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BUSCANDO E CONSTRUINDO ARGUMENTOS PARA A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO ESTUDO

12. A História como um instrumento que possibilita o resgate da identidade cultural.

1.3. Historiando o Ensino da Matemática

A utilização de histórias nas aulas de Matemática requer intencionalidade, uma busca pela melhor história, ou por uma história diferente, que tenha sentido para os alunos, podendo caracterizar um momento didático único (ANDRADE, 2007). Esse ato pode ser considerado como uma atividade pedagógica que permite que os alunos solucionem um determinado problema por meio da utilização de diversas operações.

Porém, os professores devem selecionar uma história adequada que possua um determinado potencial didático (LORENZATO, 2010), pois muitas aulas de Matemática podem ser motivadas pela utilização da história da Matemática, de histórias do cotidiano, narrativas e lendas. Assim, a utilização de histórias no ensino e aprendizagem em Matemática pode ser denominada de “historiar o ensino, [pois] além de motivadoras, as histórias divertem e ensinam” (LORENZATO, 2010, p. 101).

Nesse direcionamento, o contexto histórico determina as condições concretas de ensino e aprendizagem de acordo com as operações matemáticas que estão vinculadas a cada ação resolutória (LIBÂNEO, 2004). Então, a resolução de uma determinada situação- problema por meio do ato de utilizar histórias, possibilita o desenvolvimento do imaginário, que pode ser considerado como um possível contexto histórico dessa ação (ANDRADE, 2007).

Esse contexto facilita o entendimento de que a resolução de uma determinada situação problema, como, por exemplo, uma construção geométrica, pode ser considerada como uma motivação importante para se contar histórias para os alunos.

Essas histórias podem estar baseadas no desenvolvimento histórico de conteúdos matemáticos a serem ensinados em sala de aula. Então, uma passagem histórica que está relacionada com um determinado personagem tem a possibilidade de gerar ações matemáticas operatórias, que podem ser caracterizadas por sentidos atribuídos aos objetos, com um significado socialmente construído (ANDRADE, 2007).

De um modo geral, a história pode ser considerada como “uma situação-problema que poderia ser vivida pela humanidade em algum momento” (MOURA e LANNER DE MOURA, 1998, p. 14), tendo uma função importante no ensino e aprendizagem em Matemática, pois coloca os alunos diante de situações-problema que os auxiliam a refletir sobre o papel das construções de saberes e conhecimentos que são comodamente usufruídas (MOURA e LANNER DE MOURA, 1998) no decorrer da história.

Por outro lado, a utilização dessas histórias como uma ação metodológica para o ensino e aprendizagem em Matemática é importante para apresentar ou encerrar um determinado conteúdo, iniciar um exercício, vivenciar um problema histórico ou apresentar uma simples curiosidade, pois busca contextualizar o conteúdo programático a ser ensinado. Autores como Rosa Neto (1987), Andrade (2007), Cajori, (2007), Berlingoff e Gouvêa e (2008), Lorenzato (2010) e Oliveira, Neves e Neves, (2010) defendem a utilização de histórias nas aulas de Matemática, pois é um recurso didático capaz de buscar um ensino significativo, contextualizado, humano e motivador.

Assim, as histórias que envolvem os conceitos matemáticos e geométricos contribuem para a produção de sentidos e significados com relação ao conhecimento matemático que é produzido no contexto no qual a história se insere (ANDRADE, 2007). Dessa maneira, pode-se ampliar esses benefícios para a disciplina de Desenho Geométrico quando se apresenta que os conhecimentos algébricos e geométricos podem ser estudados por meio de construções geométricas com a utilização do instrumental de desenho (VARHIDY, 2010).

Assim, o desenvolvimento das aulas com a utilização de histórias contribui para a busca da interdisciplinaridade da Matemática com outras áreas do conhecimento (ANDRADE, 2007). Nessa abordagem, a História da Matemática:

(...) pode e deve ser abordada de diferentes maneiras pelos educadores. Não há regra, uma receita pronta para que isto ocorra. Cada professor deve usar esse recurso em momento oportuno. Talvez para introduzir um novo conceito, ou no decorrer da aula mencionar fatos da vida de um matemático. (...) caberá ao professor utilizar-se deste recurso pedagógico da maneira que melhor lhe convier (LUTZ, s.d., p. 7).

De acordo com essa asserção, a utilização do ato de utilizar histórias pode gerar resultados positivos no ensino e aprendizagem da Matemática, pois além de trazerem uma motivação para a aprendizagem, podem também fornecer significados para os conteúdos ensinados aos alunos (ANDRADE, 2007). Dessa maneira, esse tipo de ensino pode “possibilitar ao ouvinte imaginar situações não vivenciadas, relembrar momentos vividos, [e] levar o conhecimento da história passada, principalmente da história da humanidade” (ANDRADE, 2007, p. 23). Essa abordagem favorece o emprego da história de uma maneira lúdica nas aulas de Matemática, possibilitando que os alunos conheçam o seu desenvolvimento, apresentando-a como uma criação humana.

As histórias contagiam os indivíduos, pois normalmente são apresentadas na fase da infância. Nesse sentido, quando:

(...) gravadas em nossa mente são indeléveis e seus ensinamentos passam a fazer parte de nossas vidas. Ao depararmo-nos com situações similares, somos levados a agir de acordo com a experiência que, inconscientemente, já vivemos na história, daí decorre a importância da leitura da literatura para a formação do ser (TAVARES, MORAES e BARREIROS, 2008, s.p.).

Sendo assim, as histórias estão entrelaçadas com a formação cultural dos indivíduos desde a infância, sendo que o hábito de ouvi-las e de contá-las pode contribuir para o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e, também, pode estabelecer um clima de cumplicidade entre os alunos e os professores. Nesse direcionamento, as histórias podem contribuir para que as aulas sejam mais agradáveis e produtivas (MAINARDES, 2007/2008).

Diante desse contexto, o comportamento dos alunos durante o ato de ler, contar ou ouvir histórias não pode ser considerado:

(...) neutro em relação ao desempenho que podemos observar nos (...) [alunos] nem tão pouco pode ser limitado ao espaço físico onde a interação acontece, (...) pois se modifica à medida que a própria interação se vai desenrolando (CARVALHO, 2005, p. 17).

Essa perspectiva fornece “uma nova definição do contexto [histórico], mais dinâmica, [que] se torna necessária uma vez que [esse contexto] é (re)criado pelo próprio desenvolvimento da interação” (CARVALHO, 2005, p. 17). Assim, os alunos envolvidos nessas situações interpretam os acontecimentos de acordo com as suas próprias vivências e em conformidade com os “conhecimentos que, individualmente, possuem e precisam mobilizar naquele momento” (CARVALHO, 2005, p. 17) de aprendizagem de um determinado conteúdo matemático.

Por outro lado, a partir do ato de contar e ouvir uma determinada história é possível realizar uma mediação pedagógica que envolve o desenvolvimento do conhecimento científico e matemático, permitindo que os alunos se apropriem desses conhecimentos, pois as histórias são intencionais, possibilitando a resolução de situações-problema no ambiente escolar e no cotidiano (ANDRADE, 2007). Porém, para que se possa garantir o ensino e aprendizagem de um determinado conteúdo matemático, existe a necessidade de que os alunos ouçam a história, pensem sobre a resolução das situações-problema presentes nessa história e socializem a resolução dessas situações de uma maneira coletiva com os outros alunos da turma (ANDRADE, 2007).