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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MACHADO DE ASSIS FACULDADES INTEGRADAS MACHADO DE ASSIS CURSO DE DIREITO DAIANE SKLAR KOSCREVIC

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DAIANE SKLAR KOSCREVIC

APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) E AS CONSEQUENTES ALTERAÇÕES DECORRENTES DA EMENDA

CONSTITUCIONAL Nº. 103 DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 TRABALHO DE CURSO

Santa Rosa/RS

2021

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APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) E AS CONSEQUENTES ALTERAÇÕES DECORRENTES DA EMENDA

CONSTITUCIONAL Nº. 103 DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 TRABALHO DE CURSO

Monografia apresentada às Faculdades Integradas Machado de Assis, como requisito parcial para obtenção do Título Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Ms. Ricieri Rafael Bazanella Dilkin

Santa Rosa RS

2021

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pais, Eduino Ostrovski Koscrevic e Elisete Sklar Koscrevic, que incessantemente me apoiaram e me deram forças para continuar nesta caminhada, e para aqueles que de alguma forma fizeram parte da minha graduação.

Ao meu amado, Jonatan Vogel que

suportou diversos momentos de ausência

e sempre foi compreensivo. A vocês, todo

meu amor do mundo.

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por me dar a oportunidade de concluir um passo tão importante da minha vida.

Agradeço aos meus pais, pelos bons exemplos e principalmente pela ótima educação com que me nutriram.

Vocês são meu orgulho, o maior motivo da minha base forte. Quero agradecer-lhes e dizer que esta conquista é nossa.

Aos profissionais da FEMA que nos acolhem com todo amor e carinho, do início ao fim da graduação, em especial os grandes mestres, responsáveis por transmitir o conhecimento, pessoas que tenho orgulho de dizer “eu tive aula”.

Ao meu namorado Jonatan que me acompanha nesta caminhada e me incentiva, obrigada por tudo. A minha amiga e irmã da vida, Jordana Zimmermann, lhe agradeço imensamente pelo apoio.

Agradeço o mestre, orientador

professor Ricieri com o qual compartilhei

os anseios da presente monografia e que

sempre esteve disposto a ajudar com o

seu melhor. Para estes, os meus sinceros

agradecimentos.

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princípio fundamental de todas as Constituições livres”.

Rui Barbosa.

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A presente monografia possui como tema o Direito Previdenciário e Aposentadoria Programada, com foco na análise do benefício previdenciário de Aposentadoria Especial voltado para o estudo das mudanças referentes às regras de transição.

Como problema, buscou-se analisar em que medida as regras de transição da Aposentadoria Especial trazem (des)vantagens aos segurados do Regime Geral de Previdência Social ante a vigência da Emenda Constitucional Nº 103/2019?. O objetivo geral é estudar o benefício previdenciário de Aposentadoria Especial, atualmente considerado como aposentadoria programada, sob análise das novas diretrizes da EC Nº 103/2019. Ademais, realizar-se-á o cotejo entre os requisitos exigidos pela Previdência Social antes e após a referida emenda para o fim de esclarecer seus principais tópicos. O estudo sobre o tema supracitado é de grande relevância para o grupo acadêmico, pois se trata de um ponto específico da Reforma da Previdência, a Aposentadoria Especial, que contempla uma parcela de cidadãos e que após a reforma trouxe vantagens e desvantagens. Os principais autores abordados na pesquisa foram Carlos Domingos, Adriane de Castro Bramante Ladenthin, Luciano Martinez, Marisa Ferreira dos Santos, João Batista Lazzari, Carlos Alberto Pereira de Castro, Daniel Machado da Rocha e Gisele Kravchychyn.

A metodologia utilizada caracteriza-se como teórica, pois desenvolverá a temática delimitada por meio da documentação indireta utilizando-se de pesquisa bibliográfica, ou em fontes secundárias - livros doutrinários, ensaios, compilações e artigos científicos. Investiga-se o tratamento dos dados de forma qualitativa, empregando diferentes concepções filosóficas, estratégias de investigação, métodos de coleta e interpretação dos dados. O método de abordagem da pesquisa será hipotético-dedutivo, o qual visa explicar o tema proposto. Para auxiliar o método principal de abordagem, serão utilizados procedimentos técnicos e secundários:

histórico, para construir os fundamentos teóricos da investigação; e comparativo, a fim de cotejar a triangulação de dados obtidos comparando-os antes e depois da reforma da previdência. A monografia foi estruturada em três capítulos, o primeiro faz uma análise acerca da conceituação histórica da Previdência Social, com enfoque para a Aposentadoria Especial, o segundo expõem os requisitos necessários para concessão e o terceiro explana as mudanças trazidas pela EC Nº 103/2019. Concluiu-se que as mudanças trazidas pelas EC Nº 103/2019 afetaram diretamente a vida dos segurados, pois com a exigência de idade mínima como requisito de concessão, o tempo de exposição perante os agentes prejudiciais à saúde também aumenta, acarretando maior exposição da saúde do trabalhador sem ter um laudo técnico especializado que informe as consequências dessas novas regras.

Palavras Chave: EC Nº 103/2019 – Aposentadoria Especial – Agentes Nocivos –

Regras de Transição.

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The present monograph has as its theme the Social Security Law and programmed retirement, with focus on the analysis of the Special Retirement social security benefit aimed at the study of changes related to the transition rules. As a problem, we sought to analyze to what extent the Special Retirement transition rules bring (dis)advantages to policyholders of the General Social Security System in view of the effectiveness of Constitutional Amendment 103/2019.The general objective is to study the Special Retirement pension benefit, currently considered as a programmed retirement, under the analysis of the new guidelines of EC 103/2019?. Furthermore, a comparison between the requirements demanded by Social Security before and after the aforementioned amendment will be carried out in order to clarify its main topics. The study on the aforementioned theme is of great relevance to the academic group, as it is a specific point of the Social Security Reform, the Special Retirement, which covers a portion of citizens and which after the reform brought advantages and disadvantages. The main authors approached in the research were Carlos Domingos, Adriane de Castro Bramante Ladenthin, Luciano Martinez, Marisa Ferreira dos Santos, João Batista Lazzari, Carlos Alberto Pereira de Castro, Daniel Machado da Rocha and Gisele Kravchychyn. The methodology used is characterized as theoretical, as it will develop the theme delimited through indirect documentation using bibliographic research, or secondary sources - doctrinal books, essays, compilations and scientific articles. The treatment of data is investigated in a qualitative way, using different philosophical conceptions, research strategies, data collection and interpretation methods.The research approach method will be Hypothetical-deductive, which aims to explain the proposed theme. To support the main method of approach, technical and secondary procedures will be used:

historical, to build the theoretical foundations of the investigation; and comparative, in order to collate the triangulation of data obtained by comparing them before and after the pension reform. The monograph was structured in three chapters, the first analyzes the historical conceptualization of Social Security, with a focus on Special Retirement, the second exposes the necessary requirements for granting and the third explains the changes brought about by EC 103/2019. It was concluded that the changes brought about by EC 103/2019 directly affected the lives of policyholders, as with the requirement of a minimum age as a concession requirement, the time of exposure to agents harmful to health also increases, resulting in greater exposure of the health of the worker without having a specialized technical report that informs the consequences of these new rules.

Keywords: EC 103/2019 - Special Retirement - Harmful Agents - Transition Rules

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Tabela 1 – Número de concessões de Aposentadoria Especial de acordo com o sexo

entre os anos de 2012 a 2016... 28

Tabela 2 – Forma de Filiação dos segurados que obtiveram o direito à Aposentadoria

Especial entre os anos de 2012 a 2016... 30

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p. – página

FEMA – Fundação Educacional Machado de Assis

§ - Parágrafo Art. – Artigo Nº - número

LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social CAP’s – Caixas de Aposentadoria e Pensão INSS – Instituto Nacional do Seguro Social IAP – Instituto de Aposentadorias e Pensões INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social

DATAPREV – Empresa de processamento de Dados da Previdência Social RGPS – Regime Geral da Previdência Social

RPPS – Regimes Próprios de Previdência Social MPS – Ministério da Previdência Social

LBPS – Lei de Benefícios da Previdência Social CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social

LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho

EPCs – Equipamentos de Proteção Coletiva

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EC – Emenda Constitucional

PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário SAT – Seguro de Acidente do Trabalho EPI – Equipamento de Proteção Individual RPS – Regime de Previdência Social IN – Instrução Normativa

TNU – Turma Nacional de Uniformização STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça NR – Norma Regulamentadora PBC – Período Básico de Cálculo

DER – Data de Entrada de Requerimento MTE – Ministério do Trabalho e Economia

IBUTG - Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo VMV - Vibração de Mãos e Braços

VCI - Vibração do Corpo Inteiro

PAIR - Perda Auditiva Induzida por Ruído

NEN - Nível de Exposição Normatizado

CAS - Chemical Abstracts Service

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FISPQ – Informação de Segurança de Produtos Químicos

GHS/ONU – Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de

Produtos Químicos, da Organização das Nações Unidas

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INTRODUÇÃO………...…………...13

1 PREVIDÊNCIA SOCIAL: AS ORIGENS HISTÓRICAS E LEGISLATIVAS DA APOSENTADORIA ESPECIAL………..…...16 1.1 APOSENTADORIA ESPECIAL: ALTERAÇÕES CONCEITUAIS AO LONGO DO TEMPO………...……...…16 1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA APOSENTADORIA ESPECIAL……....…...……… 20

2 REQUISITOS NECESSÁRIOS À APOSENTADORIA ESPECIAL………...…27 2.1 TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO E CARÊNCIA………...……...… 27 2.2 HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA NÃO OCASIONAL E NÃO INTERMITENTE ELENCADO COM ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS AGENTES NOCIVOS………..………...……32 2.3 DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS PREJUDICIAIS À SAÚDE OU A INTEGRIDADE FÍSICA……….…...………38

3 APOSENTADORIA ESPECIAL (RGPS) APÓS A REFORMA DA PREVIDÊNCIA (EC 130/2019)...43 3.1 DO DIREITO ADQUIRIDO, DAS REGRAS PERMANENTES, TRANSITÓRIAS E DE TRANSIÇÃO APLICADAS AOS FILIADOS AO RGPS………...…… ….43 3.2 O NOVO CÁLCULO DA RMI DA APOSENTADORIA ESPECIAL E A IMPOSSIBILIDADE DA CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM....…...48 3.3 EXIGÊNCIA DE IDADE MÍNIMA COMO REQUISITO PARA APOSENTADORIA ESPECIAL………...53

CONCLUSÃO………57

REFERÊNCIAS……….60

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INTRODUÇÃO

A Aposentadoria Especial, possui o cunho protetivo e preventivo, visa compensar a exposição a agentes agressivos existentes em seu labor, permitindo aposentadoria anterior aqueles que estão sujeitos a condições adversas de trabalho.

Sendo assim, o presente trabalho investiga a Aposentadoria Especial no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e as consequentes alterações decorrentes da Emenda Constitucional Nº 103 de 12 de Novembro de 2019. Esta pesquisa reside na análise do benefício previdenciário de Aposentadoria Especial com foco no estudo das mudanças referentes às regras de transição advindas com a Reforma da Previdência.

Dentre os benefícios expostos no artigo 18 da Lei Nº 8.213/91, a Aposentadoria Especial é a considerada mais complexa, gerando assim vários questionamentos. O problema indagado na pesquisa é em que medida as regras de transição da Aposentadoria Especial trazem (des)vantagens aos segurados do Regime Geral de Previdência Social ante a vigência da Emenda Constitucional Nº 103/2019.

Diante das inúmeras alterações constitucionais, legais, regulamentares e

administrativas que sofreu durante seu desenvolvimento, a Aposentadoria Especial

traz consigo a necessidade de reflexão a análise acerca de interpretações

adequadas. Por isso, a pesquisa tem como objetivo analisar o referido benefício

previdenciário, atualmente considerado como aposentadoria programada, sob

análise das novas diretrizes da EC Nº 103/2019. Além disso, será feito um apanhado

histórico desde a criação da mesma, realizando o cotejo entre os requisitos exigidos

pela Previdência Social antes e após a referida emenda para o fim de esclarecer

seus principais tópicos. A Aposentadoria Especial sofreu alterações significativas

que precisam ser estudadas e expostas para os segurados diretamente atingidos, na

tentativa de descobrir suas (des)vantagens.

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Sendo assim, possui como objetivos específicos, contextualizar a Aposentadoria Especial no meio histórico/legislativo, estudar a Emenda Constitucional Nº 103/2019, com ênfase para a Aposentadoria Especial, bem como, pesquisar as mudanças pós-reforma relativas ao quesito idade e cálculo do valor inicial do benefício, e explicar a regra de transição, analisando os requisitos legais e constitucionais exigidos pelo INSS para a concessão do benefício antes e após a Emenda Constitucional Nº 103/2019, e ao fim expor suas (des)vantagens.

O estudo sobre o tema é de grande relevância para o grupo acadêmico, pois se trata de um ponto específico da Reforma da Previdência, a Aposentadoria Especial, que contempla uma parcela de cidadãos e que após a reforma trouxe vantagens e desvantagens. Ademais, é de interesse de advogados, acadêmicos e segurados, que precisam se atualizar após a mudança. Por ser um tema recente, o trabalho vem para sanar tais dúvidas e levantar as vantagens e desvantagens pós-reforma.

Trata-se de um tema viável, possui amparo na legislação, na doutrina e em artigos científicos. Por mais que seja um tema recente é um assunto que precisa ser discutido, pois há necessidade emergente de pessoas requerendo a Aposentadoria Especial, e para isso precisam estar cientes das mudanças. É possível afirmar que o estudo abrirá caminhos para novas investigações atinentes à temática.

A pesquisa caracteriza-se como teórica, pois desenvolverá a temática delimitada por meio da documentação indireta utilizando-se de pesquisa bibliográfica, ou em fontes secundárias - livros doutrinários, ensaios, compilações e artigos científicos. A pesquisa teórica, é dedicada a reconstruir a teoria, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar os fundamentos teóricos. Investiga-se o tratamento dos dados de forma qualitativa, empregando diferentes concepções filosóficas, estratégias de investigação, métodos de coleta e interpretação dos dados. Ademais, o propósito é apresentar o objeto estudado no formato de pesquisa exploratória, buscando explorar o problema e que consequentemente resultará na apresentação das informações desta investigação.

O método de abordagem da pesquisa será hipotético-dedutivo, o qual visa

explicar o tema proposto. Parte-se de um problema, que é responder em que

medida as regras de transição da Aposentadoria Especial trazem (des)vantagens

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após sua publicação. Após, serão apresentados assuntos fundamentadas na literatura pertinente à área; posteriormente, fazem-se as deduções por meio da observância e da análise da Aposentadoria Especial perante a lei, antes e depois da Reforma da Previdência; promove-se o falseamento das hipóteses e, por fim, o levantamento das conclusões. Para auxiliar o método principal de abordagem, serão utilizados procedimentos técnicos e secundários: histórico, para construir os fundamentos teóricos da investigação; e comparativo, a fim de cotejar a triangulação de dados obtidos comparando-os antes e depois da reforma da previdência.

O trabalho foi estruturado em três capítulos, o primeiro capítulo faz uma

análise acerca da conceituação histórica da Previdência Social, com enfoque para a

Aposentadoria Especial. O segundo capítulo expõe os requisitos necessários para

concessão, como tempo mínimo exigido, habitualidade, permanência e exposição

aos agentes nocivos prejudiciais à saúde ou a integridade física, e o terceiro capítulo

explana as alterações trazidas pela EC Nº 103/2019 na Aposentadoria Especial,

regras transitórias e de transição, mudança de cálculo da Renda Mensal Inicial do

Benefício (RMI) e exigência de idade mínima para concessão. No último momento

será revelado o resultado do estudo, expondo se a EC N° 103/2019 trouxe

vantagens ou desvantagens para os segurados.

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1 PREVIDÊNCIA SOCIAL: AS ORIGENS HISTÓRICAS E LEGISLATIVAS DA APOSENTADORIA ESPECIAL

O presente capítulo tem como objetivo fazer uma análise acerca da conceituação histórica da Previdência Social, com enfoque para a Aposentadoria Especial, abordando o conceito e a cobertura, com tópicos voltados à ótica da legislação de cada época. Ao final deste bloco, será abordado o histórico legislativo, com suas alterações no decorrer dos anos, bem como a contextualização das alterações.

Os referidos itens são importantes, na medida em que permitem ao leitor se localizar perante a legislação, desenvolvendo uma opinião crítica acerca da temática, bem como posicionar-se perante os conceitos e mudanças históricas da Aposentadoria Especial.

1.1 APOSENTADORIA ESPECIAL: ALTERAÇÕES CONCEITUAIS AO LONGO DO TEMPO

Conforme dispõem João Batista Lazzari, Carlos Alberto Pereira de Castro, Daniel Machado da Rocha e Gisele Kravchychyn, dentre as funções do Estado Contemporâneo, está à proteção social dos indivíduos em face dos eventos que lhes possam causar dificuldade ou até mesmo a impossibilidade de subsistência por conta própria pela atividade laborativa. Esta proteção está consolidada nas políticas de Seguridade Social. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Celso Barroso Leite conceitua que a “proteção social é o conjunto de medidas de caráter social destinadas a atender certas necessidades individuais; mais especificamente, as necessidades individuais que, não atendidas, repercutem sobre os demais indivíduos e, em última análise, sobre a sociedade.” (LEITE, 1978, p. 16 apud CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 5).

O processo de proteção social no Brasil é o resultado de um processo lento

de reconhecimento de que o Estado precisa intervir para suprir as necessidades de

uma liberdade absoluta. Sobretudo, a Seguridade Social abrange tanto a Assistência

Social quanto o sistema da Previdência Social, que é fomentado por meio de

contribuições, nas quais as pessoas se vinculam por meio de algum tipo de atividade

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laborativa e seus dependentes ficam resguardados quanto a eventos fortuitos, ou outros que a lei considera que exijam amparo financeiro ao indivíduo mediante prestações pecuniárias ou serviços. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Carlos Domingos ressalta que abrangido pela Previdência Social está a Aposentadoria Especial, benefício que ao longo dos anos obteve várias alterações em suas características e consequentemente em seu conceito, que apesar de não gerar muitos conflitos na doutrina, consegue elencar diferentes resultados.

(DOMINGOS, 2020). Dentre eles, o definido por Sergio Pardal Freudenthal, caracteriza a Aposentadoria Especial como modalidade de aposentadoria por tempo de serviço/contribuição diminuindo para 15, 20 ou 25 anos em razão das condições insalubres, perigosas ou penosas a que esteja submetido o trabalhador.

(FREUDENTHAL, 2000).

Sob a ótica desta modalidade, ela é enquadrada como gênero da Aposentadoria por Tempo de Contribuição, sendo a linha de pensamento mais seguida pelos doutrinadores, como por exemplo, Marcus Orione Gonçalves Correia, Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro, Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari, Wladimir Novaes Martinez, André Studart Leitão, entre outros. (DOMINGOS, 2020).

Uma segunda corrente, minoritária, pautada nos ensinamentos do Professor Celso Barroso Leite, a “Aposentadoria Especial é como uma espécie de aposentadoria por invalidez antecipada.” (LEITE, 1978, p. 33 apud DOMINGOS, 2020, p. 22). Ou seja, ela reduz o tempo de serviço/contribuição necessária em razão dos prejuízos causados ao trabalhador por laborar em condições insalubres, nocivas, perigosas ou penosas. Sendo assim, conforme o entendimento do autor este benefício seria uma forma de antecipação da invalidez e não o desdobramento da Aposentadoria por Tempo de Contribuição. (DOMINGOS, 2020).

Por mais que a referida decisão seja minoritária, por vezes ela é invocada por

legisladores e até mesmo governantes, na tentativa de firmá-la. Conforme defende

Carlos Domingos, se tal conceito for acolhido, poderá dar margem à interpretação de

que somente caberia o deferimento da inativação especial, aqueles que já

apresentassem algum tipo de prejuízo em sua saúde decorrente da submissão a

agentes agressivos. E esta constatação provavelmente seria competência da perícia

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médica, a qual sabemos que infelizmente na maioria dos casos é frágil, incompleta e superficial. (DOMINGOS, 2020).

Outra definição de Aposentadoria Especial é abordada por Sergio Pinto Martins, a qual “o benefício decorre do trabalho em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado, de acordo com a previsão da lei.” (MARTINS, 1998, p. 323 apud DOMINGOS, 2020, p. 23). Trata-se de um benefício de natureza extraordinária, tendo por objetivo compensar o trabalho do segurado que presta serviços em condições adversas a sua saúde ou desempenha atividade com riscos superiores aos normais.

Já para a estudiosa Adriane Bramante de Castro Ladenthin, a Aposentadoria Especial é um benefício autônomo, que mescla o tempo de contribuição com os requisitos diferenciados das aposentadorias por tempo e invalidez, tal qual:

A Aposentadoria Especial é uma espécie de prestação previdenciária, de natureza preventiva, destinada a assegurar proteção ao trabalhador que se expõe efetivamente a agentes agressivos prejudiciais à saúde ou à integridade física durante prazos mínimos de 15, 20 ou 25 anos. Esta modalidade de aposentadoria difere das demais aposentadorias e com elas não se confunde. (...) Aposentadoria Especial é um benefício autônomo e seu conceito não se encontra atrelado a nenhum outro benefício previdenciário. A Aposentadoria Especial possui suas próprias características, diferenciadas das demais prestações da Previdência Social.

(LADENTHIN, 2018, p. 29).

Ainda, conforme a referida autora, suas características diferem da Aposentadoria por Tempo de Contribuição, por exigir um prazo mínimo de efetiva exposição aos agentes nocivos. Outro requisito é a impossibilidade de enquadrar o tempo comum de contribuição junto ao tempo especial, enquanto que na contagem de tempo comum poderá haver períodos especiais que são convertidos em tempo comum. Por isso, não pode ser chamada de gênero da Aposentadoria por Tempo de Contribuição. (LADENTHIN, 2018).

Consequentemente, isso acontece por ser necessário comprovar a exposição a agentes físicos, químicos, biológicos ou associação de agentes para que o período de trabalho seja computado como especial e, ainda, que estes agentes agressivos sejam ou venham a ser prejudiciais à saúde ou a integridade física do trabalhador.

Ainda assim, cabe ressaltar que as referidas aposentadorias se encontram em

subseções diferentes no texto legal, Lei Nº 8.213/1991, sendo que a Especial está

positivada nos artigos 57 e 58, e a Aposentadoria por Tempo de Contribuição nos

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artigos 52 a 56, demonstrando assim que o legislador quis tratá-las de maneiras distintas. (LADENTHIN, 2018).

Ademais, como descreve Wladimir N. Martinez, nem todos os segurados obrigatórios da Previdência Social têm direito à Aposentadoria Especial. “Aquele que por não exercer qualquer atividade coberta pelo RGPS (Regime Geral da Previdência Social), ficará excluído.” (MARTINEZ, 2003, p. 27 apud LADENTHIN, 2018, p. 30). Da mesma forma, em razão do ministério religioso e natureza da função, o eclesiástico e o doméstico também. Possivelmente, jamais o segurado especial. Ainda assim, afirma que a doutrina refere-se:

A Aposentadoria Especial como uma indenização social pela exposição aos agentes nocivos ou possibilidade de prejuízos à saúde ou à integridade física do trabalhador, distinguindo-se da Aposentadoria por Tempo de Contribuição e da Aposentadoria por Invalidez.” (MARTINEZ, 2007, p. 20 apud DOMINGOS, 2020, p. 23).

É a sujeição a nocividade que caracteriza o direito ao benefício, sendo que se a incapacidade sobrevier antes da Aposentadoria Especial, caberá a ele os benefícios correspondentes àquele risco social. Conforme Diego Henrique Schuster,

“causa verdadeira inquietação o fato de a Aposentadoria Especial ser concebida como uma mera compensação pelo desgaste do tempo de serviço prestado em condições prejudiciais à saúde ou integridade física, de modo acrítico.”

(SCHUSTER, 2009, p. 71 apud LADENTHIN, 2018, p. 36). Portanto, o efeito preventivo de sua existência é irrelevante. O valor da contribuição paga ao trabalhador ao risco é menor que o dano social por ela produzido, tornando-se menos vantajoso para a empresa investir na eliminação do risco.

Sendo assim, a doutrina reconhece que a “Aposentadoria Especial é um benefício pago em razão do desgaste acelerado no organismo do trabalhador, e que, portanto, libera-o mais cedo do trabalho para que efetivamente possa gozar de mais alguns anos de aposentadoria.” (VENDRAME, 2000, p. 11 apud LADENTHIN, 2018, p. 36).

Portanto, a Aposentadoria Especial não é modalidade de Aposentadoria por

Tempo de Contribuição com tempo reduzido e nem tampouco de aposentadoria por

invalidez, distinguindo-se em todos os sentidos das demais aposentadorias. Possui

características sui generis de benefício previdenciário com vistas à proteção do

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trabalhador que durante anos se expôs a agentes agressivos prejudiciais à saúde ou à integridade física. (LADENTHIN, 2018).

1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA APOSENTADORIA ESPECIAL

Considerado como um dos benefícios mais complexos, a Aposentadoria Especial, é a que mais sofreu alterações legais e infralegais ao longo de sua existência, gerando várias divergências na doutrina e na jurisprudência. Apesar de ser complexa e extensa, a legislação previdenciária, no que concerne à Aposentadoria Especial, teve recorrentes modificações. (DOMINGOS, 2020). A Aposentadoria Especial foi instituída pela Lei N° 3.807/60, conhecida como LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social, que estabelecia:

Art. 31ª A Aposentadoria Especial será concedida ao segurado que, contando no mínimo com 50 (cinquenta) anos de idade e 15 (quinze) anos de contribuição tenha trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte cinco) anos pelo menos, conforme a atividade profissional, em serviços, que, para esse efeito, foram considerados penosos, insalubres ou perigosos, por Decreto do Poder Executivo. (BRASIL, 1960).

Naquela época, eram basicamente quatro os requisitos ensejadores da concessão da Aposentadoria: carência mínima de 15 anos de contribuição; tempo de trabalho durante os prazos mínimos de 15, 20 ou 25 anos; exposição a agentes insalubres, penosos ou perigosos ou enquadramento pela atividade profissional;

idade mínima de 50 anos. A LOPS estabeleceu que o Poder Executivo seria responsável por definir o que seria insalubre, penoso, perigoso e a atividade profissional. Para regulamentá-la, foi publicado o Decreto Nº 53.831/64, o qual trouxe em seu Quadro Anexo o rol de atividades penosas, insalubres ou perigosas consideradas especiais, ou que as presumiam especiais, como também os agentes agressivos que caracterizavam sua especialidade, também ficou conhecido como Anexo III. (DOMINGOS, 2020).

Nesta lista, consta os agentes físicos, químicos e biológicos, além de uma

parte ser destinada às ocupações. Como exemplos, encontram-se os agentes físicos

(eletricidade, ruído acima de 80 decibéis, calor acima de 28ºC), agentes químicos

(arsênio, poeiras minerais nocivas, derivados tóxicos de carbono), agentes

biológicos (carbúnculo, brucela, mormo, tétano, germes infecciosos e materiais

infecto contagiantes) e enquadramento por ocupação (telefonista, motorista,

cobrador de ônibus, guarda e vigilante). (LADENTHIN, 2018).

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Em 14 de março de 1967 o Decreto Nº 60.501/67 aprova a nova redação do Regulamento Geral da Previdência Social, e relaciona a Aposentadoria Especial nos seus artigos 57 e 58. Ademais, percebe-se que a Lei originária possuía um requisito de idade mínima para sua concessão, ele foi retirado pela Lei 5.440-A/68, após Emenda apresentada pelo Deputado Floriceno Paixão, sob a justificativa de que se o benefício foi criado em função do desgaste que o trabalhador sofre no seu labor, não faz sentido se exigir idade mínima para sua concessão. (LADENTHIN, 2020).

Entretanto, a previdência social, administrativamente, somente reconheceu a inexigibilidade de idade mínima vinte e sete anos mais tarde, com o Parecer CJ/MAPAS 2.33, de 31/08/95, com a seguinte conclusão: “não resta dúvida acerca da improcedência da exigência do INSS, de limite de idade mínima de 50 anos, como condição para a Aposentadoria Especial”. (DOMINGOS, 2020, p. 26).

O Decreto N° 62.755/68 revogou o Decreto Nº 53.831/64, cabendo ao Decreto N° 62.230 de 10/09/1968, a nova redação de atividades e agentes insalubres.

Porém, a Lei Nº 5.527 de 08/11/1968, mantém para as categorias profissionais que eram consideradas especiais pelo Decreto Nº 53.831/64 e haviam perdido esse caráter, o direito ao benefício nas condições de tempo de serviço vigentes na data da mencionada revogação. (DOMINGOS, 2020).

Salienta-se neste período a instabilidade política, social e econômica vivida pelo país como principal fato gerador das diversas alterações legislativas. Foram três grandes mudanças em menos de 6 meses, sendo que o trabalhador foi quem sofreu as consequências diretas deste período de instabilidade. Foi o período em que culminou na edição do Ato Institucional Nº 5, o mais severo dos grandes Decretos, expedido pelo regime militar. (DOMINGOS, 2020).

Sobretudo, a Lei N° 5.890/73 diminuiu a carência de 180 para 60 contribuições. Já o Decreto Nº 72.771/73 aprovou um novo regulamento para a LOPS, trazendo outro rol de enquadramento com mais dois quadros de agentes agressivos, e estabelece o nível de ruído mínimo de 90 decibéis, sem revogar expressamente o Decreto Nº 53.831/1964. (DOMINGOS, 2020).

Obedecendo ao comando da Lei Nº 6.243/75, que determinou ao poder

executivo expedir em 60 dias a consolidação da Lei Orgânica da Previdência Social,

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advém em 24 de janeiro de 1976 o Decreto Nº 77.077/76 disciplinando Aposentadoria Especial nos artigos 38 e 127. Tratava, ainda, das aposentadorias dos aeronautas e dos jornalistas profissionais nos artigos 39 e 40. A Lei Nº 6.643/979, alterou a Lei Nº 5.890/73, para permitir o cômputo como especial, dos lapsos em que os segurados permanecessem licenciadas para exercer cargos de administração ou representação sindical, desde que estivesse no exercício de atividade tida como especial no período imediatamente anterior ao afastamento.

(DOMINGOS, 2020).

Posteriormente, surge o regulamento dos benefícios da Previdência Social, aprovado pelo Decreto Nº 83.080/79, tratando da Aposentadoria Especial nos artigos 60 e 64, e contendo um anexo para atividades especiais e outros para agentes agressivos. Na data de 10 de dezembro de 1980 nasce a conversão de tempo de serviço instituída pela Lei Nº 6.887/80 e o Decreto Nº 87.374/82, instituiu a tabela de conversão entre atividades especiais, caso o segurado não que tivesse implementado o tempo mínimo necessário em nenhuma delas, entre atividades especiais e comuns. Em 23 de janeiro de 1984 expediu-se a nova Consolidação das Leis da Previdência Social CLPS, por meio do Decreto Nº 89.312/84, tratando da Aposentadoria Especial no Artigo 35. (DOMINGOS, 2020).

Com a promulgação da Constituição Federal Brasileira de 1988, também chamada de Constituição Cidadã, a Aposentadoria Especial ganhou espaço e visão de garantia Constitucional, com sua redação original:

Art. 202 É assegurada a aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se (...)

II após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e após 30 anos de trabalho, a mulher, ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em lei. (BRASIL, 1988).

Foi a Lei Nº 8.213/91, chamada de Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS, pós Constituição de 1988, que deixou de lado a caracterização da Aposentadoria Especial contida na LOPS, insalubridade, penosidade e periculosidade, e passa a exigir a exposição a agentes agressivos, prejudiciais à saúde ou a integridade física. (LADENTHIN, 2020).

Após a LBPS, passou a vigorar as seguintes exigências para obtenção da

Aposentadoria Especial: tempo mínimo de 15, 20 ou 25 anos; enquadramento por

(24)

categoria profissional; enquadramento por agentes nocivos físicos, químicos, biológicos, ou associação de agentes; conversão de tempo (de tempo especial em tempo comum, de tempo comum em tempo especial e de tempo especial em tempo especial). Nesta época os agentes nocivos continuam sendo as dos Decretos 53.831/64 e Nº 83.080/79. (LADENTHIN, 2020).

As significativas mudanças vieram a surgir em 1995, com a Lei Nº 9.032/95, sendo dever de o segurado comprovar o tempo especial, precisando estar sob exposição permanente, não ocasional e não intermitente, vedação da contagem de tempo comum para especial, mantendo apenas a conversão de tempo especial em tempo especial e de tempo especial em tempo comum, e a exclusão do enquadramento por categoria profissional, exigindo assim prova individualizada de exposição a agentes nocivos e não mais a coletividade dos trabalhadores da mesma categoria profissional. (LADENTHIN, 2020).

Dentre os excluídos do enquadramento por categoria profissional, foram os motoristas de ônibus, cobradores, soldadores, fundidores, galvanizadores, pintores a pistola, bombeiros, guardas, esmerilhadores, entre outros. Foi o início de uma nova era, com o afunilamento das concessões e uma dificuldade expressiva em alcançar esse benefício. (LADENTHIN, 2020).

Ademais, a Medida Provisória N°1.523-10/96, determinou que a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos seria feita por meio de formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho, instituindo a figura do LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho) para todos os agentes nocivos e também exige informações sobre EPCs – Equipamentos de Proteção Coletiva. (LADENTHIN, 2020).

O Decreto Nº 2.172/97 regulamenta a Lei Nº 9.032/95 e a Medida Provisória

N° 1.523/96. Ele revoga as listas e Decretos N° 53.831/64 e Nº 83.080/79, ao trazer

a nova lista de agentes nocivos. Por mais que conste na Constituição a competência

do Poder Legislativo em elaborar a listagem de elementos prejudiciais à saúde ou a

integridade física, o executivo inova, e compreendendo que a transferência de

competência decorrente da MP Nº 1.523/96 fosse suficiente, passa a definir os

critérios para as atividades especiais (DOMINGOS, 2020).

(25)

A Lei Nº 9.528/97 é a conversão da MP N° 1.523/96, a qual descreve pela primeira vez o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e penaliza as empresas que não possuem laudos técnicos atualizados com referência a agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o laudo. (LADENTHIN, 2020).

Igualmente, foi instituído na Lei Nº 9.732/98 o adicional do SAT, uma contribuição específica destina a Aposentadoria Especial, sendo este um financiamento, com alíquotas diferenciadas conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa, sendo de 6% para aposentadoria aos 25 anos; 9%

para aposentadoria aos 20 anos; e 12% para aposentadoria aos 15 anos, bem como, a obrigatoriedade de constar nos laudos técnicos as informações referentes à utilização dos Equipamentos de Proteção Individual. Ademais, impede que o segurado titular de Aposentadoria Especial permaneça sujeito a qualquer agente nocivo, sob pena de cancelamento da prestação. (DOMINGOS, 2020).

Ao ser publicada a Emenda Constitucional n° 20 de 15/12/1998, foi alterado o status da Aposentadoria Especial, a qual era uma garantia Constitucional e que a partir de agora passou a ser uma ressalva, uma exceção que dispunha:

Art. 201 A previdência social será organizada sob a forma (...)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidos em lei complementar. (BRASIL, 1988).

Já o Decreto Nº 3.048/99, aprovou o Regulamento da Previdência Social, versando sobre a Aposentadoria Especial e elencando seus agentes nocivos em seus Anexos. Este vige até hoje, porém com substanciais alterações no que concerne ao benefício. O Decreto Nº 3.668/00 veio para firmar a obrigatoriedade do formulário e do LTCAT serem analisados pela perícia médica da autarquia.

Sobretudo, o Decreto Nº 4.032/01, altera novamente o artigo 68, do Decreto Nº 3.048/99, com destaque para a instituição do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). (DOMINGOS, 2020).

Em 12/12/2002, foi editado a Medida Provisória Nº 83/02, convertendo a Lei

Nº 10.666/03, estendendo aos trabalhadores em cooperativas de trabalho de

produção o direito à Aposentadoria Especial, desde que, expostos a condições

(26)

prejudiciais à saúde ou a integridade física. Regulamentando a Lei Nº 10.666/03 surgiu o Decreto Nº 4.729/03, alterando os artigos 64 e 68 do Decreto Nº 3048/99, de modo a adequá-los à extensão da Aposentadoria Especial aos cooperados.

Modifica também o parágrafo único do artigo 69, do mesmo RPS, para fins de regulamentar o cancelamento da Aposentadoria Especial do segurado que permanecer em atividade deletéria, ou a ela retornar, qualquer que seja a função, empresa ou categoria de segurado, restrição, como já visto, imposta pela Lei Nº 9732/98. (DOMINGOS, 2020).

Na data de 13/09/2003 foi publicado o Decreto Nº 4827/03, alterando o artigo 70 do RPS, para definir que a caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerão ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço, prestigiando o caro princípio do tempus regit actum, de suma importância para o direito previdenciário. (DOMINGOS, 2020).

Após praticamente dez anos sem nenhuma alteração na Aposentadoria Especial, em 16/10/2013, surge o Decreto Nº 8.123/13, com significativas alterações nos artigos 64 e 69 do RPS. Advém também, o Decreto Nº 4.882/13, mudando os artigos 65 e 69, do Decreto Nº 3.048/99, para alterar substancialmente o conceito de permanência, em instituir nova metodologia para aferição de alguns agentes nocivos. Modifica também os critérios de enquadramento do elemento físico ruído e dos agentes biológicos. (DOMINGOS, 2020).

Além do mais, tendo em vista a aprovação da EC Nº 103/2019, surge o Decreto Nº 10.410 de 30 de junho de 2020 que altera o regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto Nº 3.048, de 6 de maio de 1999, tendo em vista que em seu artigo 64 e incisos ao disciplinar a Aposentadoria Especial, impõe o requisito de idade mínima para sua concessão, conforme dispõe:

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de carência

exigido, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e

contribuinte individual, (...) vedada a caracterização por categoria

profissional ou ocupação, durante, no mínimo, quinze, vinte ou vinte e cinco

anos, e que cumprir os seguintes requisitos: I - cinquenta e cinco anos de

idade, quando se tratar de atividade especial de quinze anos de

contribuição; II - cinquenta e oito anos de idade, quando se tratar de

atividade especial de vinte anos de contribuição; ou III - sessenta anos de

idade, quando se tratar de atividade especial de vinte e cinco anos de

contribuição. (BRASIL, 2020).

(27)

Ao finalizar o histórico legislativo, em 13/11/2019 é publicada a Emenda Constitucional Nº 103/2019, impondo requisito etário para acessar a Aposentadoria Especial, exigência que havia sido extirpada do ordenamento jurídico em 1968, além de extinguir a conversão de tempo especial em tempo comum. (DOMINGOS, 2020).

Por fim, diante do exposto no presente capítulo, conclui-se que em cada

alteração legislativa suprimiu-se direitos do trabalhador na tentativa de dificultar o

acesso à Aposentadoria Especial. Verificada as origens históricas e legislativas, sua

evolução e conceituação no tempo, parte-se para os requisitos necessários para

concessão da Aposentadoria Especial, bem como para o tempo mínimo de

contribuição e carência, habitualidade e permanência, e para a exposição dos

agentes prejudiciais à saúde ou a integridade física.

(28)

2 REQUISITOS NECESSÁRIOS À APOSENTADORIA ESPECIAL

Tem-se como objetivo do instituto da Aposentadoria Especial a prevenção, ou seja, proteger o trabalhador de possíveis riscos à saúde e à integridade física, afastando estes agentes para que nada lhe aconteça. É a própria lei que protege o segurado para evitar que ocorra a incapacidade laborativa, sendo assim, estabelece um tempo limite à exposição de agentes agressivos.

A comprovação do tempo especial se dá por meio de formulários do próprio INSS, que após 01/01/2004, até hoje, é exigido o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) como forma de comprovação. Ademais, para caracterização do tempo especial, é necessário comprovar a efetiva exposição a agentes nocivos, os quais serão tratados no presente capítulo.

2.1 TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO E CARÊNCIA

Existem três tipos de Aposentadoria Especial, a primeira com requisito de tempo mínimo de 15 anos de contribuição, a segunda 20 anos e a terceira 25 anos de contribuição exposto a atividade insalubre. O art. 57 da Lei Nº 8.213/91 estabelece as referidas modalidades:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.

(BRASIL, 1991).

Antônio Vendrame, ao citar sua teoria sobre o tempo mínimo de labor, expõe:

Determinadas atividades, pelo grau de nocividade que oferecem ao trabalhador, concedem a aposentadoria a períodos menores, como é o caso dos mineiros que trabalham no subsolo, cuja aposentadoria se dá após os 15 anos de trabalho. Da mesma forma, existem trabalhadores com direito de se aposentarem aos 20 ou 25 anos, segundo a atividade, ressalvado que a Aposentadoria Especial só é concedida aos 15, 20 ou 25 anos de trabalho 11 em atividade exclusiva exposta a agentes nocivos. (VENDRAME, 2000, p. 12 apud LADENTHIN, 2018, p. 37).

De acordo com o quadro de Anexo IV, código 4.0.2, do Decreto Nº

3.048/1999, a aposentadoria aos 15 anos é exclusiva dos mineiros que trabalham

permanentemente no subsolo de empresas de mineração, cujos agentes

correspondem a uma associação de agentes agressivos, físicos, químicos e

biológicos. (LADENTHIN, 2018).

(29)

A referida normativa está disposta no Quadro do Anexo IV, código 4.0.2 do Decreto Nº 3.048/99: Agentes Físicos, químicos e biológicos - a) trabalhos em atividades permanentes no subsolo de minerações subterrâneas em frente de produção. (BRASIL, 1999).

Ademais, conforme o quadro de Anexo IV, códigos 1.0.2 e 4.0.1, do Decreto Nº 3.048/1999, para as aposentadorias especiais aos 20 anos, os únicos trabalhadores que fazem jus a essa modalidade são aqueles expostos a asbestos

1

e os mineiros, sendo estes que trabalham nas rampas de superfícies, afastados das frentes de trabalho. (LADENTHIN, 2018). Disposto no Quadro do Anexo IV, códigos 1.0.2 e 4.0.1 do Decreto Nº 3.048/99:

1.0.2 Asbestos – a) extração, processamento e manipulação de rochas amiantíferas; b) fabricação de guarnições para freios, embreagens e materiais isolantes contendo asbestos; c) fabricação de produtos de fibrocimento; d) mistura, cardagem, fiação de tecelagem de fibras de asbestos.

4.0.1 Físicos, químicos e biológicos – a) mineração subterrânea cujas atividades sejam exercidas afastadas das frentes de produção. (BRASIL, 1999).

Todos os outros agentes agressivos do referido Decreto destinam-se à aposentadoria aos 25 anos, e para os que não estiverem especificados no regulamento, vale a regra geral da aposentadoria aos 25 anos. (LADENTHIN, 2018).

De acordo com as estatísticas da Previdência Social, verifica-se que a Aposentadoria Especial possui maior número de concessões para pessoas do sexo masculino do que feminino, é o que aponta o Informe da Previdência Social de Fevereiro de 2019, do período de 2012 a 2016:

Sexo Frequência %

Feminino 10.224 12,73%

1 1 Julgamento da ADI 4066/24/08/2017 se discutiu a invalidade de dispositivo da Lei 9.099, que autoriza e disciplina a extração, industrialização, utilização e comercialização do amianto crisólita (asbestos brancos) e de produtos que o contenham. Reconheceram a procedência do pedido, juntamente com a proteção à saúde humana, deve prevalecer em situações semelhantes o princípio da precaução para que, em caso de ameaça ao equilíbrio do meio ambiente, a causa seja neutralizada. Fica portanto, proibido o trabalho com o uso do

amianto em todo o país. Disponível em

<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=353578&caixaBusca=N> Acesso em: 06 mar. 2021.

(30)

Masculino 70.080 87,27%

Total 80.304 100%

Fonte: Informe da Previdência(2019).

2

Conforme positivado, as regras não fazem distinção entre quais segurados podem acessar a aposentadoria especial, pois nem a Constituição o faz. As restrições existentes para que certas categorias de segurados não possam ter reconhecido seu tempo de contribuição como especial, não possuem previsão nos planos legais. São instituídas por normas de menor envergadura, como decretos, portarias e instruções normativas. (DOMINGOS, 2020). Neste sentido, a previsão do art. 64 do Decreto Nº 3.048/99, na redação dada pelo Decreto Nº 10.410, dispõe:

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprido o período de carência exigido, será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este último somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que comprove o exercício de atividades com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou a associação desses agentes, de forma permanente, não ocasional nem intermitente, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, quinze, vinte ou vinte e cinco anos, e que cumprir os seguintes requisitos: (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). (BRASIL, 2020).

Sendo assim, nenhum disposto exclui as categorias profissionais de adquirir o direito à Aposentadoria Especial. De forma ilegal e inconstitucional, o Regulamento da Previdência Social restringe a concessão de aposentadorias especiais somente para segurados empregados, avulsos ou cooperados, esses últimos quando na qualidade de contribuintes individuais, excluindo todas as demais categorias.

(DOMINGOS, 2020).

Conforme dispõe Carlos Domingues, “todas as categorias de segurados, com exceção do facultativo, possuem direito ao reconhecimento do tempo de trabalho na condição de especial, inclusive o segurado especial.” (DOMINGOS, 2020, p. 109).

Para tanto, basta fazer a prova de que seu labor foi desempenhado em condições

2

SUB – período 2012-2016,número de concessões para pessoas do sexo masculino e do que

feminino disponível em:

http://sa.previdencia.gov.br/site/2019/03/Informe-de-Previdencia-fevereiro-de-2019. Acesso em 06

mar. 2021.

(31)

prejudiciais à saúde ou à integridade física, pouco importando a qual categoria o segurado está filiado.

De acordo com os dados da Previdência Social, no período de 2012 a 2016, a Forma de Filiação dos segurados que obtiveram o direito à Aposentadoria Especial foi a seguinte:

Forma de filiação Frequência %

Sem vínculo na data de concessão 41.321 51,46%

Empregado 36.733 45,74%

Autônomo 1.839 2,29%

Trabalhador Avulso 169 0,21%

Outros 242 0,30%

Total 80.304 100%

Fonte: Informe da Previdência(2019).

3

Conforme é possível observar, o número de segurados que obtiveram o benefício na condição de empregado e sem vínculo empregatício totalizam a marca de 97% das concessões.

Dentre os requisitos mínimos de concessão, está a carência, positivada no art. 24 da Lei Nº 8.213/91 e exige para as aposentadorias especiais 180 contribuições mensais. Aplica-se a regra de transição do art. 142 da Lei Nº 8.213/91

3

SUB – período 2012-2016

,

Forma de Filiação dos segurados que obtiveram o direito à

Aposentadoria Especial disponível em:

http://sa.previdencia.gov.br/site/2019/03/Informe-de-Previdencia-fevereiro-de-2019. Acesso em 06

mar. 2021.

(32)

aos segurados inscritos na Previdência Social antes da publicação da legislação previdenciária em comento, ocorrida em 24/07/1911. O referido artigo trouxe a tabela de transição que foi criada em razão da bruta alteração da carência, de 60 para 180 contribuições mensais após a Lei Nº 8.213/91. (LADENTHIN, 2018).

Para garantir o direito daqueles segurados que já estavam inscritos no sistema antes da referida alteração, o legislador ordinário criou essa regra de transição para que a carência pudesse ser alcançada mais cedo, respeitando as regras da época e aqueles que já estavam inscritos no sistema Previdenciário antes de ter sido alterada. Assim, “a tabela de transição passou a permitir que a carência fosse sendo completada conforme o ano do implemento dos requisitos para a aposentadoria.” (LADENTHIN, 2018 p. 40). Esta regra foi extinta em 2011, em razão de terem sido alcançadas as 180 contribuições mensais exigidas pela lei em vigor.

O período mínimo de carência são 180 contribuições mensais feitas pelo segurado mais a comprovação do tempo de serviço exigido em atividades prejudiciais à saúde. Sobretudo, o tempo de serviço deve ser disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente foi prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador. A lei nova que venha a estabelecer restrição ao cômputo do tempo de serviço não pode ser aplicada retroativamente, em razão da intangibilidade do direito adquirido. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

De acordo com Adriane Bramante de Castro Ladenthin, é de causar estranheza a lei exigir expressamente carência, já que o segurado deve comprovar o tempo de trabalho exposto aos agentes agressivos. (LADENTHIN, 2018 p. 40).

Como o tempo mínimo para aposentadoria dos mineiros de subsolo é de 15 anos, estaria implicitamente cumprida a carência nesta e nas outras modalidades de aposentadorias especiais que exigem 20 ou 25 anos de contribuição. (LADENTHIN, 2018).

Na concepção de Carlos Domingos, para fins de carência, “consideram-se

presumidos os recolhimentos das contribuições descontadas pela empresa dos

segurados empregados, avulso e, a partir de abril de 2003, do contribuinte

individual.'' (DOMINGOS, 2020, p. 110). O período de carência é contado a partir da

data de filiação para os segurados empregados e avulsos. Já para o contribuinte

individual, a partir do recolhimento da primeira contribuição sem atraso, com

(33)

exceção daqueles que tiverem o valor referente a sua contribuição descontado pela empresa tomadora de serviço.

Surge então, conforme Carlos Domingues, um problema em relação ao cooperado, em especial na esfera administrativa, pois a obrigatoriedade pela retenção e recolhimento da contribuição deste trabalhador é da cooperativa desde abril de 2003. (DOMINGUES, 2020). Por força do disposto do artigo 4º, §1º, da Lei Nº 10.666/03:

Art. 4º (...).

§1º. As cooperativas de trabalho arrecadam a contribuição social dos seus associados como contribuinte individual e recolherão o valor arrecadado até o dia 20 do mês subsequente ao de competência a que se referir, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (BRASIL, 2003).

Logo, as contribuições do cooperado contribuinte individual retidas pela cooperativa gozam de presunção de recolhimento. Entretanto, é comum situações nas quais a entidade não efetuou o recolhimento, ou o realizou com atrasos, e a autarquia na seara administrativa deixa de computar tais períodos para fins de carência, ou emite exigências absurdas para convalidar tais contribuições, cabendo ao Judiciário reparar tal erro. (DOMINGOS, 2020).

Está positivado na Instrução Normativa 77/2015 os períodos que podem e que não podem ser considerados para efeitos de carência, respectivamente, cabendo destacar o decidido pelo STJ no Recurso Especial n. 1.414.439/RS, no sentido de ser devido ao cômputo dos períodos de percepção de benefícios por incapacidade, desde intercalados com períodos de atividades, para fins de carência. (DOMINGOS, 2020).

2.2 HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA NÃO OCASIONAL E NÃO INTERMITENTE ELENCADO COM ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS AGENTES NOCIVOS

As condições de trabalho que geram direito a Aposentadoria Especial são

comprovadas pelas demonstrações ambientais que caracterizam a efetiva exposição

do segurado aos agentes nocivos. A efetiva exposição do segurado aos agentes

nocivos será feita mediante formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com

base no laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do

(34)

trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Neste laudo deverão constar informações sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual, e de sua eficácia, e deverá ser elaborado com observância das normas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos procedimentos estabelecidos pelo INSS.

(CASTRO; LAZZARI, 2016).

É chamado de Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) o documento histórico-laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter o resultado das avaliações ambientais supracitadas, o nome do responsável pela monitoração biológica e das avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados administrativos correspondentes.

(CASTRO; LAZZARI, 2016). Conforme a análise do PPP sob o olhar do estudioso Wladimir Novaes Martinez, o mesmo destaca o motivo pelo qual o foi criado:

Ele tem por objetivo propiciar à perícia médica do INSS informações pormenorizadas sobre o ambiente operacional e as condições de trabalho, controle do exercício laboral, troca de informações sobre as doenças ocupacionais, supervisão da aplicação das normas legais regulamentadoras da saúde, medicina e segurança do trabalho. (MARTINEZ, 2003, p. 19 apud CASTRO; LAZZARI, 2016, p. 744).

A empresa é quem deverá elaborar o PPP, de forma individualizada para seus empregados, trabalhadores avulsos e cooperados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Toda empresa que desenvolve atividades em condições especiais que exponha os trabalhadores a riscos ambientais, está obrigada a elaborar e manter atualizado o PPP, abrangendo as atividades desenvolvidas pelos segurados empregados, trabalhadores avulsos e cooperados filiados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a associação desses agentes, ainda que não presentes os requisitos para concessão de aposentadoria especial, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção, coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

Esta exigência do PPP possui a finalidade de identificar os trabalhadores

expostos a agentes nocivos em relação aos quais será cobrada a respectiva alíquota

de adicional de contribuição para o custeio da futura aposentadoria. Ele deverá ser

(35)

atualizado sempre que houver alterações no ambiente de trabalho ou troca de atividade pelo trabalhador. (CASTRO; LAZZARI, 2016). De acordo com a TNU:

A validade do conteúdo do PPP depende da congruência com o laudo técnico, sendo esta congruência presumida. A presunção relativa de congruência do PPP com laudo técnico dispensa, em regra, que este documento tenha que ser apresentado conjuntamente com o PPP.

Eventualmente, poderá haver dúvidas objetivas sobre a compatibilidade entre o PPP e o laudo técnico. Nesses casos, é legítimo ao juiz condicionar a valoração do PPP a exibição do laudo técnico ambiental para aferir a validade do seu teor, sendo esta decisão a exceção e não a regra. Portanto, deve ser considerado exclusivamente o PPP como meio de comprovação da exposição do segurado ao agente insalubre, inclusive se tratando do ruído, independentemente da apresentação do laudo técnico ambiental. (PU 2009.71.62.001838-7, Rel. Juiz Federal Herculano Martins Nacif, DOU de 22.03.2013).

Além do tempo mínimo trabalhado e a carência, o segurado deverá comprovar exposição aos agentes nocivos, dentre eles os Agentes Agressivos Físicos, Químicos, Biológicos e sobre o Instituto da Periculosidade. (LADENTHIN, 2018).

Salienta-se que são dois critérios que caracterizam a atividade especial: a nocividade e a permanência. Um completa o outro, sendo que, em alguns casos, só será nocivo se o tempo de exposição ultrapassar o limite de tolerância para aquele agente, ou em outros casos, será nocivo pela mera existência desse agente, sendo presumida a nocividade, independentemente da quantidade. (LADENTHIN, 2018).

A Instrução Normativa Nº 77/2015, traz as seguintes definições para nocividade e permanência em seu artigo 278:

Nocividade: situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, presentes no ambiente de trabalho, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou a integridade física do trabalhador;

Permanência: trabalho não ocasional nem intermitente no qual, a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do contribuinte individual cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação de serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. (BRASIL, 2015).

É necessário comprovar que o agente nocivo é prejudicial à saúde e que o segurado esteve efetivamente exposto aos agentes nocivos. (LADENTHIN, 2020). A efetiva exposição é exigência legal, já prevista no art. 58, §1 da Lei Nº 8.213/91, que assim dispõem:

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos

será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional

do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base

(36)

em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (BRASIL, 1991).

Ao constitucionalizar a efetiva exposição, o legislador dá um tom a mais para a prova do tempo especial, e exigirá dele a comprovação inequívoca da nocividade no ambiente laboral. (LADENTHIN, 2020). O Manual de Aposentadoria Especial, Resolução INSS/DIRSAT n. 600/17, estabelece que a efetiva exposição significa:

(...) exposição a risco ocupacional ou agente ambiental do trabalho que cumpre a exigência de nocividade e de permanência, caracterizando, então, a efetiva exposição ao agente nocivo em atividades exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (BRASIL, 2017, p. 29).

Segundo o texto legal, a efetiva exposição será comprovada por meio do formulário, atualmente PPP, expedido pela empresa ou seu preposto, com base em LTCAT, assinado por engenheiro de segurança ou médico do trabalho, nos termos das normas trabalhistas. Destaca-se que o STF já se manifestou quanto à natureza infraconstitucional da matéria que discute o reconhecimento judicial de período de trabalho em condições especiais por efetiva exposição a agentes nocivos.

(LADENTHIN, 2020). Destaca-se a efetiva exposição:

Tema STF 852: A questão da validade do reconhecimento judicial de trabalho em condições especiais, pela efetiva exposição aos agentes nocivos à saúde ou a integridade física, para fins de concessão ou revisão de aposentadoria especial ou para converter tempo de serviço, nos termos dos artigos 57 e 58 da Lei Nº 8213/1991, tem natureza infraconstitucional, e a ela se atribuem os efetivos os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do precedente fixado no RE número 584.608, rel. Ministra Ellen Gracie, Dje 13.3.2009. (BRASIL, 2009).

Sob a ótica de Adriane Bramante de Castro Ladenthin, “não afeta a inclusão no texto constitucional da exigência de efetiva exposição a agentes prejudiciais à saúde, cujos requisitos de nocividade e permanência se fazem presentes há muito tempo.” (LADENTHIN, 2020, p. 46). Os agentes nocivos estão classificados em qualitativo e quantitativo, a saber:

I- Qualitativo, sendo a nocividade presumida independe de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante nos Anexos 6 (pressão atmosférica anormal), 12 (asbestos e Sílica), 13 (agentes químicos qualitativos), 14 (biológicos), da Norma Regulamentadora nº 15 -NR 15 do MTE, e no anexo IV do RPS, para os agentes iodo e níquel, a qual será comprovada mediante descrição:

a) das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente

nocivo ou Associação de Agentes nocivos presentes no ambiente de

trabalho durante toda a jornada;

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b) de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados na alínea “a”;

c) dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da exposição, a frequência e a duração do contato.

II- Qualitativo, sendo a nocividade considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, disposto nos Anexos 1 (ruído), 2 (ruído de impacto), 3 (calor), 5 (radiação ionizante), 8 (vibração), 11 (agentes químicos quantitativos), da NR-15 do TEM, por meio de mensuração da intensidade ou da concentração consideradas no tempo efetivo da exposição no ambiente de trabalho. Incluímos o Anexo 9 (frio) e o Anexo 10 (umidade excessiva), que judicialmente são reconhecidos como especiais.

(LADENTHIN, 2020, p. 47).

Estes agentes nocivos, segundo a legislação previdenciária, estão constitucionalizados através da EC Nº 103/2019, classificados como físicos, químicos, biológicos e associação de agentes. Diante do exposto, sobre o critério da permanência esta passa a valer a partir da publicação da Lei 9.032/95, que trouxe nova redação ao §3 do art. 57, na qual a “concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.” (BRASIL, 1995).

Por essa razão, a Súmula 49 da Turma Nacional de Uniformização consolidou o posicionamento de que a informação de permanência passa a valer apenas após a Lei Nº 9.032/95, para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/04/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou a integridade física não precisa ocorrer de forma permanente. (BRASIL, 1995).

O conceito de permanência só foi introduzido com a edição do Decreto Nº 4.882/13, em seu art. 65 do Decreto Nº 3.048/99, considerando tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. (BRASIL, 1999).

A permanência é indissociável, significa nas quais o trabalhador não tem

liberdade de escolha, é aquela cuja exposição ocorre para que produzam o bem ou

prestem o serviço. Sua atividade, no ambiente que trabalha, é essencial a produção

do bem ou a prestação do serviço, mesmo que existam atividades outras, acessórias

em que ocorram interrupções momentâneas da exposição. Portanto, a permanência

não está relacionada ao tempo, e sim à atividade do segurado. Há muitos

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posicionamentos equivocados da jurisprudência relacionados ao tempo de exposição, quando o correto é defini-lo como indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. (LADENTHIN, 2020).

Adriane Bramante de Castro Ladenthin traz como exemplo o soldador ele não ficará o tempo todo de sua jornada exposto à radiação proveniente da solda elétrica, acontece que o mesmo está intrinsecamente exposto aos agentes nocivos provenientes do exercício da sua atividade. Ele não tem escolha. Soldar o coloca subordinadamente exposto aos agentes nocivos inerentes a função que exerce decorre automaticamente da sua atividade. (LADENTHIN, 2020). Quanto às informações sobre o requisito permanência no PPP, o TRF da 3ª Região tem interessante posicionamento:

A ausência de informação da habitualidade e permanência no PPP não impede o reconhecimento da especialidade. O PPP formulário padronizado pelo próprio INSS, conforme disposto no parágrafo 1º do artigo 58 da Lei 8213/91. Assim sendo, é de competência do INSS a adoção de medidas para reduzir as imprecisões no preenchimento do PPP pelo empregador.

Como os PPPs não apresentam um campo específico para indicação de configuração de habitualidade e permanência da exposição ao agente, o ônus de provar a ausência desses requisitos é do INSS. (TRF3ª Região, 8ª Turma, Ap – Apelação Cível – 2250926 – 0021765-3.2014.4.03.6303, rel.

Desembargador Federal Luiz Stefanini, julgado em 26.11.2018, e-DJF3 Judicial 1 Data:10.12.2018). (BRASIL, 2018).

Ademais, ao estar presente no ambiente de trabalho agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador, para contagem de tempo especial, e emissão do PPP correspondente, do § 4 do art.

68 do Decreto N. 3.048/1999. Trata-se de regra de grande importância, pois corresponde a um avanço no entendimento sobre a existência de agentes nocivos no ambiente laboral e sua comprovação. (CASTRO; LAZZARI, 2016).

2.3 DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS PREJUDICIAIS À SAÚDE OU A INTEGRIDADE FÍSICA

Para a caracterização do tempo especial, faz-se necessário comprovar a

efetiva exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, prejudiciais à saúde ou

associação de agentes. A NR-15, extraída do Manual de Aposentadoria Especial,

Resolução INSS/DIRSAT número 600/17, traz os agentes nocivos que, se

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