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HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA NÃO OCASIONAL E NÃO INTERMITENTE ELENCADO COM ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS AGENTES

2 REQUISITOS NECESSÁRIOS À APOSENTADORIA ESPECIAL

2.2 HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA NÃO OCASIONAL E NÃO INTERMITENTE ELENCADO COM ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS AGENTES

NOCIVOS

As condições de trabalho que geram direito a Aposentadoria Especial são comprovadas pelas demonstrações ambientais que caracterizam a efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos. A efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base no laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do

trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Neste laudo deverão constar informações sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual, e de sua eficácia, e deverá ser elaborado com observância das normas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos procedimentos estabelecidos pelo INSS.

(CASTRO; LAZZARI, 2016).

É chamado de Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) o documento histórico-laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter o resultado das avaliações ambientais supracitadas, o nome do responsável pela monitoração biológica e das avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados administrativos correspondentes.

(CASTRO; LAZZARI, 2016). Conforme a análise do PPP sob o olhar do estudioso Wladimir Novaes Martinez, o mesmo destaca o motivo pelo qual o foi criado:

Ele tem por objetivo propiciar à perícia médica do INSS informações pormenorizadas sobre o ambiente operacional e as condições de trabalho, controle do exercício laboral, troca de informações sobre as doenças ocupacionais, supervisão da aplicação das normas legais regulamentadoras da saúde, medicina e segurança do trabalho. (MARTINEZ, 2003, p. 19 apud CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 744).

A empresa é quem deverá elaborar o PPP, de forma individualizada para seus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Toda empresa que desenvolve atividades em condições especiais que exponha os trabalhadores a riscos ambientais, está obrigada a elaborar e manter atualizado o PPP, abrangendo as atividades desenvolvidas pelos segurados empregados, trabalhadores avulsos e cooperados filiados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a associação desses agentes, ainda que não presentes os requisitos para concessão de aposentadoria especial, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção, coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Esta exigência do PPP possui a finalidade de identificar os trabalhadores expostos a agentes nocivos em relação aos quais será cobrada a respectiva alíquota de adicional de contribuição para o custeio da futura aposentadoria. Ele deverá ser

atualizado sempre que houver alterações no ambiente de trabalho ou troca de atividade pelo trabalhador. (CASTRO; LAZZARI, 2016). De acordo com a TNU:

A validade do conteúdo do PPP depende da congruência com o laudo técnico, sendo esta congruência presumida. A presunção relativa de congruência do PPP com laudo técnico dispensa, em regra, que este documento tenha que ser apresentado conjuntamente com o PPP.

Eventualmente, poderá haver dúvidas objetivas sobre a compatibilidade entre o PPP e o laudo técnico. Nesses casos, é legítimo ao juiz condicionar a valoração do PPP a exibição do laudo técnico ambiental para aferir a validade do seu teor, sendo esta decisão a exceção e não a regra. Portanto, deve ser considerado exclusivamente o PPP como meio de comprovação da exposição do segurado ao agente insalubre, inclusive se tratando do ruído, independentemente da apresentação do laudo técnico ambiental. (PU 2009.71.62.001838-7, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif, DOU de 22.03.2013).

Além do tempo mínimo trabalhado e a carência, o segurado deverá comprovar exposição aos agentes nocivos, dentre eles os Agentes Agressivos Físicos, Químicos, Biológicos e sobre o Instituto da Periculosidade. (LADENTHIN, 2018).

Salienta-se que são dois critérios que caracterizam a atividade especial: a nocividade e a permanência. Um completa o outro, sendo que, em alguns casos, só será nocivo se o tempo de exposição ultrapassar o limite de tolerância para aquele agente, ou em outros casos, será nocivo pela mera existência desse agente, sendo presumida a nocividade, independentemente da quantidade. (LADENTHIN, 2018).

A Instrução Normativa Nº 77/2015, traz as seguintes definições para nocividade e permanência em seu artigo 278:

Nocividade: situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, presentes no ambiente de trabalho, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou a integridade física do trabalhador;

Permanência: trabalho não ocasional nem intermitente no qual, a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do contribuinte individual cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação de serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. (BRASIL, 2015).

É necessário comprovar que o agente nocivo é prejudicial à saúde e que o segurado esteve efetivamente exposto aos agentes nocivos. (LADENTHIN, 2020). A efetiva exposição é exigência legal, já prevista no art. 58, §1 da Lei Nº 8.213/91, que assim dispõem:

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base

em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (BRASIL, 1991).

Ao constitucionalizar a efetiva exposição, o legislador dá um tom a mais para a prova do tempo especial, e exigirá dele a comprovação inequívoca da nocividade no ambiente laboral. (LADENTHIN, 2020). O Manual de Aposentadoria Especial, Resolução INSS/DIRSAT n. 600/17, estabelece que a efetiva exposição significa:

(...) exposição a risco ocupacional ou agente ambiental do trabalho que cumpre a exigência de nocividade e de permanência, caracterizando, então, a efetiva exposição ao agente nocivo em atividades exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (BRASIL, 2017, p. 29).

Segundo o texto legal, a efetiva exposição será comprovada por meio do formulário, atualmente PPP, expedido pela empresa ou seu preposto, com base em LTCAT, assinado por engenheiro de segurança ou médico do trabalho, nos termos das normas trabalhistas. Destaca-se que o STF já se manifestou quanto à natureza infraconstitucional da matéria que discute o reconhecimento judicial de período de trabalho em condições especiais por efetiva exposição a agentes nocivos.

(LADENTHIN, 2020). Destaca-se a efetiva exposição:

Tema STF 852: A questão da validade do reconhecimento judicial de trabalho em condições especiais, pela efetiva exposição aos agentes nocivos à saúde ou a integridade física, para fins de concessão ou revisão de aposentadoria especial ou para converter tempo de serviço, nos termos dos artigos 57 e 58 da Lei Nº 8213/1991, tem natureza infraconstitucional, e a ela se atribuem os efetivos os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do precedente fixado no RE número 584.608, rel. Ministra Ellen Gracie, Dje 13.3.2009. (BRASIL, 2009).

Sob a ótica de Adriane Bramante de Castro Ladenthin, “não afeta a inclusão no texto constitucional da exigência de efetiva exposição a agentes prejudiciais à saúde, cujos requisitos de nocividade e permanência se fazem presentes há muito tempo.” (LADENTHIN, 2020, p. 46). Os agentes nocivos estão classificados em qualitativo e quantitativo, a saber:

I- Qualitativo, sendo a nocividade presumida independe de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante nos Anexos 6 (pressão atmosférica anormal), 12 (asbestos e Sílica), 13 (agentes químicos qualitativos), 14 (biológicos), da Norma Regulamentadora nº 15 -NR 15 do MTE, e no anexo IV do RPS, para os agentes iodo e níquel, a qual será comprovada mediante descrição:

a) das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou Associação de Agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada;

b) de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados na alínea “a”;

c) dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da exposição, a frequência e a duração do contato.

II- Qualitativo, sendo a nocividade considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, disposto nos Anexos 1 (ruído), 2 (ruído de impacto), 3 (calor), 5 (radiação ionizante), 8 (vibração), 11 (agentes químicos quantitativos), da NR-15 do TEM, por meio de mensuração da intensidade ou da concentração consideradas no tempo efetivo da exposição no ambiente de trabalho. Incluímos o Anexo 9 (frio) e o Anexo 10 (umidade excessiva), que judicialmente são reconhecidos como especiais.

(LADENTHIN, 2020, p. 47).

Estes agentes nocivos, segundo a legislação previdenciária, estão constitucionalizados através da EC Nº 103/2019, classificados como físicos, químicos, biológicos e associação de agentes. Diante do exposto, sobre o critério da permanência esta passa a valer a partir da publicação da Lei 9.032/95, que trouxe nova redação ao §3 do art. 57, na qual a “concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.” (BRASIL, 1995).

Por essa razão, a Súmula 49 da Turma Nacional de Uniformização consolidou o posicionamento de que a informação de permanência passa a valer apenas após a Lei Nº 9.032/95, para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/04/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou a integridade física não precisa ocorrer de forma permanente. (BRASIL, 1995).

O conceito de permanência só foi introduzido com a edição do Decreto Nº 4.882/13, em seu art. 65 do Decreto Nº 3.048/99, considerando tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. (BRASIL, 1999).

A permanência é indissociável, significa nas quais o trabalhador não tem liberdade de escolha, é aquela cuja exposição ocorre para que produzam o bem ou prestem o serviço. Sua atividade, no ambiente que trabalha, é essencial a produção do bem ou a prestação do serviço, mesmo que existam atividades outras, acessórias em que ocorram interrupções momentâneas da exposição. Portanto, a permanência não está relacionada ao tempo, e sim à atividade do segurado. Há muitos

posicionamentos equivocados da jurisprudência relacionados ao tempo de exposição, quando o correto é defini-lo como indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. (LADENTHIN, 2020).

Adriane Bramante de Castro Ladenthin traz como exemplo o soldador ele não ficará o tempo todo de sua jornada exposto à radiação proveniente da solda elétrica, acontece que o mesmo está intrinsecamente exposto aos agentes nocivos provenientes do exercício da sua atividade. Ele não tem escolha. Soldar o coloca subordinadamente exposto aos agentes nocivos inerentes a função que exerce decorre automaticamente da sua atividade. (LADENTHIN, 2020). Quanto às informações sobre o requisito permanência no PPP, o TRF da 3ª Região tem interessante posicionamento:

A ausência de informação da habitualidade e permanência no PPP não impede o reconhecimento da especialidade. O PPP formulário padronizado pelo próprio INSS, conforme disposto no parágrafo 1º do artigo 58 da Lei 8213/91. Assim sendo, é de competência do INSS a adoção de medidas para reduzir as imprecisões no preenchimento do PPP pelo empregador.

Como os PPPs não apresentam um campo específico para indicação de configuração de habitualidade e permanência da exposição ao agente, o ônus de provar a ausência desses requisitos é do INSS. (TRF3ª Região, 8ª Turma, Ap – Apelação Cível – 2250926 – 0021765-3.2014.4.03.6303, rel.

Desembargador Federal Luiz Stefanini, julgado em 26.11.2018, e-DJF3 Judicial 1 Data:10.12.2018). (BRASIL, 2018).

Ademais, ao estar presente no ambiente de trabalho agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador, para contagem de tempo especial, e emissão do PPP correspondente, do § 4 do art.

68 do Decreto N. 3.048/1999. Trata-se de regra de grande importância, pois corresponde a um avanço no entendimento sobre a existência de agentes nocivos no ambiente laboral e sua comprovação. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

2.3 DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS PREJUDICIAIS À SAÚDE OU A