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Segundo Narbal Antônio Mendonça Fileti, nos primórdios do capitalismo, nos três séculos que antecederam a Revolução Industrial, houve um grande desenvolvimento das atividades econômicas na Europa Ocidental. Porém, a partir do século XVI, a falta de trabalho e a proliferação da pobreza provocaram uma invasão de indigentes, cujo mecanismo de contenção foi a criação da Lei dos Pobres, na Inglaterra, que determinava a responsabilidade das paróquias pelo sustento dos pobres, seguida da sua expulsão para as colônias, como Brasil e Austrália.14

Com o passar do tempo e o desenvolvimento do capitalismo, essas ideias de repressão e banimento dos pobres foram sofrendo severa oposição, pois estes poderiam produzir sua subsistência e contribuir para o enriquecimento do país se fossem submetidos a trabalho forçado ou a um regime de escravidão.15

Nesse sentido, pode-se acrescentar, ainda, que o surgimento de muitos inventos e o aperfeiçoamento tecnológico geraram uma série de transformações cujos efeitos econômicos e sociais, políticos e culturais deram origem à Revolução Industrial.16

12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 29. ed. São Paulo: Malheiros. 2006.

p. 286-287.

13 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 189. 14

FILETI, Narbal Antônio Mendonça. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição de retrocesso social. p. 64-65.

15 FILETI, Narbal Antônio Mendonça. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição de

retrocesso social. p. 65.

16 FILETI, Narbal Antônio Mendonça. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição de

A Revolução Industrial do século XVIII17 teve, como conseqüência, o surgimento

da questão social, assim entendida como "o problema ou a procura das causas das perturbações que dificultam a realização do justo social na totalidade da sociedade e igualmente o esforço para encontrar os meios para superar essas causas."18

Da mesma forma, a Revolução Francesa, assim como outras que se sucederam no mundo ocidental, foi importante para a consolidação do pensamento liberal-burguês do século XVIII, uma vez que nesse período pregava-se um Estado mínimo, não-intervencionista, que atuava somente e na medida necessária para garantir as liberdades do indivíduo, em contraposição ao absolutismo estatal.19

O liberalismo econômico20, no entanto, não garantiu o equilíbrio na sociedade que,

pouco a pouco, foi se tornando cada vez mais desigual e insatisfeita. O homem da sociedade industrial passou a ter necessidades muito mais variadas e numerosas, o que exigiu do Estado uma maior intervenção no sentido de atender essas reivindicações de cunho econômico e social.21

Em meados do século XIX, a influência da doutrina socialista22, em todas as suas

formas, foi de extrema importância para o fortalecimento dos direitos sociais e econômicos no mundo, numa época em que "os excessos individualistas do capitalismo levaram as massas proletárias a um grau de miséria incompatível com a dignidade humana."23

Enquanto o Liberalismo24 priorizou o valor da liberdade e o fim do Estado

absolutista, "os movimentos sociais do século XIX buscavam aprofundar essa transformação

17 Revolução iniciada na Grã-Bretanha, entre 1750 e 1830, caracterizada pelo desenvolvimento do maquinismo a

partir de invenções de forte impacto econômico: a máquina a vapor foi inventada em 1769, os teares mecânicos em 1767 (Jenny), 1768 (Cartwrigth), 1801 (Jaccquard), a máquina de despolpamento de algodão em 1793, e a locomotiva e a estrada de ferro em 1829. Na Revolução Industrial, o servo, que fora expulso do feudo, é "reconectado, de modo permanente, ao sistema produtivo, através de uma relação de produção inovadora, hábil a combinar liberdade (ou melhor, separação em face dos meios de produção e seu titular) e subordinação". DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 5.ed. São Paulo: LTr, 2006. p. 85.

18 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 10. 19 MEIRELES, Ana Cristina. A eficácia dos direitos sociais. p. 38.

20 Liberalismo econômico: próprio da escola fisiocrática, que combate a intervenção do Estado nos assuntos

econômicos e quer que estes sigam exclusivamente seu curso natural. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 604.

21

MEIRELES, Ana Cristina. A eficácia dos direitos sociais. p. 40.

22 Doutrina socialista, em sentido amplo, trata-se de qualquer doutrina que defenda ou preconize a reorganização

da sociedade em bases coletivistas. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. p. 912.

23

AZEVEDO, Plauto Faraco de. Direito, justiça social e neoliberalismo. São Paulo: RT, 1999. p. 81.

24 Liberalismo: doutrina que tomou para si a defesa e a realização da liberdade no campo político.

em termos de proporcionar uma vida melhor para as pessoas", priorizando o valor da igualdade.25

Segundo Fábio Konder Comparato, os direitos sociais surgiram, historicamente, "como criações do movimento socialista, que sempre colocou no pináculo da hierarquia de valores a igualdade de todos os grupos ou classes sociais, no acesso a condições de vida digna".26

Sob a influência dos movimentos sociais, acima relatados, inicia-se, no século XX, com a Constituição mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar (alemã) de 1919, o chamado constitucionalismo social, assim entendido como "o movimento que, considerando uma das principais funções do Estado a realização da Justiça Social, propõe a inclusão de direitos trabalhistas e sociais fundamentais nos textos das Constituições dos países."27

Fabio Konder Comparato leciona que a Constituição mexicana de 1917, em seus artigos 5º e 12328, atribuiu à liberdade de trabalho a qualidade de garantia individual, e

regulamentou direitos trabalhistas, como a limitação da jornada de trabalho em oito horas, a idade mínima para o trabalho, a proteção da maternidade, dentre outros aspectos. Nesse sentido, foi a primeira constituição a considerar os direitos trabalhistas com status de direito fundamental, bem como a enfrentar o sistema capitalista, que colocava o trabalho como mercadoria, dando início, dessa forma, à expansão do Estado Social de Direito.29

Não obstante a Constituição do México ter sido a pioneira, a de Weimar, da Alemanha, tornou-se o paradigma do constitucionalismo social do primeiro pós-guerra do século XX, devido à importância que assumiu e das circunstâncias em que foi implantada, qual seja, a de estruturação do Estado da democracia social, iniciada pela Constituição mexicana.30

25 LIMA JÚNIOR, Jayme Benvenuto. Os direitos humanos econômicos, sociais e culturais. Rio de Janeiro:

Renovar, 2001. p. 15.

26

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 335.

27 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p 31.

28Artigo 5. Ninguém pode ser obrigado a prestar serviços pessoais sem a devida remuneração e sem o seu pleno

consentimento, exceto trabalhistas como uma pena imposta pelo Poder Judiciário, que será regida pelas disposições das cláusulas I e II do artigo 123.

Artigo 123. O Congresso da União, sem contrariar os princípios básicos, formulará as leis trabalhistas a que se aplicará: [itens] - MÉXICO. Constituição (1917). Constituição dos Estados Unidos do México de 1917. Disponível em: <http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-

BR&langpair=en|pt&u=http://www.ilstu.edu/class/hist263/docs/1917const.html&prev=/translate_s%3Fhl%3D pt-BR%26q%3Dconstitui%25C3%25A7%25C3%25A3o%2Bdo%2Bestados%2Bunidos%2Bdo%2

Bmexico%2Bde%2B1917%26tq%3Dconstitution%2Bof%2Bthe%2Bunited%2Bstates%2Bof%2Bmexico%2 Bin%2B1917%26sl%3Dpt%26tl%3Den> Acesso em: 20/05/2009.

29 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. p. 174. 30 MEIRELES, Ana Cristina. A eficácia dos direitos sociais. p. 41.

A Constituição de Weimar instituiu a igualdade entre os indivíduos, que passaram a ser sujeitos de direitos, tanto de direitos e liberdades individuais quanto de direitos sociais. Em seu Título V, que trata da Ordem Econômica, a Constituição de Weimar reservou os artigos 157 e seguintes aos direitos trabalhistas e de seguridade social, consagrando-os como direitos fundamentais. Destaca-se, ainda, o artigo 163, que reconhecia o direito à assistência social, incumbindo o Estado de prover a subsistência do cidadão alemão, caso não possa proporcionar-lhe a oportunidade de ganhar a vida com trabalho produtivo.3132

Inicia-se a concretização do Estado do Bem-Estar, Estado Social, Welfare State ou Estado Providencialista, como afirma Manoel Gonçalves Ferreira Filho, que justifica esse modelo de Estado pelo fato de que "a liberdade de todos só pode ser obtida pela ação do Estado. Mais ainda, que a liberdade é mera aparência se não precedida por uma igualização das oportunidades decorrentes de se garantirem a todos as condições mínimas de vida [...], daí a intervenção do Estado nos domínios econômico e social."33

Em 1919 foi criada a Organização Internacional do Trabalho, que, em suas inúmeras convenções e recomendações, trata dos direitos sociais do trabalho e seguridade social, e deu início ao processo de generalização internacional dos direitos sociais.34

Após a Segunda Guerra Mundial, com a derrota do nazismo e do facismo, os direitos sociais tornaram-se mais reforçados e demandaram uma maior necessidade de sua internacionalização.35

31 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. p. 189.

32 Article 157. Labour enjoys the special protection of the Reich. The Reich will provide uniform labour

legislation.

Artigo 157. O trabalho conta com a proteção especial do Reich. O Reich vai fornecer uniformes de acordo com a legislação laboral. (tradução livre)

Article 163. Notwithstanding his personal liberty, every German is obliged to invest his intellectual and physical energy in such a way as necessary for public benefit. Every German shall be given the opportunity to earn his living by economic labour. In case appropriate job openings can not be provided, he will receive financial support. Further details are specified by Reich law.

Artigo 163. Não obstante a sua liberdade pessoal, todos os alemães são obrigados a investir sua energia intelectual em benefício público. A todo alemão deve ser dada a oportunidade de ganhar a vida econômica por meio do trabalho. Em caso adequado, as vagas não poderão ser fornecidas para os que receberem apoio financeiro. Outros detalhes estarão especificados por lei Reich. (tradução livre) ALEMANHA. Constituição da Alemanha de 1919. Disponível em -< http://64.233.161.132/translate_c?hl=pt-

R&langpair=en%7Cpt&u=http://www.zum.de/psm/weimar/weimar_vve.php&prev=/translate_s%3Fhl%3Dpt- BR%26q%3DConstitui%25C3%25A7%25C3%25A3o%2Bda%2BAlemanha%2Bde%2B1919%26sl%3Dpt% 26tl%3Den%26safe%3Dimages&usg=ALkJrhipj7BkrbsGFvdU8VIawZYwmL0djQ> Acesso em: 20 mai. 2009.

33

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva. 2003. p. 103.

34 FILETI, Narbal Antônio Mendonça. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição de

retrocesso social. p. 69.

35 FILETI, Narbal Antônio Mendonça. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição de

Em 1945 foi assinada a Carta das Nações Unidas, com a consequente criação da Organização das Nações Unidas, que trouxe avanços aos direitos econômicos, sociais e culturais, especialmente no que concerne à sua afirmação de status de direitos humanos.36

No mesmo sentido, em 1948 foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, sob o impacto do pós-Segunda Guerra Mundial, que retomou os ideais da Revolução Francesa, como se pode observar pela redação de seu artigo 1º: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade".37

Os artigos XXII, XXIII e XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos tratam da proteção aos grupos sociais mais fracos ou necessitados, que se concretiza por meio da seguridade social e assistência social.38

Com o objetivo de desenvolver e complementar o conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, foi elaborado o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, promulgado em 1966. Mas somente em 12 de dezembro de 1991, por meio do Decreto Legislativo nº 226, o Brasil aprovou o referido documento, que entrou em vigor no país a partir de 24 de abril de 1992.39

O Preâmbulo do Pacto retoma os ideais de liberdade, não só individual, mas, também, trata diretamente dos direitos sociais e expressa extremo zelo pela dignidade da pessoa humana: "[...] em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos do Homem,

36 FILETI, Narbal Antônio Mendonça. A fundamentalidade dos direitos sociais e o princípio da proibição de

retrocesso social. p. 69.

37 DECLARAÇÃO universal dos direitos humanos (1948) - Disponível em:<http://www.onu-

brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php> Acesso em: 30 abr. 2009.

38 Artigo XXII. Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo

esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo XXV. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social. DECLARAÇÃO universal dos direitos humanos (1948) - Disponível em:<http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php>Acesso em: 30 abr. 2009.

39

PACTO internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966).

Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/counter/Onu/Sist_glob_trat/texto/texto_2.html> Acesso em: 30 abr. 2009.

o ideal do ser humano livre, liberto do temor e da miséria, não pode ser realizado a menos que se criem condições que permitam a cada um gozar de seus direitos econômicos, sociais e culturais, assim como de seus direitos civis e políticos".40

De acordo com os artigos 10 e 11 do referido Pacto, entre os deveres dos Estados- partes está o de proteger a família, a maternidade, as crianças e os adolescentes, bem como de proporcionar condições de melhoria de vida à população.41

No Brasil, desde 1824 já havia indícios de direitos sociais, seguindo o modelo das declarações de direito da Revolução Francesa de 1789. Mas foi a Constituição de 1934 a primeira a enunciar uma ordem econômica e social, em seu Título IV. Todavia, somente em 1988 a Constituição elevou estes direitos ao plano de direitos fundamentais da pessoa humana. A legislação infraconstitucional brasileira sobre direitos sociais também é vasta, destacando-se a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n° 5.452 de 1° de maio de 1943), a Lei de Planos de Benefícios (Lei n° 8.213 de 24 de julho de 1991) e a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei n° 8.742 de 7 de dezembro de 1993).42

40 PACTO internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966).

Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/counter/Onu/Sist_glob_trat/texto/texto_2.html> Acesso em: 30 abr. 2009.

41 Artigo 10 - Os Estados Membros no presente Pacto reconhecem que: 1. Deve-se conceder à família, que é o

núcleo natural e fundamental da sociedade, a mais ampla proteção e assistência possíveis, especialmente para a sua constituição e enquanto ela for responsável pela criação e educação dos filhos. O matrimônio deve ser contraído com o livre consentimento dos futuros cônjuges. Deve-se conceder proteção especial às mães por um período de tempo razoável antes e depois do parto. Durante esse período, deve-se conceder às mães que trabalham licença remunerada ou licença acompanhada de benefícios previdenciários adequados. 3. Deve-se adotar medidas especiais de proteção e assistência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção alguma por motivo de filiação ou qualquer outra condição. Deve-se proteger as crianças e adolescentes contra a exploração econômica e social. O emprego de crianças e adolescentes, em trabalho que lhes seja nocivo à moral e à saúde, ou que lhes faça correr perigo de vida, ou ainda que lhes venha prejudicar o desenvolvimento normal, será punido por lei. Os Estados devem também estabelecer limites de idade, sob os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado da mão-de-obra infantil.

Artigo 11 - §1. Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e para sua família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como uma melhoria contínua de suas condições de vida. Os Estados-partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada no livre consentimento.

§2. Os Estados-partes no presente Pacto, reconhecendo o direito fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, individualmente e mediante cooperação internacional, as medidas, inclusive

programas concretos, que se façam necessários para: 1. Melhorar os métodos de produção, conservação e distribuição de gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos recursos naturais. 2. Assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimentícios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos países importadores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios. PACTO

internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966). Disponível em:

<http://www.direitoshumanos.usp.br/counter/Onu/Sist_glob_trat/texto/texto_2.html> Acesso em: 30/04/2009.

42 RAMOS, Elisa Maria Rudge. Evolução histórica dos direitos sociais. Disponível em:

Os direitos sociais encontram-se previstos na Constituição brasileira de 1988, no Capítulo II do Título II (Dos Direitos Sociais), bem como nos Títulos VII e VIII, e, ainda mais, não se pode deixar de considerar a importância do disposto no § 2º do artigo 5º: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.43

Depreende-se, portanto, que os direitos sociais estão intimamente relacionados aos direitos econômicos e sociais e, dessa forma, são imprescindíveis para a concretização da dignidade da pessoa humana. Além disso, estão sujeitos a acréscimos e ponderações advindas de tratados que o Brasil venha a fazer parte.