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MEDIAÇÕES PREPONDERANTES ENTRE OS RESPONDENTES

GRUPO AZUL

(ADULTOS)

televisão (10) / internet (8)/jornais de bairro (8) / escolas (5) / folhetos distribuídos pelo poder público (4) televisão (6) /escolas (6)/ internet (5)/ jornais e revistas de grande circulação (4) /igrejas (4) jornais e revistas de grande circulação (5)/ associações, ONGs (5)/ escolas (4)/ televisão (3) GRUPO LARANJA (JOVENS ENSINO MÉDIO) internet (16) / televisão (12) / jornais de bairro (7) /jornais e revistas de grande circulação (5)/ escolas (5) televisão (16)/ internet (10)/visita de agentes do poder público (5)/ rádio comum (4)/ jornais de bairro (3)

jornais e revistas de grande circulação (11)/visita de agentes do poder público (7)/ internet (5)/ televisão (4)/ rádio comum (4) GRUPO VERDE (JOVENS ENSINO FUNDAMENTAL) televisão (16)/ internet (11)/jornais de bairro (8)/ escolas (5)/ telefonemas da prefeitura (3) internet (17)/televisão (12)/visita de agentes do poder público (5)/ rádio comum (4)/ jornais de bairro (3) jornais e revistas de grande circulação(8)/ internet (7)/televisão (6)/ jornais de bairro (5)/ conversas com conhecidos e vizinhos (4) GRUPO ROXO (TOTALIDADE DOS GRUPOS) televisão (38) / internet (35) /jornais de bairro (24) / escolas (15) / jornais e revistas de grande circulação (10) televisão (34)/internet (32)/escolas (11)/ rádio comum (11)/ visita de agentes do poder público (10)

jornais e revistas de grande circulação (24)/internet (15)/televisão (13)/ visita de agentes do poder público (13)/ jornais de bairro (12)

Quadro 8 – Formas de comunicação mais importantes para divulgar informações ambientais do bairro, na visão dos moradores

Notamos que, no primeiro espaço de resposta, a televisão prevalece para os adultos e para os jovens do ensino fundamental, enquanto para os jovens do ensino médio a internet é o meio mais importante para a disseminação de informações ambientais locais. Como segunda opção mais lembrada no primeiro espaço de escolha surgiram: internet, jornais de bairro e escolas. Também foram citados os jornais e revistas de grande circulação, os folhetos

81 Optamos por inserir nesse quadro apenas as cinco primeiras menções em cada um dos três espaços de resposta oferecidos ao respondente.

distribuídos pelo poder público e os telefonemas advindos da prefeitura. Nos demais espaços de resposta, estes mediadores igualmente aparecem, com uma ou outra mudança de ordem. Jornais e revistas de grande circulação, por exemplo, foi a escolha majoritária no terceiro espaço de resposta.

As igrejas, a visita de agentes do poder público, o rádio, as associações e ONGs e a conversa com conhecidos e vizinhos também foram listados como mediadores importantes para os respondentes. Observamos, então, que excetuando-se os mediadores de grande alcance, tais como TV, internet, jornais e revistas de grande circulação e rádio, restam como significativos canais de obtenção de informação ambiental os ‘meios coletivos mediadores’, como as igrejas, ONGs e outras associações de bairro, e os ‘meios orais diretos individualizados’, como as conversas com conhecidos e vizinhos e as visitas efetuadas por agentes do poder público.

Nota-se, portanto, que existe entre os respondentes do questionário uma atribuição de importância de ordem mais geral e outra de ordem local. Esta mediação local torna-se basilar para uma comunicação ambiental mais efetiva: segundo Goothuzem (2009, p. 1), além de abandonar os dogmas, é preciso “investir no conhecimento local sobre o ambiente em que se vive”. Silvana traz uma contribuição muito importante nesse sentido:

“Eu acho que é assim, é através do contato, é você conhecendo a pessoa, ela contando pra você da dificuldade dela, da realidade dela que você vai começar a se interessar pelo lugar dela – e isso é meio ambiente. É você nesse pedacinho aqui você vincular na história do outro ali, na história do outro, que faz o bairro, que faz o distrito, que faz a saúde.” (Silvana)

O investimento nessa frente, propugnado por Goothuzem (2009, p. 1), não se processa, todavia, sem dificuldades: “porque a produção de conteúdo privilegia a disseminação de conteúdo especializado em detrimento do conteúdo local, relacionado com nossa vida diária, que possa favorecer as pequenas mudanças” − as quais poderão fazer diferença se adotadas por um grande contingente de indivíduos.

Assim, imaginamos que a partir da informação especializada gerada nos grandes meios seja possível, por meio de ações educomunicativas, alimentar os fluxos informacionais de menor porte, mas cuja capacidade de gerar retenção seja significativa.

Entre nossos entrevistados, foi consensual a ideia de que a televisão é o veículo de maior alcance entre os munícipes, porém o mais eficaz para o contato do poder público com o morador, na visão dos servidores, é a conversação (às vezes acrescida de entrega de folhetos) ou – conforme citado por um deles − o contato via internet, como podemos depreender dos excertos abaixo:

“Olha, a maior parte é verbal mesmo, você conversa mesmo com eles; mas a gente sempre procura deixar um panfleto, onde ali tem algumas orientações pra eles” (Joana)

“Eu, sinceramente, ainda é o contato direto.[...] a conversa, como eu falei, o tête-à-tête, ainda é muito o contato direto.” (Cleverson)

“[...] a propaganda na TV eu acho que ajuda muito, porque de alguma forma a pessoa vê a propaganda (no rádio também, a pessoa tá ouvindo, então aquilo vai gravando). E quando a gente chega, as pessoas ‘Ah, pá, é verdade que viram não sei que lá?’, quer dizer, as pessoas interagem bastante, principalmente quando a gente vai fazer uma palestra e tal, eles te questionam várias coisas assim. [...] eles geralmente querem saber se é verdade o que falou na televisão, então...é...aquilo serve pra alertar a pessoa. Então eles acham que a gente sendo agente, a gente tem a informação mais correta. Então eles querem saber se é verdade aquilo que falou, que ouviu”. (Joana)

“Eu acho que a principal [forma de comunicação] mesmo é a conversa mesmo, no boca a boca mesmo. Nós temos uma equipe de vigilantes em saúde que saem pra fazer as vistorias nas casas e pra passar informação pro munícipe, que a gente chama de agentes de zoonoses, os antigos agentes da dengue, e o que a gente vê que funciona mais é o diálogo, é tentar conversar normalmente.” (João)

“É a linha direta...” [meio de comunicação mais eficaz para tratar com o munícipe sobre saúde e meio ambiente] (Silvana)

“Olha, à televisão [meio ao qual o munícipe presta mais atenção], eu acho que muitas pessoas reclamam da comunicação[operada pelo núcleo] ser um pouco prejudicada, porque muita gente não tem acesso à internet, não tem acesso às revistas de bairro, não tem acesso

ao diário oficial, então muitas pessoas falam ‘ah, podiam anunciar na televisão’ só que a gente não tem condições de fazer isso, anunciar num canal de televisão. Então até o pessoal fala “a educação ambiental poderia estar inserida dentro de programas de televisão como já acontece em alguns programas, né?” Eu acho isso importante, faz a diferença. Eu acho que a televisão é o canal de comunicação que a sociedade mais tem [...], independente da...da classe social da pessoa ,a televisão acho que é o mais....mas dentre os que a gente utiliza o que dá mais certo é a internet − ,[...] é contatos por e-mail, [...]; nosso portal mesmo dá mais certo”. (Odair)

Uma observação a que não nos podemos furtar, ao ler esse último excerto, diz respeito à falta de verbas para ações de educação ambiental com maior alcance, o que se torna inaceitável diante das urgências global e local no combate aos efeitos deletérios da deseducação ambiental onipresente.

Quanto aos elementos mediadores mais localizados, sobre os quais discorríamos, temos a dizer que neles reside o gérmen de uma expansão necessária, dado o fato de que os moradores os consideram mais importantes que as outras formas de comunicação possíveis (a lista continha 20 formas). Ademais, informações esporádicas transmitidas pelos grandes veiculadores de conteúdo, como televisão, tendem a ser esquecidas com mais facilidade, em razão da diluição em meio à profusão de informações oferecidas. Recordemos conteúdo de nosso referencial teórico a esse respeito:

Inúmeras pesquisas têm indicado que a televisão é a principal fonte de informação em matéria de meio ambiente para a maioria das pessoas, mas que o nível de informação ambiental ainda é baixo na maior parte das comunidades. [...] pesquisas também mostram que geralmente o espectador esquece de 93% a 95% do que ele viu na televisão, depois de algumas horas [...]. (RIBEIRO, 2004, p. 89)

Interessamo-nos por averiguar se o baixo nível de informação ambiental de que falam Ribeiro (2004) e Berna (2010) confirma-se no distrito Vila Medeiros e se tem relação com os vários fluxos comunicativos em circulação na região. Para isso, elaboramos uma série de questionamentos, cujo resultado passamos a apresentar.

Para entender melhor o papel do fluxo comunicacional poder público-munícipe no sentido de dar a conhecer ao cidadão as ações desenvolvidas em favor do meio ambiente

local, criamos uma questão aberta, na qual indagamos ao morador como fica sabendo dessas atividades. O quadro a seguir traz as respostas:

Quadro 9 – Modos pelos quais o morador fica sabendo das atividades/ações desenvolvidas pelo poder público em favor do meio ambiente local

Os resultados indicam predomínio do desconhecimento das ações do poder público em favor do meio, pois somando-se as células ‘de nenhuma forma’ e ‘não responderam’ com as ‘menções negativas imprecisas’ e os ‘desabafos’ relacionados à insatisfação com a postura do poder público, temos um total de 95 menções, ou 53% do total de respondentes. Se ainda considerarmos as pessoas que afirmaram só saber das ações no momento em que as veem sendo executadas (12 responderam isso), teremos 107 moradores − ou 59,77% − aos quais parecem não chegar informações sobre as ações, atividades, projetos desenvolvidos pela administração municipal no locus de pesquisa. Entre os que declararam saber desse tipo de intervenção pública através de algum meio, o destaque é a conversação (mencionada por 28 respondentes – ou seja, 15,64% deles), seguida da televisão, da observação direta (que englobamos em outra categoria por considerarmos que mesmo havendo observação direta, continua a existir certa deficiência comunicativa no âmbito do fluxo poder público-munícipe)

e da internet. No entanto, há fontes mencionadas nesse quadro que podem envolver emissão de informação por parte das autoridades (jornais impressos, meios digitais, telefonemas, informações via conselho ambiental, informações obtidas diretamente no balcão da administração local, bem como as fontes difusas que geram as temáticas da conversação), ainda que os munícipes não as notem.

Nesse caso, não podemos simplesmente afirmar que há uma deficiência na geração de informações pelo poder público, mas talvez uma deficiência no aproveitamento de fluxos que chamem mais a atenção dos moradores e os tornem partícipes dos processos de preservação/melhoria do ambiente. A escola, por cujo papel nos interessamos muito, em razão da busca pelos movimentos de educomunicação socioambiental nos quais se envolve, aparece em quinto lugar, empatada com folhetos e panfletos, evidenciando um pouco mais a distância a que se encontra do entorno enquanto um ‘meio coletivo mediador’.

Tendo investigado as fontes por meio das quais o morador normalmente recebe informações, a quais canais ele dá mais importância e por quais maneiras se inteira das ações locais determinadas por governantes, perguntamos também se ele acredita que são suficientes as informações a que tem acesso sobre o meio ambiente do bairro. O gráfico a seguir organiza as respostas:

Gráfico 15 - Suficiência de informações a que tem acesso sobre o meio ambiente do bairro: visão do munícipe

suficientes

insuficientes

não

recebe/não