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O Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestaduais e Intermunicipais e de Comunicação - ICMS foi criado pelo Artigo 155 da Constituição Federal de 1988 que juntamente com os Artigos 157, 158 e 159 determinam os critérios

19O Ministério do Meio Ambiente vem realizando esforços no sentido de integrar a gestão ambiental nos três níveis de

governo por meio da criação de comissões tripartites com o objetivo de articular e gerar consenso e proposições entre os órgãos que trabalham com gestão ambiental.

de repartição, determinando que 25% da arrecadação estadual do ICMS deve ser transferida aos municípios e que, no mínimo, três quartos, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços realizados em seus territórios e até um quarto, deve ser alocado conforme lei estadual. A Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro

de 1990, que dispõe sobre os critérios e os prazos de crédito do produto da arrecadação estadual relativa ao ICMS, cota-parte dos municípios, corrobora a regra constitucional ao estabelecer que apenas os critérios relativos a três quartos, devam respeitar o critério de valor adicionado. A distribuição do quarto restante é de competência exclusiva dos Estados da Federação.

No início da década de 1990, o Estado do Paraná, pioneiramente, apre- sentou a idéia de que parte do um quarto destinado aos municípios deveria ser ponderada por critérios ambientais, que além de contribuir de maneira signifi cativa para a conservação da natureza, também serviria como instru- mento de redistribuição de renda. Surgiu então o chamado ICMS Ecológico. Sinteticamente, o ICMS Ecológico pode ser defi nido como um instru- mento de incentivo econômico de gestão ambiental que objetiva compensar fi nanceiramente os municípios que apresentam e criam áreas destinadas es- pecifi camente à conservação e à preservação do meio ambiente. Da mesma maneira, o instrumento premia outras melhorias ambientais, como investi- mentos em saneamento básico em áreas urbanas.

O conceito que permeou a idéia paranaense se expandiu para outros estados que também adotaram o ICMS Ecológico, como São Paulo, 1993; Mato Grosso do Sul, 1994; Minas Gerais, 1995; Rondônia e Amapá, 1996; Rio Grande do Sul, 1997; Pernambuco e Mato Grosso, 2000; e Tocantins, 2002.

De acordo com os resultados obtidos pelo Suplemento de Meio Ambien- te, verifi ca-se que apenas 389 municípios (7% do total de municípios brasileiros e cerca de 40% do total que declarou receber recursos específi cos para o meio ambiente) foram benefi ciados pelo instrumento em 2001.

A análise segundo o recorte das Unidades da Federação mostra que os Estados do Paraná e Minas Gerais se destacam pelas maiores participações relativas e também pelo maior número de municípios que informaram ter rece- bido ICMS Ecológico (155 e 163, respectivamente). Juntos os municípios desses estados representam 81% dos municípios do País que informaram ter recebido recursos fi nanceiros provenientes desta fonte. Esse dado justifi ca-se pelo fato de que esses estados foram pioneiros na adoção do critério ambiental para o repasse do ICMS. Já o Estado de São Paulo surpreende pela baixa freqüência - apesar de ter sido o segundo estado brasileiro a adotar este critério na distri- buição do ICMS, somente 5% de seus municípios (34) declararam ter recebido recursos fi nanceiros específi cos para o meio ambiente oriundos desta fonte.

É importante reafi rmar que nem sempre são do conhecimento do gestor ambiental as fontes dos recursos fi nanceiros recebidos para o meio ambien- te20, assim como os respectivos valores. Os resultados da pesquisa mostram

20Informações obtidas junto a alguns dos órgãos estaduais de fi nanças dão conta de que a distribuição do ICMS Ecoló-

gico abrangeu maior quantidade de municípios do que a informada pela pesquisa. No caso de Estado de São Paulo, por exemplo, identifi cou-se que a distribuição do ICMS Ecológico alcançou 159 municípios em 2001, contra 34 municípios apurados pela pesquisa.

que 53% dos gestores ambientais que informaram o recebimento do ICMS Ecológico desconheciam o valor recebido.

A adoção de critérios ambientais pelos governos estaduais para o re- passe de parte dos recursos fi nanceiros advindos do recolhimento do ICMS representa uma importante estratégia para estimular a criação de unidades de conservação e o fortalecimento da representatividade estadual em termos de conservação da biodiversidade. Desse modo, o ICMS Ecológico é uma importante ferramenta para a gestão sustentável dos processos econômicos e para garantir qualidade de vida da população.

No caso de Minas Gerais, os critérios norteadores da política de repasse do ICMS se relacionam a ações de saneamento ambiental e presença de uni- dades de conservação. No Paraná, os critérios se referem à manutenção de mananciais de abastecimento público de águas e unidades de conservação. É interessante notar que ambos os estados se destacam entre os que possuíam, em 2002, maior proporção de municípios (em relação ao total de municípios de cada estado) com Unidades de Conservação da natureza de âmbito municipal (98% e 80% respectivamente).

Apesar das categorias de manejo previstas no Sistema Nacional de Uni- dades de Conservação - SNUC não serem referência exclusiva para a conces- são do ICMS Ecológico, a existência de Unidades de Conservação e demais categorias de restrição de uso do solo, como por exemplo terras indígenas, são determinantes para a maioria dos municípios serem contemplados com ICMS Ecológico. Segundo dados do Suplemento de Meio Ambiente, dos 211 municípios que receberam recursos fi nanceiros provenientes desse mecanis- mo e que declararam ser gestores de Unidades de Conservação da natureza, 129 possuem pelo menos uma unidade municipal de conservação da natureza identifi cada como pertencente ao SNUC21.

Cabe destacar que os dados da pesquisa se referem às Unidades de Con- servação da Natureza cuja gestão seja municipal. Entretanto, alguns municípios podem abrigar em seus territórios Unidades de Conservação cuja gestão seja federal ou estadual, o que explica o fato da pesquisa ter revelado que dos 389 municípios que receberam ICMS Ecológico, 196 (50%) não informaram a existência de unidades de conservação de âmbito municipal.