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BUSCANDO E CONSTRUINDO ARGUMENTOS PARA A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO ESTUDO

12. A História como um instrumento que possibilita o resgate da identidade cultural.

1.4. Motivação e Aprendizagem Significativa

No contexto educacional, a motivação dos alunos é um importante desafio a ser confrontado, pois tem implicações diretas na qualidade de seu envolvimento com o processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, a motivação parece exercer um papel primordial no desempenho acadêmico dos alunos e na sua apropriação às solicitações do ambiente escolar. Porém, o ensino somente tem sentido se houver uma aprendizagem que seja significativa (LOURENÇO e PAIVA, 2010). Nesse direcionamento, o significado da motivação decorre do:

(...) conceito de necessidade e de outros conceitos semelhantes. A chave da motivação está em regular a satisfação que o indivíduo obtém com o seu comportamento, pois a aprendizagem [significativa], tanto no âmbito escolar quanto no enfrentamento dos problemas sociais e pessoais, ocorre quando as respostas aprendidas já não são adequadas para permitir a satisfação das necessidades do indivíduo (BZUNECK, 2001 apud MARTIN, 2008, p. 10).

De acordo com esse ponto de vista, existe a necessidade de que os professores utilizem estratégias e métodos de ensino que possibilitem aos alunos integrarem novos conhecimentos ao conteúdo a ser estudado, pois alunos motivados atribuem significado ao conteúdo a ser aprendido (LOURENÇO e PAIVA, 2010). Sendo assim, uma importante

fonte de motivação, é o professor mostrar aos alunos o significado e a importância das atividades curriculares propostas em sala de aula. Dessa maneira, se os professores não conseguirem despertar a motivação para a realização das atividades, os alunos podem perceber uma tarefa ou conteúdo como irrelevante, podendo provocar-lhes tédio ou indiferença (BUZNECK, GUIMARÃES e BORUCHOVITCH, 2010).

Assim, para despertar o interesse dos alunos, Buzneck et al (2010) apresentam estratégias motivacionais como, por exemplo, a contextualização de atividades com temas familiares aos alunos e o trabalho com tarefas extraídas do cotidiano para apresentar as utilidades e os objetivos para o aprendizado de um determinado conteúdo matemático. No entanto, é importante ressaltar que as tarefas propostas pelos professores devem ser estimulantes e desafiadoras, sendo necessário que essas tarefas tenham um grau de dificuldade intermediário, pois se forem muito fáceis tendem a causar tédio e, se forem muito difíceis, podem causar ansiedade (BUZNECK et al, 2010).

Por outro lado, a motivação do aprendizado escolar pode ser intrínseca e extrínseca (SIQUEIRA e WECHSLER, 2006). Por exemplo, alunos extrinsecamente motivados desempenham uma determinada atividade ou tarefa, pois estão interessados em recompensas externas ou sociais. Assim, esses alunos estão mais preocupados com a opinião dos outros, isto é, as tarefas somente são executadas para agradar os pais e/ou os professores, para receberem elogios, ou mesmo para não serem punidos. Os alunos intrinsecamente motivados se envolvem na realização das tarefas e atividades, pois as consideram agradáveis e geradoras de satisfação pessoal, tendendo a ter alta realização escolar (SIQUEIRA e WECHSLER, 2006).

De acordo com Deci e Ryan (1991) apud Buzneck et al (2010), as possibilidades de motivação se distinguem em:

• Desmotivação: ausência de intenção ou motivação para a realização de uma tarefa.

• Motivação extrínseca por regulação externa: realização de uma tarefa por pressão ou obediência, visando a alguma recompensa ou para evitar punições. • Motivação extrínseca por regulação introjetada: as pressões para a realização de

uma tarefa são internas, permitindo que os alunos fiquem pressionados por sentimento de culpa, por ansiedade ou para atender as instâncias ligadas a sua autoestima.

• Motivação extrínseca por regulação identificada: a tarefa é realizada por escolha pessoal, pois os alunos decidem realizar uma tarefa proposta por vontade própria.

• Motivação extrínseca por regulação integrada: é o tipo mais autônomo das motivações extrínsecas, pois os alunos realizam a tarefa por escolha pessoal, sem coação e por completa autonomia.

• Motivação intrínseca: a tarefa é realizada pela satisfação de aprender, pois há um interesse na atividade proposta, por liberdade de escolha e por percebê-la como importante.

Com relação às possibilidades de motivação definidas por Deci e Ryan (1991) apud Buzneck et al (2010), as motivações controladas são extrínsecas por regulação externa ou por regulação introjetada, enquanto que as motivações autônomas incluem a motivação extrínseca por regulação identificada, a extrínseca por regulação integrada e, principalmente, a motivação intrínseca, que é a motivação originada nos próprios indivíduos.

As motivações autônomas são equivalentes às maneiras autodeterminadas de regulação da motivação, pois reúnem características de comportamento intencional, liberdade psicológica e possibilidade de escolha. Por outro lado, as motivações controladas caracterizam-se por uma regulação externa, ou seja, os alunos agem em função de eventos externos como pressões e obrigações; mesmo que introjetada como, por exemplo, prazos, recompensas, punições e ameaças (BUZNECK et al, 2010).

Considerando esse contexto, não existe aprendizado sem a motivação, que pode estar relacionada com o assunto, com algum interesse dos alunos ou por curiosidade (POZO, 2002). Porém, sem a existência da motivação, não existiria a vontade de se adquirir o aprendizado e, sem a vontade de aprender, os alunos não alcançariam uma aprendizagem significativa (AUSUBEL et al, 1980).

De acordo com Ausubel et al (1980), é necessário que os professores considerem o conhecimento prévio dos alunos para buscarem um elo com o novo aprendizado. Nessa direção, “a aprendizagem pode ser considerada significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento dos alunos, que adquirem significado a partir da relação com seu conhecimento prévio” (PELZZARI, KRIEGL, BARON, FINCK e DOROCINSKI, 2002, p. 38).

Ainda nessa perspectiva, é importante ressaltar que, para que haja a aprendizagem significativa, são necessárias as seguintes condições (PELZZARI et al, 2002):

a) Os alunos precisam ter uma disposição para aprender, isto é, devem estar motivados para o aprendizado.

b) É importante que o conteúdo a ser ensinado seja potencialmente significativo, pois deve ter algum sentido para os alunos.

Nesse sentido, a aprendizagem pode ser considerada significativa quando está relacionada com o conhecimento prévio que os alunos possuem, pois o novo conhecimento relaciona-se com os fatos do dia-a-dia, vividos, vivenciados e experienciados pelos sujeitos da aprendizagem (MORETTO, 2002). De acordo com esse contexto, a tarefa pedagógica dos professores consiste em programar, organizar e sequenciar os conteúdos para que os alunos possam realizar as atividades propostas para a aprendizagem, incorporando os novos conhecimentos à sua estrutura cognitiva prévia (MADRUGA, 1996).

Assim, uma das principais características da aprendizagem significativa é o fato de que essa aprendizagem envolve os alunos, holisticamente, na realização das atividades curriculares propostas em sala de aula. Em outras palavras, o desenvolvimento dessas atividades é direcionado para as necessidades dos alunos cujo objetivo é gerar um desequilíbrio em suas estruturas cognitivas, resultando em uma energia impulsora que pode motivá-los na busca da aprendizagem. Nesse sentido, é importante também:

(...) explicitar a aprendizagem como algo que deve ser significativo na vida do indivíduo, onde se sobressai a qualidade de desenvolvimento pessoal, permanente e que vai ao encontro das necessidades do sujeito. Sabe-se que aquilo que não é tomado como significativo tende a ser abandonado. Assim sendo, e, considerando-se a aprendizagem na situação da sala de aula, onde eventos de aprendizagem devem ser favorecidos, torna-se importante referendar a necessidade de estratégias de ensino que oportunizem ao aprendiz vislumbrar o verdadeiro significado (desenvolvimento, mudança) de tudo que é proposto (ZANELLA, 1999, p. 21).

Dessa maneira, é de extrema importância que haja vínculos pedagógicos desafiadores entre os alunos e os conteúdos a serem ensinados (ROSA, 2010). Então, o ensino dos conteúdos da disciplina Desenho Geométrico devem conter desafios interessantes, que sejam contextualizados para que tenham sentido e significado para os alunos.