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Grupo III: Componente comportamental do sentimento de insegurança –

PARTE II: ESTUDO EMPÍRICO

2. Materiais e Métodos

2.3. Instrumentos e variáveis do projeto de investigação

2.3.3. Grupo III: Componente comportamental do sentimento de insegurança –

Comportamentos de proteção e evitamento no contexto habitacional e com que frequência são adotados (variáveis dependentes)

No início desta secção do questionário encontra-se a advertência de que os inquiridos devem responder às questões deste grupo tendo em consideração que se iniciam sempre com a seguinte afirmação “Por razões de segurança (…)”. O propósito deste reparo é distinguir a motivação para os comportamentos considerados, visto que alguns deles podem ser levados a cabo por diversas razões distintas da (in)segurança, e.g.: ter um cão de guarda pode ser mais por uma questão de companhia do que de segurança.

16No questionário, este segundo grupo sobre as questões da habitação, encontra-se junto com o primeiro grupo

já abordado sem se ter feito qualquer divisão. Aqui iremos então descrever 6 grupos apesar de no questionário constarem apenas 4 – o grupo I do questionário corresponde ao I e II daqui; o grupo II do questionário ao terceiro daqui, o grupo III ao IV e V e, por fim o grupo IV do questionário ao VI daqui.

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É então questionado, através de uma pergunta de formato dicotómico (Sim/Não), se os participantes adotam os seguintes comportamentos de proteção por razões de segurança:

1. Tem cão de guarda?

2. Deixa a luz acesa quando sai de casa à noite?

3. Avisa os vizinhos e/ou polícia e pede que a vigiem quando se ausenta de casa por dois ou mais dias?

4. Tranca as portas e/ou janelas da sua casa? 5. Tem algum sistema de alarme?

6. Tem câmaras de vigilância?

7. Tem placas informativas de que a sua casa está protegida e/ou câmaras simuladas? 8. Colocou ou pensa colocar grades nas janelas?

9. Quando se mudou para a casa que habita atualmente mudou a fechadura e/ou colocou fechaduras adicionais?

Na verdade, no questionário, o item 4, sobre se os participantes trancam as portas e/ou janelas, está apenas presente a questão sobre a frequência deste comportamento sem que tenha sido incluída a pergunta dicotómica, sobre se os inquiridos têm, ou não, este comportamento. Deste modo, foi necessário criar a variável dicotómica para este comportamento em que as respostas de ‘nunca tenho este comportamento’ passaram a ser o ‘não’ (que corresponde ao 0) e as restantes opções o ‘sim’ (que corresponde ao 1) com vista a posteriormente integrá-la, como uma variável dicotómica, no índice de comportamentos de proteção.

Para criar o índice de comportamentos de proteção, procedeu-se ao somatório dos comportamentos descritos nas perguntas de 1 a 9, tal como foi feito, por exemplo, em Michalos e Zumbo (2000). É ainda de salientar que os comportamentos aqui considerados já foram anteriormente incluídos em vários estudos, veja-se, por exemplo, Vilalta (2012), que teve em conta as grelhas para janelas, as fechaduras adicionais, os alarmes, cães de guarda e a vigilância informal dos vizinhos. Moller (2005), considerou os mesmos que Vilalta e alguns comportamentos adicionais que não foram contemplados na presente investigação, como, por exemplo, os muros altos, a utilização de arame farpado ou cercas elétricas e luzes especiais de segurança. Atkinson, Healey e Mourato (2005) incluíram ainda o comportamento de trancar as portas e/ou janelas quando se sai de casa; também aqui considerado. Por fim, Guedes (2012) incluiu ainda a questão de pedir aos vizinhos para vigiar a casa quando se ausenta por dois ou mais dias, que se encontra igualmente presente neste estudo.

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No que diz respeito aos comportamentos de evitamento, foi apenas considerado um comportamento ligado à habitação – se evita atender estranhos à porta, por questões de segurança. Importa ainda referir que para todos os comportamentos de precaução (i.e., quer de proteção, quer de evitamento), sempre que fizesse sentido, o participante era também questionado sobre com que frequência tem aquele comportamento numa escala de Likert de 1 ‘raramente’ ao 4 ‘sempre’. Posteriormente, através do somatório das frequências dos comportamentos de proteção (i.e., excluindo apenas a frequência com que os indivíduos têm o comportamento de evitamento), surgiu a variável ‘frequência de recurso médio às medidas de proteção’.

Ainda nesta secção, os participantes são inquiridos sobre se fizeram mais alguma coisa para se protegerem a si ou à sua família no contexto da habitação (como também foi incluído, por exemplo, no estudo de Michalos & Zumbo, 2000), assim como sobre o valor aproximado de quanto gastaram com os comportamentos de proteção, i.e., com a compra de medidas de segurança para proteger a habitação. Dos comportamentos de proteção anteriormente descritos nos itens de 1 a 9, aqueles que podem resultar em gastos monetários são: compra de alarmes e/ou câmaras de vigilância (quer reais quer simuladas), a compra de um cão de guarda, grades para as janelas e/ou de placas informativas de que a casa está protegida assim como a alteração ou acréscimo de fechaduras. Porém, isto não significa que não possam haver outros comportamentos aqui considerados que resultem em gastos (e.g. deixar a luz acesa quando sai de casa à noite), mas como não se tratam de transações comerciais diretas, os participantes não consideraram este valor na estimativa de quanto gastaram, aproximadamente, com estes comportamentos. Posteriormente dicotomizou-se a variável dos gastos de forma a obter os preditores de quem decide gastar alguma quantia monetária para proteger a sua habitação (correspondente ao 1) por oposição a quem não gastou nada (que corresponde ao 0).

Importa ainda acrescentar que todas as variáveis deste grupo, nomeadamente os gastos e os comportamentos de precaução (i.e., de proteção e evitamento) assim como a frequência com que estes são adotados, tratam-se das variáveis dependentes deste estudo (estando apenas ainda ausente a WTP, que é a última variável dependente desta investigação a ser mensurada no questionário).

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