˜ao existe ciclo induzido de tamanho maior que 4 em G (recai no mesmo caso da figura 6.13 considerando z = v e x = w). Se existe aresta zx ∈ E(G), ent˜ao o n´umero m´aximo de v´ertices `a distˆancia 2 de v que passam por Na(v) ´e reduzido em duas unidades,

j´a que existe caminho de tamanho 2 e de tamanho 1 entre v e z, v e x. Se existe um v´ertice y adjacente a z e x, o n´umero m´aximo de v´ertices `a distˆancia 2 de v que passam por Na(v) ´e reduzido em uma unidade, j´a que existem dois caminhos de tamanho 2 entre v e y, como ilustrado na figura 6.14. Ent˜ao, para cada um dos v´ertices em Na(v) \ {z} o n´umero de v´ertices `a distˆancia 2 de v que passam por Na(v) ´e reduzido em pelo menos uma unidade.

Considera-se agora os v´ertices em w ∈ (Nae(v)\Na(v)), sempre existe pelo menos um v´ertice em Na(v), j´a que se existe w, ent˜ao v n˜ao ´e raiz em T e sempre existe

um v´ertice pai na ´arvore de largura. Neste caso, cada v´ertice w tem, em rela¸c˜ao a algum v´ertice em Na(v), uma aresta ou um v´ertice em comum, como ilustrado na

figura 6.15. Se isto n˜ao ocorrer, como as arestas pontilhadas na figura n˜ao existem, ´e necess´ario que o v´ertice y fa¸ca parte de Na(v) para n˜ao formar um ciclo induzido

com tamanho maior que 4, uma contradi¸c˜ao com o fato de w n˜ao ser adjacente ou n˜ao ter um v´ertice em comum com algum v´ertice de Na(v).

Ent˜ao, para cada v´ertice w ∈ (Nae(v) \ Na(v)), o n´umero m´aximo de v´ertices

`

a distˆancia 2 de v ´e reduzido em pelo menos uma unidade. E, para cada v´ertice z ∈ Na(v) a menos de um, este valor tamb´em ´e reduzido em uma unidade. Como

qv = |Nae(v)|, pode-se afirmar que |N2ae(v)| ≤ qv(∆ − 1) − (qv− 1) = (qv)(∆ − 2) + 1.

Aplicando o algoritmo de McDiarmid [52] do Teorema 3.13, em uma ordena¸c˜ao O respeitando a prioridade por n´ıvel na ´arvore de largura invertida T0, tem-se que para qualquer v´ertice v, |P ro(v)| ≤ (qv)(∆ − 2) + 1 + 2qv+ (∆ − qv). Isto porque existem

Figura 6.14: N´umero m´aximo de v´ertices `a distˆancia 2 de v adjacentes a v´ertices em Na(v)

Figura 6.15: Adjacˆencias entre Na(v) e Nae(v) (representados pelo conjunto Nae

2 (v)), qv v´ertices adjacentes a v que tamb´em o

antecedem na ordena¸c˜ao (representados pelo conjunto Nae(v)) e (∆ − q

v) v´ertices

adjacentes a v que o sucedem na ordena¸c˜ao (representados por (N1(v) \ Nae(v))),

como pode ser visto na figura 6.16, na ´arvore de largura T (sem estar invertida). Tem-se ent˜ao que |P ro(v)| ≤ qv∆ − 2qv+ 1 + 2qv+ ∆ − qv = qv(∆ − 1) + ∆ + 1. Se

0 ≤ qv < ∆, ent˜ao |P ro(v)| ≤ (∆ − 1)(∆ − 1) + ∆ + 1 ≤ ∆2 − ∆ + 2 ≤ ∆2, sempre

existindo cor em {0, . . . , ∆2} que pode ser atribu´ıda a v.

Para o caso em que qv = ∆ e existem dois v´ertices adjacentes em Nae(v), v faz

parte de um ciclo de tamanho 3 e, ou este ciclo n˜ao fazia parte dos necess´arios para evitar ciclos induzidos de tamanho maior que 4 subindo na ´arvore de largura T , o que s´o diminui |Nae

2 (v)| em menos duas unidades al´em do normal, ou este ciclo

fazia parte dos necess´arios, que reduz |N2ae(v)| em mais uma unidade, o que j´a ´e suficiente, j´a que |P ro(v)| ≤ qv(∆ − 1) + ∆ + 1 − 1 ≤ ∆2.

Figura 6.16: Ordena¸c˜ao dos v´ertices para grafos fracamente cordais

Falta o caso em que qv = ∆ e n˜ao existem dois v´ertices adjacentes em Nae(v)

representado pela figura 6.17. Este caso pode ser visto como o observado pelo Teo- rema 6.4, como n˜ao existem arestas entre v´ertices de Nae(v), os subgrafos proibidos apresentados na figura 6.8 continuam valendo para v, e existe uma contradi¸c˜ao se su- pormos que n˜ao existe um v´ertice em N2ae(v) adjacente a todos os v´ertices de Nae(v) utilizando a mesma prova do Teorema 6.4. Logo, existe v´ertice em Nae

2 (v) adjacente

a todos os ∆ v´ertices em Nae(v), e como trata-se de uma ´arvore de largura, este v´ertice obrigatoriamente ´e o n´o raiz de T e os v´ertices de Nae(v) obrigatoriamente

est˜ao todos no mesmo n´ıvel.

Figura 6.17: V´ertice de grafo fracamente cordal que n˜ao faz parte de C3

Se existem dois ou mais v´ertices com qv = ∆ e sem v´ertices adjacentes em Nae(v),

aos deles, sendo |P ro(v)| ≤ ∆2− 3∆ + 2 + 2∆ ≤ ∆2 e todos os v´ertices recebem cor

menor ou igual a ∆2.

Se existe apenas um v´ertice v com qv = ∆ sem v´ertices adjacentes em Nae(v),

se na ordena¸c˜ao respeitando os n´ıveis de T o v´ertice v for o primeiro do n´ıvel a ter cor oferecida, todos os v´ertices `a distˆancia 2 de v no mesmo n´ıvel n˜ao contam no n´umero m´aximo de cores proibidas de v, e este pode receber cor menor ou igual a

∆2. 

Corol´ario 6.7 (*) Para um grafo G bipartido cordal com ∆ ≥ 2, λ(G) ≤ ∆2−∆+2. Prova. Utilizando o mesmo m´etodo do Teorema 6.6, agora para grafos bipartidos cordais, pode-se verificar a redu¸c˜ao dos limites apresentados na se¸c˜ao 6.1.

Seja v um v´ertice de G. Como visto no Teorema 6.3, ou v tem qv ≤ ∆ − 1

v´ertices adjacentes com n´ıvel menor na ´arvore de largura T , ou v ´e uma folha dois n´ıveis abaixo da raiz.

Para os casos em que qv ≤ ∆ − 1, o n´umero m´aximo de cores proibidas para v ´e

|P ro(v)| ≤ 2qv+qv(∆−2)+1+(∆−qv) = qv(∆−1)+∆+1 ≤ (∆−1)(∆−1)+∆+1 =

∆2 − ∆ + 2. Isto porque existem q

v v´ertices adjacentes a v que o antecedem na

ordena¸c˜ao, qv(∆ − 2) + 1 v´ertices `a distˆancia 2 adjacentes aos v´ertices que antecedem

v na ordena¸c˜ao e ∆ − qv v´ertices adjacentes a v que o sucedem na ordena¸c˜ao. Os

v´ertices `a distˆancia 2 de v que o antecedem a ordena¸c˜ao mas s˜ao adjacentes a v´ertices que o sucedem tamb´em est˜ao adjacentes a v´ertices que o antecedem, como visto no Teorema 6.3.

Para os casos em que qv = ∆, sabe-se, pelo Teorema 6.3, que v ´e uma folha dois

n´ıveis abaixo da raiz. Se na ordena¸c˜ao dos v´ertices, respeitando os n´ıveis na ´arvore T0, inversa da ´arvore de largura T , onde os v´ertices v com essa caracter´ısticas s˜ao os primeiros a serem selecionados neste n´ıvel, o maior n´umero de cores proibidas para um v´ertice v deste tipo ser´a |P ro(v)| ≤ 2∆ + (∆ − 1) = 3∆ − 1. Isto porque existem ∆ v´ertices adjacentes a ele em um n´ıvel menor na ´arvore de largura T e no m´aximo ∆ − 1 v´ertices `a distˆancia 2 que o antecedem na ordena¸c˜ao, j´a que ele ´e um dos ∆ primeiros a serem selecionados no n´ıvel. Como 3∆ − 1 ≤ ∆2− ∆ + 2 para ∆ ≥ 3 e,

Conjectura 6.8 (*) Para um grafo G fracamente cordal com ∆ ≥ 2, λ(G) ≤ ∆2− ∆ + 2.

Evidˆencia. Como visto no Teorema 6.6, para qualquer v´ertice v: todo v´ertice `a distˆancia 2 de v adjacente a v´ertices em N1(v) \ Nae(v) tamb´em s˜ao adjacentes a

algum v´ertice em Nae(v); e que |N2ae(v)| ≤ qv(∆ − 2) + 1, onde qv = |Nae(v)|.

Se qv < ∆, tem-se que |P ro(v)| ≤ ∆2− ∆ + 2 e v pode receber cor no intervalo

{0, . . . , ∆2 − ∆ + 2}. Falta verificar os casos em que q

v = ∆. Como visto no

Teorema 6.6 e no Corol´ario 6.7, se n˜ao existe arestas entre v´ertices de Nae(v), o

ancestral dois n´ıveis acima na ´arvore de largura T ´e o v´ertice raiz e, com isso, pode-se estabelecer um m´etodo para atribuir cores no intervalo {0, . . . , ∆2− ∆ + 2}.

O que falta ser feito para a prova desta conjectura ´e: (i) estabelecer que v´ertices com qv = ∆ com arestas entre elementos de Nae(v) tamb´em est˜ao a dois n´ıveis

abaixo do v´ertice raiz; (ii) estabelecer um m´etodo para atribuir cores a este grafo (provavelmente atribuindo cores no n´ıvel priorizando estes v´ertices com qv = ∆, que

devem ser limitados de forma que sempre recebam cor no intervalo {0, . . . , ∆2}). Infelizmente a prova de (i) n˜ao pode ser feita utilizando a mesma prova dos grafos bipartidos cordais, j´a que os subgrafos proibidos s˜ao diferentes. A partir da prova de (i), provavelmente (ii) sair´a como resultado imediato, j´a que se (i) for verdadeira, esta prova deve de alguma forma limitar os v´ertices que fazem parte de (i) o que fornecer´a um resultado para (ii).

Teorema 6.9 (Spinrad [59] - 2003) Todo grafo de co-comparabilidade tem ciclos induzidos de tamanho no m´aximo 4.

Corol´ario 6.10 (*) A conjectura 3.1, de Griggs e Yeh, ´e verdadeira para a classe dos grafos de co-comparabilidade.

Prova. O melhor limite superior para o span de λ-colora¸c˜oes ´otimas estabelecido para a classe dos grafos de co-comparabilidade ´e de 4∆+1, dado por Calamoneri [11]. Este limite ainda n˜ao estabelece que a conjectura de Griggs e Yeh ´e verdadeira para esta classe nos casos em que ∆ = 3 ou ∆ = 4.

Pelo Teorema 6.9, todo grafo de co-comparabilidade ´e fracamente cordal. Ou seja, a prova da conjectura para os grafos fracamente cordais dada pelo Teorema 6.8 tamb´em ´e verdadeira para a classe dos grafos de co-comparabilidade. 

Corol´ario 6.11 (Bodlaender et al. [7] - 2004) O problema da λ-colora¸c˜ao para grafos fracamente cordais ´e N P-completo.

Prova. A classe dos grafo split ´e subclasse dos grafos fracamente cordais, ou seja, todo grafo split tamb´em ´e fracamente cordal. Como visto no Teorema 6.28, o pro- blema da λ-colora¸c˜ao para a classe dos grafos split ´e N P-completo. Logo, uma restri¸c˜ao do problema da λ-colora¸c˜ao para grafos fracamente cordais, considerando apenas os grafos split, j´a ´e N P-completo e, portanto, a forma mais geral do problema

tamb´em ´e. 

Corol´ario 6.12 (Bodlaender et al. [7] - 2004) Existe grafo G fracamente cordal com λ(G) ≥ 13 q 2 3∆ 1.5+ ∆ 3

Prova. Como todo grafo split tamb´em ´e fracamente cordal, o exemplo do Teo-

rema 6.27 vale para esta classe.