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Distrito Vila Medeiros

Capítulo 6 – Comunicação Socioambiental – interfaces da relação homem meio ambiente

7. Resultados e Discussão

Os dados coletados em campo são aqui apresentados em forma de gráficos e quadros- tabela elaborados com o auxílio do programa Excel, a partir das respostas ao questionário ofertado a adultos, jovens do ensino médio e jovens do ensino fundamental, bem como em forma de excertos extraídos das entrevistas realizadas com os servidores públicos municipais.

A análise quanti-qualitativa confronta os dados de campo tabulados/organizados com informações presentes no referencial teórico balizador do trabalho. Os resultados mostrados em cada gráfico e quadros são analisados separadamente e em seguida correlacionados a falas dos entrevistados do serviço público e a outros gráficos, tabelas e quadros-tabela da dissertação, quando tal movimento de ideias se revelar produtivo no sentido de enriquecimento da análise. A inserção dos diversos blocos analíticos é precedida de indicação dos motivos que nos levaram a fazer tal ou qual pergunta durante a atividade de campo com questionários.

Vale ressaltar que não se pretende aqui esgotar todas as possibilidades analíticas de cada grupo de informações, mas priorizar aspectos relacionados com o tema da investigação. Assim, alguns grupos de dados são analisados mais detidamente enquanto outros contam com análise sintética, de acordo com as demandas emergentes da temática escolhida: os fluxos comunicacionais de cunho ambiental enquanto geradores de sentido e ação entre os moradores de uma área com dificuldades ambientais na cidade de São Paulo.

Para melhor entendimento dos diversos conjuntos de dados, adotamos na maior parcela da exposição quadros-tabela77 com um sistema de cores que ajudará na identificação dos grupos componentes da amostra via questionário, a saber: azul para o grupo ADULTOS, laranja para o grupo JOVENS DO ENSINO MÉDIO, verde para o grupo JOVENS DO ENSINO FUNDAMENTAL e roxo/lilás para o TOTAL DOS RESPONDENTES. Os dados provenientes das entrevistas contarão com a identificação real dos entrevistados, previamente autorizada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Iniciamos a discussão dos resultados com a apresentação de um gráfico indicativo do nível de bem-estar dos moradores ao caminhar pelas ruas do bairro onde residem.

77 As tabelas completas, que originaram esses quadros e também os gráficos, encontram-se no anexo N, disponibilizado em DVD-R, para efeito de conferência detalhada e confrontação de dados.

Gráfico 3 – Sensação dos moradores ao caminhar pelas ruas do bairro onde moram. (Resultados expressos em frequência).

Esse resultado deriva de nossa indagação a respeito de “o que o meio comunica ao indivíduo” no locus de pesquisa de nosso interesse. Como se pode observar, para a maioria dos respondentes vigora uma sensação oscilante, de mal-estar e bem-estar conforme os logradouros por onde circulam. De 179 indivíduos, 105 (ou 58,66%) declararam essa oscilação, enquanto 38 pessoas (21,23%) declararam sentir mal-estar, frustração, tristeza com a paisagem que encontram nas ruas da região onde moram. Também é possível notar que essa sensação de mal-estar se amplia conforme avança a faixa etária dos respondentes: para os jovens do ensino fundamental ela é menor (11, 67%), para os jovens do ensino médio aumenta um pouco (19,35% ou 12 indivíduos apontaram o item), enquanto para os adultos o valor salta para 33,33 % (ou 19 indivíduos). Parece-nos, portanto, que o desgaste relacionado aos sentimentos negativos diante do meio acompanha de maneira crescente os moradores. O

índice de bem-estar absoluto é reduzido para todos os grupos, sendo que, em relação aos demais grupos, apenas o grupo dos jovens de ensino fundamental, que teoricamente estariam menos contaminados por preocupações múltiplas – dada, talvez, a proximidade maior com a condição do universo infantil − revela um bem-estar absoluto pouco maior.

Belgiojoso, citado por Ribeiro e Vargas (2004), salientava que até os elementosnão definíveis esteticamente, embora bem visíveis na urbe, “são expressos em termos de comunicação, de riqueza de estímulos, de mensagens, de informações e de significados” (BELGIOJOSO, 1988, p. 25, grifo nosso), razão pela qual consideramos um norte conhecer, por meio do estímulo à rememoração visual do ambiente e às sensações que ele evoca, quais significados estão prestes a aflorar nos indivíduos que respondem à nossa pesquisa.

Importa também observar que o nível de bem-estar em relação ao ambiente físico está incluído na noção de qualidade de vida, conforme Giacomini Filho (1996), enquanto Cutter (1985, citada por RIBEIRO E VARGAS, 2004, p. 15) lembra que a noção de qualidade de vida propõe o emprego de indicadores de três ordens: sociais, ambientais e perceptivos, dando aos dois primeiros “também uma dimensão perceptiva, isto é, de bem-estar ou não em relação a um elemento objetivo”. Assim, junto com esta autora, buscamos observar o que o meio comunica ao sujeito avaliando as condições objetivas de sua vida “também a partir da imagem subjetiva do indivíduo e de suas expectativas em relação ao lugar”. Esse fluxo de comunicação permite estabelecer pontes com categorias como participação, pertencimento, noção de saúde urbana, entre outras. O arquiteto Cleverson, um de nossos entrevistados, afirma ser muito importante otimizar os processos de comunicação ambiental principalmente porque é uma temática ligada a “uma das coisas que a gente gosta de discutir, que é a questão do bem-estar no ambiente urbano”.

Em busca das razões pelas quais os diversos moradores declaram sentir-se de tal ou qual modo, ao caminhar pelas ruas de seu bairro, oferecemos a eles um quadro de problemas ambientais (ocorrentes de fato na região), para que assinalassem os itens que consideravam existir ali. Antes, porém, para evitar que as respostas dadas nessa questão contaminassem outros dados de que necessitávamos, perguntamos primeiro com que frequência observavam o meio e qual seu grau de preocupação com a qualidade ambiental de seu bairro:

Gráfico 4 – Frequência de observação do meio ambiente local

Ao elaborar essa pergunta, cuidamos também de oferecer uma gradação de possibilidades de resposta, ao estilo Likert, de maneira a sentir quanto, em seu dia a dia, a comunicação com o ambiente externo ao lar poderia influenciar a avaliação que o munícipe faz em relação à qualidade ambiental desse mesmo meio. Notamos que, em grau maior ou menor, a maioria dos respondentes não está alheia de todo ao ambiente ao seu redor e, portanto, tem condições de opinar com clareza sobre ele, embora não detenha as mesmas condições no que tange à reação proativa diante dos problemas, como veremos adiante. Quanto ao grau de preocupação com o meio ambiente do bairro, observemos o gráfico a seguir: 0 10 20 30 40 50 60 70 24 11 16 4 1 1 6 23 20 12 1 0 9 16 25 8 2 0 39 50 61 24 4 1