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CAPÍTULO II A PRÁTICA REPRESENTA A LETRA

2.3 Homens de letras

A trajetória de vida dos fundadores e sócios do Gabinete de Leitura é um importante elemento para se pensarem as ações por eles desenvolvidas. Se a institucionalização de um espaço para as letras em Jundiaí se concretizou e os projetos passaram a vigorar, fora através das ações de seus idealizadores e daqueles que, aos poucos, se somavam à instituição, que se obteve êxito. Os sócios contribuintes e benfeitores eram atuantes quanto às questões de administração e organização do Gabinete de Leitura.

As atas de reuniões das Assembleias Gerais e das Diretorias possuem sempre, ao final, as assinaturas dos participantes, que eram numerosos. Nas reuniões em que ocorria a eleição de diretoria ou a formação de comissões para desenvolverem determinadas atividades, a presença da metade, dentre o número total de sócios era exigida, conforme previa o estatuto.

E, analisando as atas, nota-se que eles compareciam. As poucas ausências eram justificadas por outro sócio e do mesmo modo registradas em ata. Essa participação demonstra o profundo envolvimento dos sócios na resolução das questões cotidianas e no tempo por eles despendido à sociedade, caracterizando a importância a ela conferida.

As formas de reunião, de organização e de comunhão de interesses se encontram na base da construção do Gabinete de Leitura. O espaço idealizado ganhava personificação na figura dos sócios e por meio de suas práticas.

Ha que se questionar quem eram aqueles homens e quais as funções por eles desempenhadas no dia a dia, dentro e fora do Gabinete de Leitura. Quais eram as suas posições nas camadas sociais de Jundiaí e se eles constituíam algum tipo de intelectualidade na cidade. Essas, como as anteriores, são questões que requereram um trabalho de intensa e

dificultosa busca, pois os registros sobre a trajetória de vida e de atuação dos sócios fundadores e demais membros do Gabinete de Leitura são escassos, quase que inexistentes.

As únicas informações disponíveis eram seus nomes registrados em atas, no livro de sócios contribuintes e em algumas poucas publicações sobre suas biografias – mais próximas até de um resumo (às vezes de um parágrafo) da trajetória de vida do que de uma descrição biográfica, listadas em sua maioria na Enciclopédia de Paula, publicada no ano de 2006, tendo poucos exemplares. Distribuídos unicamente para o Museu Histórico e Cultural de Jundiaí, ao Gabinete de Leitura, ao Centro de Memória e a Biblioteca Municipal Professor Nelson Foot.

A enciclopédia foi um trabalho que reuniu pesquisadores dessas instituições para desenvolverem uma coletânea de textos (sínteses) dos principais eventos, pessoas, lugares e períodos que marcaram a história de Jundiaí. Um trabalho que durou dois anos e que ficou disponível a esta pesquisa pelo atual diretor do Gabinete de Leitura João Borin.

A partir de fragmentos encontrados na enciclopédia, averiguou-se que esses homens estiveram intimamente ligados ao universo político-cultural da cidade, ocupando cargos públicos, atuando na área jornalística ou no próprio campo literário. Em suas particularidades, observa-se que suas formas de atuação na cidade, desde a juventude, quando escreviam “sonetos e ditos humorísticos”, atrelavam-se ao próprio meio em que se inseriam: o urbano em transformação.

Não se afirma aqui que formavam uma camada de intelectuais, mas sim, que foram os propugnadores de um espaço para o desenvolvimento de uma intelectualidade. Em suas posições, semearam o acesso ao livro e à leitura, através da fundação da primeira biblioteca pública da cidade. Quando atingiram a maioridade, enveredaram pelos caminhos dos estudos superiores. Na ordem da Primeira República, alguns se mudaram para São Paulo ou Rio de Janeiro, seguiram profissões liberais, atuando como advogados, médicos, cirurgião-dentista e jornalistas, mas sempre volvidos ao culto das letras, não desvencilhando suas posições dessa prática, mesmo quando em idade mais avançada e já exercendo suas profissões na área de formação acadêmica.

Partindo de uma rede de relações familiares e sociais, no início de suas atividades profissionais, quando ingressos na ferrovia, passaram, ao longo dos anos, a conquistar outros distintivos sociais, como diplomas escolares, que segundo Sergio Miceli, “acentuam não apenas a concorrência no campo intelectual, como também a diferenciação e a hierarquização

das posições internas em relação às origens sociais”179. A fundação do Gabinete de Leitura

fora mais um distintivo desse grupo entendido aqui como homens de letras.

Compondo um quadro geral, o primeiro registro localizado sobre os membros do Gabinete de Leitura, foi o Livro de Sócios Contribuintes, que, além dos nomes e da quantidade de sócios, para o período entre 1912-1917, também marca as nacionalidades dos sócios, exceto para o ano de 1915, possibilitando perceber as origens dos que compunham o quadro societário.

As nacionalidades são descritas identificando cada associado. Na impossibilidade de listá-los, um a um, organizaram-se essas informações em tabela que viabilize visualizar a composição geral das nacionalidades existentes no período e que formam o grupo dos sócios contribuintes. Salienta-se que essa tabela abrange os que “pagavam” as mensalidades, mas sócios benfeitores e demais pessoas com acesso franqueado também circulavam por entre os salões sociais da instituição.

Tabela 4 - Nacionalidades dos sócios contribuintes (1912-1917)

Fonte: Livro de sócios contribuintes

O número de brasileiros é preponderante para todos os anos. Exceto no ano de 1913, representavam mais de 80% do quadro de sócios contribuintes. Italianos, em menor proporção, em 1913, chegaram a representar 13%, diminuindo essa porcentagem para os demais anos. Cabe lembrar que, entre o número de brasileiros, muitos poderiam descender de italianos que imigraram para Jundiaí e habitaram a região do bairro colônia, ou até mesmo

179 MICELI, Sergio. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p.115.

Nacionalidades 1912 (% ) 1913 (% ) 1914 (% ) 1916 (% ) 1917 (% ) Brasileira 104 86% 119 76% 184 88% 127 81% 212 87% Italiana 7 2% 21 13% 9 4% 10 6% 10 4% Portuguesa 3 2% 4 3% 4 2% 5 3% 5 2% Espanhola 3 2% 4 3% 2 1% * * 1 _ Francesa 3 2% 6 4% 3 1% 2 1% 2 1% Russa 1 1% 2 1% * * * * 1 _ Alemã * * * * 4 2% 9 6% 5 2% Sueca * * * * 1 _ * * 2 1% Inglesa * * * * 2 1% 2 1% 2 1% Turca * * * * * * 1 1% 1 _ Síria * * * * * * * * 4 2%

advindos de outras cidades do Estado de São Paulo, constituindo-se na 2° ou 3° geração de descendentes. Portugueses, franceses, espanhóis e alemães, em menor quantidade, também compunham o quadro social, variando entre 2% e 6%. A participação de ingleses se mantém em 1%, no período entre 1914-1917. Russos, suecos, sírios e um turco ainda estiveram no quadro social, confirmando o que os estatutos definiam: “o Gabinete de Leitura era uma associação de indivíduos sem diferencia de nacionalidade”.

Delimitando esse quadro, percebe-se que aqueles que formavam as diretorias anuais eram majoritariamente brasileiros, como Conrado Offa, Arthur Oliveira, Benedito Ferraz, João Costa, Tibúrcio Siqueira, Waldomiro Costa, Sebastião Silva, dentre outros.

As escolhas dos dirigentes davam-se através de eleições, com a participação de todos os sócios, reunidos em assembleia. Desse modo, a nacionalidade não era um elemento distintivo. Apenas marcava a heterogeneidade da instituição, sinalizando como esses homens compunham não somente o quadro social do Gabinete de Leitura, mas também as diferentes atividades profissionais na operária cidade de Jundiaí.

De acordo com as atas que registram as reuniões para a eleição de diretorias, entre 1908-1923, elaborou-se o quadro a seguir, com as posições hierárquicas, de modo a denominar e identificar quem eram as pessoas eleitas e que tinham, dentre suas tarefas, a responsabilidade de conduzir as questões de ordem administrativa, observando-as em seu campo sociocultural.

Fonte: Elaborado pelo autor baseado nas atas de reuniões da Diretoria Tabela 5 - Diretoria do Gabinete de Leitura (1908-1923)

ANO PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1° SECRETÁRIO 2° SECRETÁRIO TESOUREIRO COMISSÃO FISCAL BIBLIOTECÁRIO

1908 Conrado Augusto Offa Arthur Basílio de Oliveira Carlos Hummel Guimarães Benedito de Godoy Ferraz Ignácio Ventania da Costa Wilke - João Xavier Dias da Costa 1909 Conrado Augusto Offa Carlos Hummel Guimarães Georges Le Seur Benedito de Godoy Ferraz Ignácio Ventania da Costa Wilke Estevam Giraud João Xavier Dias da Costa 1910 Conrado Augusto Offa Joaquim Silva Rocha Thomaz Silveira João Xavier Dias da Costa João Martins João Bravo João Xavier Dias da Costa 1911 Joaquim José de Araújo Estevam Girau José Honorato de Lima José Martins José Rossi G. Pereira Manoel José da Costa, Nilo Paes e Francisco dos Santos Paes João Xavier Dias da Costa

1912 Conrado Augusto Offa Joaquim Silva Rocha José Antonio Ribeiro Arthur Marciano Ignácio Ventania da Costa Wilke Manoel José da Costa, Laurentino Santos e Joaquim dos Santos -

1913 Joaquim Guilherme da Silva Rocha Alfredo Elias da Silva José Antonio Ribeiro José Martins Conrado Augusto Offa Francisco dos Santos Paes, Manoel Jose da Costa e Carlos Reynaldo Del Porto -

1914 Luis Rosa Georges Le Seur Waldomiro Lobo Da Costa Francisco dos Santos Paes Conrado Augusto Offa Sergio Martins, Carlos de Queiroz e Joaquim dos Santos -

1915 Carlos Reynaldo Del Porto José Martins Waldomiro Lobo Da Costa Carlos de Queiroz Conrado Augusto Offa Silva e Dr. Sebastião Mendes Silva Getúlio Nogueira, Alfredo Elias da -

1916 Sebastião Mendes da Silva Tiburcio Siqueira Waldomiro Lobo Da Costa Jorge Cardoso de Oliveira Joaquim da Silva Rocha

João Martins, Carlos Reynaldo Del Porto e Ignácio Ventania da Costa

Wilke -

1917 Waldomiro Lobo Da Costa Joaquim Guilherme da Silva Rocha Thomaz Silveira José Elias de Camargo Jorge Cardoso de Oliveira - -

1918 Virgílio Ferraz de Camargo Benedito de Paula Brazil Otaviano Faber José Martins Alberto Benedito Pereira - -

1919 Waldomiro Lobo Da Costa Thomaz Silveira Sebastião de Oliveira Aparecido Serafim Martins Sergio Martins - -

1920 Waldomiro Lobo Da Costa Thomaz Silveira Serafim Martins Abílio Del Porto Benedito de Paula Brasil - -

1921 Waldomiro Lobo Da Costa Thomaz Silveira Alceu de Toledo Pontes José Elias de Camargo

1° Benedito de Godoy Ferraz

- -

2° Benedito Brasil de Paula

1922 Waldomiro Lobo Da Costa Thomaz Silveira Alceu de Toledo Pontes José Elias de Camargo

1° Benedito de Godoy Ferraz

- -

2° Benedito Brasil de Paula

1923 Waldomiro Lobo Da Costa Thomaz Silveira Alceu de Toledo Pontes José Elias de Camargo

1° Benedito de Godoy Ferraz

- -

trajetórias de vida dos membros da diretoria. Porém, foi possível reunir documentos apenas sobre Benedito Ferraz, Conrado Offa, Waldomiro Costa e Tibúrcio Siqueira, personagens importantes na história do Gabinete de Leitura de Jundiaí, sínteses do grupo social que compunham. Eram homens de letras e essa condição estava ligada às suas práticas, representadas por um importante bem simbólico: a relação que possuíam com a cultura letrada. Relação individual, com os livros e objetos que denotam a posse da cultura escrita e/ou coletiva como a idealização e realização do Gabinete de Leitura e as posições e funções por eles exercidas dentro da instituição.

Benedito Ferraz nasceu na cidade de Rio Claro, em 1889, filho de Joaquim Ferraz Júnior e de Dona Joaquina de Godoy Ferraz. Mudou-se com a família para Jundiaí, no ano de 1898, quando seu pai fora transferido pela Companhia Paulista para ocupar o cargo de Contador180.

Em 1901, (de 12 para 13 anos de idade), ingressou na empresa ferroviária, seguindo as determinações do pai. Em 1904, após permanecer por quase três anos no setor de tráfego da companhia, Benedito Ferraz foi transferido para a sessão da contadoria, passando a trabalhar sob a supervisão direta do pai. Sonhando, porém, com um futuro diferente daquele que o pai lhe traçara, mas também sem causar-lhe contrariedade, dedicou-se, paralelamente aos estudos, pagava professores e comprava livros com seu próprio ordenado para instruir-se181. Nesse período, teve a ideia de fundar um Gabinete de Leitura na cidade, conjuntamente com seus companheiros de trabalho, participando do primeiro quadro diretivo nos anos de 1908 e 1909.

Seis anos mais tarde, Benedito Ferraz, concluiu seus estudos, conseguindo o diploma necessário para ingressar no nível superior. A pesquisa não teve acesso à informação sobre a escola de Jundiaí em que ele estudou. Ante a propensão do filho em seguir a carreira médica, em 1911, Joaquim Ferraz, permitiu que Bendito partisse para o Rio de Janeiro, a fim de diplomar-se na Faculdade de Medicina. As atas de Assembleia Geral e da Diretoria, não registram sua saída do quadro societário do Gabinete de Leitura.

Próximo de concluir os estudos médicos, Benedito Ferraz, demonstrou a vocação que nunca perdera, iniciada por uma simples derivação e que possivelmente florescera entre um livro e outro nas dependências do Gabinete de Leitura: a de poeta.

Publicou o livro Dentro de um Sonho, em 1916, cujo escritor carioca Leôncio Correia prefaciou, com as seguintes considerações:

180 PAULA, Celso de. Enciclopédia Cultural de Paula. Vol. I. Jundiaí, SP: Editora Literarte, 2006, p. 216. 181 Idem.

sabe se exprimir, traz consigo o fogo sagrado, os cantares doces como os dos pássaros, perfumados como os beijos da brisa nas noites floridas, límpidos como um olhar de criança, dourados como uma aurora de maio.

Felizes os que ainda podem atirar às aragens sonoras as canções de amor e os hinos dos seus sonhos. Amar é viver dentro de um sonho: o amor nasce do sonho, como da flor o fruto desabrocha. É na rede do sonho que o amor se embala182.

Quando concluiu o curso, regressou a Jundiaí. De imediato não passou a clinicar, por não conseguir trabalho. Mudou-se para Monte Alto, no interior do Estado, retornando a Jundiaí somente em 1918, quando fora chamado por outros médicos da cidade para contribuir no atendimento aos enfermos da gripe espanhola.

Sua contribuição na região fora de tanta importância, que o chefe efetivo da Sociedade Beneficente dos Empregados da Companhia Paulista, Dr. Cavalcanti, exigiu da referida instituição a contratação de Benedito Ferraz como médico efetivo, passando o mesmo a residir em Jundiaí. De 1920 até 1923 exerceu a função de tesoureiro do Gabinete de Leitura.

Trabalhou na Sociedade Beneficente até meados de 1926, passando a ocupar o cargo de chefe de clínica da Caixa de Pensões e Aposentadoria dos Ferroviários no mesmo ano.

No campo da política, em 1929, acumulou, além das funções de diretor e médico, a de vereador da Câmara Municipal de Jundiaí, exercendo dois mandatos entre as décadas de 1930-1940.

Em paralelo às atividades médicas. Benedito Ferraz não perdeu o gosto pelas letras. Publicou artigos, não somente na área da medicina, como também escreveu poemas, versos e sonetos. Em 1922, publicou o livro No Meu Silêncio, que foi por ele dedicado ao Gabinete de Leitura de Jundiaí, instituição que certamente colaborou para o seu interesse pelas letras.

No campo da medicina, publicou a obra Médico Tua Missão é Curar! no ano de 1946. Em sua dedicatória escrevia “a minha mulher, companheira dedicada, que me tem ajudado a manter acesa, a despeito de qualquer sacrifício, a flama do meu idealismo”183.

182 CORREIA, Leôncio. Apud, PAULA, Celso de. Op. cit. p. 217.

Figura 17 – Benedito Ferraz.

Fonte: TOMANIK, Geraldo B. Os Traços, as fotos e a história. Jundiaí, São Paulo: Literarte, 2005, p. 168.

homeopática anos atrás, onde o autor anunciava:

Em toda a minha vida de médico, desde 1917, nunca eu havia prestado atenção ao fato de existir, ao lado da minha medicina, uma outra, a que denominavam de homeopatia. Sempre havia suposto que o tratamento homeopático não passasse de mania inofensiva de algumas criaturas bem intencionadas, que encontravam na prescrição das suas gotas uma oportunidade para serem amáveis. Quanto aos médicos homeopatas, viva-os em minoria chocante, como boas pessoas certamente, mas, um tanto místicas, a quem se atribuíam curas milagrosas que eu, polidamente, explicava pela influência da fé e não do remédio.

Um dia, porém, me vi lendo o “Organon da arte de curar”, de Hahnemann, 5° edição. Confesso que um verdadeiro deslumbramento se apossou de mim, quando, depois de muitos meses de leitura e de meditação, cheguei a última página. Nunca havia lido um livro de doutrina médica que me empolgasse quanto esse de Hahnemann. Todas as comparações que pude estabelecer entre os princípios da velha escola e os da escola nova, pareciam convencer-me de que, afinal, ali estava o desenho lógico, seguro, da medicina do futuro184.

Posteriormente, em 1968, publicou outro livro de poemas, intitulado Viver! Sentir! Amar! Quando já estava aposentado, mas o gosto pelas letras continuava a acompanhá-lo. Nessa última publicação escrevera um poema dedicado a Waldomiro Lobo da Costa. Poema batizado de Jundiahy.

E quando abri a janela, e respirei Êste arque meu pulmão já reconhece, Disse comigo: – Graças que sarei! Agora é Jundihay que me aparece,

Que boceja, abre os braços, que estremece, Dando a impressão de que a despertei. Manhã de Jundiahy, que não se esquece, Evocativos ares do que amei...

Como estás diferente, minha terra! Mas, eu te reconheço pela serra

Que emoldura a colina em que te espraias. Pelas tôrres da igreja. Pela brisa,

Por este vento que por mim desliza E pelo pôr do sol em que desmaias185.

Benedito Ferraz faleceu no dia 13 de Março de 1976, aos 87 anos de idade. Em seus escritos, deixou um pouco de suas impressões poéticas sobre sua época e a cidade onde cresceu e viveu grande parte de sua vida, Jundiaí.

Esse tempo em suas palavras “era um período boêmio, em que se intercalavam fases de ardentes aspirações e de aventuras realmente vividas”186. Desde sua meninice pegou gosto

pelas letras e seguiu com ele por toda a vida.

183 FERRAZ, Benedito de Godoy. Médico, tua missão é curar! Rio de Janeiro: Livraria Científica, 1946,

dedicatória.

184 Ibidem, p. 7.

Figura 18 - Capas dos livros de Benedito Ferraz. Médico Tua Missão é Curar e Viver! Sentir! Amar! Ambos localizados em sebos virtuais.

Fonte: Elaborado pelo autor

Tibúrcio Siqueira nasceu em Jundiaí, no dia 08 de Setembro de 1877, exerceu funções de ferroviário, jornalista e também político. Era filho do capitão da Guarda Nacional, Luiz Estevam de Siqueira e de Dona Maria Idelfonso de Abreu. Iniciou suas atividades profissionais como auxiliar da agência de correios de Jundiaí, quando saiu, em 1896, para ingressar na Companhia Paulista, onde trabalhou até se aposentar, em 1928187.

186 TOMANIK, Gerado B. Op. cit., p. 167. 187 PAULA, Celso de. Op. cit.

Figura 19 - Tibúrcio Siqueira. Fonte: Enciclopédia cultural de Paula, 2006, p. 403.

colaborador de A Folha e correspondente do periódico paulistano A Platéia. Em 1900, fundou na cidade o jornal O Sentido, fora também redator do jornal A Borboleta e, logo depois, em 1905, assumiu a direção do jornal A folha, que manteve sob sua responsabilidade até o ano de 1944.

No decorrer desse período, teve participação nas diversas agremiações e associações criadas pelos empregados da Companhia Paulista, como o Grêmio C.P., a Banda Paulista e o Paulista Futebol Clube. No Gabinete de Leitura, ocupou a função de vice-presidente no ano de 1916.

Na década de 1930, durante dois mandatos consecutivos, foi vereador de Jundiaí e posteriormente assumiu o cargo de subprefeito da cidade. Em 1940 assumiu como juiz de paz a comarca de Jundiaí. Veio a falecer em 28 de Fevereiro de 1948, seu corpo fora velado na sede do Gabinete de Leitura.

Um Jornal puclidado na década de 1930, em Jundiaí, descrevera-o como “decano dos nossos batalhadores da imprensa e recordam da pressa”188. Sem dúvida fora

um jornalista importante para Jundiaí, trabalhando para o desenvolvimento da imprensa local e diretamente ligado ao mundo das letras.

Figura 20 - Charge de Tibúrcio Siqueira, publicada em um jornal da cidade de Jundiaí na década de 1930.

Fonte: TOMANIK, Geraldo B. Os traços, as

fotos e a história. Jundiaí, São Paulo:

Literarte, 2005, p. 165.

Outro membro que teve atuação política e jornalística foi Waldomiro da Costa. Nasceu em Campinas, no dia 23 de Abril de 1894, mudou-se para Jundiaí com a família aos dois anos de idade.

Fez seus estudos preliminares no grupo escolar Conde de Parnaíba e, em 1917, bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco em São Paulo.

Teve importante colaboração na imprensa local de Jundiaí, durante muitos anos, escrevendo crônicas, poesias, artigos, versando sobre política e economia189. Foi presidente do Gabinete de Leitura no período entre 1917-1919 e novamente entre 1920- 1924.

Entre 1927-1930, tornou-se prefeito da cidade de Jundiaí, atuando até a sua deposição do cargo, com

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